terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Parentes...

Quando somos pequenos, tudo quanto é tia, por mais chata que possa parecer, nos agrada como se fosse um ídolo. Mesmo aquele tio bêbado, que só fala merda, ou um primo que se sente e que vive tentando te ferrar. Tudo isso é lindo quando não temos muita consciência de que podemos mandar todo mundo pro inferno e viver as nossas vidas.

Mas depois que somos adultos, passamos a aturar algumas pessoas, porque elas fazem parte do nosso sangue. Bem verdade que boa parte das vezes os encontros são divertidos, damos risada, lembramos algumas besteiras do passado, e temos alguns bons momentos juntos. Mas parece que alguns parentes sentem um prazer indescritível em ver o circo pegar fogo. Querem cutucar até o fundo para te verem explodir, e fazer aquele drama como se você fosse um monstro.

Não sei se é porque faz pouco tempo, ou se é porque eu realmente perdi a minha paciência, mas um destes episódios ainda é vivo na minha memória. Imagina só, você, operador de telemarketing, que não agüenta mais ouvir o telefone tocar, que você sente aquela tremedeira no corpo. Você está fazendo até um tratamento terapêutico para acalmar os nervos, tomando um calmante que faz ficar grogue. Daí, você entende que esse trabalho não serve para você, e tua namorada te põe contra parede, dizendo que você está insuportável, e que ou você parte para outra coisa, ou não vai agüentar mais ficar ao seu lado.

Então, você, na esperança de algo melhor, tenta terminar a sua faculdade, que você precisou trancar, porque não dava mais para pagar. Você ta durasso, só tem o dinheiro para pagar as contas de casa, e ainda por cima fica devendo pra sua mãe, porque ta faltando pra tudo. Pode ser que você tenha a sorte de seu pai te ajudar neste momento difícil, pagando sua faculdade, e ajudando nas contas de casa, para você conseguir cumprir seu objetivo.

Daí, vem aquele parente, aquele que quando você está a beira do precipício quer te dar aquele empurrãozinho, e começa a te cobrar uma vistinha rápida para uma cidade bem afastada. Então, você gentilmente explica que a situação está caótica, e que você não tem muitas condições de ficar viajando, porque como todos sabem, viagem gasta dinheiro pra cacete. Mas aquele parente desgraçado não está muito preocupado, e começa um show: diz que você é um ingrato, que você poderá ter a última chance de ver seus avós antes deles morrerem (várias últimas chances, por sinal), que você é uma decepção para eles e que se você quisesse, poderia até dar um jeitinho (apesar que eu acho que demorei demais para entende que a palavra “dar” se referia a uma maneira mais fácil de ganhar dinheiro).

Então, você, que já está quase se recuperando daquele seu problema emocional, começa a se sentir um lixo. E da-lhe pressão na sua cabeça! Tudo vem como uma avalanche. E começa aquele joguinho psicológico, onde ele tenta te convencer que você é uma vergonha, que está fazendo de tudo para se desvencilhar da família, que não sabe o que é amar de verdade. Daria para escrever uma peça de teatro daquelas de fazer o público cair em prantos.

Mas você começa a pensar, depois de quase arrebentar sua casa, brigar com meio mundo, e ter algumas sessões de choros de tanta raiva: “pô, em que ele me ajudou? A pessoa não liga faz sabe-se lá quanto tempo. Não sabe pelos problemas que você tem passado nos últimos anos, e mesmo quando você tenta falar, a desgraçada não quer saber de ouvir. Você está errado em tudo aquilo que você fala. Quando você era presente, só sabia criticar a roupa que você vestia (mesmo depois de uma parada respiratório, onde nem era possível falar, ainda assim a vestimenta era criticada antes de um “como vocês está?”. Você rebolando pra pagar as contas e a maldita não te ajuda em nada”.

Cara, é demais! Tem hora que família vira só parente mesmo! E todo mundo fala de um monte de gente que quer só pisar em você, te ferrar na vida, e você percebe que muitas dessas pessoas têm o seu sangue. Estão cagando e andando para suas necessidades. Não importa os seus sonhos, desde que você cumpra suas vontades. E mesmo quando você prova por A + B que você está certo, ela faz questão de arrumar argumentos esdrúxulos para prolongar a guerra. Até mesmo quando você finalmente ergue a bandeira branca, não porque você está admitindo o erro, mas porque está cansado dessa briga inútil, a pessoa faz questão de te dar mais uma marretada.

Daí uma pessoa dessas fica sozinha e depois reclama que os parentes não ligam mais pra ela. Como é que vão ligar se ela só sabe entrar na porrada?

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