segunda-feira, 28 de outubro de 2019

BOLSOMINIONS E SUAS CONSEQUÊNCIAS


Recentemente tomei a decisão radical de me distanciar de todos aqueles que defendem o atual presidente da Republica (que fique bem claro, não meu presidente. Nunca meu). Radical, sem dúvida. Mas em hipótese alguma, incorreta.
O que esse cara trouxe foi a libertação de tudo aquilo que existe de incrivelmente ruim na existência humana. Pessoas que estavam contidas, ou nem sabiam que tinham esses pensamentos dentro de si começaram a manifestar ideias absurdamente repugnantes. Outas pessoas que não tinham nada a ver com a babaquice alheia passaram a ser agredidas, quando não mortas, por causa desses imbecis que resolveram se manifestar.
As consequências da ascensão do Bozo são, em pouco tempo, terríveis ao nosso país. E acredito que levaremos bons anos para limar de vez essas ideias.
Bolsonaro (e escrevo esse nome com todo meu nojo e repugnância) é o racismo. É o machismo. É a misoginia (apesar dele não saber o que isso significa). É a homofobia. É o ódio aos índios. É a destruição do meio ambiente. É a imposição de uma única crença. É o apoio à tortura. É o apoio à execução. É o apoio de um regime totalitário, psicopata e assassino de todos aqueles que pensam diferente dele. É o amor aos bens, e não à vida.
Este ser é absolutamente tudo aquilo de ruim que existe dentro da raça humana. Tudo aquilo que deu terrivelmente errado, que gerou sofrimento descomunal e incontáveis mortes. Tudo que foi construído com sangue de inocentes e famílias destruídas. É isso que este ser repulsivo representa.
E o que temos visto é a mais clara perseguição a todos os que ele se posicionou contra, descritos acima. Todos os que estão em grupos com as quais ele se indispôs se tornaram inimigos de um grupo absurdamente cego, que defende este 'líder' com unhas e dentes, como uma seita religiosa, prestes a cometer atos mortais em nome de seu messias. E assim o faz, dia a dia, como temos visto.
Muita gente que era considerada boa passou a fazer defender ideias inacreditavelmente repulsivas em nome deste ser. Teorias da conspiração totalmente sem sentido. Passou a defender a real perseguição a pessoas inocentes, como se fossem culpadas pelos problemas da sociedade. Igualzinho na época que conhecemos como nazismo. Todo aquele mal está de volta.
E a coisa se tornou de tal forma que por mais que os fatos deixem claro que estas pessoas estão causando danos irreparáveis, que são igualmente corruptas, ligadas aos mais podres crimes, ainda assim existem pessoas que deixam absolutamente tudo de lado pra defender este ser. Relatos de gente que abandonou a família em nome deste cara. Tem gente que sequer consegue falar de outro assunto. Tudo de bom ocorre em função dele, e tudo de ruim é aquilo que ele critica. Um nível de cegueira que eu jamais sonhei que veria em vida.
Eu imaginei, na minha inocência, que fatos desastrosos seriam suficientes para deixar claro o quão ruim é a coisa com ele. Fatos incontestáveis. Mas não. Sempre existe um argumento. Sempre tem um motivo pra que ele tenha feito isso. Sempre tem gente tentando destruir o “mito”. Sempre tem uma conspiração por trás do governo. Sempre tem um golpe comunista por vir.
E eu comecei a pensar: e se por acaso meu filho um dia se assumir homossexual? Imagina o que seria ter que conviver com pessoas que o veriam como um erro, assim como ter medo de qualquer ato de violência, seja física ou emocional, porque a escolha dele é “diferente” do que esses babacas entendem como certa?
Eu não tenho o menor problema se um dia ele escolher essa ideia. Não tenho problema se ele for cristão, judeu, se for budista. Não tenho problema se ele for estudar economia. Não tenho problema se ele se tornar um ambientalista que percorre o mundo pra proteger o meio ambiente. Não tenho problema se ele resolver se tornar professor. Não tenho problema alguma em qualquer opção que o leve a ser uma pessoa honesta e corra atrás daquilo que ele realmente acredita, sem prejudicar ninguém.
Mas terei que viver com medo de que ele não volte por causa de imbecis. Terei que viver com medo de que algum mal possa ocorrer a ele porque um grupo de retardados não consegue tolerar aquilo que é diferente.
Tudo bem. Pode ser que ele não seja nada disso. Pode ser que ele seja o típico ser humano padrão. Mas quantos pais, quantas mães, receberam seu filho dentro de um caixão, pelo simples fato dele ser homossexual? Quantos pais viram seu filho com algodão no nariz pela última vez porque eles tinham uma crença diferente? Quantos pais viram seu filho com uma bala na cabeça, porque eles defendiam a proteção ao meio ambiente?
Não sei que tipo de sádico maluco pode achar isso normal, mas não é. Essa situação não é normal. Ver pessoas sofrerem, serem arrasadas por isso, não é normal. Não é tolerável. Pessoas que fazem esse tipo de coisa, que defendem esse tipo de coisa, que consideram normal esse tipo de coisa, não são o tipo de pessoa que eu quero próximo a mim, da minha família, e especialmente do meu filho.
Por isso a decisão é radical. Mas é a única coisa que uma pessoa com um pouco de bom senso, dignidade, e especialmente, humanidade pode fazer. Mandar pra longe tudo aquilo que representa essa degradação, destruição e sofrimento. Manter distância de todos os que acham que fazer esse tipo de coisa seja algo bom.
E torcer para que essas pessoas um dia entendam o mal que estão causando, e tenham condições de se arrepender da dor que causaram.

domingo, 27 de outubro de 2019

ENFIM, OS LOUROS DA ALEGRIA


Daqui a uma semana completo meus 39 anos. Beirando os 40. De uma vida turbulenta, cheia de problemas, conflitos e sofrimento. Como qualquer um.
Escrevi aqui, no facebook e sei lá mais em qual rede social, que sempre me considerei um vencedor. Comprei minha casa própria, em um condomínio fechado. Comprei um carro à vista. Tive várias nomeações em concursos públicos. Tenho dois diplomas de nível superior. E hoje, quase quarenta anos depois, eu vejo que tudo isso não passa de um monte de lixo inútil, que trouxe pouca coisa útil à minha vida.
Eu vivi seis anos em casa que eu comprei, que eram o sonho da minha vida. Tive por mais tempo esse carro, pela qual até aprendi a dirigir, e fiquei bom nisso. Tive uma família completa, que era meu grande sonho. Me tornei chefe no cartório em que trabalho. E não fui feliz um único dia.
Eu vejo um monte de gente falando em ganhar dinheiro, ser rico, montar negócio, viajar o mundo. Vejo gente tentando ter o corpo dos sonhos. Pagar a escola mais cara do mundo aos filhos. Gente que quer carro novo todo ano. O tempo todo. E isso é nada. Não vale nada. E quando você menos espera, toda essa merda sem sentido está te levando pro fundo.
Passado um ano do pior pesadelo que eu poderia viver, não consigo expressar em palavras a grande mudança que tive na minha vida. Vivo numa casa de aluguel, sem carro, fazendo tudo no sacrifício, tendo basicamente a conta no vermelho todo mês, tendo que bater boca com meio mundo no trabalho... mas nunca me senti tão feliz como nesse momento.
Eu posso dizer que hoje sei quem eu sou, descobri meu verdadeiro valor e minhas qualidades. Aprendi a lidar com muitos dos meus defeitos, ainda tendo consciência dos muitos que existem por lidar. Sei quais valores devem ser mantidos, e quais eu quero longe da minha vida.
Sou um homem livre de qualquer preconceito. Tenho relacionamento perfeito com pessoas de qualquer cor, de qualquer orientação sexual, de qualquer religião... mas na verdade tenho amigos que ao longo de quase quarenta anos fizeram uma vida toda valer a pena. Pessoas diferentes de mim, que já travaram altas discussões por motivos mais estúpidos o possível, mas que podem ser considerados irmãos de uma vida.
Vi minha família, sempre desestruturada, encontrar um norte. Cada um de seu jeito, com problemas que não ficaram muito solucionados, mas com união. União à distância, porque todo mundo mora longe pra caralho, e quem vive com a conta no vermelho não tem muitas condições de ficar indo ver toda hora. Mas união.
Eu tenho um filho lindo, espetacular. E mais: eu nunca achei que teria capacidade de ser um bom pai. Quando soube da gravidez entrei em pânico. Medos vieram como um bombardeio. Mas as coisas se arrumaram. Hoje, com quase dois anos, esse menino é quase um grude comigo. Não da um trabalho maior do que testar minha capacidade física de acompanhar sua energia. Dificilmente está ao meu lado de alguma forma que não seja sorrindo. Já tive que ouvir muita merda sobre minha relação com ele. Até mesmo que não era bom pai, que era ausente e que não ligava pro meu filho. Pessoas viraram a cara pra mim por causa disso. Mas o resultado é evidente e inegável. Quem me vê na convivência com ele percebe claramente o quão podres e mentirosas são tais palavras, de pessoas que vivem num amargor de ressentimento e frustração. Enquanto eu simplesmente vejo o lindo sorriso desse pequeno ser. E vivo ouvindo “Quem diria, hein?”
Aprendi a impor limites. Por muitos anos vivi uma história infeliz, porque acreditava que tinha que aturar coisas insuportáveis por viver uma posição social definida, e por não poder abandonar uma pessoa que escolheu deliberadamente viver em problemas. O resultado é que os problemas se aprofundaram e tomaram conta de mim também. E hoje se a coisa for contra mim, o pau come. Não aceito mais o que é errado, ou o que pode me ferir. O que não significa que não aceite nada. Muitas vezes tomamos medidas que não são as mais perfeitas, para adequar uma boa vida de um filho. Até porque muitas vezes o outro lado tem uma boa parcela de razão.
Eu fiz uma tatuagem. Algo que eu queria há 20 anos. E por motivos diversos nunca concretizava. Ainda não consegui terminar, porque foram tortuosas 6 horas de dor, restando ainda mais. Mas é questão de cicatrizar de vez a pele e finalizar o processo. E o resultado é que estou completamente apaixonado por essa maravilha! É um sonho estúpido virando realidade. E já estou pensando em mais! Irei fechar meu braço esquerdo de desenhos. Sim, isso irá acontecer, gostem ou não. E não percam seu tempo tentando me fazer mudar de ideia. Nada vai. Se eu vou perder algum cargo importante por isso? Foda-se! Não é o que me preocupa na vida mais.
Comi mulheres ao longo desse tempo. E só uso esse termo porque usei com elas. E tenho um orgulho absurdo em dizer que elas se tornaram boas amigas. Pessoas que mudaram a forma que eu me via. Levei alguns foras também. Talvez mais do que as que tenha comido. E a maioria também virou minha amiga. E também ajudou a melhorar o meu modo de ver e agir. Acredito que tenha sido bom pra elas também. Pelo menos consegui arrancar delas sorrisos e risadas. Acho que isso vale muito a pena.
Conheci muita gente bacana. Continuo conhecendo. Vivi momentos que nem imaginava serem mais possíveis. Encontrei muito do que eu buscava ao longo de quarenta anos. E ainda falta coisa pra caralho pra encontrar. Minha saúde melhorou, meu corpo melhorou, minha mente melhorou. As pessoas demonstram muito mais felicidade em estarem ao meu lado. Eu escuto com uma frequência incrível o quão melhor eu estou.
E eu encontrei o vegetarianismo. Está entre as melhores coisas que me aconteceu. Ter a possibilidade de viver sem fazer parte de um ciclo de morte e dor é algo que faz muito, mas muito bem para o espírito. Saber que qualquer ser vivo é digno de respeito e paz, e que na medida do possível eu faço minha parte para isso, é fantástico. A sensação de felicidade em fazer parte desse mundo é indescritível. E espero muito em breve fazer parte do veganismo. Ainda faltam algumas etapas, mas eu chego lá.
E ainda veio o Eddie. Um gatinho magro e abandonado que apareceu no quintal de casa. Um doce, que eu sabia que faria parte da minha vida, e hoje, uns seis meses depois, dorme agora no sofá, gordo pra cacete, extremamente dócil e o “brinquedo” preferido do meu filho - “anedi”.
Eu perdi muita coisa ao longo desses anos. Materialmente fui à ruína. Mas emocionalmente, espiritualmente, nunca fui tão rico.
Depois de tanto tempo, nem tenho ideia de qual foi a última vez, poderei passar um aniversário realmente feliz.

domingo, 20 de outubro de 2019

AS VÁRIAS MANEIRAS DE DEMONSTRAÇÃO DE AMOR E A INTOLERÂNCIA


Semana passada ressuscitei um ódio em mim que já estava bem controlado. Quer dizer, ressuscitaram. Tive que ouvir que não fui um bom pai até meu filho completar um ano de idade. Uma história que me trouxe muitos problemas, muito sofrimento e muitas brigas, que achei que já tinha ficado no passado. Mas parece que as pessoas gostam muito de reabrir feridas. E para piorar, algo completamente descabido.
Com uma pequena digressão, faço terapia há praticamente um ano com a mesma pessoa. Nesse meio tempo, consegui abrir a minha mente pra muita coisa. Muitas formas de pensar, muitas maneiras de agir, muitas realidades que estão totalmente diferentes das minhas. Conheci pessoas, muitas mulheres, com objetivos de vida, ações e demonstrações de afeto muito diferentes do que eu sempre achei legal. Diria que todas me cativaram de maneiras diversas, a maioria sendo hoje boas amigas. Mas o mais importante é que todas me mostraram que existem muitas formas de viver, ser feliz e sentir, além do que eu considerava correto.
Voltando ao tema em questão, quando meu filho nasceu, eu não entendia um catzo de criança. Tinha medo até de segurar. Lembro exatamente que na primeira semana de vida dele uma doula que contratamos disse que, sendo a mãe a grande responsável por prover o filho no começo da vida, uma vez que o bichinho mama pra cacete praticamente o dia todo, existiam outras formas de fazer a parte possível. E foi o que eu fiz.
Passei praticamente o primeiro ano do menino sendo o responsável pela casa. Isso em relação à limpeza, comida, organização, provimento de mantimentos, a maior parte do trabalho externo. Fora o fato que como eu e a mãe dele nos separamos no segundo mês de vida dele, nós buscávamos evitar o contato direto entre nós.
Vou ser sincero que discordei completamente das ideias usadas pela mãe na criação do menino. Não vou entrar no mérito, mas considerava uma loucura total o jeito que ela fazia as coisas. Até porque mesmo quando ela pedia pra eu ficar com ele pra jantar por exemplo, qualquer mínima choradinha ela saía correndo pra ver o que estava acontecendo.
Hoje, ele com dois anos, digo e afirmo que minha abordagem com ele foi perfeita. E isso porque ele é um garoto muito apegado a mim, sem dar muito trabalho ( no sentido de birra ou coisas do tipo), muito regrado e carinhoso. Mas sou obrigado a dizer que, apesar de toda a discordância, a abordagem dela também foi muito bem sucedida, porque com ela o que eu vejo é exatamente a mesma coisa. Nós tivemos duas formas diferentes de relacionamento com ele, com focos bem diferentes, e nitidamente os dois foram extremamente positivos.
Daí fica claro pra mim que as soluções e as formas de demonstrar amor ou qualquer tipo de afeto variam, mas são válidas. Pode até ser que se eu não tivesse tido as excelentes experiências que tive durante esse último ano de vida eu pudesse criticar a forma dela fazer as coisas, porque continuo achando uma loucura. Mas existe uma forma correta de demonstrar amor? Eu posso dizer que alguém inventou a fórmula mágica para se relacionar com cada tipo de pessoa, em cada idade?
Não tenho como negar que ela é uma boa mãe. Apesar de muito rancor em muitos aspectos, sempre disse isso pra todo mundo. Tenho algumas críticas a certas atitudes, mas o geral é que ela se saiu bem nesse aspecto. Da mesma forma que as pessoas podem discordar da minha forma de me expressar, mas acho que tive um desempenho excelente, muito melhor do que qualquer pessoa poderia esperar.
Sendo assim, meu ódio por tais acusações chegou num nível de ódio que tornou impossível qualquer tipo de relação com as pessoas que assim me descreveram. Entendo que essas pessoas não tem inteligência, nem maturidade emocional, para entenderem que a forma que elas entendem como a melhor pode não ser para todos, e mesmo assim podemos ter uma vida feliz e muito bem sucedida. . Não há nada de errado na maneira de amar, enquanto não criamos mal aos outros.
E essa história me trouxe prejuízos que posso considerar irreparáveis. Na época, foram noites mal dormidas, muitos problemas de saúde, problemas no meu trabalho, pois minha concentração praticamente deixou de existir, e muitas pessoas que considerava como amigas simplesmente viraram a cara, por comprarem essa ideia ridícula e absurda sem qualquer tipo de análise dos fatos. Por muito pouco isso não termina de forma trágica. Graças a essa baboseira eu perdi a primeira festa de aniversário do meu filho, algo que jamais irei perdoar os responsáveis.
Mas o fato é que eu consegui. Meu filho claramente é apegado a mim. Quem já nos viu juntos sabe que é inegável. Meu objetivo foi atingido com extrema perfeição. Além disso, no meu último ano de vida conheci pessoas incríveis e fiz coisas que sempre desejei. Apesar de ter sido quase na marra, as coisas estão se saindo incrivelmente bem até agora. Teremos problemas futuros, como todas as relações humanas, mas por falta de amor e dedicação, não vai ser. Da mesma forma que imagino que não serão as razões dos problemas que meu filho vai ter com a mãe.
É preciso que as pessoas entendam que o fato de você não agir exatamente como elas querem que você aja, ou que elas consideram como a forma correta, signifique que não sinta algo, que não demonstre, ou que não haja uma busca incansável pela felicidade geral. Respeitar as diversas formas de amor não significa somente apoiar o casamento gay. Você tem que entender que as pessoas agem, sentem e demonstram de forma diversa uma das outras, e isso é ótimo. Parar de agredir ou tentar destruir a imagem das pessoas porque você não concorda com a forma de pensar seria algo ótimo para crescimento emocional e até pessoal.

AUTO-ESTIMA


Terminei meu ano de 2018, e passei boa parte de 2019, me sentindo o pior lixo do mundo. Depois de um casamento autamente desastroso, estava me sentindo muito mal em todos os aspectos da minha vida. Sexual, sentimental, emocional... cheguei a ter momentos de retiro total para tentar me recompor.
Tive que trabalhar esses fatos em terapia por meses, tentando entender que o que aconteceu foi uma situação à parte. Tentava de todas as formas entender os fatos pra saber pelo menos qual ponto deveria partir para mudar a minha vida. E isso nunca acontecia.
Estava tendo seguidas frustrações em qualquer tipo de contato com mulheres. Surtos de parte a parte, impaciência e uma tremenda sensação de vazio. Nos demais aspectos da vida, a coisa seguia pelo mesmo rumo. Perdi a confiança no meu trabalho, algo que faço há mais de dez anos e sempre fui considerado muito bom, por críticas absolutamente estúpidas, como a que eu não tenho hábito de ficar sentado na minha cadeira.
Aí eu conheci a Tata (nome fictício pra evitar problemas). Primeiramente, deixando claro que ela é uma amiga. Eu fiquei com essa amiga e permanecemos apenas amigos. Mas não foi isso o que me fez mudar meu modo de ver as coisas.
Ela é uma moça que tinha muitos motivos para se sentir mal consigo mesma. Ela tem corpo fora dos padrões de beleza. Tem dois filhos que cria basicamente sozinha, pois o ex-marido trabalha praticamente todo dia e não consegue ter a mesma disponibilidade. Está desempregada. Se desiludiu em relacionamentos. Segundo me disse, que teve problemas de lealdade no relacionamento.
Um tempero fantástico pra se sentir a pior das pessoas. Mas não. Ela está sempre sorrindo. Busca o que quer, inclusive se tem interesse em algum homem. Se impõe em termos de opinião. Nunca deixa os filhos de lado, mesmo que esteja morrendo de vontade de sair. Quando estava comigo, fazia o que dava vontade, buscava se satisfazer em todos os aspectos.
Tata exalava um aroma de felicidade, alegria e auto-estima. Uma pessoa que tinha tudo pra ser o inverso. Algo contagiante. E eu comecei a pensar: por que diabos eu estou me maldizendo tanto, se uma pessoa que tem até mais motivos que eu, simplesmente busca ser feliz, sem pisar em ninguém?
Bem verdade que eu já estava muito mais calmo do que um ano atrás, já me sentia mais feliz e estava me encontrando. Mas a partir do momento que mudei a chavinha e passei a acreditar mais no meu potencial, me aceitar mais como eu sou, especialmente no aspecto físico e sorrir para as pessoas, as coisas passaram a mudar mesmo.
Eu imediatamente atraí mais pessoas. Muita gente quis conversar comigo. Pessoas passaram a conversar coisas mais pessoais comigo, até como confidente. Do mesmo jeito que eu mudei de postura com a Tata, vi muita gente começar a mudar de postura ao se relacionar comigo(qualquer tipo de relação).
Estou ainda em um processo. Existem recaídas, algumas encanações. Tenho muitos momentos de insegurança quase aleatórios. Mas muito menos do que quando estava casada, especialmente no momento do divórcio. E definitivamente, isso é contagiante.
Até mesmo pra analisar erros ou ações que não trazem muitos benefícios fica mais fácil. Consigo fazer uma auto-crítica constante sem me sentir um lixo com isso, porque eu também consigo ver o que tenho de positivo. Toda a crítica se tornou positiva. Eu nunca analiso um erro meu sem o objetivo total de corrigi-lo. O desejo de ser uma pessoa melhor se torna muito grande.
Não há nada que faça maior diferença na vida de uma pessoa do que se sentir bem consigo mesma. Auto-estima é tudo.