terça-feira, 10 de dezembro de 2019

UM NOVO COMEÇO


Em quase dez anos de blog, acredito que jamais tenha escrito sobre romance. Não de uma forma positiva. Muitos aspectos inclusive totalmente negativo. O que eu vi, e vivi, nos últimos anos da minha vida me trouxeram uma visão tão desastrosa dessa loucura, que não havia nada de bom para falar a respeito. E pouco eu falava. Inclusive tentava nem falar sobre porque poderia parecer uma ofensa direta às pessoas que se relacionaram comigo, enquanto o problema pra mim era o relacionamento em si.
E agora começo a ver a coisa de uma forma totalmente diferente. E obviamente, isso tem um motivo.
Manja aquela situação que começa com tudo pra dar errado? Era isso. Como eu disse pra ela, de largada tomei uma fechada de porta nervosa, que me fez desistir de vez. E com o tempo iniciou-se uma amizade, que inicialmente não tinha a menor chance de sair disso. E de repente, se tornou a maior mordida de língua de todos os tempos. Eu diria que foi um dilaceramento completo.
Não sei posso fazer isso, mas diante da qualidade imensa da situação, vamos dar nomes reais. Essa mulher incrível chama-se Natália. E até agora ela tem me feito ver que eu estava totalmente errado em muitos dos meus pensamentos sobre a vida a dois.
Eu estava realmente duro e irredutível sobre qualquer possibilidade de um relacionamento sério. Conheci pessoas incríveis desde o meu divórcio, mulheres que passaram pela minha vida e pelo qual tenho um carinho e gratidão eternos. Mas todas com objetivos de vida e personalidades que tornariam impossível qualquer convivência, e de quebra poderiam transformar algo bom numa guerra. O que significa que diante dos meus objetivos de vida, da minha personalidade, e até dos meus traumas, pra mim era impossível encontrar alguma pessoa tão compatível, o que me deixava claro que eu jamais iria me relacionar outra vez.
Associado a isso, tive um experiência desastrosa chamada casamento. Especialmente depois que meu filho nasceu, aconteceram coisas que me deixaram não só decepcionado, como arrasado, furioso, vingativo e sombrio. Não era possível, aos meus olhos, alguém tirar isso de dentro de mim.
Mas ela está fazendo isso.
Quando começamos a conversar, a compatibilidade foi assustadora. Ela se definiu como minha “versão sem pau” (se você conversou comigo sobre ela, sem dúvida usei essa expressão. Porque é exatamente isso). Temos visões políticas muito próximas (inclusive esse foi o ponto de partida pra começarmos a amizade), tirando que ela não é necessariamente de esquerda. Visões de mundo, modo de tratar as pessoas, noções de justiça, amor pelos animais... ela não quer nem ouvir falar de casamento, é incrivelmente independente, gosta de crianças (nesse caso infinitamente mais evoluída que eu), mas não quer filhos. Ela é puro heavy metal! Personalidade fortíssima. Não recebe ordens.
Muita gente que leu isso deve imaginar que eu esteja me descrevendo. Mas tudo bem, ela tem uma crença espiritual bem intensa. Não em uma religião, mas apenas fé. O que me deixa até feliz, porque ela não está seguindo um grupo. Então posso assegurar que com isso não estava me referindo a mim.
Mas tive o prazer, com ela, de descobrir o conceito de parceria. Não tinha vivido até agora o verdadeiro sentido de ter alguém do seu lado, se preocupando com você, te incentivando a coisas boas, mesmo quando você está com uma vontade absurda de dilacerar pessoas. E essa fera que estava vivendo dentro de mim começou a se tornar apenas um gatinho ronronando. Sim, meus momentos de ódio praticamente acabaram.
Voltei a cuidar da minha saúde, o que estava deixando de lado há um bom tempo. Tenho prazer em andar de mãos dadas, sair pra jantar, buscar lugares novos. Estou ouvindo críticas de coração aberto. Mas o mais importante: consigo ser eu mesmo. Falo do meu passado sem medo, dos meus desejos, medos, traumas e de cada momento. E não sou julgado por isso. E vejo exatamente a mesma coisa vinda dela. Vejo uma mulher sincera, aberta e sem medo, que parece ter encontrado essa mesma parceria comigo.
E pra falar bem a verdade, acho que a situação tem sido bem injusta. Ela tem feito muito mais pra me ajudar, por assim dizer, do que eu por ela. Da até uma sensação de dívida emocional.
Hoje, diante de um fato inusitado, , tinha a mais clara certeza que tinha criado um problema desnecessário, sendo sincero demais. E diria que eu estava bem errado nesse ponto. Entrei até num princípio de crise de ansiedade achando que tinha feito uma cagada monstro. Quando ela me mandou um texto sobre o que considerava, foi uma coisa tão incrivelmente linda, estimulante, empolgante e contagiante, além de muito positiva, que quase chorei de alegria. Parecia um idiota num lugar de trabalho. Obviamente, tendo que sair pra não ser tão explícito.
Aí alguns dizem que eu estou apaixonado. Tenho comigo que o conceito de paixão é algo muito ruim. Esse negócio de você ficar bobo, pensando na pessoa noite e dia, perder o rumo... isso é passageiro. É bem aquele fogo que uma hora se apaga. Está muito longe do que estou sentindo.
O que ocorre agora é diferente. De tudo o que eu vivi. É real. É um companheirismo imenso, parceria, carinho total, respeito sem perder a essência. É algo verdadeiro, de ponta a ponta. É algo que deixa definições aqui expostas mais confusas do que se eu não tivesse falado nada.
E por isso o que temos juntos não ganhou um nome ainda. Pra alguns eu digo que estou namorando, pra outros ficando, pra outros apenas que estamos juntos. E pelo que vi ela também está nessa pegada. Quase um lance filosófico.
E mais: nunca, em momento algum, fui tão elogiado quanto agora. O que essa mulher me joga pra cima é algo inacreditável. Eu fico pensando se eu mereço tudo isso. Se eu sou tudo isso. Algumas vezes me sinto a pessoa mais importante do planeta! Mas me sinto alguém que realmente consegue tirar sorrisos verdadeiros de uma pessoa espetacular.
Não só um novo começo. Mas o mais maravilhoso de todos!

ENQUANTO ISSO, O LIBERALISMO


Sim, eu sou um liberal. Nos costumes. Acredito piamente que as pessoas têm o direito de serem, viverem e acreditarem no que as fazem feliz. Seja opção sexual, religiosa, amorosa, musical, ou que porra ocorrer. A própria liberdade é pressuposto básico de qualquer democracia, assim como do capitalismo. Adam Smith trouxe em sua obra a individualidade e o respeito a cada ser humano, o que foi consolidado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. E isso já deveria ser pressuposto básico na mente de cada um.
Mas não é. E em muitos aspectos, o liberalismo econômico ajuda a manter esse quadro maluco. A ideia trazida à tona por Adam Smith, como a expressão máxima do capitalismo, que inclusive foi a responsável pela criação do comunismo, em resposta, que de liberal, na prática, não tem nada.
Se você ler o que diz o liberalismo certamente você vai se apaixonar. A ideia é excelente. As pessoas são responsáveis pelo próprio sucesso. Fazem suas escolhas, seu caminho, ganham ou perdem de acordo com seu mérito, partindo de igualdade de condições, cada um buscando de acordo com suas necessidades e seus sonhos.
Lindo, né?
Mas não precisa ser nenhum gênio pra ver com clareza que isso é uma imensa merda, e que na prática é impossível dar certo. Infelizmente quase 300 anos não foram suficientes para deixar claro pra muita gente isso.
Gostaria de começar me questionando sobre essa ideia de igualdade de condições. Eduardo Bolsonaro nasceu nas mesmas condições que um catador de lixo na sua época? Se é muito, pensemos no filho do Lula em comparação com o mesmo catador. Há igualdade de condições entre essas figuras? Eles terão que participar de batalhas minimamente semelhantes para atingirem o mesmo sucesso? Eles serão brindados com a mesma educação? Com as mesmas condições de transporte? Terão ambos alimentação adequada, da mesma forma?
É óbvio que não. As condições financeiras iniciais fazem com que o caminho dos filhos de políticos sejam incrivelmente mais fáceis. E se fosse não quer pensar nesses grupos, é só imaginar filhos de empresários com fortunas, de pessoas ricas em qualquer natureza. Em contrapartida a quem não tem qualquer condição. A luta já começa absurdamente desigual, e nunca a desvantagem será relativizada nesse tipo de sociedade.
Existem as exceções. Pessoas que vêm da pobreza e se dão muito bem, fazendo fortuna, enquanto existem ricos que afundam na miséria ou em algum tipo de desgraça. O primeiro caso é muito raro. Praticamente um milagre. O segundo, na nossa sociedade tão doente e problemática, tem se tornado mais próximo da regra do que da exceção.. Mas no geral, quem nasceu pobre, irá morrer pobre, não importa o quanto se esforce.
Quem detém os meios de produção detém o poder. E nesse caso, sendo bem claro, manda quem tem dinheiro. Quem tem poder financeiro escolhe como a coisa caminha. Quem não tem, precisa dele pra sobreviver. Precisa de emprego, e este será oferecido por quem tem dinheiro. E as condições de como será essa relação será dada pelo dono do capital. Porque se o pobre não quiser se sujeitar, muitos outros famintos estão esperando por isso.
Daí temos jornadas extenuantes, cobrança de produtividade desumana, salários muito abaixo do que seria justo e muito assédio. E diante do poder nulo do trabalhador, é aceitar ou morrer de fome. Daí entramos no conceito de mais-valia, de Karl Marx, que é absolutamente perfeito. O rico ficará cada vez mais rico. E o pobre mais pobre. A desigualdade social no liberalismo econômico aumenta cada vez mais.
E o Estado pouco interfere. Não há leis de proteção, não há direitos, não há programas de incentivo, nem carga tributária que garanta a distribuição de renda. Apenas uma imensa passividade diante do caos espalhado por quem tem poder. E pensando no sistema capitalista, o objetivo é o lucro. E este se dará acima de qualquer coisa.
Não sem motivos em todos os momentos que essa aberração foi implantada, foi um desastre. Às vezes não de cara. Em geral, costuma ter alguns momentos de estabilidade, diante de problemas deixados sem solução em outros sistemas. Mas a desigualdade social cresce de forma geométrica nesse sistema, até o anseio social explodir. Isso pode ocorrer na mudança de rumos em eleições, ou em revoluções, como o que ocorre no Chile atualmente.
Até tivemos o neoliberalismo, onde o Estado intervinha, mas bem pouco. Não nego que seja melhor que o liberalismo puro, até porque pouca coisa é pior que esse caos. Mas ainda assim o capital manda e desmanda. Empresas e empresários, com dinheiro, dão as cartas. Existem limites, mas nem sempre são respeitados.
E agora o que se começou a perceber é que o liberalismo anda de mãos dadas com o autoritarismo. Para que se tire direitos e deixe-se de haver um Estado regulador, é preciso um Estado opressor. Pessoas tendem a se rebelar contra injustiças. Aí entra o governo, pra desintegrar tais manifestações. Tira-se de circulação os desordeiros, trazendo suas figuras como criminosos, enquanto as pessoas perdem cada vez mais sua dignidade.
Basta ver Paulo Guedes. Esse ser abominável esteve presente na ditadura mais sanguinária da América Latina. Foi responsável por um sistema que trouxe a pobreza extrema, especialmente aos mais velhos, o que agora transformou o país num barril de pólvora e ódio, incontrolável (e que espero que sirva de inspiração para o nosso país!). Mas não só isso: ele quer inserir essas ideias cretinas no nosso país. Acredita que pobres não poupam porque não querem (comer é só um luxo dispensável). Defende abertamente um AI-5, o ato mais repugnante da história do nosso país. Defende que direitos sejam eliminados, que pobres paguem mais e mais impostos, inclusive pra trabalhar. E a mesma pobreza na velhice. E para isso, precisa tratar quem pensa diferente como inimigo. Agora seu alvo são os servidores públicos (categoria da qual eu faço parte). Ameaça regras que dão ao Estado o poder de cortar salários.
O liberalismo é sofrimento. É o caos. A fome, e a miséria. E a tirania. Esse sistema jamais foi implantado em qualquer sociedade que tenha atingido um mínimo de igualdade social. Não há justiça. Só sofrimento e dor. É comprovadamente um desastre. A não ser para quem está cagando para seus semelhantes. Curiosamente, boa parte se auto-denomina cristãos.

AH, ESSE CAPITALISMO


Nunca escondi de ninguém meu viés de esquerda. Entendo e deixo claro que as ideias propostas por pensadores de esquerda, em sua maioria, apresentam soluções muito mais apropriadas para o bem estar da raça humana, do que as da direita. Colocando num âmbito atual, em que isso quer dizer que de uma forma geral são as que melhores podemos aproveitar, enquanto os que são trazidas pelo pensamento de direita também conseguem remeter a boas ideias, mas a meu ver em menor grau.
Não há como atualmente aderir a uma ideologia de forma pura. Entendo esquerda e direita como meros pontos de partida, onde você tem um norte sobre a forma de atingir um objetivo, que precisará necessariamente mesclar um monte de coisas. Se você é uma pessoa inteligente, você nunca será um esquerdista total, ou um direitista total. Isso é radicalismo puro, e os fatos históricos já mostraram que não funciona.
Por isso tenho ficado perplexo quando digo que sou de esquerda, e um monte de gente vem me perguntar se eu acho que o comunismo deu certo, como eu consigo seguir um regime totalitário que levou à pobreza de centenas e não dava possibilidade da manifestação do pensamento diverso.
Isso sempre me irritou, pois eu jamais na minha vida fui comunista. Adoro os escritos de Karl Marx, como todo esquerdista. Mas vejo falhas gritantes em sua obra, algumas corrigidas por outros pensadores posteriormente, enquanto outras seguem sendo idolatradas e criando problemas por onde passam. E essas falhas me impedem de seguir o que ele escreve.
Por outro lado, alguns dos grandes pensadores do capitalismo, especialmente Adam Smith, trouxeram pontos muito interessantes em suas obras. Não vejo como algo que se mantém de pé por si só, mas há coisas que jamais poderiam ser descartadas. Especialmente a evolução pessoal e a busca individual pela felicidade e pelo progresso. Algumas dessas ideias hoje são mais usadas por pessoas que se dizem de esquerda do que as que se dizem de direita.
O que posso dizer é que sou um capitalista. E gosto da ideia de ser um funcionário. No caso atual, um funcionário público. Mas jamais quis ter um negócio próprio. Como empreendedor, nem no mais remoto delírio. Enquanto ainda estava trabalhando como artista, a ideia de “vender” o meu trabalho, ou divulgar minhas ideias me causava um imenso calafrio. A própria ideia de um blog demorou décadas, sendo que escrevo desde a adolescência. E só ocorreu quando não havia qualquer possibilidade profissional, de sucesso ou de ganhos financeiros.
Mesmo assim, cumpro meu horário, realizo muito bem meu trabalho e dou uma boa dose do sucesso para minha autarquia. E faço a mais absoluta questão de ter meu salário no início do mês. Tenho algumas futilidades típicas do capitalismo, como a internet que uso agora, duas máquinas de café expresso, meu hd que enchi de heavy metal e uso o dia todo. Uso valores financeiros o tempo todo.
Sendo assim, sou um capitalista. Um capitalista de esquerda, como praticamente todos os que se dizem de esquerda hoje. O comunismo está morto. Sei que isso é triste para alguns, e fake news para outros. Mas se você estiver fora da Coréia do Norte e não estiver falando com alguns poucos resistentes em Cuba, ninguém mais é comunista. Com exceção de alguns doidos espalhados por aí, que ainda têm um desejo utópico de resgatar as ideias originais de Marx.
A esquerda atual não tem nada de comunista. Alguns se dizem comunistas, mas claramente não agem dessa forma (e ainda trouxeram a maldita fama de socialista de iphone). Qualquer pessoa de esquerda mais ou menos normal, com uma capacidade intelectual normal, vai defender ideais de justiça social, distribuição de renda equalitária, direitos humanos respeitados, entre todos os ideias que possam demonstrar igualdade. Isso é ser de esquerda.
E é perfeitamente possível. Os países nórdicos nos mostram que isso é real, possível e maravilhoso. Estes países apresentam, em sua maioria, a mais alta carga tributária do mundo, incentivos a empresas privadas e à livre iniciativa como um todo, mas a distribuição de renda mais perfeita do mundo. As pessoas recebem do governo a prestação do serviço pelas quais pagaram seus impostos. Você tem educação de qualidade, saúde de primeira, segurança e o maior IDH do planeta. Todos inseridos num sistema capitalista. Não há ricos, mas também não há pobres. Simplesmente há justiça.
Não quer dizer, de forma alguma, que não há problemas. Todas as sociedades têm seus problemas. E não quer dizer que esses países chegaram à perfeição. Mas com certeza é o mais perto que podemos imaginar. É o ideal de esquerda aplicado da forma mais linda e espetacular o possível.
A ideia cretina de que a esquerda está atrelada ao comunismo cresceu com o crescimento da extrema direita. Especialmente aqui e nos EUA. Caras como John Bannon, especialista em divulgar notícias falsas e difamar todos os que pensam contra ele, na propagação do extermínio de adversários, são os típicos responsáveis por essa babaquice.
Aqui temos seres ainda mais repulsivos, como Olavo de Carvalho, que em qualquer momento normal da história seria considerado um doente mental, trancafiado num hospício, fazendo vídeos engraçados para tentar recuperar a sanidade. Mas aqui se tornou um ícone para muitas pessoas, e o guru do governo. Daí o fato de não surpreender o nível caótico dos nossos líderes.
Olavo trouxe à tona ideias incrivelmente cretinas, como o terraplanismo, o heavy metal propagar o satanismo, as vacinas serem a propagação do autismo, e especialmente, a Pepsi ser feita com fetos abortados como adoçantes, colocando as pessoas como abortistas terceirizados (acreditem, esse vídeo é ótimo. Vale a pena assistir!). Colocando esse doente num país onde o nível de escolaridade e de educação é medonho, fica claro o motivo dele ter se tornado uma lenda para um número incrível de pessoas.
E essa aberração levantou a ideia de que estávamos para sermos pegos por um golpe comunista, no governo do PT, que foi iniciado pelo “Foro de São Paulo”. Um monte de gente com nível intelectual baixíssimo caiu facilmente nessa falácia. Porém, algumas pessoas incrivelmente inteligentes ainda seguem esse cara. Quer dizer, inteligentes numas. Ouvir muito as bobeiras desse doente tendo-as como sérias é incrivelmente danoso ao cérebro.
E seres como esses, trazendo ideias arcaicas e mortas, foram os responsáveis pela associação da esquerda ao comunismo. Algo que jamais se comprovou, que numa pesquisa bastante simples pode ser derrubado, e que só favorece popuistas de direita. E de quebra ainda aumenta muito a divisão entre as duas alas, fazendo com que as boas ideias de ambas as partes não se encontrassem nunca mais.

sábado, 7 de dezembro de 2019

O MOMENTO MAIS SOMBRIO


Tenho 39 anos. Quando encerrou-se a ditadura militar eu tinha oito anos. Era pequeno demais, e com pouco conhecimento social para entender o momento. Aquele sem dúvida foi nosso momento mais triste.
Porém, do que eu vivi, sem a menor sombra de dúvida estamos vivendo o momento mais triste da história desse país. A eleição do fascista e mais alguns que vieram a tira colo, seus ministros e aliados, revelaram o lado mais podre e desprezível do nosso povo. Pessoas, até então tidas como boas e sensatas, se revelaram, ou ficaram completamente malucas. Eu diria que cerca de um terço do nosso povo mostrou seu lado repulsivo. E isso não tem volta.
Já escrevi muito sobre as ações desse psicopata. É um show de horrores sem fim. E eu definitivamente não consigo aceitar seres humanos não tendo um pingo de compaixão com outros seres humanos. O que temos aqui nesse momento é uma perseguição imensa contra vários tipos de minorias, bem com um estímulo institucional a essa perseguição, muitas vezes violenta. E o povo que apoiou esse doente ao invés de se revoltar com essa situação tenta usar todo tipo de argumento para justificar a barbárie.
Desde que ele se tornou o nome forte da extrema direita, o que tivemos foi uma perseguição declarada aos homossexuais, inclusive com declarações diretas desse boçal afirmando que o Brasil não gosta de gays. Seguiu-se na mesma época a perseguição às mulheres, especialmente as que seguem o movimento feminista.
Depois disso tivemos ataques diretos ao meio ambiente e aos povos indígenas, com queimadas e desmatamento recorde e absoluta inércia do governo, sendo atacados inclusive por outros países, revoltados com a letalidade desse atual governo. No embalo seguiu-se assassinatos a ambientalistas, e uma série infindável de ameaças.
O movimento negro também foi alvo, com declarações desprezíveis de que o Brasil não teve escravidão, seguidas de que a escravidão ocorreu por causa dos próprios negros, e depois afirmando que a escravidão foi boa para os negros. Aquela coisa que tentava arrumar e ficava ainda pior.
Uma pregação religiosa imensa, onde o programa evangélico passou a fazer parte do programa de governo, e todos aqueles que não eram evangélicos passaram a ser alvos desse governo doente. Especialmente os seguidores das religiões de origem africana. Com tentativa de imposição de culturas, costumes e regras.
Os funcionários públicos passaram a ser perseguidos. Foram tratados como culpados pela situação do país, como se estivessem recebendo verdadeiras fortunas e não trabalhassem para isso. Iniciamos uma série de projetos de retirada total de direitos, cortes de salários, xingamentos.
Por fim, essa semana veio o massacre de Paraisópolis. Um baile funk, repleto de pessoas pobres, negras e com baixa escolaridade, foi reprimida com absurda violência. Nove mortos, um de 14 anos. Pessoas espancadas apesar de rendidas. E olha que eu abomino baile funk e os exageros na perturbação que causam. Mas você não reprime barulho com assassinato.
Isso pensando no que eu fui capaz de lembrar agora. Vários grupos, geralmente fazendo parte de minorias, tratados com ódio. Atacados, especialmente com fake news (vai dizer que você nunca recebeu declarações que feministas tinham pelo no sovaco?). Que passaram a ataques reais. O programa de ódio se espalhou.
Uma das regras básicas para ser considerado humano é ter compaixão pelos semelhantes. Analisar o sofrimento alheio e ter um pingo de sensibilidade. Tentar ajudar, de alguma forma, nem que seja criticando atos criminosos, ainda mais os cometidos de forma institucional.
Aqueles que não conseguem agir de forma minimamente humana, que não só não ligam, como justificam e enaltecem o sofrimento, não podem, em hipótese alguma, serem chamados de seres humanos. Não merecem respeito, não merecem qualquer atitude positiva.
Pessoas assim não devem fazer parte de uma sociedade. Esse tipo de pensamento deve ser estirpado. Muitas dessas coisas já deveriam ter sido tornadas crime há muito tempo.
O apoio a este governo psicopata não é só o apoio ao atraso. É o apoio ao ódio, à morte, ao sofrimento. E o apoio a que todos os que pensam diferente sejam esmagados. Não há nada mais entre direita e esquerda, até porque ser feminista, ser laico, não ser racista, ou tudo aquilo que foi descrito, não é uma característica de alguém da esquerda. É de alguém com um mínimo de vergonha na cara. E existem sim muitas pessoas da direita que sabem disso e defendem pontos de vista que valorizem a raça humana.
Até quando vamos aceitar essa barbárie sem fazer nada? Já passou da hora de nos levantarmos e mostrar que ainda temos um pouco de decência como seres humanos.

sábado, 9 de novembro de 2019

DE VOLTA AO ATEÍSMO!


Nos últimos meses, talvez no último ano, tenho abordado pouco, ou quase nada esse tema que tanto faz parte da minha vida. A excrecência do atual presidente e suas medidas tomam tanto esforço mental, que sobra pouco espaço para comentar sobre outras coisas importantes da vida. E a meu, a negação de deus está entre elas.
Não é novidade para ninguém que eu passei por um período maldito nos últimos anos, tendo entrado numa recuperação excelente nos últimos meses. Seria um período excelente para entrar num desespero e buscar algo espiritual. Isso ocorreu no fim de 2004, de forma ainda mais perturbadora. Em ambos os casos posso dizer que meu ateísmo saiu incrivelmente fortalecido, assim como pude perceber que não existe uma forma mais perfeita de se enfrentar problemas da vida do que a busca em você mesmo.
Estou lendo “Fodeu Geral”, do Mark Manson. Um livro excepcional, do autor de “A Sutil Arte de Ligar o Foda-se”. Nesta obra ele trata da Verdade Desconfortável. Algo ruim, muito ruim na vida, que temos por instinto de sobrevivência fugir a todo custo. Inventamos maneiras mirabolantes para escapar dessa verdade, para que alguma outra coisa a enfrente por nós. Na maioria das pessoas, essa outra coisa chama-se deus.
E assim que deus é: uma maneira desesperadora de fugir da realidade, de acreditar que algo sobrenatural irá surgir e vencer todos os problemas que temos. É a expressão máxima da vontade de não encarar o problema de frente.
Mas a verdade continuará lá. Irá aparecer em cada momento que sua fé falhar. Irá surgir em cada ato da sua vida, em cada relação frustrada, em cada negócio não fechado. Ela irá surgir quando você tiver seus valores contestados. A verdade não pode ser ignorada por muito tempo.
A ideia de deus, para a maioria esmagadora das pessoas, é esse desejo de transferir a culpa. Você coloca toda sua esperança nas mãos de um ser que não tem certeza nem ao menos se existe. Você transfere a culpa para um outro ser, ainda mais imaginário, definido como inimigo desse deus que você precisa desesperadamente que seja a resposta aos seus problemas.
O ateísmo é a necessidade irremediável de enfrentar o problema. Não há um ser superior invisível que vai vir correndo te ajudar no momento de desespero. Também não tem ninguém em colocar a culpa. Você está lá, sozinho, diante de alguma merda imensa. Ou você enfrente ou é destruído por ela. Simples assim.
E isso requer constante auto-crítica, necessidade de mudança e muito, muito esforço. Milagres não vão acontecer. Ou você resolve a coisa ou vai ser destruído por ela. Sem maquiagem, sem choro.
E isso ocorreu comigo. Minha recuperação deveu-se a uma análise profunda, inclusive das minhas atitudes. Não necessariamente erros, mas ações que eu tomava que estavam me levando a uma situação desastrosa. Eu tinha que tomar uma atitude e responsabilizar a mim mesmo pelo que houve. Simples assim.
Logicamente amigos e muita terapia fazem diferença. Mas eu tive que enfrentar a verdade. Uma delas, que tudo o que ocorreu comigo foi culpa minha. Sim, eu fui sacaneado com meu filho, como escrevi aqui, porque eu permiti que a coisa chegasse nesse ponto. Meu emocional não permitiu que eu me posicionasse de forma diferente na época, e isso teve seu preço. Da mesma forma que o abismo que me coloquei no fim do casamento. Aquilo ocorreu por escolhas erradas que eu fiz na minha vida.
Eu poderia ter fugido dessas informações, como ocorreu em várias outras. Mas isso só faria com que eu cometesse os mesmos erros, repetidamente, e tivesse o mesmo final em todas as situações. Se eu fosse um cristão, possivelmente estaria correndo em círculos, até o fim da vida.
Mas graças ao fato de não ter alguém pra responsabilizar, só me restou assumir a bucha, engolir o orgulho e correr atrás. Não significa que as pessoas que fizeram mal estejam isenta de sua culpa, ou que eu queira algum tipo de contato. A única coisa é que eu tenho que assumir minha responsabilidade por ter permitido que fizessem o que fizeram.
Dessa forma, vivo um momento extremamente positivo por ser capaz de me criticar e me elogiar. Por ver em mim mesmo como único responsável por solucionar a situação e tentar algo diferente. O que me faz ter ainda mais certeza que o ateísmo é a única forma de se buscar a solução real, sem maquiar os problemas.

LIBERALISMO ECONÔMICO: TRAGÉDIA ANUNCIADA


Não consigo entender o que faz as pessoas retrocederem no tempo com tanta frequência. Estamos vivendo um momento absurdamente retrógrado do ponto de vista social e econômico. As pessoas passaram a se alinhar com ideias totalmente radicas e autoritárias, odiar todos os que pensam diferente e defenderem abertamente sofrimento e morte.
Não sem motivos o liberalismo econômico volta à pauta. Um sistema criado em 1772, por Adam Smith, implantado várias vezes, com modificações específicas para tentar se adaptar ao tempo em que vivia. O liberalismo é a expressão máxima do capitalismo, em seu momento mais radical e cruel, o que levou ao surgimento do comunismo e a outro estado de radicalismo e soluções mirabolantes, que trouxeram inclusive inúmeras guerras absurdas.
O liberalismo é o livre mercado. Quase não há Estado, e o controle de tudo está nas mãos do mercado: preço, acesso, emprego... o que quer dizer, de forma bem clara, que se você não tem dinheiro, você não tem nada. Não tem saúde, não tem educação, não tem comida...
E pra isso você precisa se sujeitar ao dono do capital. Você precisa de emprego, seja qual for. E dependendo da concorrência, se você não aceita algo muito ruim que está disponível, seu concorrente vai aceitar. E esta vaga, uma das raras disponíveis, paga um salário baixo, com um trabalho exaustivo, às vezes cheio de assédio. E esse valor quase nunca é o suficiente para suprir necessidades básicas.
A consequência é uma concentração absurda de renda, empobrecimento das camadas mais pobres, disparada da violência. Como não há quem controle o abismo social, estamos na mãos da boa vontade do mercado. Mas o mercado, como citamos, quer lucro. E lucro significa apenas ganhar dinheiro, sem se importar as consequências, ou mesmo com a vida humana. Esse é o capitalismo em sua forma mais selvagem e cruel.
Mas a crítica aqui não é contra o capitalismo. Acredito, mesmo sendo um esquerdista assumido, que existem muitos aspectos positivos no capitalismo. A própria direita, e este ideal liberal tem seus méritos, em alguns quesitos. A parte da evolução pessoal, crescimento com próprio esforço, deve ser elogiada e propagada. O que não significa que tenhamos que aceitar isso a qualquer preço.
Justiça social e equilíbrio nas situações é muito mais importante que dinheiro. Se a ideia prega a existência de extrema pobreza, sofrimento, dor e morte, então esse sistema é ruim, por si só. Não é possível manter algo com esse pensamento.
E o liberalismo já foi implantado várias vezes ao longo dos anos. Algumas vezes com sucesso inicial, mas com queda vertiginosa com o passar do tempo, até mudar para um regime menos agressivo, como a social democracia, por exemplo, algo que eu admiro bastante.
Basta olhar para o Chile. O liberalismo está trazendo o país a uma convulsão social jamais vista. As pessoas cansaram da extrema pobreza, da desigualdade, e agora colocaram todo ódio pra fora. Essa é a consequência única e óbvia de um sistema que foi criado para aumentar abismos. Está fadado ao fracasso.
O que se tem defendido nesse país, por um ministro da economia que está preso à década de 1970, por partidos de direita que não conseguem se adaptar à realidade atual, especialmente um que de forma quase cômica se auto-denomina “Novo”, é o retrocesso. O retorno a problemas que deveriam ter sido superados há cerca de quarenta anos. E uma ideia que, se não apoiarmos essa pegada, estamos rumando ao comunismo. De onde se tiram essas ideias?
O resultado dessa política explode no mundo. Aqui dificilmente teremos essa comoção popular. Mas os resultados também virão. É fato. E isso vem na forma de violência, tensões, pobreza, sujeira... não há nada de positivo numa ideologia que prega a normalidade da desigualdade social.

A ESTABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO


A moda agora no governo e em todos os setores da direita é o ataque direto aos servidores públicos. Apoiados num conceito popular que funcionário público não trabalha, começou-se a especular e criar projetos de lei que prejudicam sobremaneira toda a categoria.
A estratégia faz parte das ações elitistas e desastrosas do péssimo Paulo Guedes, um dos responsáveis pelo desastre que ocorre no Chile, com aumento da pobreza, especialmente para os mais idosos. Seus planos trazem exatamente as mesmas medidas que foram implantadas no governo Pinochet, um dos mais sanguinários da América Latina, que larga as pessoas à própria sorte.
Agora a ideia é tirar a estabilidade de servidores públicos, diminuir salários e criar uma série de barreiras, equiparando praticamente tudo ao conceito que existe numa empresa privada. Ocorre que o conceito de setor público e setor privado é completamente diferente.
A empresa privada tem como objetivo conseguir lucro. Você pode inclusive destruir seu concorrente (no sentido comercial). Já no setor público o que temos é a prestação de um serviço a quem precisa, através da coleta de tributos. Não importa se este serviço traga lucro ou prejuízo. Dessa forma, a eficiência não pode ser medida para os setores da mesma forma. Até porque o serviço público não está condicionado a ser prestado a quem tem dinheiro para pagar.
Nisso entramos no conceito de estabilidade.
O ingresso no serviço público é feito através de concurso, como dispõe a própria Constituição. As provas, a meu ver, estão bem distantes do ideal, até porque existe uma quantidade imensa de conteúdo, que deve ser apenas decorado para uma prova específica. Não mede a qualidade do profissional, nem ao menos seu conhecimento. O que significa que o processo deveria ser aprimorado, não abandonado.
Ao ingressar no serviço público, através da nomeação, o servidor passa a ter compromissos com a administração pública e com o público, em geral. Sua “missão” é prestar o serviço com presteza e eficiência (lembre-se que esse conceito não é o mesmo que uma empresa privada). E o servidor não tem vínculo com um partido ou uma ideologia. Ele pode ter sua ideologia, pode ser filiado ao partido que quiser, mas o trabalho envolve tão somente a prestação de um serviço público, não importa qual ideia, religião, filiação partidára ou qualquer pensamento de quem esteja recebendo a prestação.
A partir do momento que perde-se a estabilidade o servidor vai ficar condicionado a obedecer as ordens de quem está no poder. E isso irá incluir se curvar a um projeto específico, ou uma ideologia partidária. Se não fizer isso, o risco de demissão é total. Isso quer dizer que, de tempos em tempos, quem estiver contrário ao partido que está no poder terá sua prestação muito prejudicada.
Isso acontecia na ditadura militar. Os servidores eram demitidos de forma sumária, porque estavam contrários ao que era pregado naquele período. Aliás, tudo o que fosse contra o regime militar desaparecia misteriosamente. Seria um desastre incomensurável reviver toda essa situação.
Verdade que temos profissionais de péssima qualidade no serviço público. Exatamente como no setor privado. E neste, se você comer sua chefe, fizer um boquete pro seu chefe, for um baita puxa-saco ou fraudar resultados, por exemplo, suas chances de ser demitido sendo muito fraco profissionalmente, diminuem muito. Os problemas em geral, são muito parecidos.
Também existem cargos em comissão demais. E estes são os que têm remuneração exagerada. É necessário ter um controle maior sobre este grupo, que cria o problema de custos que ultrapassam limites. Ou categorias especiais, como ministros de tribunais, desembargadores, ministros de Estado, políticos eletivos, todos com salários que beiram os R$30.000,00. Estes, obviamente, não estão sendo perturbados com o projeto de Guedes, o que deixa claro o elitismo e o desejo de concentração de renda.
Dessa forma, o fim da estabilidade no setor público trará consequências desastrosas ao país. Não somos isentos, não somos honestos. Não adianta contar com a boa vontade de governantes, porque não irá ocorrer. O serviço público ficará preso a ideologias, muitas vezes delirantes, e somente quem compactua com estas sairá ganhando. E não há ideologia que dure para sempre no poder.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

BOLSOMINIONS E SUAS CONSEQUÊNCIAS


Recentemente tomei a decisão radical de me distanciar de todos aqueles que defendem o atual presidente da Republica (que fique bem claro, não meu presidente. Nunca meu). Radical, sem dúvida. Mas em hipótese alguma, incorreta.
O que esse cara trouxe foi a libertação de tudo aquilo que existe de incrivelmente ruim na existência humana. Pessoas que estavam contidas, ou nem sabiam que tinham esses pensamentos dentro de si começaram a manifestar ideias absurdamente repugnantes. Outas pessoas que não tinham nada a ver com a babaquice alheia passaram a ser agredidas, quando não mortas, por causa desses imbecis que resolveram se manifestar.
As consequências da ascensão do Bozo são, em pouco tempo, terríveis ao nosso país. E acredito que levaremos bons anos para limar de vez essas ideias.
Bolsonaro (e escrevo esse nome com todo meu nojo e repugnância) é o racismo. É o machismo. É a misoginia (apesar dele não saber o que isso significa). É a homofobia. É o ódio aos índios. É a destruição do meio ambiente. É a imposição de uma única crença. É o apoio à tortura. É o apoio à execução. É o apoio de um regime totalitário, psicopata e assassino de todos aqueles que pensam diferente dele. É o amor aos bens, e não à vida.
Este ser é absolutamente tudo aquilo de ruim que existe dentro da raça humana. Tudo aquilo que deu terrivelmente errado, que gerou sofrimento descomunal e incontáveis mortes. Tudo que foi construído com sangue de inocentes e famílias destruídas. É isso que este ser repulsivo representa.
E o que temos visto é a mais clara perseguição a todos os que ele se posicionou contra, descritos acima. Todos os que estão em grupos com as quais ele se indispôs se tornaram inimigos de um grupo absurdamente cego, que defende este 'líder' com unhas e dentes, como uma seita religiosa, prestes a cometer atos mortais em nome de seu messias. E assim o faz, dia a dia, como temos visto.
Muita gente que era considerada boa passou a fazer defender ideias inacreditavelmente repulsivas em nome deste ser. Teorias da conspiração totalmente sem sentido. Passou a defender a real perseguição a pessoas inocentes, como se fossem culpadas pelos problemas da sociedade. Igualzinho na época que conhecemos como nazismo. Todo aquele mal está de volta.
E a coisa se tornou de tal forma que por mais que os fatos deixem claro que estas pessoas estão causando danos irreparáveis, que são igualmente corruptas, ligadas aos mais podres crimes, ainda assim existem pessoas que deixam absolutamente tudo de lado pra defender este ser. Relatos de gente que abandonou a família em nome deste cara. Tem gente que sequer consegue falar de outro assunto. Tudo de bom ocorre em função dele, e tudo de ruim é aquilo que ele critica. Um nível de cegueira que eu jamais sonhei que veria em vida.
Eu imaginei, na minha inocência, que fatos desastrosos seriam suficientes para deixar claro o quão ruim é a coisa com ele. Fatos incontestáveis. Mas não. Sempre existe um argumento. Sempre tem um motivo pra que ele tenha feito isso. Sempre tem gente tentando destruir o “mito”. Sempre tem uma conspiração por trás do governo. Sempre tem um golpe comunista por vir.
E eu comecei a pensar: e se por acaso meu filho um dia se assumir homossexual? Imagina o que seria ter que conviver com pessoas que o veriam como um erro, assim como ter medo de qualquer ato de violência, seja física ou emocional, porque a escolha dele é “diferente” do que esses babacas entendem como certa?
Eu não tenho o menor problema se um dia ele escolher essa ideia. Não tenho problema se ele for cristão, judeu, se for budista. Não tenho problema se ele for estudar economia. Não tenho problema se ele se tornar um ambientalista que percorre o mundo pra proteger o meio ambiente. Não tenho problema se ele resolver se tornar professor. Não tenho problema alguma em qualquer opção que o leve a ser uma pessoa honesta e corra atrás daquilo que ele realmente acredita, sem prejudicar ninguém.
Mas terei que viver com medo de que ele não volte por causa de imbecis. Terei que viver com medo de que algum mal possa ocorrer a ele porque um grupo de retardados não consegue tolerar aquilo que é diferente.
Tudo bem. Pode ser que ele não seja nada disso. Pode ser que ele seja o típico ser humano padrão. Mas quantos pais, quantas mães, receberam seu filho dentro de um caixão, pelo simples fato dele ser homossexual? Quantos pais viram seu filho com algodão no nariz pela última vez porque eles tinham uma crença diferente? Quantos pais viram seu filho com uma bala na cabeça, porque eles defendiam a proteção ao meio ambiente?
Não sei que tipo de sádico maluco pode achar isso normal, mas não é. Essa situação não é normal. Ver pessoas sofrerem, serem arrasadas por isso, não é normal. Não é tolerável. Pessoas que fazem esse tipo de coisa, que defendem esse tipo de coisa, que consideram normal esse tipo de coisa, não são o tipo de pessoa que eu quero próximo a mim, da minha família, e especialmente do meu filho.
Por isso a decisão é radical. Mas é a única coisa que uma pessoa com um pouco de bom senso, dignidade, e especialmente, humanidade pode fazer. Mandar pra longe tudo aquilo que representa essa degradação, destruição e sofrimento. Manter distância de todos os que acham que fazer esse tipo de coisa seja algo bom.
E torcer para que essas pessoas um dia entendam o mal que estão causando, e tenham condições de se arrepender da dor que causaram.

domingo, 27 de outubro de 2019

ENFIM, OS LOUROS DA ALEGRIA


Daqui a uma semana completo meus 39 anos. Beirando os 40. De uma vida turbulenta, cheia de problemas, conflitos e sofrimento. Como qualquer um.
Escrevi aqui, no facebook e sei lá mais em qual rede social, que sempre me considerei um vencedor. Comprei minha casa própria, em um condomínio fechado. Comprei um carro à vista. Tive várias nomeações em concursos públicos. Tenho dois diplomas de nível superior. E hoje, quase quarenta anos depois, eu vejo que tudo isso não passa de um monte de lixo inútil, que trouxe pouca coisa útil à minha vida.
Eu vivi seis anos em casa que eu comprei, que eram o sonho da minha vida. Tive por mais tempo esse carro, pela qual até aprendi a dirigir, e fiquei bom nisso. Tive uma família completa, que era meu grande sonho. Me tornei chefe no cartório em que trabalho. E não fui feliz um único dia.
Eu vejo um monte de gente falando em ganhar dinheiro, ser rico, montar negócio, viajar o mundo. Vejo gente tentando ter o corpo dos sonhos. Pagar a escola mais cara do mundo aos filhos. Gente que quer carro novo todo ano. O tempo todo. E isso é nada. Não vale nada. E quando você menos espera, toda essa merda sem sentido está te levando pro fundo.
Passado um ano do pior pesadelo que eu poderia viver, não consigo expressar em palavras a grande mudança que tive na minha vida. Vivo numa casa de aluguel, sem carro, fazendo tudo no sacrifício, tendo basicamente a conta no vermelho todo mês, tendo que bater boca com meio mundo no trabalho... mas nunca me senti tão feliz como nesse momento.
Eu posso dizer que hoje sei quem eu sou, descobri meu verdadeiro valor e minhas qualidades. Aprendi a lidar com muitos dos meus defeitos, ainda tendo consciência dos muitos que existem por lidar. Sei quais valores devem ser mantidos, e quais eu quero longe da minha vida.
Sou um homem livre de qualquer preconceito. Tenho relacionamento perfeito com pessoas de qualquer cor, de qualquer orientação sexual, de qualquer religião... mas na verdade tenho amigos que ao longo de quase quarenta anos fizeram uma vida toda valer a pena. Pessoas diferentes de mim, que já travaram altas discussões por motivos mais estúpidos o possível, mas que podem ser considerados irmãos de uma vida.
Vi minha família, sempre desestruturada, encontrar um norte. Cada um de seu jeito, com problemas que não ficaram muito solucionados, mas com união. União à distância, porque todo mundo mora longe pra caralho, e quem vive com a conta no vermelho não tem muitas condições de ficar indo ver toda hora. Mas união.
Eu tenho um filho lindo, espetacular. E mais: eu nunca achei que teria capacidade de ser um bom pai. Quando soube da gravidez entrei em pânico. Medos vieram como um bombardeio. Mas as coisas se arrumaram. Hoje, com quase dois anos, esse menino é quase um grude comigo. Não da um trabalho maior do que testar minha capacidade física de acompanhar sua energia. Dificilmente está ao meu lado de alguma forma que não seja sorrindo. Já tive que ouvir muita merda sobre minha relação com ele. Até mesmo que não era bom pai, que era ausente e que não ligava pro meu filho. Pessoas viraram a cara pra mim por causa disso. Mas o resultado é evidente e inegável. Quem me vê na convivência com ele percebe claramente o quão podres e mentirosas são tais palavras, de pessoas que vivem num amargor de ressentimento e frustração. Enquanto eu simplesmente vejo o lindo sorriso desse pequeno ser. E vivo ouvindo “Quem diria, hein?”
Aprendi a impor limites. Por muitos anos vivi uma história infeliz, porque acreditava que tinha que aturar coisas insuportáveis por viver uma posição social definida, e por não poder abandonar uma pessoa que escolheu deliberadamente viver em problemas. O resultado é que os problemas se aprofundaram e tomaram conta de mim também. E hoje se a coisa for contra mim, o pau come. Não aceito mais o que é errado, ou o que pode me ferir. O que não significa que não aceite nada. Muitas vezes tomamos medidas que não são as mais perfeitas, para adequar uma boa vida de um filho. Até porque muitas vezes o outro lado tem uma boa parcela de razão.
Eu fiz uma tatuagem. Algo que eu queria há 20 anos. E por motivos diversos nunca concretizava. Ainda não consegui terminar, porque foram tortuosas 6 horas de dor, restando ainda mais. Mas é questão de cicatrizar de vez a pele e finalizar o processo. E o resultado é que estou completamente apaixonado por essa maravilha! É um sonho estúpido virando realidade. E já estou pensando em mais! Irei fechar meu braço esquerdo de desenhos. Sim, isso irá acontecer, gostem ou não. E não percam seu tempo tentando me fazer mudar de ideia. Nada vai. Se eu vou perder algum cargo importante por isso? Foda-se! Não é o que me preocupa na vida mais.
Comi mulheres ao longo desse tempo. E só uso esse termo porque usei com elas. E tenho um orgulho absurdo em dizer que elas se tornaram boas amigas. Pessoas que mudaram a forma que eu me via. Levei alguns foras também. Talvez mais do que as que tenha comido. E a maioria também virou minha amiga. E também ajudou a melhorar o meu modo de ver e agir. Acredito que tenha sido bom pra elas também. Pelo menos consegui arrancar delas sorrisos e risadas. Acho que isso vale muito a pena.
Conheci muita gente bacana. Continuo conhecendo. Vivi momentos que nem imaginava serem mais possíveis. Encontrei muito do que eu buscava ao longo de quarenta anos. E ainda falta coisa pra caralho pra encontrar. Minha saúde melhorou, meu corpo melhorou, minha mente melhorou. As pessoas demonstram muito mais felicidade em estarem ao meu lado. Eu escuto com uma frequência incrível o quão melhor eu estou.
E eu encontrei o vegetarianismo. Está entre as melhores coisas que me aconteceu. Ter a possibilidade de viver sem fazer parte de um ciclo de morte e dor é algo que faz muito, mas muito bem para o espírito. Saber que qualquer ser vivo é digno de respeito e paz, e que na medida do possível eu faço minha parte para isso, é fantástico. A sensação de felicidade em fazer parte desse mundo é indescritível. E espero muito em breve fazer parte do veganismo. Ainda faltam algumas etapas, mas eu chego lá.
E ainda veio o Eddie. Um gatinho magro e abandonado que apareceu no quintal de casa. Um doce, que eu sabia que faria parte da minha vida, e hoje, uns seis meses depois, dorme agora no sofá, gordo pra cacete, extremamente dócil e o “brinquedo” preferido do meu filho - “anedi”.
Eu perdi muita coisa ao longo desses anos. Materialmente fui à ruína. Mas emocionalmente, espiritualmente, nunca fui tão rico.
Depois de tanto tempo, nem tenho ideia de qual foi a última vez, poderei passar um aniversário realmente feliz.

domingo, 20 de outubro de 2019

AS VÁRIAS MANEIRAS DE DEMONSTRAÇÃO DE AMOR E A INTOLERÂNCIA


Semana passada ressuscitei um ódio em mim que já estava bem controlado. Quer dizer, ressuscitaram. Tive que ouvir que não fui um bom pai até meu filho completar um ano de idade. Uma história que me trouxe muitos problemas, muito sofrimento e muitas brigas, que achei que já tinha ficado no passado. Mas parece que as pessoas gostam muito de reabrir feridas. E para piorar, algo completamente descabido.
Com uma pequena digressão, faço terapia há praticamente um ano com a mesma pessoa. Nesse meio tempo, consegui abrir a minha mente pra muita coisa. Muitas formas de pensar, muitas maneiras de agir, muitas realidades que estão totalmente diferentes das minhas. Conheci pessoas, muitas mulheres, com objetivos de vida, ações e demonstrações de afeto muito diferentes do que eu sempre achei legal. Diria que todas me cativaram de maneiras diversas, a maioria sendo hoje boas amigas. Mas o mais importante é que todas me mostraram que existem muitas formas de viver, ser feliz e sentir, além do que eu considerava correto.
Voltando ao tema em questão, quando meu filho nasceu, eu não entendia um catzo de criança. Tinha medo até de segurar. Lembro exatamente que na primeira semana de vida dele uma doula que contratamos disse que, sendo a mãe a grande responsável por prover o filho no começo da vida, uma vez que o bichinho mama pra cacete praticamente o dia todo, existiam outras formas de fazer a parte possível. E foi o que eu fiz.
Passei praticamente o primeiro ano do menino sendo o responsável pela casa. Isso em relação à limpeza, comida, organização, provimento de mantimentos, a maior parte do trabalho externo. Fora o fato que como eu e a mãe dele nos separamos no segundo mês de vida dele, nós buscávamos evitar o contato direto entre nós.
Vou ser sincero que discordei completamente das ideias usadas pela mãe na criação do menino. Não vou entrar no mérito, mas considerava uma loucura total o jeito que ela fazia as coisas. Até porque mesmo quando ela pedia pra eu ficar com ele pra jantar por exemplo, qualquer mínima choradinha ela saía correndo pra ver o que estava acontecendo.
Hoje, ele com dois anos, digo e afirmo que minha abordagem com ele foi perfeita. E isso porque ele é um garoto muito apegado a mim, sem dar muito trabalho ( no sentido de birra ou coisas do tipo), muito regrado e carinhoso. Mas sou obrigado a dizer que, apesar de toda a discordância, a abordagem dela também foi muito bem sucedida, porque com ela o que eu vejo é exatamente a mesma coisa. Nós tivemos duas formas diferentes de relacionamento com ele, com focos bem diferentes, e nitidamente os dois foram extremamente positivos.
Daí fica claro pra mim que as soluções e as formas de demonstrar amor ou qualquer tipo de afeto variam, mas são válidas. Pode até ser que se eu não tivesse tido as excelentes experiências que tive durante esse último ano de vida eu pudesse criticar a forma dela fazer as coisas, porque continuo achando uma loucura. Mas existe uma forma correta de demonstrar amor? Eu posso dizer que alguém inventou a fórmula mágica para se relacionar com cada tipo de pessoa, em cada idade?
Não tenho como negar que ela é uma boa mãe. Apesar de muito rancor em muitos aspectos, sempre disse isso pra todo mundo. Tenho algumas críticas a certas atitudes, mas o geral é que ela se saiu bem nesse aspecto. Da mesma forma que as pessoas podem discordar da minha forma de me expressar, mas acho que tive um desempenho excelente, muito melhor do que qualquer pessoa poderia esperar.
Sendo assim, meu ódio por tais acusações chegou num nível de ódio que tornou impossível qualquer tipo de relação com as pessoas que assim me descreveram. Entendo que essas pessoas não tem inteligência, nem maturidade emocional, para entenderem que a forma que elas entendem como a melhor pode não ser para todos, e mesmo assim podemos ter uma vida feliz e muito bem sucedida. . Não há nada de errado na maneira de amar, enquanto não criamos mal aos outros.
E essa história me trouxe prejuízos que posso considerar irreparáveis. Na época, foram noites mal dormidas, muitos problemas de saúde, problemas no meu trabalho, pois minha concentração praticamente deixou de existir, e muitas pessoas que considerava como amigas simplesmente viraram a cara, por comprarem essa ideia ridícula e absurda sem qualquer tipo de análise dos fatos. Por muito pouco isso não termina de forma trágica. Graças a essa baboseira eu perdi a primeira festa de aniversário do meu filho, algo que jamais irei perdoar os responsáveis.
Mas o fato é que eu consegui. Meu filho claramente é apegado a mim. Quem já nos viu juntos sabe que é inegável. Meu objetivo foi atingido com extrema perfeição. Além disso, no meu último ano de vida conheci pessoas incríveis e fiz coisas que sempre desejei. Apesar de ter sido quase na marra, as coisas estão se saindo incrivelmente bem até agora. Teremos problemas futuros, como todas as relações humanas, mas por falta de amor e dedicação, não vai ser. Da mesma forma que imagino que não serão as razões dos problemas que meu filho vai ter com a mãe.
É preciso que as pessoas entendam que o fato de você não agir exatamente como elas querem que você aja, ou que elas consideram como a forma correta, signifique que não sinta algo, que não demonstre, ou que não haja uma busca incansável pela felicidade geral. Respeitar as diversas formas de amor não significa somente apoiar o casamento gay. Você tem que entender que as pessoas agem, sentem e demonstram de forma diversa uma das outras, e isso é ótimo. Parar de agredir ou tentar destruir a imagem das pessoas porque você não concorda com a forma de pensar seria algo ótimo para crescimento emocional e até pessoal.

AUTO-ESTIMA


Terminei meu ano de 2018, e passei boa parte de 2019, me sentindo o pior lixo do mundo. Depois de um casamento autamente desastroso, estava me sentindo muito mal em todos os aspectos da minha vida. Sexual, sentimental, emocional... cheguei a ter momentos de retiro total para tentar me recompor.
Tive que trabalhar esses fatos em terapia por meses, tentando entender que o que aconteceu foi uma situação à parte. Tentava de todas as formas entender os fatos pra saber pelo menos qual ponto deveria partir para mudar a minha vida. E isso nunca acontecia.
Estava tendo seguidas frustrações em qualquer tipo de contato com mulheres. Surtos de parte a parte, impaciência e uma tremenda sensação de vazio. Nos demais aspectos da vida, a coisa seguia pelo mesmo rumo. Perdi a confiança no meu trabalho, algo que faço há mais de dez anos e sempre fui considerado muito bom, por críticas absolutamente estúpidas, como a que eu não tenho hábito de ficar sentado na minha cadeira.
Aí eu conheci a Tata (nome fictício pra evitar problemas). Primeiramente, deixando claro que ela é uma amiga. Eu fiquei com essa amiga e permanecemos apenas amigos. Mas não foi isso o que me fez mudar meu modo de ver as coisas.
Ela é uma moça que tinha muitos motivos para se sentir mal consigo mesma. Ela tem corpo fora dos padrões de beleza. Tem dois filhos que cria basicamente sozinha, pois o ex-marido trabalha praticamente todo dia e não consegue ter a mesma disponibilidade. Está desempregada. Se desiludiu em relacionamentos. Segundo me disse, que teve problemas de lealdade no relacionamento.
Um tempero fantástico pra se sentir a pior das pessoas. Mas não. Ela está sempre sorrindo. Busca o que quer, inclusive se tem interesse em algum homem. Se impõe em termos de opinião. Nunca deixa os filhos de lado, mesmo que esteja morrendo de vontade de sair. Quando estava comigo, fazia o que dava vontade, buscava se satisfazer em todos os aspectos.
Tata exalava um aroma de felicidade, alegria e auto-estima. Uma pessoa que tinha tudo pra ser o inverso. Algo contagiante. E eu comecei a pensar: por que diabos eu estou me maldizendo tanto, se uma pessoa que tem até mais motivos que eu, simplesmente busca ser feliz, sem pisar em ninguém?
Bem verdade que eu já estava muito mais calmo do que um ano atrás, já me sentia mais feliz e estava me encontrando. Mas a partir do momento que mudei a chavinha e passei a acreditar mais no meu potencial, me aceitar mais como eu sou, especialmente no aspecto físico e sorrir para as pessoas, as coisas passaram a mudar mesmo.
Eu imediatamente atraí mais pessoas. Muita gente quis conversar comigo. Pessoas passaram a conversar coisas mais pessoais comigo, até como confidente. Do mesmo jeito que eu mudei de postura com a Tata, vi muita gente começar a mudar de postura ao se relacionar comigo(qualquer tipo de relação).
Estou ainda em um processo. Existem recaídas, algumas encanações. Tenho muitos momentos de insegurança quase aleatórios. Mas muito menos do que quando estava casada, especialmente no momento do divórcio. E definitivamente, isso é contagiante.
Até mesmo pra analisar erros ou ações que não trazem muitos benefícios fica mais fácil. Consigo fazer uma auto-crítica constante sem me sentir um lixo com isso, porque eu também consigo ver o que tenho de positivo. Toda a crítica se tornou positiva. Eu nunca analiso um erro meu sem o objetivo total de corrigi-lo. O desejo de ser uma pessoa melhor se torna muito grande.
Não há nada que faça maior diferença na vida de uma pessoa do que se sentir bem consigo mesma. Auto-estima é tudo.

sábado, 14 de setembro de 2019

LIBERDADE – O QUE CONQUISTA E O QUE VALE A PENA


Depois de muito tempo, tive um interesse verdadeiro e real por uma mulher. Uma moça que trabalha em dois, às vezes três empregos, estuda, tem filho, corre de um lado pro outro, gosta de sair pra barzinho, tem amigos... em termos práticos, talvez não tenha nada de diferente de grandes pessoas que conhecemos, e obviamente ela tem outros atributos que me despertaram interesse real.
Mas o que ficou claro pra mim, pensando em como eu conheci minha ex-mulher, ou outros relacionamentos que eu tive, é que todos nós nos interessamos pelas pessoas como elas são. Livres, fortes e batalhadoras. Essa personalidade autêntica, com brios... isso é o que conquista.
Fiquei pensando, no casamento que eu tive, como isso foi se perdendo. Não somente pelo casamento. Mas as pessoas deixam de ser elas mesmas. Se acomodam, usam outros como muleta, se anulam. Vi isso ocorrer com um casal, em que a mulher basicamente adotou a personalidade do marido, mudando alimentação, passando a gostar das mesmas coisas que ele. Ao longo dos anos, ela se tornou uma versão feminina dele.
E digo isso não como forma de criticar os outros. Eu fiz isso. Eu me anulei por completo no meu casamento. E ela nunca me pediu isso, nem fez qualquer coisa pra isso acontecer. Eu assumi algumas responsabilidades e tensões que não deveria, me preocupei demais em solucionar problemas que não eram meus, e que eu não tinha possibilidade alguma de resolver. Com isso, deixei de lado tudo o que gostava na vida. Até meus amigos, que são a maior conquista da minha vida, acabei me afastando. Consequentemente, devo ter me tornado uma pessoa bem menos interessante. Me tornei estressado ao extremo.
Não existe bem tão precioso quanto a liberdade. O direito de escolher, de seguir caminhos, de ter a sua vida da forma como você achar melhor. Claro, dentro de possibilidades mais ou menos finitas.
Quando você tenta mudar alguém demais, impedir que faça coisas que ela gosta ou sinta prazer, tenta coibir o bom relacionamento delas com seus amigos, você está destruindo aquilo que te conquistou. E não só isso. Está destruindo aos poucos a própria pessoa. Se você a conheceu livre, por que raios você quer barrar isso depois?
Isso não significa um grande “foda-se”. De repente alguém que você ama está envolvida com drogas, fuma, tem hábitos alimentares horríveis, como fast-food todos os dias... coisas que realmente levam a uma morte lenta e sofrida. Aí acaba sendo uma obrigação tentar fazer ver que o caminho está muito errado.
Mas nunca, em hipótese alguma, acabar com a essência que essa pessoa é, com a vida livre que ela tem, que foi isso que te faz se apaixonar, ou amar de verdade.


ABRINDO A MENTE


Um dos grandes sonhos da minha vida sempre foi comprar a minha casa. E eu realizei. 2015, um sobrado, com três quartos, em um condomínio fechado, com excelente acabamento. Uma casa linda, incrível e perfeita. Morei ali de maio de 2015 até janeiro de 2019. Não houve um só dia em que eu tivesse sido feliz naquele lugar.
Por outro lado, nunca fui muito fã de crianças. Diria que eu não gostava de crianças, mas acho que o correto é que eu nunca tive jeito mesmo. Pra mim era estranho um ser pequeno não ronronar quando está feliz. Então era um carinho e fazer de tudo para que ela fosse brincar em outro canto.
De repente, em 26 de janeiro de 2018 tudo isso mudou. Nasceu o Eduardo. E isso ocorreu porque minha ex-mulher fez muita pressão, uma vez que eu tinha certeza (como ainda tenho), que aquele não era o momento, devido a crises intermináveis que viviam nosso relacionamento (tanto que ele acabou cerca de um ano depois). No começo foi bem complicado, porque eu continuava não tendo muito jeito. Então me concentrava mais em arrumar e limpar a casa, fazer comida, fazer as coisas da rua, pra mãe ter liberdade de cuidado.
Só que hoje, menos de dois anos depois, eu não consigo fazer nada sem pensar nesse moleque. Não só me dou super bem, consigo entender praticamente tudo o que ele faz, quer ou o jeito dele ficar de boa, como passei a gostar e brincar com quase todas as crianças que vejo por aí. Tanto que uma das minhas maiores revoltas na vida foi quando pessoas altamente mau caráter resolveram fazer a festa de um ano do MEU filho sem me avisar. Algo que jamais irei perdoar.
Por outro lado, moro hoje numa casa alugada, de três cômodos, com uma escada gigantesca onde eu preciso levar a bicicleta na mão, tendo que comprar praticamente todos os móveis usados, bem como tendo ganhado alguns, e estou me sentindo incrivelmente feliz e tranquilo.
Coisas que ocorreram ao longo da minha vida abalaram muitas das minhas convicções. Na virada de ano, incluindo natal, eu resolvi passar sozinho, em casa, assistindo filme ou não fazendo nada. Fiz um fechamento para balanço. E passei um ano boa parte recluso. E o que percebi é que minhas convicções não me trouxeram muita coisa boa.
Não estou falando aqui de caráter ou ideologias. Mas aquilo que eu acreditava que seriam grandes metas de vida, ou focos a perseguir, não eram absolutamente nada. Coisas que ocorreram contra a minha vontade, no geral, terminaram colocando vários sorrisos no meu rosto.
Vamos deixar claro que isso não é sempre. Mas ocorreu com certa frequência, e em coisas bem importantes.
Por várias razões pessoais minha mente se fechou bastante nos últimos anos. Eu me tornei um cara duro, especialmente comigo mesmo. Por algumas frustrações específicas deixei de cutir o acaso. E no fim foi ele quem me devolveu a felicidade.
Mas eu vejo praticamente todos tendo este mesmo pensamento. Pessoas fechadas, que não aceitam nada fora daquilo que consideram correto para si. Criam modelos, dogmas e conceitos intransponíveis. Acham absurdo tudo o que é diferente. E deixam de viver a verdadeira felicidade.
Nesse meio tempo, como diz minha incrível psicóloga, me permiti. Conheci gente diferente. Tive conversas agradáveis com pessoas que pensavam diametralmente o oposto de mim. Parei de me irritar com coisas que eu não concordava. Algumas não quero pra minha vida, mas também não ligo tanto se outros fazem. Maconha, por exemplo. Odeio o cheiro dessa merda, dá vontade de vomitar. Até hoje não quero perto de mim, mas não me importo mais em ter amizade com quem gosta disso. Conheci um cara muito gente boa, extremamente honesto e altruísta, que fuma. Em tempos antigos, nunca teria me dado a essa oportunidade.
Também conheci mais profundamente o universo vegano. Sempre disse pra mim mesmo, e pros outros que era algo radical e impossível. Como eu estava errado... a filosofia vegana é incrível. Algo que faz bem pra alma, como um todo. Não tem nada de radical e talvez seja ainda mais possível do que se imagina. Tudo bem que ainda não consegui implantar por completo, mas posso dizer que muita coisa que fiz já melhorou minha mente, e meu corpo. E eu poderia ter me mantido fechado pra isso...
Com quase quarenta anos, fico pensando em como temos que sofrer pra abrir a mente. Algumas pessoas talvez nunca o façam. Vão permanecer fechadas em seu círculo, barradas por suas crenças e ideias pré-concebidas, que muitas vezes nem sabem de onde vieram. E irão permanecer infelizes em cada dia de suas existência.


terça-feira, 13 de agosto de 2019

ANTI-PETISMO, UMA PERIGOSA DOENÇA MENTAL


Fico pensando na quantidade de pessoas que votaram no Bolsonaro para evitar o PT no poder, bem como a quantidade de pessoas que fizeram campanha pró Bolsonaro pelo mesmo motivo. Pessoas que compraram o barulho, que assumiram uma carga muito agressiva contra o partido por ódio total.
Pra começar, críticas todos temos a todos os projetos, ações e políticos. E todos temos predileções. Eu sempre assumi não gostar do PSDB e suas políticas elitistas. Nunca votaria neles em situações normais.
O que ocorre é que não temos uma situação normal. Tínhamos treze candidatos, cada um com uma posição mais ou menos própria, em que poderíamos escolher de acordo com as ideias que acreditamos ser as melhores, que poderíamos verificar aspectos positivos e negativos. Com exceção de um deles: aquele que foi eleito.
Em nenhum momento eu questionei a possibilidiade de votar no Alckimin, do PSDB, se ele fosse o adversário do Bosonaro. O que teríamos seria um projeto a meu ver ruim, contra um desastre total. Jamais poderia cogitar agir de acordo com um ego idiota, prejudicando muita gente.
Agora, essas pessoas, que nutrem um ódio desmedido ao PT, têm sangue nas mãos. O anti-petismo trouxe um aumento de quase 100% no desmatamento, o que prejudica não só a vida de animais, como a nossa, de acordo com todos os problemas de clima e meio ambiente.
O anti-petismo trouxe a caça esportiva como regularizada no país. Assim, pessoas irão matar animais por considerarem essa prática um ato esportivo.
O anti-petismo trouxe quase 300 novos agrotóxicos, até agora. O que significa que teremos uma quantidade imensa de venenos nos pratos de comida que levamos para nossa mesa, bem como para nossos filhos.
O anti-petismo vai trazendo a censura, onde programas que tenham pessoas homossexuais são barrados. E de cara significa uma perseguição maior a todos gays, com mais agressões e mortes.
O anti-petismo prejudicou o Estado laico, com a religião sendo enfiada golea abaixo nas pessoas, o cristianismo de caráter evangélico.Todas as leis, ações e posturas são de acordo com o que os evangélicos consideram correto.
O anti-petismo aumenta o machismo, com poucas mulheres em cargos de confiança e uma tentativa quase descarada de diminuir qualquer ação de proteção às vítimas de violência doméstica.
O anti-petismo faz nosso país votar em congressos internacionais ao lado de países árabes mais atrasados, como Árabia Saudita, por leis e posicionamentos retrógrados e altamente autoritárias.
O anti-petismo trouxe apologia à ditadura militar, um regime assassino, com apologia a um torturador até mesmo de crianças e mulheres grávidas.
Tudo isso porque pessoas acham que um partido político deve ser combatido a qualquer custo por uma posição política. Porque esse partido é tido como detentor de toda a corrupção, apesar de todos os índices oficiais mostrarem que muitos outros estão à frente, inclusive aqueles que fazem parte do atual governo.
Ser crítico ao PT, ou a qualquer outro partido, deveria ser uma obrigação cívica. Você votar em alguém não deveria ser uma declação de amor eterno, aprovação de todas as ações. Aliás, quem vota deveria ser ainda mais crítico, porque deu voto de confiança. Mas isso não significa querem jogar uma bomba nuclear em si mesmo para combater a possibilidade desse partido estar no poder.
Se você é desses, anti-petista a qualquer preço, preferindo ver a destruição total do seu país, do seu povo, apenas porque não gosta desse partido, eu sugiro que procure tratamento psiquiátrico com extrema urgência. Você é tão psicopata quanto o presidente que você ajudou a colocar ali.

domingo, 21 de julho de 2019

NÃO É NEM MESMO DIREITA



Eu lembro que a propaganda política do atual presidente, ainda nas eleições, além de se colocar como anti-PT, anti-esquerda, era como o representante mais indicado da direita para chegar ao poder. Na época a imprensa mundial, como um todo, bem como a maior parte da imprensa brasileira, classificaram o cara como extrema direita. Hoje, pra mim, ele não passa de um psicopata transtornado, que prega o extermínio e o fim de minorias.
Se alguém se deu ao trabalho, ao longo de toda essa disputa, de pesquisar os conceitos de esquerda e direita, deve ter percebido que a definição é extremamente complexa. Não existe um consenso mínimo sobre o assunto.
De uma forma bem simples e resumida, enquanto a esquerda prega uma maior participação do Estado na vida social, buscando equilibrar desigualdades e ajudar os mais necessitados, a direita quer a participação mínima do Estado, maior liberdade econômica e livre iniciativa, pregando que serão essas as medidas necessárias para a melhoria da sociedade.
Essas ideias combinam um pouco com as falas do economista do governo, que eu diria ser a cabeça pensante nesse meio, apesar de discordar. As demais ações e falas do presidente e de sua equipe não fazem ligação com qualquer política, ideologia ou conceito que seja defendido atualmente.
O cara criou uma teoria da conspiração, apoiado por seu “guru”, onde tudo o que está sendo feito, pregado, propagado e difundido faz parte de uma cultura marxista, esquerdista, para lavar a mente das pessoas. Todas as críticas que recebe, todos os problemas do Estado, todo o aspecto ruim é culpa de uma doutrinação esquerdista.
Além disso, desde que ele se mostrou, demonstra um ódio profundo aos homossexuais, aos nordestinos (como ficou claro esta semana), contra todos os que tenham um pensamento esquerdista, contra quem não é cristão, contra pessoas de determinado países...
Também demonstra um interesse tremendo em controles totais, como na divulgação cultural, no sistema de educação, nas relações exteriores. Aquilo que ele entende não ser agradável a sua mente deturpada, corta verba, desfaz, ataca impiedosamente.
A política bolsonarista é parecidíssima com a venezuelana. Todos os aspectos aqui descritos são utilizados no regime chavista, com as devidas adaptações às coisas com as quais ele odeia. O mesmo pode se dizer sobre o regime norte-coreano. Ambos ditos de esquerda. Mas também muito próximo ao que vimos no nazismo e no fascismo, de direita.
Já ao observamos o governo alemão, bem sucedido há muito tempo, temos uma direita austera, muito liberal, mas que respeita diversidades, lidera com coerência, respeita as decisões de outros Estados, e na medida do possível, aceita a diversidade dos povos. A direita alemã, que governa o país, conseguiu ótimos resultados econômicos, sociais, tecnológicos e em suas relações, e jamais manifestou qualquer tipo de pregação contrária a seres humanos de diversos pensamentos.
Pra mim é muito claro que regimes ditatoriais, bem como aqueles que tomam atitudes nesse sentido, sem conseguir o pleno sucesso, não fazem parte de uma linha ideológica. As ditaduras acabam sempre da mesma forma, com o mesmo banho de sangue e o mesmo retrocesso. A diferença é que aquilo que se declara, esquerda ou direita, sabemos que os que estão do outro lado serão perseguidos. Mas a prática é a mesma.
Por isso aqueles que defendem o atual presidente não estão defendendo ideias de direita. Isso que vemos não tem nada a ver com direita. E apesar de ser um esquerdista confesso, tem muitas coisas interessantes pregadas por pensadores de direita, que estão longe de aparecerem no atual governo. O que vemos nesse grupo que domina o país é a mais podre forma de manifestação de ódio, preconceito e desprezo que já presenciei na vida. E pessoas que ainda não conseguiram perceber essa situação, infelizmente estão se colocando no mesmo pote desse monte de lixo.