terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

REFLEXÕES SOBRE A DEPRESSÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS


No dia de hoje ocorreu algo pessoal que me fez lembrar do passado. Algo ruim, que me perturbou. Não tem nada a ver com minhas discussões com amigos, não tem nada a ver com ideologias políticas, religiosas ou com polêmicas. Só sofrimento causado por uma doença psicológica que é desprezada pela maioria das pessoas.
Eu me lembro que quando eu estava nesse fundo do poço, nada fazia sentido. Tudo era sofrimento, tudo era dor. O mundo girava em torno de desespero. E cada situação fazia com que eu tivesse ainda mais certeza que a vida era uma merda. Era praticamente enxergar o lado ruim das coisas dia após dia.
Muita coisa contribuiu pra isso. Claro, uma delas foi o fato de tentar achar este deus que todo mundo fala e jamais ter qualquer sinal de que ele existia. Mas este era sem dúvida o menor dos problemas, e o que eu consegui lidar melhor. Mas eram tantos problemas, família, trabalho, relacionamentos amorosos. Eu me sentia um verdadeiro fracassado.
Claro, a coisa nunca foi completamente assim. Um pouco de sangue frio e uma reflexão neutra seria suficiente pra conseguir encontrar algumas possibilidades na época. Mas quando você passa por uma sequência de coisas ruins, não há como pensar friamente. E eu fiz coisas ruins naquela época, coisas ruins a mim mesmo. Quando você está em depressão, naturalmente você adoece seu corpo. Um homem que hoje pesa 93kg na época não passava de 58. Bastava olhar pra mim pra saber que as coisas não iam bem.
Quando este pesadelo acabou, eu percebi que era tudo muito simples. Na verdade precisei tomar remédios para controlar tal doença, e precisei frequentar sessões de terapia. Foi bom, sem dúvida. Isso esclarece a mente da maneira como pessoas comuns não podem fazer. Isso mudou tudo. Agir de maneira radical mudou minha vida. A possibilidade da morte em si não é suficiente pra te fazer mudar. Mas o sofrimento que ela causa nas pessoas, em pessoas que sequer você poderia supor, isso sim pode fazer você mudar.
Isso terminou em novembro de 2004. Minha última mais séria e mais devastadora crise. De lá pra cá, passei por inúmeros problemas. Tive momentos de grande tristeza. Mas jamais tive qualquer situação depressiva, nem de leve. Aprendi a confiar mais em mim, em acreditar no meu potencial. Aprendi a lidar com perdas e sofrimento. Aprendi que quando agente cai, tem que levantar de novo. E não da pra contar em palavras o sofrimento que passamos nos últimos anos.
Mas eu vi pessoas caírem nessa maldita doença. Pessoas que eu amo e que fazem parte da minha vida. Isso abala, e hoje tenho plena noção de como as pessoas se abalaram comigo. Mas eu sei também que as pessoas demoram e têm muita dificuldade de sair dessa situação sozinhas. Não é frescura, não é fraqueza. É algo sério e perigosíssimo. E algo que deve ser tratado.
As pessoas nessa situação se recusam a ver a luz, por mais clara que ela seja, e por mais perto que esteja. E no mundo em que vivemos hoje, onde as pessoas precisam ser cada dia mais frias e mais individualistas, e onde você tem que se moldar a uma série de coisas pra conseguir sucesso, qualquer ser humano é capaz de se anular completamente. Você deixa de lado você mesmo, e todas as pessoas que você ama, pela necessidade de ser bem sucedido num capitalismo frenético, selvagem e cruel.
Este é um dos motivos que me fizeram ser eu mesmo novamente. Me fizeram parar de ser diplomático demais com as pessoas para manter bons relacionamentos. Eu prometi que seria assim naquele fatídico 2004, e acabei quebrando minha promessa pra manter uma situação de paz. Uma situação de paz que destrói por dentro, que faz com que você se sinta falso, não com os outros, mas consigo mesmo. Uma sensação que mais cedo ou mais tarde vai te levar pro fundo.
A única forma de derrotar esta doença é assumir quem você é. Acreditar em você, saber que você é único, especial, e que muita gente moveria o mundo por você. Saber que você é uma pessoa inteligente, capaz de passar por fórmulas, regras sociais inúteis por convenções que criam futilidade e falsidade. Ser verdadeiro, mostrar quem você é, o que você pensa e porque você pensa assim. E mais importante de tudo: aceitar que as pessoas são diferentes, pensam diferente, irão argumentar de maneira diferente, e de vez em quando te criticar por você não concordar com elas, e ao mesmo tempo, são pessoas maravilhosas assim mesmo.
Você vai dizer que muitos irão te virar a cara. Verdade, vão mesmo. Algumas pessoas não aceitam o diferente. Por isso existe o preconceito. Mas pra que ficar sofrendo por gente assim? Se a pessoa não quer sua amizade, não perca tempo com ela. Se ela não quer seu amor, outro irá querer. Se ele não te deseja, outro irá. Mas se você cria um personagem, uma hora ele irá perder a graça. Se você for sincero, e for você mesmo, as pessoas poderão saber que você é alguém pra se ter ao lado pra sempre. E isso é o que vale num mundo com tanta dor como é o nosso.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

AS AMIZADES E A DISCORDÂNCIA


Quando eu ainda era adolescente, cansei de receber e-maisl religiosos da maioria dos meus contatos, mandando bênçãos e palavras de deus pra mim, e pedi, naquela época ainda de maneira bastante educada, que parassem de me enviar tais mensagens. Lembro que meu tio ficou puto da vida, falou que eu era só uma criança assustada querendo atenção e que não respeitava os outros. Respondi ainda com bastante educação, tivemos um debate bem leve, e depois passou. Apesar desta discordância, nunca tive qualquer raiva dele, nem cogitei parar de falar com ele.
Ainda em relação a ele, tivemos bastante discussões sobre políticas, sendo ele filiado ao PSDB e eu um crítico do partido. Muitas vezes ele me chamou de iludido, de acreditar em tudo que mídias revolucionárias de esquerda diziam. E eu devolvi falando sobre os problemas sociais que o partido dele impôs ao país. Apesar de serem discussões acaloradas, e nenhuma das partes mudar de posicionamento, nunca deixamos de nos falar por causa disso.
Eu vi muitos amigos ao longo dos tempos discutindo sobre a veracidade de teorias católicas contra as teorias evangélicas. Os debates em geral partiam para as ofensas e uma raiva desmedida de ambos os lados. Apesar de disso, não me lembro de ter visto um crente ter cortado relações com um católico por causa disso.
Em 2003 tive uma série de discussões com minha então namorada, Joyce, porque ela era evangélica e eu ateu. Cheguei a brigar com a família dela porque eles me julgaram sem nunca terem me visto. Naquela época fiquei tão puto da vida que fiz ela escolher entre a igreja e eu. Hoje sei que fiz uma baita duma cagada, pois deveria ter respeitado esta diferença, e provado na prática que eles estavam errados. Fui levado pela emoção, pela inexperiência e pela raiva, e acabei por cortar relações com aquelas pessoas por causa de religião, algo que me arrependo até hoje.
No mesmo período do meu namoro com a Joyce, recebi muitas críticas, muitas mesmo, da tia dela, Iranides, uma das melhores pessoas que conheci na vida. Nenhuma delas ofensiva, mas todas tentando mostrar o quanto meu ponto de vista estava errado. Nunca concordei com ela, mas ela continua sendo uma das minhas melhores amigas até hoje. E a irmã dela, Geni, foi uma das minhas madrinhas de casamento (não com a Joyce, é claro!).
Cerca de uns quatro ou cinco anos atrás, meu melhor amigo, Igor, me disse que tinha se convertido para religião protestante, frequentando a igreja universal. Não sei se dei minha opinião a respeito, mas jamais tivemos um princípio qualquer de discussão, debate ou comentários sobre o assunto. Ele hoje é evangélico praticante, e eu ateu também praticante, e somos amigos, irmãos, e acredito piamente que sempre seremos.
Ao longo da minha vida tive sérias discussões com minha mãe por causa de religião. Não só com ela, mas com toda a família dela. Eles sempre tentaram me mostrar que não haveria como fugir das religiões e que eu acabaria tendo que recorrer a ela um dia. Tivemos brigas de família sim, mas jamais por causa de religião. E hoje nosso relacionamento é perfeitamente normal.
Tenho uma imensa riqueza de exemplos de discordância com pessoas. Como fã de heavy metal, tenho grandes amigos que nem de rock gostam. Como ateu, meu melhor amigo é evangélico, e minha esposa é totalmente temente a deus. Como amante de gatos, tenho amigos que nem sequer gostam de bichos. Como ideologicamente de esquerda, tenho familiares e conhecidos que são filiados ao PSDB ou que acham o comunismo uma merda. Como artista plástico, tenho amigos que são incapazes de compreender o brilhantismo de Jackson Pollock.
Vivo discordando de todo mundo. Não consigo aceitar algumas coisas que não fazem sentido só porque as pessoas acham normal. E cada vez mais sinto uma necessidade grande de gritar isso aos quatro ventos. Da mesma forma que as pessoas que discordam de mim vivem pregando suas ideias e suas críticas, acho que temos o direito e o dever de mostrar o outro lado da história. Nunca imaginei que as pessoas que pregaram o oposto do que eu penso querem aparecer ou humilhar os outros. Apenas entendo que estão espalhando seu ponto de vista.
Mas agora enfrento uma situação diferente. Fui excluído praticamente da vida de dois amigos por causa da minha atuação dentro de ideias religiosas e pela minha crítica política. Duas pessoas que não suportaram ser contrariadas, ou que não tinham condições de encarar um debate. E no acesso de fúria, fizeram o que eu fiz com a família da Joyce.
Soube que existe até uma discussão por minha causa em páginas que eu não consigo visualizar. E as pessoas continuam putas da vida porque minha opinião é “um desrespeito” ao que acreditam. Discordo mais uma vez, e vou debater pelo que acredito seja certo. E acho saudável e absolutamente normal uma pessoa discordar de mim, criticar, expor o que pensa. Não vou ficar com raiva disso.
Não acredito que respeitar o próximo seja ficar calado diante de tudo aquilo que você não acredita, ou sorrir falsamente quando você está enfurecido com o que está sendo dito. Acredito que respeitar o próximo seja aceitar que ele tenha um ponto de vista diferente do seu e que pode expressá-lo quando achar que deve fazer. E respeitar o próximo também não é deixar de discutir quando você julga correto, e sim discutir, com o maior vigor possível, mas saber que aquilo é pura e simplesmente uma troca de ideias e que a democracia se faz assim.
Por fim, deixo aqui meu mais sincero voto de admiração para meu amigo Rodrigo Reis, que travou uma sequência épica de discussões comigo, chegamos a exaltar os ânimos várias vezes, uma vez ou outra até xingando, mas agimos como HOMENS agem, que travam esta guerra ideológica, contestam seu adversário, mas não deixam que isso risque uma amizade, mesmo que ninguém modifique seu ponto de vista. Esse é o tipo de cara que agente tem que admirar de verdade na vida.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

SIM, O PRECONCEITO EXISTE


Apesar de ser o ser humano mais “do contra” da história, sempre vivi numa situação de calmaria, uma vez que evitei totalmente discussões e expor minha opinião para não gerar brigas. Sempre fui aquele tipo de pessoa que ouvia um monte de coisas, achava interessante analisar argumentos, modos de pensar e ênfase nas defesas, mas sempre achava uma pancada de besteiras ditas por pessoas que usavam qualquer tipo de absurdos pra tentar vencer uma discussão.
Mesmo assim, ao longo da minha vida pessoas se afastaram de mim por causa do meu posicionamento, especialmente pelo fato de eu ser ateu. Um amigo me dizia que o fato de eu dizer isso era suficiente para fazer pessoas ficarem com raiva. Mulheres que se interessaram por mim não levaram seu interesse à frente por eu não crer em deus. Pessoas pararam de falar comigo por eu não crer em deus e não me interessar por religiões.
Mas estas pessoas eram passageiras, gente que não tinha a menor importância na minha vida. Gente que virou a cara pra mim, e eu segui em frente sem sequer me importar com isso. Mas a situação mudou, eu mudei. Como citei, já de saco cheio de ouvir coisas que eu não concordo o tempo todo e ficar me remoendo calado, resolvi começar a expor minhas opiniões. Resolvi devolver na mesma moeda o que tenho aguentado o tempo todo.
Deixei de lado a diplomacia e comecei a fazer ataques ferozes às religiões. Deixei de lado a diplomacia e passei a atacar diretamente certas correntes políticas e certas ações pelo mundo, assim como a mídia que defende alguns determinados grupos que já se mostraram nocivas à sociedade. Comecei a defender abertamente o sexo livre, inclusive para mulheres, defendi a liberação do casamento gay, a punição para pastores corruptos. Me coloquei radicalmente contrário a pena de morte, assim como combati ações vingativas e violentas (que estranhamente sempre vêm dos mais fanáticos cristãos).
Eu sempre fui contra a maioria. Não por prazer de ser do contra, mas por analisar a realidade em que vivemos, e perceber que ela é ruim. Por refletir que certas atitudes têm trazido prejuízo pra muita gente. E comecei a demonstrar isso. E em muitos momentos, de maneira enfática, radical e agressiva.
O que eu não poderia imaginar é que pessoas muito próximas a mim ficariam tão ofendidas por eu não compartilhar suas opiniões. A partir do momento em que não puderam mais argumentar logicamente, passaram a xingar e se colocar numa posição de vítima. Uma posição que nem pega bem, num país onde apenas 10% da população se declara ateia ou sem religião. Como 90% podem ser vítimas?
Raras vezes tive o prazer de uma discussão sobre o tema proposto, ou com defesas lógicas sobre a existência de deus. Acredito que as discussões com meu amigo Rodrigo Reis foram as mais proveitosas nesse sentido, pois ele foi o único que tentou provar com argumentos a existência de deus e demonstrar porque não vale a pena ser ateu. O restante, foi apenas ataque e defesa de ações pessoais.
Primeiro um dos meus amigos de infância me excluiu de sua rede de amizades na internet por eu deixar claro meu ponto sobre o ateísmo e sobre o que eu penso sobre deus e sobre as religiões (minha opinião, na minha página, onde está aberta a críticas e contrariedade). Depois, outro amigo me bloqueou por eu criticar suas atitudes políticas, algo que ele sempre soube que eu era contra. Não pelo fato de ser contrário a seu pensamento, mas por eu não suportas atitudes hipócritas.
No primeiro caso, o que me decepcionou foi este pensamento medieval, onde a crítica ao que se considera sagrada é algo inaceitável, e tudo o que se coloca contrário a ela é arrogância, humilhação e agressividade. Deixa-se de lado a liberdade de expressão e a possibilidade que temos, inclusive constitucionalmente, de termos a fé que queremos. Mas, claro, nunca foi questionado por ele se um cristão está exagerando enfiando goela abaixo ideias de deus o tempo todo.
No segundo caso, o que me deixou decepcionado de verdade é a extrema covardia. Um homem que é professor universitário, candidato a cargos públicos, que se diz influente e precisou contar com minha ajuda uma série de vezes, fugiu de um debate em que talvez tivesse poucas chances de vencer, onde sabia que seus “heróis” não tinha sido melhores, e decidiu por fim ao contato por causa disso.
A partir daí eu percebi que algumas pessoas não são tão amigos assim. Amigos são se você estiver completamente inserido em seus modelos de perfeição de um cidadão. Se você estiver em acordo com seus pensamentos religiosos, políticos e sociais, e se você não colocar em risco a imagem que essas pessoas querem construir e demonstrar para seus pares. Percebi que só um amigo de verdade pode aguentar que você seja sincero sem querer te ver morto ou longe. E aceitar não significa concordar. Podemos travar grandes discussões e até elevar o tom, mas sem perder o foco de amizade e de respeito à possibilidade do outro demonstrar o que sente e o que pensa de qualquer assunto.
Hoje me sinto decepcionado. Não por ser verdadeiro, porque assim podemos perceber as pessoas que realmente nos aceitam como somos, e aquelas que valem a pena. Mas por ter acredito por tanto tempo em pessoas que mantiveram amizade enquanto você está trancado em seu casulo, ou enquanto se é útil, mas que não suportam de maneira alguma serem contrariados ou terem suas ideias colocadas contra a parede. Porque se sentir “contra” alguma coisa não é tarefa muito fácil mesmo. Mas como eu, é necessário se aprender a viver com isso.

O GOVERNO DILMA


Em 2010 votei na Dilma, nos dois turnos. Expliquei na época, que a maior razão era meu posicionamento anti-Serra e anti-PSDB. Não tinha qualquer expectativa de um bom governo, nem de voltar a votar nela em 2014. Acreditava que naquele momento ela era o que poderíamos chamar de possível, diante do quadro que tínhamos em nossa frente. Inclusive cheguei a comentar para várias pessoas que se a eleição tivesse sido entre ela e o Aécio, teria anulado meu voto.
Hoje, pouco mais de dois anos depois, minha concepção do governo Dilma mudou radicalmente. Tive alguns poucos elogios a fazer em relação ao governo FHC, e alguns mais a fazer em relação ao governo Lula. Acho que ela está conseguindo pegar o que havia de bom nos dois lados, e dar algumas melhoradas com seu próprio toque. Comecei desacreditando completamente nisso, e hoje estou me rendendo à qualidade do governo da nossa presidenta.
Foi a primeira vez que vi alguém bater de frente com seus aliados partidários, tentando montar um governo puramente técnico. Tentando manter seus aliados, mas dando prioridade à qualidade de seus agentes. Um pouco de esperteza ao usar alguns nomes polêmicos de seu partido, para nas primeiras denúncias em seu governo afastar um a um. De início, criticou-se a presidenta pela falta de habilidade em contemplar seus aliados, mas eu pelo menos fiquei admirado de pelo menos uma pessoa neste meio, num cargo tão importante, rumar para o que considerava certo.
É primeira vez que temos uma redução nas contas de energia, ou em qualquer tipo de conta que o povo tem que pagar. Reduções sucessivas em impostos para incentivar o consumo. O Brasil conseguiu passar sem tantos ferimentos por uma crise que colocou a Europa e os EUA de joelhos. Está inserido no mundo como um país admirado e respeitado, pela primeira vez em sabe-se lá quantos anos.
Na política externa, tem mantido uma neutralidade (às vezes irritantes e equivocada), mantendo boas relações com todas as nações. E boas relações significam parceiros comerciais. Países grandes de direita, e países pequenos, de esquerda. O Brasil toma partido de manter a soberania nacional de cada país ao seu redor. Errando um pouco em relação ao Paraguai, motivado por uma política voltada a um determinado enfoque na América do Sul, mas com muito mais acertos do que erros.
O desemprego está controlado, a inflação idem. O governo tem controle sobre a variação de preços da moeda americana. A presidenta tece elogios a seus adversários, agradecendo as contribuições de Fernando Henrique para o país, mostrando respeito para com seus discordantes. Faz questão de manter uma excelente relação com Geraldo Alckimin, onde dois partidos praticamente inimigos trocam elogios surpreendentes.
Claro, há erros, e muitos. Os erros aparecem na mídia, todos os dias. Alguns meios são especializados em criticar o governo, então eu não preciso comentar sobre eles, basta ler jornais e revistas. Mas os acertos não aparecem. E eles têm sido muitos, e muito bons para o povo.
Posso me arrepender do que estou escrevendo neste momento, quando estiver em 2014, ou em 2018. Mas acredito que temos atualmente uma das melhores líderes que este país já viu. Cercada por um mar de pilantras, num partido que perdeu sua identidade e sua ideologia, numa coligação que é uma negociata interminável, sendo massacrada pela mídia, acho que ela tem conseguido surpreender, e muito, tudo aquilo que eu poderia sonhar do que ela faria.

E A GASOLINA SUBIU


Neste começo de ano tivemos pela primeira vez em nossa história uma diminuição significativa na conta de luz, enquanto, dias depois, veio um aumento razoável no preço da gasolina. Numa análise populista, quase um tiro no pé, uma vez que os donos de carros se revoltaram.
Os analistas políticos e econômicos têm massacrado o governo Dilma, com uma parcela da mídia apoiando, uma vez que a Petrobras, sem reajustar o valor devido dos custos, teve um lucro diminuído para singelos 21 milhões de reais. Segundo os especialistas, o governo está impondo à Petrobras a conta da contenção da inflação, fazendo com que a empresa segure os prejuízos, para que o povo não pague a conta. Aliado a isso, traz série de reportagens com as pessoas que perdem dinheiro com as ações da empresa.
Nunca fui ter dó do governo, mas neste caso eu estou sim. Se o governo aumenta a gasolina e salva uma empresa estatal de ter seu valor diminuído e seus acionistas em prejuízo, deixa o povo puto e gastando mais. Se salva o povo, ferra com a empresa e com quem investe nela. Algo cruel e sem solução.
E o governo decidiu aumentar o preço da gasolina em 6%. O repasse é bem menor do que o necessário para cobrir todos os prejuízos da empresa. Para o povo, um aumento absurdo, desproporcional e que existe para tirar o valor que foi dado com a conta de luz. Sempre desejei que as pessoas fossem mais engajadas politicamente, para o bem do nosso país, mas eles resolveram encarar a briga só na hora errada.
No governo FHC tivemos aumentos sucessivos dos preços da gasolina, aumentos recheados, que transformaram o poder de compra do brasileiro em algo bem reduzido. No governo Lula os aumentos continuaram constantes, apesar de virem num nível menor. O povo passou a perder menos e a empresa conseguiu atingir um patamar maior. Agora, com a nossa presidenta, a coisa caminha para um meio termo. Temos um pouco de aumento, mas amortizado para a chegada no bolso do consumidor.
Acredito que as coisas melhoraram neste sentido. Não me lembro de ter visto diminuição em conta de nada. Nem me lembro de ter visto um governo segurar o repasse de alguma coisa para o consumidor, ainda mais brigando com uma das maiores empresas do mundo, criando críticos de tudo quanto é lado. Pode ser uma medida populista sim, mas foda-se. O que importa é que existe vantagem para o povo. O que importa é que ela tem feito a parte dela.
Mas, claro, as pessoas vão colocar sua opinião no que mexe no bolso, para o lado negativo. Irão criticar o aumento, porque existe uma campanha de mídia fazendo isso, e tentando reverter o ato benéfico do governo. Ao mesmo tempo que existe uma campanha para mostrar que ela está acabando com a empresa.
Mas o que me deixa puto mesmo, é entender porque na época do FHC, que sonhava em privatizar a Petrobras (e aí eu queria ver o valor do aumento que estaríamos reclamando hoje), que mais que duplicou o valor final da gasolina, ninguém comentava absolutamente nada sobre o tema.

AS CRÍTICAS


Nos últimos meses fui alvo de uma saraivada de críticas. Moderadas, ferozes, sentimentais, magoadas, em tom de brincadeira, em tom de uma conversa descontraída. Deixei da lado minhas meias palavras e passei a expressar o que penso sobre qualquer coisa, e com isso irritei muita gente, especialmente aqueles que nunca foram molestados em suas posições.
Diante deste fato não me surpreende a atitude de tais pessoas. Sabia que haveria revolta, que haveria fúria, que haveria decepção. Sabia que boa parte das pessoas não ficaria exatamente feliz com o que eu tinha pra trazer. Imaginei desde o começo que as críticas viriam, e que a maior parte seriam pesadas.
Na verdade, em aspectos emocionais, não mudaram em nada a minha vida. Digamos que eu tenha me preparado a vida toda pra isso. Pra quem não sabe, sou formado em artes, e por muito tempo fui um produtor ativo, assim como há quase três anos mantenho este blog, com mais de 400 textos. Me expondo, como é a necessidade de um artista, provavelmente irei trazer reações boas, e outras ruins. Isso faz parte do mundo da arte, e faz parte da vida de alguém que conviva com a arte.
Vou ser sincero: não gosto de receber críticas, como qualquer ser humano no mundo. Na hora fico puto da vida, quero revidar, não deixo barato. Respondo praticamente todo tipo de crítica que vem contra meus posicionamentos. Mas  a diferença é que as críticas pra mim servem para que eu confronte pensamentos, e tenha vontade de vencer a disputa, jamais indicam um ataque ao meu ego, ou me fazem sofrer emocionalmente por ter sido criticado.
E basicamente é isso que tenho visto nas pessoas: a incapacidade de receber críticas naquilo que consideram correto, não por terem que buscar respostas para dúvidas ainda não suscitadas, mas porque seu orgulho foi ferido. Não uma intenção de buscar a verdade, de se informar, de buscar argumentos, o que é necessário é derrotar o oponente, custe o que custar. E se por acaso isso não acontecer, há uma explosão de fúria, mágoa e desejo de vingança.
Pra quem já teve contato com o mundo da arte, sabe que as críticas que eu tenho recebido mais parecem cócegas. Quando um crítico entra em ação na arte, não busca analisar, busca destruir. O que escrevem, em geral, é algo arrogante, que tem por intuito humilhar pessoas e fazer com que pensem serem perdedoras que não têm a menor condição de exercerem uma atividade artística. O que eu recebi foi alguns egos feridos por terem, principalmente, colocado à prova seu deus.
Como artista, vejo as críticas como algo bom. Elas me trazem problemas a serem solucionados. Algumas vezes informações ou argumentos que eu desconheço. Eu preciso buscar a informação, e entender como funciona o pensamento que tem sido exposto contra mim. Preciso entender porque a pessoa pensa dessa forma, e o que está sendo passado de tão ofensivo pra que ela se sinta indignada. Fui pego num debate desses, e tive que pesquisar por completo a história das universidades. Apesar de ter um pouco de conhecimento, nunca foi algo que me chamou a atenção, e pra continuar um debate, foi necessário ir atrás.
Acredito que quando você deixa o ego de lado, as críticas tendem a te fazerem uma pessoas melhor. Você precisa ter conhecimento para rebatê-las, precisa ser eficiente. Mas em muitos casos, elas podem te mostrar erros estratégicos de sua parte. Talvez não erros no seu modo de pensar, nem nas suas crenças, mas nos seus modos de agir. Ou nem mesmo erros, mas ações que podem prejudicar o resultado que você busca, por criarem uma quantidade de obstáculos desnecessários e não previstos.
Em muitos momentos escrevo coisas com o coração, e não prevejo resultados. Em muitos momentos acabo me excedendo na minha revolta contra algumas coisas. Mas mesmo assim, sei que o troco virá, e sei que alguma coisa será dita pra contrariar o que eu penso, especialmente por eu ser o cara mais do contra do mundo. E via de regra eu espero a resposta, porque aí minhas emoções acabam, e eu consigo realmente aprender coisas com o assunto em questão.
Por isso ninguém consegue me convencer a deixar de me expressar, doa a quem doer. E por isso nunca fico com raiva, mágoa, ou sinto vontade de perder a amizade com qualquer um dos meus críticos, pois eles fazem com que meu conhecimento se torne ainda mais rico, e minha capacidade de raciocinar sobre qualquer coisa se desenvolva mais do que leio em qualquer livro.

O NOVO ÁLBUM DO HELLOWEEN E OS FÃS DO METAL


Sou um fã de carteirinha do Helloween, ainda mais quando se trata da fase em que o vocalista Andi Deris está na banda (ou seja, há vinte anos). Como fã incondicional de heavy metal, vejo na banda alemã uma expressão do metal em que pode-se aliar melodias fortes, criatividade, agressividade, e pitadas de outros estilos do rock, como o bom e velho hard rock, tão presente em muitos discos da banda.
Quando se trata de lançamentos da banda, cria-se entre os fãs uma aura de expectativa e uma necessidade extrema de que o próximo lançamento supere os anteriores, sendo o mais novo clássico da banda. Quando este fato não ocorre, cria-se uma frustração, assim como uma revolta com o que estão ouvindo. Para muitos fãs, alguns dos trabalhos anteriores são intitulados como “fracos”, “lixo”, e todo tipo de adjetivos pejorativos por não terem se enquadrado na categoria de clássicos da banda.
Sou fã da banda incluindo os discos mais “fracos” para os fãs, o que inclui os polêmicos Chameleon e Unarmed, e os recente criticados Rabbit Don´t Come Easy, Keeper Of The Seven Keys – The Legacy e Seven Sinners. Acredito que existe um grande diferencial no Helloween, por ser uma banda que busca sempre algo diferente, que se intromete em diferentes estilos, flerta com melodias e situações diferentes.
Mas temos um problema sério que envolve esta banda e tantas outras: os fãs do metal. Sim, os fãs acabam por se tornar um imenso problema para a maioria das bandas, porque eles esperam fórmulas consagradas, onde a banda irá tocar o mesmo tipo de música ano após ano. Irá variar poucas coisas dentro do que faz. E infelizmente a maior parte das bandas de heavy metal tem entrado nesta esteira, mergulhando o metal num mar de mesmice e numa falta latente de criatividade.
Por isso, apesar de não gostar de muita coisa no universo do heavy metal, tenho um respeito profundo pela maior parte das bandas de diferentes estilos, e pelas bandas que “ousam” mudar ao longo de sua carreira, como fizeram o Metallica, o Edguy, o Soilwork, etc. Podem não ser minhas bandas preferidas, mas pelo menos estas bandas estão tentando mostrar aos fãs de metal que existe um mundo além do que eles esperam.
Pra mim, o Helloween tem feito isso com imenso sucesso. Vejo a banda como o Queen do heavy metal. E quando escuto esta banda, não me preocupo se vou ouvir o melhor disco da história da banda, nem se irei ouvir um novo clássico, ou se o Helloween irá manter seu nome na história do heavy metal. Foda-se. O que me importa é ouvir um bom disco, que agrade ao meu gosto musical, e que se apresente diferente do que ouvi no anterior. E isso os caras têm feito como ninguém.  Podemos ouvir um som mais sombrio, algo rápido e agressivo, algo clássico e extremamente elaborado, algo mais hard rock, algo mais pop, várias baladas. A banda apresenta um portfólio tão imenso e vasto, que sempre existe alguma coisa que o mais chato dos fãs é capaz de gostar.
E acredito que o que tem faltado à maioria dos fãs de metal, não só do Helloween como de todas as demais bandas, é realmente curtir o som. A maioria parece adolescente revoltado com tudo sem saber o motivo. Atacam o estilo que tanto gostam porque as bandas arriscam fazer coisas diferentes, mesmo que estas diferenças estejam dentro do metal. Um conservadorismo inexplicável, pra quem está inserido dentro do estilo musical da rebeldia e da revolta. Quando deveríamos estar aproveitando o que temos, ficamos batendo nos caras que ainda lutam contra uma indústria musical podre, pra trazerem um tipo de música que só ouve quem realmente ama a música.
Claro, ninguém é obrigado a gostar de tudo. Eu mesmo não gosto de muita coisa dentro do metal. Mas prefiro ouvir um Rhapsody, uma banda que não gosto, do que ter que aturar este maldito funk que destrói nossa sociedade. Prefiro ouvir o pior disco do Edguy, do que ter que ouvir cinco minutos de pagode. Prefiro ouvir o Saint Anger, do Metallica, do qualquer coisa feita no axé. Mas se eu não quiser ouvir, não vou sair por aí esculachando uma banda que tanta coisa boa fez pelo nosso estilo, só porque um dos trabalhos não me agradou.
Acho que o heavy metal já apresenta uma idade suficiente madura para que estes fãs parem de agir como garotos mimados que querem tudo no colo, que se a mãe muda a cor da roupa, dão xilique pra vizinhança inteira ouvir. Se vocês não gostam das novidades, parem de ouvir. Talvez vocês se conformem com a porcaria que a indústria musical está trazendo.
Mas, pra quem ainda se interessa pela minha opinião pelo novo trabalho do Helloween, Straight Out Of Hell, só posso dizer que é absolutamente perfeito.