sábado, 14 de setembro de 2019

LIBERDADE – O QUE CONQUISTA E O QUE VALE A PENA


Depois de muito tempo, tive um interesse verdadeiro e real por uma mulher. Uma moça que trabalha em dois, às vezes três empregos, estuda, tem filho, corre de um lado pro outro, gosta de sair pra barzinho, tem amigos... em termos práticos, talvez não tenha nada de diferente de grandes pessoas que conhecemos, e obviamente ela tem outros atributos que me despertaram interesse real.
Mas o que ficou claro pra mim, pensando em como eu conheci minha ex-mulher, ou outros relacionamentos que eu tive, é que todos nós nos interessamos pelas pessoas como elas são. Livres, fortes e batalhadoras. Essa personalidade autêntica, com brios... isso é o que conquista.
Fiquei pensando, no casamento que eu tive, como isso foi se perdendo. Não somente pelo casamento. Mas as pessoas deixam de ser elas mesmas. Se acomodam, usam outros como muleta, se anulam. Vi isso ocorrer com um casal, em que a mulher basicamente adotou a personalidade do marido, mudando alimentação, passando a gostar das mesmas coisas que ele. Ao longo dos anos, ela se tornou uma versão feminina dele.
E digo isso não como forma de criticar os outros. Eu fiz isso. Eu me anulei por completo no meu casamento. E ela nunca me pediu isso, nem fez qualquer coisa pra isso acontecer. Eu assumi algumas responsabilidades e tensões que não deveria, me preocupei demais em solucionar problemas que não eram meus, e que eu não tinha possibilidade alguma de resolver. Com isso, deixei de lado tudo o que gostava na vida. Até meus amigos, que são a maior conquista da minha vida, acabei me afastando. Consequentemente, devo ter me tornado uma pessoa bem menos interessante. Me tornei estressado ao extremo.
Não existe bem tão precioso quanto a liberdade. O direito de escolher, de seguir caminhos, de ter a sua vida da forma como você achar melhor. Claro, dentro de possibilidades mais ou menos finitas.
Quando você tenta mudar alguém demais, impedir que faça coisas que ela gosta ou sinta prazer, tenta coibir o bom relacionamento delas com seus amigos, você está destruindo aquilo que te conquistou. E não só isso. Está destruindo aos poucos a própria pessoa. Se você a conheceu livre, por que raios você quer barrar isso depois?
Isso não significa um grande “foda-se”. De repente alguém que você ama está envolvida com drogas, fuma, tem hábitos alimentares horríveis, como fast-food todos os dias... coisas que realmente levam a uma morte lenta e sofrida. Aí acaba sendo uma obrigação tentar fazer ver que o caminho está muito errado.
Mas nunca, em hipótese alguma, acabar com a essência que essa pessoa é, com a vida livre que ela tem, que foi isso que te faz se apaixonar, ou amar de verdade.


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