domingo, 26 de julho de 2020

UNIÃO PELA DEMOCRACIA


Recentemente vi um vídeo do Meteoro Brasil, sobre a possibilidade de união entre os setores da esquerda, para derrotar o presidente inominável. O vídeo começava falando sobre a possibilidade de união entre alguns partidos e políticos de grande nome, e passava a mostrar diversas acusações entre eles. Fernando Henrique e Lula se atacando, Ciro e o PT, e outros que não lembro agora.
Vou ser mais amplo. Nesse momento temos que buscar uma união de todos aqueles que pregam a democracia contra esse grupo maldito que está no poder. E nesse caso pode ser partido de esquerda, de centro, de direita. O que temos que fazer agora é deixar de lado o ego em busca de um bem comum, que é isolar esse grupo de malucos radiciais estão usurpando o poder.
Pra quem já leu a belíssima obra “Como as Democracias Morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, a qual considero a obra política mais espetacular de todos os tempos, há relatos de todos os países que, através de um processo democrático, caíram em autoritarismo. Hungria, Polônia, Peru de Fugimori, Venezuela, alguns países da América Central, e até mesmo os EUA com Trump.
O que temos em comum em todos os casos é uma divisão extrema de setores democráticos, por divergências de minúcias, ao passo que os grupos autoritários, infinitamente menores, se unem, criam ataques sistemáticos, ligados a problemas sociais que existem há muito mais tempo que os grupos políticos, um discurso altamente populista, e a vitória nas eleições. A partir disso, começa uma mudança nas estruturas políticas, colocando uma base autoritária, que ocorre aos poucos, no Congresso, na Suprema Corte de cada país, e no judiciário como um todo. E com o tempo, esses grupos, minoritários, controlam tudo.
Numa pesquisa recente ficou comprovado que a ala radical de apoio ao atual (des)governo soma apenas 15% do total. A aprovação do governo está em torno de 30%, o que levou a oposição, como um todo, a lançar um movimento chamado “Somos 70%”, indicando todos aqueles que não apoiam esses malucos, seja os que odeiam, seja os que não dão bola. Isso deixa claro que pessoas minimamente ponderadas são a imensa maioria.
Mas essa maioria é manca. Como citei no início, as brigas e controvérsias estão superando qualquer objetivo comum. Esse mesmo grupo de 70% lançou um movimento a favor da democracia, ligando diversos nomes, da direita e da esquerda, que deixaram de fora algumas diferenças buscando manter o processo democrático. Eu lembro que entre as pessoas que assinaram o documento estavam Reinaldo Azevedo, Fernando Henrique, Ciro Gomes, Fernando Haddad e mais uma galera de peso, além de ser muita gente. Mas o PT se recusou a fazer parte da ideia.
O PT se diz magoado pelo golpe de 2016. Sim, foi um golpe. Não há como negar isso. Os fatos já na época mostraram e os que vieram depois tiraram qualquer possibilidade de dúvida. O problema é que já foi. Não tem como voltar no tempo. E mesmo assim, não foi um golpe militar, e sim um golpe político. Mantivemos as eleições naquele mesmo ano pra prefeito, depois em 2018 para presidente, e os resultados foram mantidos, mesmo que a eleição não tivesse um resultado muito agradável.
Por outro lado, o PT cometeu diversos erros durante seu período de governo. Isso é normal, ninguém é perfeito. Mas o partido se recusa a observar e reconhecer as falhas. Fala dos acertos, que foram muitos também, mas culpa outros pelos seus erros. Isso aumenta muito o ranço daqueles que odeiam o partido, mantendo esse discurso de ódio e a rejeição absurda ao partido.
Outra coisa inacreditável é Fernando Henrique e Lula brigarem pela eleição de 1998! Sim, essa é a disputa, onde um diz que o outro não aceita o resultado, e o outro afirma que houve manipulação das urnas. Algo que ocorreu há 22 anos, está trazendo consequências nefastas para toda a nação.
Outra coisa inacreditável é o PT criar esse mito em torno do Lula. Todos os demais candidatos do partido são meras marionetes, ou postes, como gostam os oposicionistas de dizer, sempre agindo em nome de Lula. Com isso, o partido tem poucos nomes capazes de fazer uma campanha eleitoral digna. Fora que Lula criou uma legião de odiadores com a Lava Jato. Tudo bem, a Lava Jato foi um processo manipulatório, onde as provas não tiveram qualquer importância, buscando apenas a condenação e retirada do ex-presidente da disputa. Mas é um fato, e não da pra mudar.
Nesse interim, apesar de não ser um anti-petista, e ter considerado o governo Lula muito bom, considerando os padrões brasileiros, podemos dizer que o PT tem uma responsabilidade enorme na manutenção do Bozo. O desejo de poder e o ego são tão imensos que preferem brigar com todo mundo, dividir demais, e manter os nazistas no poder. Do mesmo jeito que temos que manter a repulsa a esse governo asqueroso, o PT deve ser responsabilizado.
Voltando a citar a obra sobre as democracias, o autor cita dois exemplos de países que conseguiram superar os extremistas, nesse caso ambos de extrema direita, através da união de todos os partidos moderados e democráticos, em favor de um bem comum, que é a democracia. Na Áustria partidos adversários, que ao longo de sua história se detestaram, como se fosse PT e PSDB aqui, se uniram, para barrar o partido neo nazista. Na França ocorreu o mesmo na última eleição, a favor de Macrón. Todos os partidos moderados se uniram, e transferiram seus votos para tal candidato no segundo turno, impedindo a vitória da candidata da extrema direita (que apesar de ser extremista, disse que “nosso” presidente é repugnante, quando perguntada).
Eu não sei quem terá chances contra esse merda no segundo turno em 2022. Provavelmente com essa margem de apoio ele deva ir ao segundo turno. Se você considerar que existem diversos nomes de peso contra ele, é preciso entender que mais do que um projeto específico, é preciso consagrar o processo democrático, criar um projeto de país e tentar manter após a eleição, o debate democrático, de várias vozes.
Nesse sentido recomendo a entrevista do deputado Marcelo Freixo a Marco Antonio Villa. Durante a conversa ele afirma que na época de deputado estadual tinha um contato muito positivo com Flávio Bolsonaro, com debates educados. Ao ser questionado pelo entrevistador, Freixo afirma que a democracia exige que se tenha contato e respeito aos adversários, e que todos têm o direito de se manifestar e serem representados. Seria um mantra para todos os que defendem a democracia, sejam de direita ou de esquerda.
Só essa união pode manter um país plural, diversificado e democrático. As diferenças nesse momento têm que ser esquecidas. Erros precisam ser perdoados, pelo menos por enquanto. Egos devem ser engolidos. Poderemos debater essas coisas, de forma menos acaloradas, inclusive, quando conseguirmos controlar e prender esse monstro do autoritarismo. Mas por enquanto, este é o nosso inimigo. O resto pode esperar.
Ou iremos chorar os resultados dessas picuinhas, que parecem crescer mais que o nosso maior inimigo.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

DEUS, O PROBLEMA


Anos atrás eu tinha uma postura atuante no ateísmo, especialmente em redes sociais. Era um propagador geral do ateísmo, inclusive com direitos a algumas brigas com alguns amigos e conhecidos. Algumas pessoas viraram a cara pra mim, pararam de falar comigo, mas eu continuei firme e forte nesse propósito.
A ideia que passava pela minha cabeça nunca foi de converter ninguém ao ateísmo (na verdade seria legal se acontecesse, mas nunca vi como possível). Mas enche muito o saco as pessoas falarem de deus o tempo todo, mesmo que de forma não intencional. Tudo é graças a Deus, tudo é a vontade de deus. E com as redes sociais virou uma pregação maldita, de todo mundo falando dessa merda o tempo todo.
Aí eu comecei a reagir, como milhares de ateus espalhados pelo mundo. E aí os cristãos começaram a ficar ofendidinhos. No entanto, o que muitos demoraram pra entender, é que a fúria era um combustível. Quanto mais vinham no ataque, mais vontade dava de ir pra cima com tudo. E vários grupos sobre o tema foram criados.
Até que chegamos num ponto de calmaria. As pessoas pararam de se importar, e você dizer que não concorda com o cristianismo entrou numa situação de normalidade. Eu, ateu convicto e praticante, como definiu um amigo, tenho amizade com muitos cristãos, sem qualquer tipo de estranhamento. Todas as mulheres que me envolvi são teístas. E tudo correu bem. Até que foi criada a bancada evangélica.
E daí vamos sobre o tema desse texto. O título trata Deus como problema. Apesar de eu entender a crença em deus ou criaturas sobrenaturais como uma problema real da raça humana, não é exatamente o que abordo aqui. O problema agora são os que creem nisso, especialmente os de forma fanática.
O repugnante que ocupa a cadeira presidencial foi eleito tendo como base os evangélicos, apoiadores pelos mais famosos pastores. Até aí, sem novidades, muitos deles apoiaram Lula nas duas eleições. O problema é que foi trazida uma pauta de costumes arcaia, baseada em partes da bíblia, como se fossem regras para todos.
E parcial, porque não são todos os costumes que estão sendo pregados. Os evangélicos criticam o homossexualismo, e o tratam como inimigo, mas pouco falam sobre o adultério. Criticam a liberação da maconha e o aborto, mas eu não me lembro de ver nenhum pastor falar sobre exploração de pessoas em condição de miséria, o fator que mais enriquece esses mesmos pastores.
O que temos nas principais igrejas é a total hipocrisias. Escolhe-se alguns pecados, quase como sendo os pecados mais pecados, e combate-se eles. O resto deixa-se pra lá. Da mesma forma que algumas condutas sociais não aprovadas são duramente criticadas, enquanto interessam a manutenção da manada na rédea curta, mas outras são deixadas de lado.
A intenção é óbvia. Manter essas pessoas sob o cabresto de líderes sem escrúpulos. É algo totalmente lucrativo. Mas agora temos essas mesma ideia sendo levada a todo o país. Esse asno que está na presidência faz o que pode pra transformar o Brasil num Estado evangélico, a ponto de colocar uma lunática no Ministério dos Direitos Humanos, um pastor fanático e arcaico na Educação e prometer alguém terrivelmente evangélico como ministro do STF.
Nosso Estado é laico, conforme dispõe nossa constituição. Todas as pessoas podem seguir a fé que quiserem, inclusive mais de uma, ou nenhuma. Podem frequentar ou não cultos. Podem criticar e serem criticadas por suas posturas. Aqui temos o direito de agir de acordo com o que diz nossa consciência.
Mas isso tem sido alterado desde que esse merda se colocou como candidato. O cristianismo evangélico tem crescido como uma ameaça a todos aqueles que pensam diferente. Aparece como uma ameaça de se tornar a religião oficial. Tenta tirar direitos de todos os que fazem algo criticado pela religião. Como falou Barroso, essas pessoas agem como pré iluministas, e não duvido que possamos ter fogueiras pra toda e qualquer pessoa que venha a criticar a fé desses doentes num futuro próximo.
Nesse sentido, fica claro que nosso grande problema atualmente, é Deus.

A CERTEZA DOS NÃO ESPECIALISTAS


O ser inominável, em uma de suas lives patéticas, recomendou o uso de cloroquina como remédio para o combate ao COVID, parecendo garoto propaganda do Sucrílhos, como disseram os apresentadores da BandNews.
No programa “O Grande Debate”, Caio Copolla vomita opiniões sobre assuntos diversos, com dados sabe-se lá tirados de onde, falando sobre doenças, sobre economia, política, história… tudo com um diploma de bacharel em direito, sem advogar e o um notebook. Ele tem sido destruído de forma impiedosa por seus debatedores, especialmente pela fantástica Gabriela Prioli, mas volta no mesmo assunto como se nunca tivesse sido tocado.
São dois exemplos do momento em que vivemos, onde pessoas absolutamente leigas falam sobre todo e qualquer assunto, sem filtro e sem pesquisa. Desenvolvem uma opinião, com base puramente filosófica, e saem propagando isso como se fosse a verdade absoluta. A situação vem do nefasto e desprezível Olavo de Carvalho, um estudante que parou no ensino médio para ser auto didata e saiu criando teorias malucas, sem qualquer base, da forma mais aristotélica possível, com mais de 2000 anos de atraso.
Você ter uma opinião sobre coisas é algo normal. Acho que tendo uma boa base de dados e informações você pode tecer um raciocínio lógico sobre qualquer coisa. E diante de fatos você pode também mudar de opinião. Desde teorias econômicas, religiosas, filosóficas, sociais, etc. Mas sair falando merda, como se fossem verdades absolutas, baseado em impressão, aí não da.
Vamos manter o exemplo da cloroquina, tão falada pelo boçal que ocupa o cargo maior da nação. Há uma centenas de estudos pelo mundo sobre o medicamento. Até o presente momento, todos demonstraram ou a ineficiência total, ou um prejuízo no seu uso. Tudo indica que ele varia entre a inutilidade ou o prejuízo. As informações fornecidas pela ciência, através de pesquisa, testes e prática revelou isso. Seria muito legal que fosse a cura mágica, mas os fatos mostraram o contrário. E eu, como um homem formado em direito e artes plásticas, não tenho qualquer informação, ou base para buscar informações suficiente, para contradizer isso. Posso postar notícias divulgando esses testes e dados, mas serão os fatos divulgados por outras pessoas.
Não há como defender essa merda. Eu não tenho conhecimento suficiente para tal. Um militar expulso menos ainda. E pessoas que nem concluíram o ensino médio sequer entendem a pesquisa científica para começarem a falar sobre o assunto.
Estamos diante de um caso em que não importa o que você acha. Sua opinião não vale merda nenhuma. Existem pessoas que passaram uma vida inteira estudando e permanecem fazendo isso, com a devida técnica, para que alguma substância tenha um efeito positivo no combate à doença. Se essas pessoas estão dizendo, com base em dados firmes, que isso não ocorre, a única forma de conseguir contestar isso é fazer um estudo ainda mais amplo, com dados claros e alta taxa de testagem pra provar que está errado. Você consegue fazer isso? Se a resposta é não, recolha-se à sua ignorância no assunto.
Um outro exemplo que eu costumo dar para as pessoas é sobre a nutrição. Quem me conhece sabe que eu tive ao longo dos últimos anos em constantes e intensas brigas em diversos assuntos com minha ex mulher, mãe do meu filho. Raramente um assunto não era pautado na briga. Exceto um: nutrição. Ela tem formação acadêmica no assunto, e trabalha na área. Eu, como citado, sou formado em artes e direito. Aí, quando ela faz alguma recomendação em relação à alimentação do nosso filho, que base tenho eu pra dizer que ela está errada? Eu tenho que brigar pra deixar ele comer chocolate, por exemplo, porque é gostoso? Eu nunca parei mais de uma hora de algum dia meu pra ler sobre esse assunto. Ela estudou por cinco anos, e continua estudando ainda hoje. A diferença do nível entre nós nesse tema é um abismo. E provavelmente seria ridículo, aos olhos dela, se eu entrasse nessa briga.
Mas agora nós descobrimos uma série de especialistas em um monte de coisas, feitos nos cursos de whatsapp e twitter. Médicos, engenheiros, advogados, juízes, procuradores, psicólogos, artistas (esses são os que eu odeio com todas as minhas forças), que jamais pegaram uma porra de um livro pra ler, sobre qualquer desses assuntos. Caras que trabalham batendo carimbo, mas entendem tudo. Jamais foram a uma exposição de artes, um teatro, nunca leram Machado de Assis, ou qualquer autor minimamente consagrados, mas querem dizer o que é ou não arte.
E essa gente se espalhou pelo Brasil, de uma forma mais intensa que a própria pandemia. Tomaram conta de tudo. Arrumam encrenca com qualquer um que discorde. Vimos casos inclusive de agressão física, como no protesto de médicos em Brasília, ou o motorista de ônibus agredido em Belo Horizonte por não permitir que passageiros entrassem no veículo sem máscara.
É muita boçalidade pra pouco espaço territorial.
Deixo aqui como dica de leitura uma obra prima que mudou muito sobre meus conceitos sobre pesquisa científica. “O Maior Espetáculo da Terra”, de Richard Dawkins. Sim, um dos maiores teóricos do ateísmo. Mas nessa obra ele nada relata sobre religião. Na tentativa de explicar a Teoria da Evolução, o que é feito com um brilhantismo característico, ele desenvolve diversos exemplos sobre como funciona o método científico, como ele pode ser refutado e como a ciência não foi feita para agradar a opinião de ninguém. Uma linguagem simples e direta, possível até mesmo para cara de humanas, como eu. Exceto se sua capacidade cerebral for do nível Olavo de Carvalho.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

LAVA JATO EM GUERRA CIVIL


A crise da Lava Jato tem me mostrado como a mídia, em alguns aspectos, pode ser estúpida e tendenciosa. Não quero acreditar que por interesses escusos. Me disseram que sou inocente quanto à maldade do ser humano. Mas claramente como pessoas que criaram herois e não conseguem ver mais função legal de cada órgão.
Há uma guerra deflagrada, encabeçada por Augusto Aras, no MPF, e Deltan Dellagnol no Ministério Público estadual. Essa guerra chegou ao STF, com vitória de Aras, até o momento. E até o momento, decidido de forma corretíssima.
Deixando claro que Aras não tem condições mínimas pra ocupar o cargo de procurador, ao meu ver. Suas atitudes mostram que ele é tendencioso e está buscando interesses pessoais, inclusive ao tentar coibir procuradores de agir em relação à pandemia. Mas nesse caso específico, está dentro da lei.
Deltan Dellagnol, por sua vez, é o integrante do judiciário por quem eu tenho maior desprezo até o momento. Cursei direito com intuito de prestar concurso para o Ministério Público. Mas ao conhecer esse ser desprezível e suas ações que jogaram o nome do MP na lama perdi completamente o tesão pela coisa.
Vamos aos fatos. O Ministério Público, segundo nossa constituição, é o fiscal da lei. É o órgão incumbido de verificar o cumprimento da lei, a não ser quando há apenas interesse entre particulares. E também é o detentor da peça acusatória em processo penal. Mas não significa que esteja obrigado a acusar. Caso os fatos ou provas mostrem o contrário, o MP pode pedir a absolvição ou arquivamento do caso.
Mas o mais importante é que o MP é um órgão uno e indivisível. Não existem vários Ministérios Públicos, como está parecendo agora. E sendo um só órgão, não existe qualquer sentido em acreditar que integrantes do Ministério Público devam guardar sigilo sobre investigações sendo feitas, para outros integrantes do Ministério Público. Só de ler isso já fica ridículo. Na prática então…
Os integrantes do MP que fazem parte da força tarefa da Lava Jato estão desempenhando temporariamente a função. Mas são apenas integrantes do MP. E devem agir por este em todos os casos designados. Essas pessoas servem ao MP, não à Lava Jato. E teoricamente esta ação deveria ter um fim quando atingisse o objetivo. O MP não.
Deltan, por sua vez, criou pra si um poder paralelo. Se colocou como detentor da força tarefa, guia total, líder em comunicação. Toda vez que recebe críticas faz alguma live tentando conclamar o povo para que se coloque contra seus “agressores”. E fez praticamente tudo dentro da operação de forma incrivelmente midiática. A pirotecnia foi sua marca, ao contrário do normal do MP. E sempre buscando ser o acusador, não importa se as provas indicavam ou não culpa.
Delta teve alvos. E os grandes. Fez malabarismo pra conseguir trazer culpa. Atropelou tudo, agiu com juízes, se tornou popular. Mas aquilo que tinha que respeitar acima de tudo se tornou um mero detalhe: a constituição. Um deputado, não lembro qual, o presenteou com uma, dizendo que assim ele poderia estudar e começar a respeitar.
Chegamos ao ridículo, pra não dizer momento criminoso, que a Lava Jato quis criar um fundo especial para administrar os valores recuperados em operação contra corrupção. Valores recuperados, para quem não sabe, pertencem ao Estado (aqui tido como país). O MP não é o Estado, nem tem poder pra decidir como serão usados valores. Um braço, pequeno desse MP, menos ainda.
Assim, a Lava Jato pra mim demonstrou ser uma máfia. Uma organização criminosa dentro do MP. Eu vejo algumas boas ações no começo, quando os primeiros foram investigados e condenados. Muitos deles ficou demonstrada a culpa. Acredito mesmo (e isso é apenas uma opinião pessoal), que o ex presidente Lula deva ter culpa nesse mega esquema. Mas o julgamento dele claramente foi direcionado, e voltado para a eleição de 2018. E se não pensarmos nele, quantos integrantes do PSDB foram poupados esse tempo todo? Dizer que a lei é para todos, vindo desse grupo, é piada.
Nesse caso, somos obrigados a dizer, que Aras tem razão.


DESCULPAS PELO GENOCÍDIO


Mourão, o ex-militar, achou ruim o ministro Gilmar Mendes comparar o que ocorre no Brasil, no momento de pandemia, a um genocídio, dizendo que o exército corre o risco de associar o nome a isso. Em algumas entrevistas patéticas disse que se o ministro tivesse grandeza pediria desculpas pela frase.
O (des)governo atual, nas cordas há algum tempo, se vê cercado por uma série interminável de erros que estão colocando o país numa situação catastrófica. A pandemia é a mas escancarada. Enquanto escrevo, temos mais de 75 mil mortos por essa gripezinha.
O ser desprezível que ocupa a presidência propagou uma política alucinada de ignorar a doença. Tentou de todas as formas fazer as pessoas agirem como se nada ocorresse. Com isso, a doença se espalhou e a curva de mortes atingiu seu platô num nível superior a mil mortes por dia. E obviamente, comunidades mais carentes ficaram mais suscetíveis aos problemas.
Como já demonstraram alguns estudos, negros, pobres e moradores de favelas são as grandes vítimas. Onde o vírus mais se espalha, graças às condições de higiene precárias e ao número de pessoas morando no mesmo ambiente. Além desses, os índios se tornaram vítimas totais dessa política.
Mas não da nem pra fixar a situação no tratamento da doença. O presidente desde muito antes de se tornar candidato faz intensas pregações contra alguns povos. Homossexuais, como bem sabemos. Povos indígenas. Quilombolas. Controle forçado de natalidade de pobres. Os que ele chama de bandidos.
É interessante ver como essa doença está caindo com uma luva em todos os seus planos. Justamente os grupos que ele tem mais atacado, exceção feita aos homossexuais, são os que estão levando o maior prejuízo com a situação. Se saiu melhor que a nefasta reforma da previdência. E funcionou ainda melhor que a intensa pregação de ódio que ele tem feito a tais grupos.
O inominável criou um ambiente de ódio para todos os seguidores de sua seita tratarem todos que ele criticava como seus inimigos. E criou um ambiente ainda mais propício para que um grupo imenso de pessoas fizesse tudo o que era preciso para que a COVID se espalhasse. O resultado é a morte de milhares de brasileiros. Apesar de ainda não ter chegado, posso afirmar sem medo de errar que 100 mil mortes está garantido. Isso sem considerar que há uma imensa subnotificação.
Quando você toma atitudes assumindo o risco de morte, você age com dolo. E se você faz isso com toda uma população, como os índios ou moradores de favela, está sim colocando em risco toda uma comunidade. Isso é genocídio. E podemos estender isso a todos os brasileiros, pois para sobreviver a esse caos, somente dependendo da nossa própria saúde. O que temos aqui é uma omissão clara, além de uma indução ao genocídio do povo brasileiro.
Se tem alguém que tem que pedir desculpas pelo que ocorre, esse alguém é o (des)governo. Mourão, no auge de sua imbecilidade característica, poderia dar esse primeiro passo. Já o presidente é basicamente um criminoso. O lugar dele é no Tribunal Penal Internacional, sendo julgado por crime contra a humanidade. Gilmar Mendes, por sua vez, teve um momento de brilhantismo.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

GRANADA NO BOLSO DO INIMIGO


Em fevereiro de 2008 assumi meu primeiro cargo concursado de servidor público. Professor de artes, da rede estadual. Um salário merreca, trabalhava feito um condenado e não tinha dinheiro pra nada além de comer e pagar as contas básicas. Uma rotina desgastante e frustrante, até ser nomeado para o cargo de escrevente do Tribunal de Justiça, em maio de 2010, onde estou até hoje.
O salário aqui é razoável. Talvez pra um solteiro sem filhos fosse ótimo, mas como sou divorciado com filho pequeno, também fica com água no nariz. Fora que nesses últimos 12 anos as coisas ficaram muito caras.
Eu realmente tenho uma alegria imensa de fazer parte do serviço público. É algo que almejava antes de ser empossado, me esforcei muito para tal e desempenho com orgulho. Trabalho demais, o salário não é nenhuma maravilha, as condições são contestáveis, mas é algo gratificante por diversos motivos. O grande problema é que existe uma campanha maldita, especialmente na mídia, que torna os servidores públicos como inimigos e principal causa dos problemas da nação.
Os motivos disso são claríssimos: existem grandes multinacionais desesperadas para privatizar tudo o que podem, e sem a ideia que o serviço é desastroso, com gente desqualificada, nunca vão conseguir. Então o governo deixa de investir o que é necessário e você joga toda a culpa nos funcionários pelas más condições no desempenho das atribuições. E digo grades corporações porque nenhuma empresa nem de médio porte tem condições de concorrer numa licitação para compra de estatais.
Atualmente tivemos uma onda de ideia de corte de salário de servidores em tempos de crise. Salários médios de R$4 a R$5 mil. Colocam como salários altíssimos. Acho que andaram esquecendo que o salário mínimo está na faixa de R$1000. Então esses super salários estão numa base de 5 salários mínimos. Fora que segundo as pesquisas mais importantes, se nosso salário mínimo fosse realmente o valor necessário para custear as despesas básicas inseridas no art. 6º da CF, teríamos uma média de R4.500. Ou seja, os servidores ganham um salário mínimo correto para sobreviverem.
Aí vem o argumento que os salários são muito superiores aos da iniciativa privada. Se os funcionários públicos ganham salários limites para cobrirem as necessidades básicas, o problema é que seus salários são altos ou será que a iniciativa privada que paga um salário de fome? O que precisamos corrigir, para um projeto de país, é elevar as condições mínimas de todos os trabalhadores, ou jogar todo mundo para uma condição de miséria?
Eu nunca vi ninguém falar sobre os impostos pagos pelos empregadores para o custeio de funcionários, que superam os 100% do valor dos salários. Falam em cortar indenizações, cortar jornadas, cortar direitos, mas nunca mexer no que faz esses salários decaírem tanto. E os trabalhadores, por sua vez, não enxergam que sua condição de miséria e submissão total está sendo ainda mais ampliada. Só veem o inimigo criado pelo mercado para manter privilégios.
Agora vamos pensar nas aberrações. Existe no serviço público salários absurdos. Juízes e políticos federais tem salários acima de R$25 mil. E todos esses têm diversos assessores, pra todos os assuntos possíveis, cargos de confiança, que dispensam concurso público, além de muitas vezes dispensarem a necessidade de um diploma que os endosse. Fora que os salários costumam ser também acima de R$10 mil.
Além disso, há uma série de “penduricalhos”, como adicionais, verbas indenizatórias, que engordam ainda mais a conta. Um juiz, com salário de R$25 mil, como informado, tem direito, na grande maioria das vezes, a um auxílio moradia no valor de R$4.3 mil, basicamente o salário do servidor que você acha que ganha muito, mesmo tendo moradia própria.
Uma matéria de jornal mostrou que, com todos os auxílios, um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo tirava, líquido, R$150 mil. Quanto tempo você demora pra ganhar isso?
Agora vamos pensar em 512 deputados, 81 senadores, e imagine uns 5 assessores cada, pra ser bem bonzinho. Quanto da essa conta? Junte a isso os deputados estaduais, vereadores e todos os cargos comissionados e verbas indenizatórias. Quanto a máquina pública gasta pra manter essas pessoas. E pensa numa cidade pequena lá do interior de Pernambuco, com a quantidade de pessoas que cabem num bairro pequeno de São Paulo. Os vereadores têm salários de R$15 mil, na média. Imagina o que isso representa nas contas da cidade.
Você já viu uma grande campanha pra cortar o número de políticos? Pra cortar seus benefícios? Já viu alguma campanha pra diminuir salários de juízes e desembargadores? Você sabia que um deles ganhava R$150 mil? É óbvio que não. Ninguém quer privatiza o Congresso, nem os tribunais. Fora que esses caras é que vão dar asas a essa farra de privatizações e dar lucro a grandes empresas em cima de serviços básicos. Então por que mexer com elas?
Outro ponto importante que agora muita gente começou a bater foi na estabilidade dos servidores, como sendo um privilégio. Então vamos falar um pouco sobre o heroi dos trouxas, o Sérgio Moro. O cara assumiu o Ministério da Justiça com status de heroi intocável por quem colocou esse presidente lá. Aí, depois que Moro resolveu não fazer o que a criança mimada que era seu chefe queria, pra proteger os familiares, começou a ser perseguido, até não aguentar mais e se demitir.
Ta bom, Moro pode ser um exemplo mais extremista, porque estamos falando sobre um possível crime. Vamos pensar no Mandetta, um ministro muito elogiado no combate à pandemia. Ele seguiu os protocolos médicos estipulados pela OMS e por todas as organizações mais respeitas da área da saúde, e com isso teve que contrariar o menino mimado. Ele fez o que a profissão a qual ele se formou determina. E o resultado, é que foi demitido pelo chefe, depois das negativas. Mandetta não tinha estabilidade e não pôde contrariar o Napoleão dos trópicos. E perdeu a guerra.
Nós temos estabilidade porque não estamos associados a nenhum governo ou nenhum partido. Eu faço o que determina a lei e o que deve ser feito pelo bem da população, na medida das condições financeiras da repartição. Não estou preocupado com a ideologia do governo que está no poder, quem eles odeiam, quem patrocinou a campanha. Faço o que é certo. E sei que não terei grandes problemas de perseguição se não estiver de acordo com esses interesses. O que já não ocorreria no caso de estar com um contrato CLT. Todos os servidores hoje seriam malucos contra minorias, que acham que o comunismo é o maior problema. Imagina que beleza. E pra ficar mais legal, se o PT ganhar em 2022, todos eles seriam demitidos e substituídos por esquerdistas. Uma zona.
Por isso, caro alineado, seria muito bom se informar sobre o que é serviço público, as condições de trabalho, a realidade de grandes interesses, o que é dever do Estado, e quem realmente ganha grandes salários. E se mexer pra ter os seus direitos respeitados. Pare de ser massa de manobra de quem tem muito a lucrar em criar esses inimigos (que estão colocando granadas nos bolsos).

A BOLHA DOS ALIENADOS


Agora que temos um maravilhoso silêncio dos bolsominions e especialmente do asno que guia esses passos, fica até mais fácil pensar mais com clareza sobre o que está ocorrendo nesse país.
Já escrevi sobre como os adoradores do presidente irritam as pessoas com senso crítico. Não da pra entender qual realidade paralela essas pessoas vivem. Primeiro porque idolatrar político no Brasil é algo que beira a insanidade. Já muita gente ficava doida porque o Lula era idolatrado, e agora muitos desses estão criando seu próprio cordeiro sagrado.
Depois, porque o que esse ameba prega é absolutamente todos os valores que muita gente criou como nação. Nós sempre fomos tolerantes, acolhedores, diversificados. E o que temos visto é justamente o contrário de tudo isso nesse governo. Perseguição a minorias, opressão a direitos básicos, enaltecimento da morte como um todo… um monte de coisas pavorosas que foram relativizadas por essa gente.
Tive uma discussão feia sobre a influência da propaganda para que pessoas se tornassem homossexuais há um tempo atrás. É difícil inclusive compreender, quando você entra numa dessas, se você está tendo um sonho desagradável ou se aquele debate está realmente ocorrendo. Se eu estivesse em 1930, ainda antes da ciência da eugenia, talvez até entendesse o contexto. Hoje, não.
É realmente lamentável que estejamos discutindo, em 2020, que pessoas sejam homossexuais porque fatores sociais ou de marketing a levaram a isso. Não acredito, assim como no caso de criminosos, gênios e tudo mais, que exista um DNA que torne a pessoa gay. Nosso corpo é formado por um determinado grupo de genes que nos fazem apenas seres humanos. Mas sensações físicas não são explicáveis. Porque uma pessoa tem mais fome que outra, porque tem mais disposição pra correr, porque se interessa por determinado tipo de mulher… tudo isso é algo pessoal. Gostar de pessoas do mesmo sexo, no sentido sexual, não é algo lógico ou ensinável. Como é possível ensinar uma pessoa a sentir tesão por uma piroca? Isso não faz o menor sentido.
Feita a digressão, o grande motivo que tem levado a grande massa de pessoas isentas a se distanciarem dos bolsominions, é que esses caras são fanáticos, em todos os sentidos. Além de acreditarem em absolutamente tudo o que seu mico diz, defenderem com unhas e dentes, negar a ciência, a história, a realidade social, comprando briga com quem quer que seja e pagando pra ver a desgraça, eles não têm outra coisa na vida.
Se você teve ou tem algum bolsominion na sua vida, você sabe disso. Eles vão dar um jeito, em toda e qualquer conversa, para tentar jogar o maldito mico no meio, como um heroi, ou tentar demonizar alguém da esquerda. Sempre. Você pode estar conversando sobre trocar fralda de bebês, mas vai rolar.
Eu amo polêmicas, que me conhece sabe. Acho que alguns temas devem ser debatidos a exaustão, especialmente pelo mal causado ao serem deixados de lado. Mas sempre num objetivo positivo, de solução de conflitos sem que ninguém precise sofrer. E na grade maioria das vezes, não existe um culpado específico por um problema social (infelizmente para os bolsominions os problemas do país não começaram com o PT), do mesmo jeito que não há uma verdade absoluta em boa parte dos problemas. Conversar sobre limites, direitos, meio termo, respeito, sempre é legal.
Mas caralho! Você tem que meter a porra do Bozo em todos os assuntos? Esse militar terrorista expulso e depois propagador do terrorismo, sem nenhum conhecimento acadêmico, nem ao menos ouvindo os que têm, é a resposta para os problemas do país? De onde vem essa ideia?
E no mais, depois de dezoito meses, já deu pra perceber que você tem esse pensamento disfuncional. E se você tiver um pouquinho, por menor que seja, de discernimento, já vai ter percebido que nós, do outro lado, os 70%, também não vamos dar razão a esse seu surto psicótico.
Então, se você pelo menos pretende conviver em sociedade, fora dessa bolha maluco criada por adoradores do cordeiro da hemorróida, sério, pare de tocar nesse assunto. Tem muita coisa legal pra falar. Fale do resto. Ninguém aguenta mais esse delírio lunático da defesa de um bosta. Todos os dias, em todas as conversas.

A RECEITA DO CAOS


A pandemia atual escancarou ao mundo a quantidade absurda de problemas que temos no nosso país. Mas mais ainda, deixou muito claro, muito mais cedo do que pensávamos, que nosso atual (des)governo não tem a mínima condição de lidar com grandes problemas.
Vamos deixar claro que existem problemas estruturais vindos de praticamente todos os governos anteriores. A nossa educação é tenebrosa, sistema de água e esgoto inexistem, moradia é precária… e assim podemos passar por diversos temas, encontrando erros grotescos de governos de diversas tendências no passado. Mas atualmente tivemos uma gama de pessoas tão absurdamente incompetentes que saímos de um buraco pra cair num abismo sem fundo.
Analisando as ações de outras nações, mesmo com erros grosseiros, como os ocorridos na Itália, EUA e até na França, vimos governantes, mesmo os extremistas, agindo pra diminuir os impactos da crise que viria. Em todos os países em questão foi decretado um isolamento rigorosíssimo, com isenção de impostos a empresa, ajuda financeira ou facilidade de empréstimos, auxílio financeiro para os trabalhadores, com valores realmente compatíveis com os gastos, sem qualquer burocracia, proibição de demissões enquanto durar a pandemia, e coibição rigorosa a todos os que tentarem infringir o isolamento.
A grande maioria dos países conseguiu controlar os casos de doença e manteve uma relativa estabilidade social. Mas nós somos especiais, não é mesmo?
A desgraça que ocupa Brasília resolveu dar R$1,3 trilhões para banqueiros, sem qualquer contrapartida. Não estimulou qualquer incentivo fiscal ou empréstimo a pequenas e médias indústrias (afinal, ganha-se muito dinheiro com as grandes corporações e perde-se com as pequenas, não é mesmo?), não diminuiu uma vírgula nos impostos. Não prestou nenhum grande auxílio aos trabalhadores, mantendo um auxilio de R$600,00 com intensa burocracia para o recebimento, fraudes incríveis, onde ricos recebiam sem problemas, ainda com riscos de despejo em casas alugadas, uma vez que isso não só não foi suspenso como o projeto de lei que tratava do assunto foi vetado pelo amaldiçoado que está colocado no poder, Agora tivemos o anúncio de um aumento na tarifa de energia na base de 5%.
Os brasileiros foram deixados à própria sorte. Cada um por si. E deliberadamente o presidente fez de tudo para destruir o isolamento social, criticando de forma enfurecida os governadores, boicotando seus próprios ministros, atacando a imprensa, inventando curas próprias sem qualquer base cientifica, sendo um negacionista e se isolando em definitivo do resto do mundo, transformando o Brasil na maior piada do século.
Um detalhe importante foi a prova cabal do que foi a reforma trabalhista de 2017. Como falado, era um assalto aos trabalhadores. Não existe nenhuma flexibilização, como diziam seres mal intencionados que a justificaram. Direitos foram tirados sob a justificativa da geração de empregos. E o que vemos agora é cerca de 40% da massa trabalhadora por si. Pessoas que não têm qualquer amparo, que estão sem proteção legal, sem saber a que recorrer, com uma renda, desde a maldita reforma, já muito menor do que um trabalhador forma teria.
Temos também a desinformação. Brasileiro nunca ligou muito para educação e conhecimento. Então a ciência tornou-se desprezível. As pessoas preferem ouvir um maluco que foi um astrólogo fracassado, que guia um ex-cabo expulso do exército por indisciplina e atentado terrorista, sem qualquer formação específica, do que ouvir pessoas que estudaram anos a fio para explicar e tentar descobrir o que ocorre. O achismo se tornou mais importante que os fatos comprovados.
Além da maldita e cada vez mais danosa religião. As pessoas aqui acham que Deus as protege e vai impedir qualquer desgraça. Agem contra as forças da natureza, com o funcionamento dos organismos, porque acham que deus tem um plano específico pra elas fazendo com que todos os fatos naturais se tornem desprezíveis. Não existe nada além de burrice total nessa situação.
E claro, não podemos deixar de lembrar do conservadorismo. Pra mim já ficou claro que ser conservador num mundo como o atual tem o mesmo efeito de uma doença grave e debilitante. As pessoas se apegam a tradições como se isso fosse um mantra intransponível. Aqui muita gente tem a ideia que para realizar um trabalho você tem que respeitar um horário comercial, sem muito direito a atraso, com um determinado período fixo de almoço, com roupas sociais, linguagem polida e dentro de um ambiente controlado. Agora foram confrontadas com uma situação desesperadora, e estão tão enraizadas num mundo que não conseguem olhar pro lado.
Nada contra você fazer escolhas pra sua vida dentro de um grupo de tradições, como ser monogâmico, casar, morar em uma casa planejada, ter um carro, frequentar alguma religião, assistir jornal e essas merdas que fazem parte das suas escolhas pessoais. Mas a vida em comunidade é uma teia de relações que está em constante evolução. Não adianta teimar em alguma coisa só porque antes era assim.
Dessa forma, temos uma série de erros que vêm de décadas, de falhas de governos de esquerda e de direita. Mas temos uma aberração no poder, que por algum motivo inexplicável conseguiu chegar ao topo, num momento quase de quebra da realidade, e agora está transformando um problema seríssimo num caos incomparável. Associado a uma população que vive num mundo de ignorância e alienação, e um monte de aproveitadores que se preocupam com lucro, não importa o que isso venha a custar. Não tinha como não dar merda.