sexta-feira, 17 de julho de 2020

DEUS, O PROBLEMA


Anos atrás eu tinha uma postura atuante no ateísmo, especialmente em redes sociais. Era um propagador geral do ateísmo, inclusive com direitos a algumas brigas com alguns amigos e conhecidos. Algumas pessoas viraram a cara pra mim, pararam de falar comigo, mas eu continuei firme e forte nesse propósito.
A ideia que passava pela minha cabeça nunca foi de converter ninguém ao ateísmo (na verdade seria legal se acontecesse, mas nunca vi como possível). Mas enche muito o saco as pessoas falarem de deus o tempo todo, mesmo que de forma não intencional. Tudo é graças a Deus, tudo é a vontade de deus. E com as redes sociais virou uma pregação maldita, de todo mundo falando dessa merda o tempo todo.
Aí eu comecei a reagir, como milhares de ateus espalhados pelo mundo. E aí os cristãos começaram a ficar ofendidinhos. No entanto, o que muitos demoraram pra entender, é que a fúria era um combustível. Quanto mais vinham no ataque, mais vontade dava de ir pra cima com tudo. E vários grupos sobre o tema foram criados.
Até que chegamos num ponto de calmaria. As pessoas pararam de se importar, e você dizer que não concorda com o cristianismo entrou numa situação de normalidade. Eu, ateu convicto e praticante, como definiu um amigo, tenho amizade com muitos cristãos, sem qualquer tipo de estranhamento. Todas as mulheres que me envolvi são teístas. E tudo correu bem. Até que foi criada a bancada evangélica.
E daí vamos sobre o tema desse texto. O título trata Deus como problema. Apesar de eu entender a crença em deus ou criaturas sobrenaturais como uma problema real da raça humana, não é exatamente o que abordo aqui. O problema agora são os que creem nisso, especialmente os de forma fanática.
O repugnante que ocupa a cadeira presidencial foi eleito tendo como base os evangélicos, apoiadores pelos mais famosos pastores. Até aí, sem novidades, muitos deles apoiaram Lula nas duas eleições. O problema é que foi trazida uma pauta de costumes arcaia, baseada em partes da bíblia, como se fossem regras para todos.
E parcial, porque não são todos os costumes que estão sendo pregados. Os evangélicos criticam o homossexualismo, e o tratam como inimigo, mas pouco falam sobre o adultério. Criticam a liberação da maconha e o aborto, mas eu não me lembro de ver nenhum pastor falar sobre exploração de pessoas em condição de miséria, o fator que mais enriquece esses mesmos pastores.
O que temos nas principais igrejas é a total hipocrisias. Escolhe-se alguns pecados, quase como sendo os pecados mais pecados, e combate-se eles. O resto deixa-se pra lá. Da mesma forma que algumas condutas sociais não aprovadas são duramente criticadas, enquanto interessam a manutenção da manada na rédea curta, mas outras são deixadas de lado.
A intenção é óbvia. Manter essas pessoas sob o cabresto de líderes sem escrúpulos. É algo totalmente lucrativo. Mas agora temos essas mesma ideia sendo levada a todo o país. Esse asno que está na presidência faz o que pode pra transformar o Brasil num Estado evangélico, a ponto de colocar uma lunática no Ministério dos Direitos Humanos, um pastor fanático e arcaico na Educação e prometer alguém terrivelmente evangélico como ministro do STF.
Nosso Estado é laico, conforme dispõe nossa constituição. Todas as pessoas podem seguir a fé que quiserem, inclusive mais de uma, ou nenhuma. Podem frequentar ou não cultos. Podem criticar e serem criticadas por suas posturas. Aqui temos o direito de agir de acordo com o que diz nossa consciência.
Mas isso tem sido alterado desde que esse merda se colocou como candidato. O cristianismo evangélico tem crescido como uma ameaça a todos aqueles que pensam diferente. Aparece como uma ameaça de se tornar a religião oficial. Tenta tirar direitos de todos os que fazem algo criticado pela religião. Como falou Barroso, essas pessoas agem como pré iluministas, e não duvido que possamos ter fogueiras pra toda e qualquer pessoa que venha a criticar a fé desses doentes num futuro próximo.
Nesse sentido, fica claro que nosso grande problema atualmente, é Deus.

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