domingo, 3 de outubro de 2021

O MUNDO VOLTOU A TER CORES

 A tempestade veio

E devastou tudo o que encontrou pelo caminho

Nunca mais o sol quis aparecer

E no apocalipse, apenas sobrevivia

 

Por mais que tentassem me fazer ver

Não havia mais esperança

Uma vida assim não era pra mim

Não existe alegria em deixar de ser você mesmo

 

Mas um belo dia

Os trovões acabaram

E a luz voltou a aparecer

E o mundo voltou a ter cores

 

O orgulho havia se tornado irrelevante

E a afirmação que se está errado

Passou a ser um mantra da felicidade

Os rumos haviam mudado

 

Tudo o que eu disse que faria

Se tornaram apenas palavras de fúria

E dizer o contrário

Nunca foi algo tão bom

 

E novamente, havia motivos pra sorrir

Novamente, havia motivos pra sonhar

Planos estavam sendo feitos

Mudanças se tornaram um grande desejo

 

Assim, a luz entrou na minha vida

Fazendo meu coração bater de novo

Renascendo o melhor de mim

Que havia sido morto na guerra

 

Assim, a vida voltou a brilhar

O mundo voltou a ter sentido

Assim, a felicidade dominou a minha vida

E ela me fez sorrir pela primeira vez na vida

UM OUTRO MOMENTO

 Eu olho pra trás

E vejo o meu coração morrendo

Quando o amor se tornou uma arma

Vejo a minha mente sendo revirada

Num conflito de emoções

Onde a razão não existia

 

Eu vejo pessoas que eu amei

Pessoas que admirei, que me sacrificaria

Virando as armas na minha direção

Porque eu não sigo seus modelos cretinos

E vivo a minha vida

Da forma que eu quero viver

 

Quando as máscaras caem

A realidade é dura pra quem se dedicou

Mas certas linhas jamais devem ser cruzadas

E agora não há mais como voltar atrás

 

Um outro momento de reflexão

E tudo aquilo que foi vivido

Não passou de uma grande ilusão

Mas a vida segue, você querendo ou não

E nada melhor do que aprender com os erros

E ver as pessoas como realmente são

 

E quando vc volta pra estrada, sabendo do seu valor

Você percebe que o caminho a seguir

É muito melhor do que qualquer sofrimento

Que o passado morreu

E as pessoas que estiveram contra você

Caíram pra si mesmas

 

A tristeza de traições é sempre grande

Mas nada substitui uma consciência limpa

Você sabe que fez o melhor que podia

E que tentou ser bom o tempo todo

Até sua mente entrar em colapso

Pois ninguém suporta a dor o tempo todo

 

Um outro momento de felicidade

Pois o mal não dura pra sempre

A vida vai te dar uma nova chance

Nós sempre podemos recomeçar

E corrigir os caminhos errados

Vivendo o sonho que nunca deve morrer

terça-feira, 20 de julho de 2021

DESABAFO – CRISE DE ANSIEDADE

 

O presente texto tem como finalidade apenas um desabafo pessoal. Tratando-se do meu blog, quem não gostar, foda-se.

26 de janeiro de 2018. O dia do nascimento do meu filho. Eu assisti o parto, e nunca pensei que seria um momento de tanta emoção. Foi algo maravilhoso, indescritível. E eu tinha certeza que a partir daquele momento estaria sempre feliz. Eu não poderia estar mais errado.

Os acontecimentos que sucederam o nascimento dele foram algo tão negativo, que eu percebi que nada é tão ruim que não possa piorar. Já relatei aqui algumas vezes sobre os problemas que tive, onde pessoas viraram a cara pra mim (pessoas que eu adorava) porque começou-se uma campanha imensa de difamação, onde foi apontado que eu não ligava pro meu filho. E isso porque as ações em casa eram mais ou menos definida, onde a mãe dele estava com ele o tempo todo, e eu cuidava da casa, da comida, das compras de mercado, de tudo o que precisava fazer na rua. Até comida numa bandeja eu levava.

O ponto central dessa situação, como em todos os casais que têm filhos, é que bebês mamam muito, e o pai não tem leite. Logo, a mãe acaba ficando com ele o tempo todo, o que torna necessário que as demais tarefas sejam assumidas pelo pai. Mas isso nunca foi suficiente. Até porque ela aderiu a uma seita maluca, onde as pessoas criaram leis universais de criação de filhos (inclusive leis que eu discordo veementemente), e passou a tratar aquilo como uma regra obrigatória. E associando a isso, o que talvez seja uma imensa preocupação, ela não saía do lado dele um segundo. Pegar ele no colo, pra mim, era uma provação, porque era uma sombra no meu encalço o tempo todo. E eu odeio isso.

Fora o detalhe que, antes disso, jamais tinha ficado com uma criança no colo. Eu nunca gostei muito de crianças, elas não ronronam nem abanam o rabo. Saber quais emoções sentem não é tarefa fácil. Então tudo foi um aprendizado, na prática.

E aí vieram mais e mais problemas. Ela foi falar pros meus pais que eu não ligava pro meu filho, exclui todos os meus amigos da vida dela de uma hora pra outra, e tivemos um problema gigante entre nós que foi o ponto culminante pra que eu realmente tivesse certeza que viver sozinho era melhor. Mas isso não poderia ser o fim, né? Eu tinha que ser excluído do primeiro aniversário do meu filho, com ajuda dessa mesma seita de malucos, e com participação especial da família dela.

Em um ano meu emocional estava em frangalhos. Pela primeira vez eu tinha pressão alta, com remédios, vários passeios por hospitais, e pela primeira vez eu tinha ameaçado uma pessoa de quebrar a cara se encontrasse (não ela, um dos malucos da seita Jim Jones das tetas). Às vezes ainda sinto essa vontade, apesar do cara ser só um baita trouxa, que comprou a briga só pra ser boi de piranha.

Ao longo dos meses subsequentes, muita provocação. Cada vez que ela voltava pra casa eu recebia mensagens perguntando o que era “o corte no nariz”, depois o “corte no joelho”, o que era a marca de batida na perna... muitas vezes eu nem sabia do que se tratava. Provavelmente ele bateu em algum lugar, mas não era o tipo de criança que chora demais, então muita coisa passou em branco.

E cada vez que ele ficava na minha casa, ou seja, uma vez a cada 15 dias, eu ficava mega preocupado. Era atenção total em cima dele o tempo todo. Na hora do sono, qualquer respiração mais elevada, diferente, uma mexida estranha, eu acordava.

Um dia recebi uma mensagem perguntando “por que eu deixava o pinto dele pra cima na fralda”. Sério. Eu printei isso e mostrei pra muita gente. Tentei fazer a situação parecer engraçada, porque eu fiquei ainda mais tenso. A coisa era uma doença, e eu não sei lidar com isso.

Dois anos depois, apareceu a Adriana. E minha vida finalmente teve motivos pra sorrir. Que mulher! Eu finalmente conheci uma mulher prática, direta, com muita vontade de fazer as coisas darem certo, e que me admirava muito. Aprendi a me conhecer melhor, acreditei mais em mim, e finalmente estava feliz.

Um ano depois, ela conheceu meu filho, e os dois se deram muito bem. A propósito, ele é um garoto adorável. Se da bem com todo mundo, sorridente, divertido. Difícil alguém não gostar dele.

Mas aí as provocações ficaram até piores. Primeiro que o contato com qualquer pessoa do lado dela simplesmente deixou de existir. Eu não entendi muito bem o motivo, mas eu estava seguindo a minha vida, então deixei pra lá. Mas com ela... puta que pariu!

Tudo passou a ser motivo de reclamação. Depois de mais de um ano, fui pra casa do meu pai, em Vinhedo. Minha irmã foi junto, e a Adriana também. Foi um fim de semana ótimo. Ele se divertiu muito no parquinho do condomínio, se deu bem com os avós... foi ótimo. Mas na terça eu recebo a notícia que ele está doente, uma gripe forte. E de repente, nas redes sociais, um bombardeio dessa informação. Inclusive, que a culpa disso era o passeio. Veja bem, o garoto fica na casa da avó durante o dia, com dois tios, uma que trabalha num supermercado, com alta circulação de pessoas, ele vai no cabeleireiro pra fazer um corte horrível, tem contato com as primas que vão pra escola... mas a culpa é do passeio que fez, pela primeira vez em um ano.

Na hora eu não liguei muito. Mas no meio da semana tive fortes dores no peito. Braço palpitando, mal estar... e claro, fui parar na UBS do lado de casa. Uma caralhada de exames, a Adriana em desespero, e os resultados perfeitos. Não estava com nenhum risco físico. Mas uma crise fodida de ansiedade.

Mas nesse meio tempo, uma enxaqueca crônica. Dores horríveis todos os dias, exames, e medição controlada diária. Mais uma vez, exames perfeitos, e as dores nunca passavam. Inclusive eu fiquei com ele em uma dessas crises de enxaqueca. Com uma puta tontura, e um cagaço imenso de perder o equilíbrio e terminar em merda o fim de semana.

Aí começaram as dores de estômago. Muita dor, que também chegava perto da região do peito. Logo, a gastrite também chegou. E com ela, um refluxo absurdo. Eu tinha a sensação que iria vomitar o tempo todo. Na verdade o refluxo ainda hoje não passou. A gastrite melhorou um pouco, e a enxaqueca virou minha companheira diária. A pressão alta também segue firme e forte.

E quase esqueci: nesse meio tempo comecei a tomar remédios pra dormir, porque nessa situação, sono não era algo muito comum na minha vida. E isso foi piorando a merda toda.

No último fim de semana, eu vivi algo maravilhoso. Com a Adriana comigo eu tive um suporte para fazer as coisas que eu precisava, e consegui cuidar dele com calma. Estava feliz, achando que finalmente as coisas estavam no rumo. Minha namorada e meu filho estavam se dando bem, até dançaram! Era um sonho se realizando. Mas durou até à noite.

Quando eu fui devolver o menino pra mim, no único final de semana que eu fui, ao invés dela vir buscar, ele pediu pra eu colocar um celular velho que parei de usar, na bolsa dele. Como a bolsa estava cheia demais, coloquei na minha. Um celular velho, com várias partes quebradas, com durex em duas partes para segurar a bateria, porque a tampa não para mais. E eu coloquei na minha mochila e não na dele. E quando deixei ele na casa da mãe, esqueci desse detalhe. Pra que eu fui fazer isso?

Eu comecei a receber algumas mensagens reclamando. Tentei manter a calma, dizer que ele tem vários brinquedos, que a semana seguinte eu levaria. Mas é óbvio que não adiantou. Mais um monte de reclamações, e a cereja do bolo foram alguns áudios dele chorando... e uma mensagem dúbia no final dizendo que ele estava frustrado (ou algum termo assim), e quando eu disse que ele iria se acalmar, só uma resposta dizendo que sim, ele se acostumaria com a decepção.

Por causa de um celular todo fodido. Pra uma criança de 3 anos e meio, que tem um tablete excelente, uma cacetada de brinquedos e um perfil dele mesmo no Netflix. Depois de passar um final de semana perfeito com o pai, e voltado pra casa da mãe. De repente ele se acostumaria com a decepção. Puta que pariu!

E aí veio o colapso..

 

 

Sinceramente falando, acredito piamente que sou um bom pai. Quando estou com ele sempre cuido o melhor que posso. Dou banho, troco de roupa, limpo a bunda, faço comida, e ele adora comer macarrão quando vem aqui. Uva também sempre pede. Na medida do possível brinco (até onde a hérnia permite). Conto histórias pra dormir. A Adriana acha impressionante o fato de eu não desgrudar dele um minuto. E muita gente já ficou impressionada pelo fato de eu, que não gosto de crianças, ser tão atencioso com ele.

E acho que sou um cara legal pra lidar, porque eu não fico enchendo o saco da mãe. Não fico contestando as coisas que ela decide. Só disse claramente que não quero ele metido com religião enquanto não tiver idade suficiente pra entender. Fora isso, geralmente sou de boa até nas coisas que discordo. Da mesma forma que nunca enchi o saco da mãe pra absolutamente nada que ela faz da vida dela. Na verdade nem tenho ideia do que ela faz atualmente...

Então eu não consigo entender o motivo de tanta encheção de saco. Por que tanta perseguição, tanta reclamação. O menino sempre volta feliz. Sempre pede pra vir pra minha casa. Isso é um bom sinal, não é ? Já recebi uma ligação no fim da noite dele pedindo pra eu buscar, o que não foi possível pelo horário e falta de carro.

Mas, mesmo assim, já tive um monte de gente virando a cara pra mim, já perdi a primeira festa de aniversário dele, sei pouca coisa do que acontece na vida dele, a não ser que eu fique em cima perguntando, e ainda por cima, é pressão total, o tempo todo.

Além das coisas que falei, hipertensão, enxaqueca, gastrite, refluxo, insônia, a crise de ansiedade que veio é estrondosa. Pela primeira vez na vida estou em pânico. Cada vez que eu fico com ele sozinho é um puta desespero.

Eu fico com medo dele se machucar, de se ralar, de se cortar. Tenho medo dele cair e por algum motivo quebrar algum osso. Tenho medo dele ficar doente. Medo dele querer algo e eu não me ligar. Medo de eu ter algum treco e ele ficar sozinho o fim de semana inteiro, porque eu não tenho parentes próximos. Quase todos em outra cidade.

Estar com ele sozinho virou uma fonte imensa de tensão. Não por causa dele. Acho até fácil lidar com ele. Mas essa merda toda, de cobranças exageradas, chantagem emocional, acusações... não da mais. Minha saúde não tem mais tolerância pra esse tipo de coisa.

Eu tive que me afastar do meu filho nos finais de semana que não fico com a Adriana, porque se tornou impossível lidar com essas coisas. Eu tenho plena convicção que estou fazendo o melhor que eu posso, sempre. Inclusive no limite de não me meter na vida dela. Mas ficar tendo esse tipo de tratamento, definitivamente, não da mais.

Podem dizer, foi um erro colossal. Quando você tem filho com a pessoa errada você assume as consequências, Faz parte. Mas tudo tem limite na vida. E no meu caso, minha saúde é que está dizendo que é hora de mudar essa chave e essa postura. Pra mim já ficou muito claro que ou eu mudo minha postura, adotando inclusive um tom bem mais agressivo nesse quesito, ou meu filho acabará crescendo sem nenhum contato com o pai, porque logo eu vou ter um treco.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

MACHO ESCROTO

Eu costumo dizer que conviver com mulheres não é muito fácil, dada a altíssima competitividade e rivalidade que existem entre elas. Poucas vezes vi grupos de mulheres, especialmente nos locais que trabalhei, onde houvesse algum tipo de união, ou mesmo respeito mútuo entre elas.

Mas isso não muda o fato de que essas mesmas mulheres que por alguma razão inexplicável se odeiam, tratam todos os dias com homens repugnantes e com ainda menos respeito por elas.

Uma das coisas que eu menos entendo é uma mulher bonita passar na rua e um monte de homens ficarem olhando igual lobos para cordeiros, virando a cabeça, falando impropérios. É algo absurdamente repugnante e degradante. Obviamente eu acho mulher uma das coisas mais incríveis, lindas e bem feitas da natureza. E por isso costumo tentar tratar a todas com respeito.

Uma das coisas que menos entendo é o fato de homens forçarem a barra pra sexo. Insistência é algo que não entra na minha cabeça. Eu sempre tive muita dificuldade de me envolver sexualmente com uma mulher que demonstra não ter muito desejo por mim. Aquela que está num relacionamento com você e parece estar transando pra cumprir uma obrigação. Definitivamente eu não funciono assim.

Aí eu ouço várias histórias de caras que entram em relações assim, e não estão nem aí pras parceiras. Não só não ligam pra o fato delas não terem alguma excitação por eles, como não se preocupam, quando elas estão excitadas, se irão ou não ter algum tipo de orgasmo com eles. É algo que não faz sentido na minha mente.

E esse lance de sempre estar vigoroso e pronto pro sexo? Você conversando com amigos mais próximos, percebe que isso acontece o tempo todo. Homens também não sentem vontade o dia todo. E tem dia que o cansaço e o estresse vêm com força total. Eu mesmo, como falei, tenho sérios problemas com mulheres frias e indiferentes. Uma mulher que abre as pernas e espera que eu faça tudo é uma certeza que vai dar tudo errado.

E hoje, numa relação extremamente positiva, de parceria e companheirismo, eu tenho a mais absoluta certeza que não existe problema algum em estar pronto o tempo todo. Tem momentos que é mais difícil mesmo. Mas com a parceira certa mesmo tais momentos são superáveis.

Aliás, quando você tem respeito pela sua companheira e ela por você, e existe uma relação com abertura de pensamento, de ideias, onde você pode ser você mesmo, sem precisar que nenhum dos dois seja controlador, agressivo ou dramático (essa é a parte que eu definitivamente mais odeio), as coisas funcionam de forma muito mais legal. Todos os problemas são resolvidos rapidamente, para que ambas as partes estejam sempre bem e felizes.

O que me deixa ainda mais incrédulo na necessidade de homens serem escrotos, controladores e agressivos.

Sem dúvida é um comportamento doente. Às vezes pela mente do próprio homem, às vezes pela própria sociedade. Eu mesmo já conheci mulheres que acreditam que o cara tem que estar sempre com tesão por ela, tem que ser forte, sem medo, provedor, disposto a tudo, e pronto pra brigar por ela. São mulheres que na real são o próprio macho escroto.

E como disse, hoje, numa relação equilibrada, com uma mulher altamente compreensiva e parceira, eu realmente não vejo absolutamente vantagem alguma em se comportar como macho escroto.

 

O FRACASSADO QUE CULPA OS OUTROS

 Você já ouviu alguém falar que funcionário público é tudo vagabundo, que não trabalha, e que determinado setor público é um cabide de emprego? Pois bem, pode ter a mais absoluta certeza que a pessoa que fala isso é um total fracassado na vida. Sem medo de errar.

O que eu tenho visto há muitos anos são pessoas que não têm a menor noção do que ocorre numa repartição pública, quanto se tem de trabalho, quantos funcionários existem, quantos seriam necessários, quais as estruturas, o material disponível. A pessoa simplesmente sai falando merda sem ter a menor ideia do que está dizendo.

Aí você vai ver a condição da pessoa. Geralmente são “empresários” que têm alguma coisa diretamente de casa, trabalhando com um notebook, sem nenhum funcionário, num negócio que ninguém jamais ouviu falar. Uma empresa com um nome totalmente estranho que ninguém sabe ao certo o que é feito ali. E geralmente algum cara que acha que ser empresário é fazer a diferença pelo país, mas quando pensa em colocar algum empregado na empresa, quer que seja estagiário, sem ganhar nada, ou alguém com promessa de ganhos num futuro não muito distante, quando as coisas melhorarem.

O camarada está sempre nessa vida, de casa, sem nenhuma expressividade. Assume os riscos de uma vida com empresa, onde você pode até ter os lucros se as coisas derem certo, e ficar rico. Mas se não derem, você também ficará com os prejuízos ou o aperto da situação.

Mas se não da certo, sempre tem um culpado, que não ele. Ou são somente os políticos que roubam, ou tudo gira em torno da burocracia, ou, como não poderia faltar, a má vontade dos funcionários públicos em aprovar transações ou pedidos. Aí você vai ver o que o cara ta pedindo, são peças totalmente sem sentido, cheias de erros, omissões fiscais, atividade econômica diversa da declarada, erro no cálculo de impostos...

O ser em questão não tem muita criatividade, não tem uma grande ação em busca de clientes, faz o que todo mundo faz, não sabe redigir textos e vive divulgando informações falsas, vinda de algum outro empresário que lucra horrores com a desigualdade social e com a pobreza.

Jamais assume seus erros. Não aprende com seu próprio fracasso, e sempre tem alguém pra culpar. Essa é a receita do empresário fracassado, conhecido como ninguém, que pra tentar se sentir alguém na vida, tenta prejudicar e diminuir os outros. Sempre alguém tem que ser penalizado pela incompetência dele. Quem depois de algum tempo de total inutilidade e perdas, vai virar coaching e fazer palestras, tentando ensinar pra todo mundo o segredo do sucesso que ele nunca teve.

Em resumo, o protótipo da pessoa fracassada, que nunca foi nada, nunca chegou a qualquer objetivo, mas sempre coloca a culpa nos outros. E sempre será um grande fracassado.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

NEGACIONISMO – A ONDA QUE MATA

Quando começou toda a palhaçada do movimento anti-vacina e terraplanismo, eu realmente achei que tínhamos um pequeno grupo de imbecis que sabe-se lá de qual bunda tiraram algumas conclusões absurdamente estapafúrdicas e saíram propagando como forma de aviso ao mundo. Muitas delas trazidas pelo tenebroso astrólogo falido, Olavo, que produzia vídeos risíveis.

Mas a coisa ganhou proporções inimagináveis. E elegeu um maluco para governar o país.

O movimento anti-vacina começou com ideais de que a vacina trazia autismo. Pelo que pude pesquisar, um médico trouxe essa pesquisa científica, sem nenhuma base sólida, tendo sua autorização cassada por estudos fraudulentos. Mas as ideias permaneceram vivas, apesar desse maluco.

No Brasil, como toda e qualquer ideia cretina, ganhou popularidade e fez com que diversas doenças já erradicadas, como o sarampo, tivessem um surto, em pleno século XXI. Mães deixaram de vacinar seus filhos, e com isso uma ampla gama de pessoas voltou a ter paralisia infantil, doenças graves, mortes precoces...

E aí no nosso país tivemos dois graves problemas. Além do movimento anti vacina, que agora ganha força em uma massa de pessoas, ainda há o mesmo grupo, que trata a pandemia do COVID como uma farsa, ou uma doença de proporções menores.

No último caso, graças a ideias propagadas por um maluco que ocupa a cadeira de presidente, assim como seu guru farsante, o número de pessoas que trata a pandemia mais mortal nos últimos cem anos como algo irreal é inacreditável. Essas pessoas deixam de acreditar numa quantidade imensa de estudos científicos, testes, uma vasta gama de estudos publicados, bem como estudos de caso, para tratar o vírus como algo produzido em laboratório, com intuito de levar a economia global ao controle de um único país.

Mais de 2 milhões de seres humanos perderam a vida com essa doença, sendo, em um ano, aproximadamente 320 mil brasileiros, em 1ª de abril de 2021 (da pra dizer que é mentira). Mas mesmo assim essa galera delirante continua dizendo que não é tudo isso. Muitos tentam trazer matérias delirantes que os números foram contados errados, imagens montadas de caixões sendo enterrados vazios, entre tantas outras maluquices.

A propagação da ideia de que cloroquina seria o remédio perfeito para esse mal (que não se esqueçam, não é tudo isso) virou a regra. Mais uma vez, centenas de estudos e testes mostraram que o efeito, até tempos atrás era nulo. O remédio tinha o mesmo efeito de tomar um copo de coca cola ou se benzer com folhas de bananeira. Mas mesmo assim usavam esses argumentos para, com o máximo delírio do mundo, dizer que isso comprovava que ninguém provava que não funcionava (da pra entender o nó?).

Mas o pior é que esse medicamento começou a ter efeitos contrários até mesmo ao efeito placebo. Recentemente um grupo enorme de médicos começou a alertar sobre a carga excessiva despejada no fígado, o que tem levado a um grupo enorme de pessoas agora precisando de transplante de fígado. Atualmente o MP está investigando a rede da Prevent Senior, depois que essa rede de lunáticos está indicando pra qualquer um com mínimos sintomas e trazendo graves problemas para um grande grupo de pessoas.

Algumas pessoas dizem que tomaram e se curaram. Provavelmente teriam se curado se tivessem engolido esperma. Ou comido fezes. Teriam se curado cheirando o pescoço do gato de estimação, jogando fumaça de escapamento no nariz... incrivelmente as pessoas não param para estudar o que é essa doença. A taxa de letalidade está em cerca de 3%, o que significa que os demais poderão ter efeitos da doença, mas irão sobreviver, com ou sem cloroquina. E os casos de pessoas negacionistas, inclusive políticos brasileiros, mortos pela doença, mesmo usando o medicamento, salta aos olhos.

E pra fechar com chave de merda essa insanidade, agora começam a colocar empecilhos contra a vacina. Essa não tem comprovação científica, segundo os negacionistas. Traz efeitos colaterais, implanta chip pra conseguir seguir todo mundo (provavelmente essas pessoas não usam celular ou computador), transformam em jacaré, matam... um show de horrores. Enquanto os países que estão vacinando em massa começam a ter o número de doentes e mortos cada dia mais diminuto.

Podemos estender a ideia desses negacionistas para o argumento inexplicável que a Terra é plana ( o que ganhou um documentário delirante na Netflix), ou que as eleições dos EUA foram fraudadas por causa dos votos dos Correios (apesar de ser algo comum lá há muitos anos), ou a mais legal de todas, que há uma Nova Ordem Mundial que quer dominar o mundo com o comunismo, transformando todo mundo em escravo (devo admitir que uma ex namorada minha acreditava nessa doideira). De onde vem isso? Sabe aquele lance de você ligar o tipo de latido de cachorro com uma substância nova que colocaram na ração dele, e juntar um monte de casos de cães agressivos que mataram os próprios donos, mas que respondem a um tipo de apito específico, sendo treinados para obedecer comandos dos grandes líderes mundiais? Pois é, eu inventei isso agora, mas o tipo de argumento vai muito por aí.

São pessoas com baixíssima capacidade cognitiva, sem dúvida. Não conseguem buscar fontes de informação para confrontar essas “informações”. E defendem com unhas e dentes essa insanidade. Quando todas as demais fontes mostram que isso é uma doença mental coletiva, dizem que é tudo uma conspiração da grande mídia pra fazer com que o poder seja mantido nas mãos de quem tem esse interesse. Eu sempre desconfiei que a Globo fosse comunista.

 

terça-feira, 2 de março de 2021

AUXÍLIOS, BOLSAS E A ECONOMIA

 

Quando o PT estava no poder uma das coisas mais criticadas era o bolsa família. Um programa feito para pessoas extremamente pobres, num valor ínfimo de menos de R$200 para garantir um mínimo de sobrevivência. As pessoas que não precisavam dele reclamavam que sustentavam pessoas que não queriam trabalhar (vagabundos, segundo as críticas), que isso era um estímulo à preguiça e a ser sustentado pelo governo. Hoje, tendo praticamente eliminado esse programa, fica claro o quanto essas pessoas são imbecis.

Antes desse programa o índice de pessoas na extrema pobreza era assustador no Brasil. Depois disso, o país saiu do mapa da fome e tivemos excelentes saltos na economia, tanto em nível macro, quanto micro. Muita gente evoluiu, mesmo pessoas das classes médias e alta.

Não tenho interesse em fazer propaganda de partido, pois o programa incluiu negociações entre congressistas, mudanças em outros já existentes, alterações de nomes e reconhecimento mundial. Minha defesa aqui é desse tipo de auxílio, bem como de programas de renda mínima.

E isso não tem nada a ver com comunismo ou socialismo. Esse programa é altamente capitalista, e muito bom pra economia. Dentro do capitalismo você precisa de pessoas que consumam. E pra isso as pessoas precisam ter dinheiro, e renda. Quanto menos tiverem, mais vão ficar no básico. E isso significa que empresas que tragam serviços e produtos não essenciais, tendem a ter menos clientes se menos gente tiver renda.

Dessa forma, esse tipo de programa não ajuda somente os mais pobres. Ajuda o comércio como um todo. E um mercado de bairro, por exemplo, que tenha um mercado consumidor maior, vai adquirir mais mercadorias pra colocar à venda, e vai girar alguns fornecedores pra que entreguem esses produtos. Esses fornecedores por sua vez precisarão adquirir ou produzir mais, comprar mais, ter mais funcionários e fazer o dinheiro chegar em outras empresas. Essa lógica pra mim parece muito óbvia.

E agora com a pandemia isso é claríssimo. As pessoas estão sem dinheiro, o consumo diminuiu, o índice de falência explodiu, mais e mais gente abaixo da linha de pobreza, e tudo ficando muito caro. É inegável que o dinheiro precisa circular. Fora que você ver um monte de gente morrendo na miséria e não se comover, mostra muito sobre quem é você.

Acredito que programas de renda mínima deveriam ser permanentes. Quanto mais consumidores, mais gira o mercado, e mais impostos podem ser recolhidos. O que o governo gastaria com esses programas tende a retornar em forma de tributos. E isso poderia inclusive aumentar a arrecadação do Estado. O que me parece bastante lógico, também.

Muitos reclamam de não ter contrapartida. Nesse sentido acho as reclamações muito válidas. Seria interessante ter como obrigação para os beneficiários a matrícula em cursos profissionalizantes, isso considerando que tenham terminado minimamente o segundo grau. Se não for o caso, terminar os estudos básicos. E sendo um profissional em algo, possivelmente teria mais chances de ser inserido no mercado de trabalho, e dispensar num futuro não distante os auxílios.

Também é preciso ficar atento às fraudes. Infelizmente ocorrem, em até grande quantidade. Muita gente que não precisa acaba fazendo uso pra proveito próprio. Mas isso não pode ser um motivo pra generalização. Aqui temos pilantras em todas as áreas, e nem por isso amaldiçoamos todas. Precisamos apenas manter uma boa fiscalização pra fazer a renda chegar em quem realmente precisa.

E isso não deveria ser a política de um partido. Isso é política de Estado. E faz parte dos objetivos constitucionais do país, o combate à pobreza. Não é interessante pra uma comunidade ter cidadãos nessa situação, na miséria. E não é humano ver as pessoas assim e não fazer nada.

BBBOSTA E OS REALITYS – A BARBÁRIE INSTALADA

 

Em 2005 foi minha única experiência com o Big Brother. Morando temporariamente na casa do Igor, a mãe dele assistia o programa. E umas duas ou três vezes sentado no sofá eu assisti com ela. Nunca inteiro, porque eu realmente não conseguia entender como alguém poderia perder preciosos minutos da vida assistindo aquela porcaria. Depois disso, nunca mais tive contato. Até 2020.

As pessoas que assistiam tinham uma certa vergonha de admitir tão abertamente. Em geral, eu não tenho nada contra que escolha assistir. Existem muitos programas incrivelmente ruins na televisão, e todo mundo acaba assistindo um ou outro, até porque se manter no mundo real, com os fatos do dia a dia, especialmente hoje, deixam qualquer um maluco. Mas porra, precisa mesmo colocar isso como assunto? Precisa ficar comentando, fazendo torcida aberta, postando, fazendo vídeos?

Bom, mas o fato aqui é mostrar porque eu odeio esse programa, e porque gostaria de não saber que ele sequer existe.

Pra começar, eu nunca entendi muito bem essa fascinação das pessoas pela vida alheia. Eu sou um cara que escolhei mudar sozinho, que gosta de ter uma rotina própria, privacidade, seguir as próprias regras. Raramente recebo visitas em casa, e em geral não faço nada muito extravagante na casa dos outros, porque eu não acho legal interferir na vida de ninguém. Por que caralhos eu vou achar legal ficar vigiando a suposta vida de alguém?

Desde quando ficar vendo a vida cotidiana de um grupo de pessoas dentro de uma casa, como se fosse uma prisão, ficou legal? Talvez num filme, numa mini série, tivesse lá algum valor. Mas sei lá quanto tempo, uma puta muvuca sendo filmada, tendo que obedecer regras estúpidas e conviver com pessoas diferentes pra caralho. Eu só posso considerar isso como um filme de terror.

Além disso, existe nesse tipo de programa algo que eu abomino completamente, que é o julgamento público. Como jurista, sou contrário ao júri, que é previsto constitucionalmente. Imagina um monte de gente leiga julgar os atos das pessoas! Eu vejo um monte de gente comentar atos de alguns integrantes do programa (não me peçam nomes. Nem na vida real eu sou bom em fixar). Já pararam pra pensar que vocês estão julgando comportamentos que vocês consideram inadequados em um espaço de tempo determinado, em uma experiência que pra qualquer pessoa normal é altamente estressante? É isso mesmo que podemos chamar de legal?

E fora isso, vamos falar a verdade, isso é bárbaro. Existe pouquíssima diferença para com os gladiadores e as execuções romanas. Lá, um bando de pessoas eram colocadas na arena, e depois de uma batalha, os sobreviventes tinham a piedade decidida pelo povo. Esse programa é exatamente isso. Nosso instinto mais bárbaro e cruel é colocado toda hora, pra escolher quem é “eliminado”. E essa é a pessoa que não se enquadra em conceitos gerais sociais. As pessoas escolhem quem elas querem que seja exterminada! Que porra de diversão maluca é essa?

Fora que existe um ambiente controlado, onde as pessoas são forçadas a fazerem coisas pra ganhar pontos, serem líderes (é esse o termo, né?), evitarem o julgamento do público. É um “jogo” doentio, onde o importante é mostrar que você é melhor, ou o outro é pior. Os participantes podem usar qualquer tática pra tentar jogar os adversários pra cova dos leões. O objetivo do jogo é você destruir seu adversário. Mas não num jogo normal, como futebol, vôlei, e até MMA, onde você vence, e depois abraça seu oponente. Ali o objetivo é fazer o cara parecer o vilão. E essa imagem aos olhos do público dificilmente muda.

Eu não conheço nenhum reality show onde haja colaboração e trabalho em comunidade. E os que fazem isso têm como objetivo apenas ganhar os pontos citados para serem considerados os grandes heróis. Já vi programas em que as pessoas têm que fazer estripolias com a voz para serem consideradas cantores adequados e terem aval dos jurados ou do público. Outros a pessoa tem que fazer comida do jeito que alguns jurados, extremamente arrogantes e agressivos, acham legal. Sério, se alguém vier com aquele jeito quando eu estiver cozinhando, termina com a colher enfiada no cu e engolindo os dentes.

Esses “jogos” são bárbaros, altamente agressivos, totalmente individualistas, e não correspondem em nada com a realidade. Já vi gente dizer que é uma fonte de estudos para comportamento humano. Num ambiente controlado, onde o estresse é provocado pra ter audiência? Quem se comporta dessa forma? Eu já vi crianças correndo e derrubando amiguinhos pra atender um telefone, não adultos. E geralmente quando uma mulher faz um prato e o marido esculacha o que ela fez, temos um claro caso de relacionamento abusivo. Ali os jurados são deuses.

Não há nada de positivo nesses programas. Eu considero o BBB o pior programa da história da televisão, disparado. Em seguida, os demais realitys. Existe hoje com crianças, algo que eu jamais permitiria que meu filho participasse. Se as pessoas querem usar esse negócio pra entretenimento, por mim tudo bem. O que falta é saber que isso é lixo puro, e serve apenas para entreter. Não traz qualquer associação com a realidade, não revela qualquer problema social, e ainda nos últimos anos tem distorcido problemas importantíssimos da sociedade.

Se você quer ver essa merda, seja feliz. Mas pare de encher o saco de quem escolheu não fazer parte desse circo de horrores.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

DOUTRINAÇÃO RELIGIOSA INFANTIL

 

Se você tivesse nascido no Irã, provavelmente nesse momento você estaria defendo a deia de Alá, e jamais falaria a favor de Jesus Cristo. Isso porque a grande maioria das pessoas nesse país é muçulmano, sendo outras religiões, inclusive o cristianismo, como a ínfima minoria.

Da mesma forma, se seu nascimento tivesse dado em Israel, possivelmente você seria judeu. A chance de fazer parte de outro credo seria muito pequena, uma vez que nesse país a maioria das pessoas é judia.

Nesse sentido fica clara a influência de gerações anteriores para que as que vêm em sequência sigam a religião dos pais. No caso do Brasil, um país onde a maioria das pessoas é cristã, seja católica ou evangélica, a esmagadora maioria dos bebês que nascem hoje serão cristãos no futuro. Uma pequena parte conseguirá fugir da influência dos pais e seguir um caminho da qual ele mesmo escolha.

Isso ocorre devido à doutrinação religiosa. Você desde pequeno é doutrinado a seguir as mesmas ideias de seus pais. Eles te levam pra igreja, te fazem ler livros cristãos, filmes cristãos, participam de reuniões cristãs. Você entra nesse mundo como se fosse verdade absoluta, e quando chega a uma determinada idade, está tão enraizado na sua vida, que você simplesmente não consegue aceitar como possível nenhuma outra ideia.

Em pequenos atos você já é doutrinado ao cristianismo aqui. Seus pais te falam pra ficar com deus, falam de papai do céu, falam da ideia do cara mal, que é o demônio, assim como todos os monstros que foram por ele criado. E você vai criando esse mito na sua cabeça como verdade absoluta.

Não sei se você já tentou ensinar biologia para o seu filho. Pode ser teoria da evolução das espécies, como funciona os cromossomos, como é a reprodução humana… provavelmente seu filho vai ficar fascinado com o que você está falando, mas não vai entender absolutamente nada, uma vez que tal pensamento é completamente abstrato e inatingível para a idade que ele tem. O que te faz pensar que a ideia de um deus pode ser diferente?

Se você tentar agora definir o que é deus, e começar a perguntar para os seus amigos, as ideias provavelmente serão diferentes entre si. Filósofos ao longo da existência humana tentaram e o fizeram, e obtivemos centenas de possibilidades diferentes. A própria existência de deus tem essa característica. Mutias justificativas feitas com exercício mental, inclusive como aposta.

Uma criança ainda não desenvolveu toda essa capacidade de raciocínio pra analisar de forma estruturada e minimamente lógica todos os argumentos, tentando chegar a uma conclusão por si só. Ela será como um papagaio, que irá repetir cada frase que você disser, sem a menor preocupação sobre o sentido disso. E se você a levar na igreja, e ela fizer amigos e puder se divertir, vai ser um local legal, que ela sempre vai querer voltar. Pode não fazer nenhum sentido lógico aquela pregação, mas enquanto tiver diversão, tudo vale a pena.

Por isso sou completamente contrário a qualquer tipo de doutrinação religiosa a crianças. E desde antes do meu filho nascer foi um ponto onde deixei claro que jamais aceitaria que fizessem isso com ele. E já tive que combater algumas tentativas. E no fundo é fácil, uma vez que enquanto alguns dizem pra ele ficar com deus, eu posso dizer que deus não existe. Ele vai repetir ambas as frases, e deixar algumas pessoas na saia justa. E pelo menos terá contato com ambos os pontos de vista. Mas claro, os cristãos não gostam que se conteste a existência de seus deus de formas humanas, com sentimentos humanos, o que os traz um problema: continuar tentando doutrinar e ter que combater a tentativa de uma doutrinação ateia, ou deixar pra depois, ele ter a capacidade de escolher o que quer seguir, conhecendo diversos tipos de crendices ou não? Pra mim a ameaça já garante que ninguém vai tentar doutrinar meu filho.

Você pode seguir o que quiser. A crença é algo pessoal, e se você for uma ser pensante, resultado de reflexão, vivência e conhecimento. E você pode seguir o que quiser, viver o que quiser. Mas não tente empurrar isso pra ninguém. Todo mundo tem o direito de fazer o que achar melhor. Eu tenho lembranças péssimas dessa imposição. Já me fizeram ir num centro espírita, totalmente contra a minha vontade, ainda na infância, e lembro que foi uma das coisas que fiz com mais ódio na minha vida. Se bobear isso ajudou a aumentar minha raiva contra a merda que eu considero religiões. Foi só uma vez, mas eu fiquei tão bravo, e reclamei tanto, que nunca mais tentaram repetir a dose. Fora que eu comecei a pensar duas vezes em voltar a ir pra casa dos parentes que me infernizaram nesse sentido.

As pessoas devem crescer livres pra escolher o próprio caminho, e terem suas próprias experiências. Forçar a barra numa tentativa de tirar essa possibilidade é cortar as asas de quem poderia ter uma vida de grandes voos.


COLO É SINAL DE AFETO?

 

Eu estava tentando lembrar se tinha escrito sobre esse tema, uma vez que fez parte da minha vida há cerca de três anos. E não apenas parte de uma forma intelectual, com debate de ideias. Isso se transformou num dos piores pesadelos que já vivi, e me fez passar por alguns dos piores momentos que achei que jamais teria que viver; Consequentemente, isso me fez ter uma opinião bem forte quanto ao assunto, com um ódio irrestrito. Mas acredito que dá pra tentar abranger com um meio termo.

Há cerca de três anos fui apresentado ao tema “criar um bebê no colo em tempo integral” à fórceps. Não foi uma conversa pra ver os argumentos lógicos e tentar entende os prós e contras. Foi algo enfiado goela abaixo, na qual eu sempre me posicionei contrário.

Segundo os defensores dessa teoria, um bebê precisa de conforto e segurança, e se sentirá amado e terá possibilidade de crescer de forma mais equilibrada e emocionalmente estável, se for criado no colo dos pais durante toda a primeira infância. Algumas ideias, introduzidas por psicólogos, defendem que é a forma de carinho inicial e essencial para que os seres humanos se sintam amados e acolhidos pelos pais.

Começando pela área de psicologia, da qual não sou formado, mas um curioso, acho que direcionar seu comportamento para uma única teoria, defendida por um pequeno grupo de profissionais, é insanidade. Existem diversas linhas na psicologia, algumas que se colocam frontalmente contrárias a outras, que deixam claro que não existe uma definição total sobre o comportamento humano. Há várias correntes, com defesas diferentes. E sendo uma ciência que estuda o comportamento e a mente das pessoas, sem uma comprovação científica definitiva, fica difícil dizer de uma vez quem tem razão.

Por outro lado, analisando a vida das pessoas, eu realmente chego à conclusão que essa teoria tem a mesma validade da que defende que certos chás fazem as pessoas encontrarem a verdade para todos os problemas da vida. Isso sai de onde?

Essas pessoas leram isso em artigos de psicologia, e tomaram como uma religião. E religião é o que sabemos, você acredita apesar de tudo, e pratica contra qualquer evidência ou argumento. E quem se colocar contrário a isso é um infiel que está tentando te levar para o lado sombrio. E digo isso porque foi exatamente o que eu vivi. Essas pessoas se assemelhavam a uma seita, típica de um Jim Jones. E todos aqueles que criticavam essa ideia eram inimigos de morte.

O resultado não poderia ser outro. Brigas, mágoas e problemas.

Eu entendo que como uma ideia, ela pode ser colocada em pauta e as pessoas podem manifestar as opiniões para chegarem a um veredito. E como qualquer ideia sem comprovação científica, especialmente quando se fala de comportamento, algumas pessoas acharão legal, e outras não. Da mesma forma que algumas irão entender como pontos positivos e negativos. No começo eu até via assim, com algumas partes legais. Mas conforme fui entrando em conflito com essas pessoas, passei a odiar mortalmente essa teoria.

Basicamente me coloco contrário porque ela não faz qualquer sentido lógico. Não da pra entender os anos inciais de uma pessoa como definitivos com a ideia de se sentirem amadas, desconsiderando absolutamente tudo o que representa colo. Os pais podem ser carinhosos com os filhos, alimentá-lo muito bem, manterem a higiene, levar pra passear, manter contato com animais, mas deixá-lo no berço, na cama, ou no chão. Eu conheci várias histórias de crianças que nem ao menos gostavam de colo. E várias outras que foram acostumadas no berço desde pequenas e eram altamente risonhas e afetivas com os pais, que também eram assim.

Por outro lado, esses “estudos” feitos com bebês sobre o tema eram altamente inconclusivos. E eu digo isso porque recebi uma porrada deles na época, na tentativa de defesa do assunto, e li um por um. Eles não apresentam a vida completa dessas crianças. Eu não sei se foram pessoas de sucesso financeiro, se foram grandes líderes, se foram bons profissionais, se tiveram bons relacionamentos, em qualquer se seja o âmbito, se tiveram boas famílias, bem estruturadas.

Mas pelo contrário, eu sei que crianças que cresceram com bons exemplos, recebendo boas informações, em ambientes familiares saudáveis, felizes, com bom estudo, alimentação balanceada e um bom nível cultural, essas tiveram em geral grande chance de serem bem sucedidas na vida. Independente se estavam no colo ou no chão, durante a infância.

Basicamente, essa ideia de criar crianças no colo é um exercício de fé. Você acredita que isso é assim, pega meia dúzia de artigos para tentar embasar e vai na sua jihad contra tudo e contra todos. É igual aqueles exercícios de física, onde você despreza a lei da gravidade, o peso dos corpos, atrito com outros corpos e o a velocidade do vento, tudo pra chegar no resultado que você quer.

E tudo isso arrumando um monte de brigas com quem quer que seja contrário ao que você pensa.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PREGAÇÃO DO ÓDIO

 

Com a ascensão da extrema direita, especialmente ao poder em alguns países, foi colocado novamente em pauta a liberdade de expressão ilimitada. Isso porque nos EUA e uma regra de ouro. Você pode ser racista, machista, homofóbico, apoiador do holocausto, apoiar extermínio de populações, mas mesmo assim você nunca incorrerá em crime, porque tem o direito de aderir a tais narrativas.

Vi uma história interessante de um advogado, judeu, vítima do holocausto nazista, que defendeu uma manifestação de neo nazistas em um território de vítimas do nazismo, alegando que estaria apoiando a total liberdade de expressão, mesmo que tenham sido de assassinos.

Bom, vou me colocar imediatamente contrário a tudo isso. Acredito sim que temos que nos posicionar em todos os sentidos, que temos que ouvir o lado contrário e tentar uma convivência pacífica em todas as áreas do conhecimento humano. Mas jamais quando essa parte contrária prega o extermínio ou a violência contra nós, ou contra qualquer outro grupo;

Vou me ater, como exemplo, ao racismo. Existem supremacistas brancos, que infelizmente sentiram confiança para colocarem sua opinião em pauta com seres desprezíveis, como Trump e Bolsonaro. Essas pessoas acreditam que têm o direito de não gostar de pessoas negras, bem como não aceitar que negros venham a fazer parte de suas famílias, casando com parentes, especialmente filhos.

Em geral, você pode não gostar do que você quiser. Provavelmente você estará fechando seu mundo para conhecer pessoas bacanas. Mas ainda assim é seu direito, ainda mais segundo um aspecto altamente genérico e desprovido de qualquer possibilidade argumentativa ou científica. E num caso como esses, você tem o direito de jamais ter qualquer tipo de relação afetiva com uma pessoa negra.

Mas jamais poderá pregar contra essas pessoas. A partir do momento que você faz isso, você está criando uma narrativa de ódio contra um grupo de pessoas, baseado no seu gosto pessoal. Muita gente irá entender que negros são parte nociva de uma sociedade, e passará a evitá-los. Pessoas deixarão de contratar negros em suas empresas, passarão a tratá-los de forma inferior em seu comércio. E principalmente, irão pensar em atentar contra suas vidas, ou contra sua integridade.

E o resultado disso é bem evidente. Os negros, baseado em uma ideia de inferioridade de raça, foram tornados escravos e tiveram gerações inteiras torturadas pela cor de sua pele, e por este ser o discurso oficial. Até hoje os índices de violência contra pessoas apresenta um número infinitamente maior de negros em praticamente todos os lugares do mundo. Em países subdesenvolvidos os salários de negros são inferiores aos de brancos. A possibilidade de acesso a educação de qualidade é muito menor.

Se você analisar outros grupos, como gays, mulheres, ateus, portadores de deficiência, ou qualquer outro que seja alvo de agressão psicológica, colocados como inferiores por algum outro grupo, você vai ver que os índices de violência são alarmantes. E com a ascensão da extrema direita ao poder, ou mesmo a simples propagação desse tipo de discurso, a coisa ficou muito pior.

Sendo assim, você pode não gostar do que você quiser, mas jamais, com base apenas no seu gosto pessoal, pregar que todos também não gostem.

Vamos dar um exemplo de chocolate. Não é muito comum, mas qualquer pessoa pode não gostar de chocolate. Ou de algum tipo de chocolate. E aí você pode até dizer, quando perguntado, que não gosta. Mas jamais poderia proibir a venda baseado exclusivamente nisso. A não ser que você consiga bancar um estudo científico global, amparando em pesquisas conceituadas, que provem que o referido doce é altamente perigoso para a saúde.

Qualquer expressão que tenha como foco o ódio irrestrito a grupos de pessoas, e o estímulo social a que outras pessoas também odeiem, não é opinião, é discurso de ódio. E pode levar ao assassinato de seres humanos pelo simples fato de não gostarem de quem eles são. E devem ser severamente combatidos.