segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

DOUTRINAÇÃO RELIGIOSA INFANTIL

 

Se você tivesse nascido no Irã, provavelmente nesse momento você estaria defendo a deia de Alá, e jamais falaria a favor de Jesus Cristo. Isso porque a grande maioria das pessoas nesse país é muçulmano, sendo outras religiões, inclusive o cristianismo, como a ínfima minoria.

Da mesma forma, se seu nascimento tivesse dado em Israel, possivelmente você seria judeu. A chance de fazer parte de outro credo seria muito pequena, uma vez que nesse país a maioria das pessoas é judia.

Nesse sentido fica clara a influência de gerações anteriores para que as que vêm em sequência sigam a religião dos pais. No caso do Brasil, um país onde a maioria das pessoas é cristã, seja católica ou evangélica, a esmagadora maioria dos bebês que nascem hoje serão cristãos no futuro. Uma pequena parte conseguirá fugir da influência dos pais e seguir um caminho da qual ele mesmo escolha.

Isso ocorre devido à doutrinação religiosa. Você desde pequeno é doutrinado a seguir as mesmas ideias de seus pais. Eles te levam pra igreja, te fazem ler livros cristãos, filmes cristãos, participam de reuniões cristãs. Você entra nesse mundo como se fosse verdade absoluta, e quando chega a uma determinada idade, está tão enraizado na sua vida, que você simplesmente não consegue aceitar como possível nenhuma outra ideia.

Em pequenos atos você já é doutrinado ao cristianismo aqui. Seus pais te falam pra ficar com deus, falam de papai do céu, falam da ideia do cara mal, que é o demônio, assim como todos os monstros que foram por ele criado. E você vai criando esse mito na sua cabeça como verdade absoluta.

Não sei se você já tentou ensinar biologia para o seu filho. Pode ser teoria da evolução das espécies, como funciona os cromossomos, como é a reprodução humana… provavelmente seu filho vai ficar fascinado com o que você está falando, mas não vai entender absolutamente nada, uma vez que tal pensamento é completamente abstrato e inatingível para a idade que ele tem. O que te faz pensar que a ideia de um deus pode ser diferente?

Se você tentar agora definir o que é deus, e começar a perguntar para os seus amigos, as ideias provavelmente serão diferentes entre si. Filósofos ao longo da existência humana tentaram e o fizeram, e obtivemos centenas de possibilidades diferentes. A própria existência de deus tem essa característica. Mutias justificativas feitas com exercício mental, inclusive como aposta.

Uma criança ainda não desenvolveu toda essa capacidade de raciocínio pra analisar de forma estruturada e minimamente lógica todos os argumentos, tentando chegar a uma conclusão por si só. Ela será como um papagaio, que irá repetir cada frase que você disser, sem a menor preocupação sobre o sentido disso. E se você a levar na igreja, e ela fizer amigos e puder se divertir, vai ser um local legal, que ela sempre vai querer voltar. Pode não fazer nenhum sentido lógico aquela pregação, mas enquanto tiver diversão, tudo vale a pena.

Por isso sou completamente contrário a qualquer tipo de doutrinação religiosa a crianças. E desde antes do meu filho nascer foi um ponto onde deixei claro que jamais aceitaria que fizessem isso com ele. E já tive que combater algumas tentativas. E no fundo é fácil, uma vez que enquanto alguns dizem pra ele ficar com deus, eu posso dizer que deus não existe. Ele vai repetir ambas as frases, e deixar algumas pessoas na saia justa. E pelo menos terá contato com ambos os pontos de vista. Mas claro, os cristãos não gostam que se conteste a existência de seus deus de formas humanas, com sentimentos humanos, o que os traz um problema: continuar tentando doutrinar e ter que combater a tentativa de uma doutrinação ateia, ou deixar pra depois, ele ter a capacidade de escolher o que quer seguir, conhecendo diversos tipos de crendices ou não? Pra mim a ameaça já garante que ninguém vai tentar doutrinar meu filho.

Você pode seguir o que quiser. A crença é algo pessoal, e se você for uma ser pensante, resultado de reflexão, vivência e conhecimento. E você pode seguir o que quiser, viver o que quiser. Mas não tente empurrar isso pra ninguém. Todo mundo tem o direito de fazer o que achar melhor. Eu tenho lembranças péssimas dessa imposição. Já me fizeram ir num centro espírita, totalmente contra a minha vontade, ainda na infância, e lembro que foi uma das coisas que fiz com mais ódio na minha vida. Se bobear isso ajudou a aumentar minha raiva contra a merda que eu considero religiões. Foi só uma vez, mas eu fiquei tão bravo, e reclamei tanto, que nunca mais tentaram repetir a dose. Fora que eu comecei a pensar duas vezes em voltar a ir pra casa dos parentes que me infernizaram nesse sentido.

As pessoas devem crescer livres pra escolher o próprio caminho, e terem suas próprias experiências. Forçar a barra numa tentativa de tirar essa possibilidade é cortar as asas de quem poderia ter uma vida de grandes voos.


COLO É SINAL DE AFETO?

 

Eu estava tentando lembrar se tinha escrito sobre esse tema, uma vez que fez parte da minha vida há cerca de três anos. E não apenas parte de uma forma intelectual, com debate de ideias. Isso se transformou num dos piores pesadelos que já vivi, e me fez passar por alguns dos piores momentos que achei que jamais teria que viver; Consequentemente, isso me fez ter uma opinião bem forte quanto ao assunto, com um ódio irrestrito. Mas acredito que dá pra tentar abranger com um meio termo.

Há cerca de três anos fui apresentado ao tema “criar um bebê no colo em tempo integral” à fórceps. Não foi uma conversa pra ver os argumentos lógicos e tentar entende os prós e contras. Foi algo enfiado goela abaixo, na qual eu sempre me posicionei contrário.

Segundo os defensores dessa teoria, um bebê precisa de conforto e segurança, e se sentirá amado e terá possibilidade de crescer de forma mais equilibrada e emocionalmente estável, se for criado no colo dos pais durante toda a primeira infância. Algumas ideias, introduzidas por psicólogos, defendem que é a forma de carinho inicial e essencial para que os seres humanos se sintam amados e acolhidos pelos pais.

Começando pela área de psicologia, da qual não sou formado, mas um curioso, acho que direcionar seu comportamento para uma única teoria, defendida por um pequeno grupo de profissionais, é insanidade. Existem diversas linhas na psicologia, algumas que se colocam frontalmente contrárias a outras, que deixam claro que não existe uma definição total sobre o comportamento humano. Há várias correntes, com defesas diferentes. E sendo uma ciência que estuda o comportamento e a mente das pessoas, sem uma comprovação científica definitiva, fica difícil dizer de uma vez quem tem razão.

Por outro lado, analisando a vida das pessoas, eu realmente chego à conclusão que essa teoria tem a mesma validade da que defende que certos chás fazem as pessoas encontrarem a verdade para todos os problemas da vida. Isso sai de onde?

Essas pessoas leram isso em artigos de psicologia, e tomaram como uma religião. E religião é o que sabemos, você acredita apesar de tudo, e pratica contra qualquer evidência ou argumento. E quem se colocar contrário a isso é um infiel que está tentando te levar para o lado sombrio. E digo isso porque foi exatamente o que eu vivi. Essas pessoas se assemelhavam a uma seita, típica de um Jim Jones. E todos aqueles que criticavam essa ideia eram inimigos de morte.

O resultado não poderia ser outro. Brigas, mágoas e problemas.

Eu entendo que como uma ideia, ela pode ser colocada em pauta e as pessoas podem manifestar as opiniões para chegarem a um veredito. E como qualquer ideia sem comprovação científica, especialmente quando se fala de comportamento, algumas pessoas acharão legal, e outras não. Da mesma forma que algumas irão entender como pontos positivos e negativos. No começo eu até via assim, com algumas partes legais. Mas conforme fui entrando em conflito com essas pessoas, passei a odiar mortalmente essa teoria.

Basicamente me coloco contrário porque ela não faz qualquer sentido lógico. Não da pra entender os anos inciais de uma pessoa como definitivos com a ideia de se sentirem amadas, desconsiderando absolutamente tudo o que representa colo. Os pais podem ser carinhosos com os filhos, alimentá-lo muito bem, manterem a higiene, levar pra passear, manter contato com animais, mas deixá-lo no berço, na cama, ou no chão. Eu conheci várias histórias de crianças que nem ao menos gostavam de colo. E várias outras que foram acostumadas no berço desde pequenas e eram altamente risonhas e afetivas com os pais, que também eram assim.

Por outro lado, esses “estudos” feitos com bebês sobre o tema eram altamente inconclusivos. E eu digo isso porque recebi uma porrada deles na época, na tentativa de defesa do assunto, e li um por um. Eles não apresentam a vida completa dessas crianças. Eu não sei se foram pessoas de sucesso financeiro, se foram grandes líderes, se foram bons profissionais, se tiveram bons relacionamentos, em qualquer se seja o âmbito, se tiveram boas famílias, bem estruturadas.

Mas pelo contrário, eu sei que crianças que cresceram com bons exemplos, recebendo boas informações, em ambientes familiares saudáveis, felizes, com bom estudo, alimentação balanceada e um bom nível cultural, essas tiveram em geral grande chance de serem bem sucedidas na vida. Independente se estavam no colo ou no chão, durante a infância.

Basicamente, essa ideia de criar crianças no colo é um exercício de fé. Você acredita que isso é assim, pega meia dúzia de artigos para tentar embasar e vai na sua jihad contra tudo e contra todos. É igual aqueles exercícios de física, onde você despreza a lei da gravidade, o peso dos corpos, atrito com outros corpos e o a velocidade do vento, tudo pra chegar no resultado que você quer.

E tudo isso arrumando um monte de brigas com quem quer que seja contrário ao que você pensa.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO E PREGAÇÃO DO ÓDIO

 

Com a ascensão da extrema direita, especialmente ao poder em alguns países, foi colocado novamente em pauta a liberdade de expressão ilimitada. Isso porque nos EUA e uma regra de ouro. Você pode ser racista, machista, homofóbico, apoiador do holocausto, apoiar extermínio de populações, mas mesmo assim você nunca incorrerá em crime, porque tem o direito de aderir a tais narrativas.

Vi uma história interessante de um advogado, judeu, vítima do holocausto nazista, que defendeu uma manifestação de neo nazistas em um território de vítimas do nazismo, alegando que estaria apoiando a total liberdade de expressão, mesmo que tenham sido de assassinos.

Bom, vou me colocar imediatamente contrário a tudo isso. Acredito sim que temos que nos posicionar em todos os sentidos, que temos que ouvir o lado contrário e tentar uma convivência pacífica em todas as áreas do conhecimento humano. Mas jamais quando essa parte contrária prega o extermínio ou a violência contra nós, ou contra qualquer outro grupo;

Vou me ater, como exemplo, ao racismo. Existem supremacistas brancos, que infelizmente sentiram confiança para colocarem sua opinião em pauta com seres desprezíveis, como Trump e Bolsonaro. Essas pessoas acreditam que têm o direito de não gostar de pessoas negras, bem como não aceitar que negros venham a fazer parte de suas famílias, casando com parentes, especialmente filhos.

Em geral, você pode não gostar do que você quiser. Provavelmente você estará fechando seu mundo para conhecer pessoas bacanas. Mas ainda assim é seu direito, ainda mais segundo um aspecto altamente genérico e desprovido de qualquer possibilidade argumentativa ou científica. E num caso como esses, você tem o direito de jamais ter qualquer tipo de relação afetiva com uma pessoa negra.

Mas jamais poderá pregar contra essas pessoas. A partir do momento que você faz isso, você está criando uma narrativa de ódio contra um grupo de pessoas, baseado no seu gosto pessoal. Muita gente irá entender que negros são parte nociva de uma sociedade, e passará a evitá-los. Pessoas deixarão de contratar negros em suas empresas, passarão a tratá-los de forma inferior em seu comércio. E principalmente, irão pensar em atentar contra suas vidas, ou contra sua integridade.

E o resultado disso é bem evidente. Os negros, baseado em uma ideia de inferioridade de raça, foram tornados escravos e tiveram gerações inteiras torturadas pela cor de sua pele, e por este ser o discurso oficial. Até hoje os índices de violência contra pessoas apresenta um número infinitamente maior de negros em praticamente todos os lugares do mundo. Em países subdesenvolvidos os salários de negros são inferiores aos de brancos. A possibilidade de acesso a educação de qualidade é muito menor.

Se você analisar outros grupos, como gays, mulheres, ateus, portadores de deficiência, ou qualquer outro que seja alvo de agressão psicológica, colocados como inferiores por algum outro grupo, você vai ver que os índices de violência são alarmantes. E com a ascensão da extrema direita ao poder, ou mesmo a simples propagação desse tipo de discurso, a coisa ficou muito pior.

Sendo assim, você pode não gostar do que você quiser, mas jamais, com base apenas no seu gosto pessoal, pregar que todos também não gostem.

Vamos dar um exemplo de chocolate. Não é muito comum, mas qualquer pessoa pode não gostar de chocolate. Ou de algum tipo de chocolate. E aí você pode até dizer, quando perguntado, que não gosta. Mas jamais poderia proibir a venda baseado exclusivamente nisso. A não ser que você consiga bancar um estudo científico global, amparando em pesquisas conceituadas, que provem que o referido doce é altamente perigoso para a saúde.

Qualquer expressão que tenha como foco o ódio irrestrito a grupos de pessoas, e o estímulo social a que outras pessoas também odeiem, não é opinião, é discurso de ódio. E pode levar ao assassinato de seres humanos pelo simples fato de não gostarem de quem eles são. E devem ser severamente combatidos.