segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O PREÇO A SE PAGAR


Se for pra começar a fazer alguma coisa, que seja muito bem feita. Senão, nem comece.
Essa é uma frase que guia os meus atos e guia a minha vida. Gosto de fazer algo da melhor forma possível. Desde varrer uma casa, lavar a louça, e até transar. Se eu não conseguir fazer algo bem feito, é nítido e inegável meu desânimo. Minhas ações parecem ser empurradas e forçadas.
Fazer algo bem feito é algo relativo. Um bom trabalho varia de acordo com as ideias de cada um. Diante de um acúmulo e uma quantidade enorme de coisas pra fazer, alguns acham que o melhor é fazer com perfeição cada coisa, mesmo que isso signifique não dar conta de tudo, e outros acham que o melhor é ser o mais rápido possível, dar conta de tudo, mesmo que custe alguns erros, que depois podem ser corrigidos com mais calma.
Meu caso é o segundo. O melhor é dar conta, segurar a bronca e zerar as tarefas. Você tem duzentas provas pra corrigir em um dia. Você analisa um modelo, busca palavras chave e vai fazendo o mais rápido possível. Talvez umas cinco ou seis sejam corrigidas de forma equivocada, e quando os prejudicados apresentarem o problema, deve-se ter humildade para voltar atrás e arrumar o problema. Mas mesmo assim, não há atraso, não há acúmulo e nem irritação de todos porque suas notas não estão disponíveis.
Acredito que o mesmo vale para um relacionamento. Você está dentro, ou nem comece. E a partir do momento que você aceita um namoro por exemplo, você se dedica a essa pessoa. Não significa estar grudado, porque eu particularmente odeio isso. Mas fazer o possível para que a pessoa seja feliz, para que ela supere os problemas, para que ela cresça. E haverá erros. Todo casal tem. Mas o importante é ter mais acertos do que erros, e estar lá nos momentos cruciais.
Dito isso, só posso dizer que gostaria de ter um pensamento radicalmente diferente. A dedicação me custou muito mais caro do que eu poderia pagar. Graças a me dedicar a coisas que acredito piamente e que me comprometi, hoje estou com a saúde completamente comprometida, provavelmente com a sanidade e com meus ideais de vida abalados.
Acredito que sempre fui um bom homem, tranquilo, gentil, solidário e sorridente. Mas o que posso ver atualmente é que esse homem morreu, aos poucos. Agora não tenho mais a menor paciência pra nada. Sinto um ódio profundo, devido a decepção de alguns anos. Cheguei ao ponto de ter um desejo incontrolável de matar pessoas que me causaram mal em coisas que para mim são de importância máxima.
Faço as coisas da melhor forma possível porque acredito que isso seja o correto. Já jurei pra mim mesmo que não faria mais isso, mas é impossível. Sendo um ser pacato, nunca imaginei ser reconhecido por nada. Nem idolatrado, nem nada do tipo. Mas obviamente um pouco de gratidão pelo esforço é o mínimo.
Gratidão não significa que alguém deva a vida a mim, nem que precise de todo jeito me recompensar. Ser feliz e ter sucesso é ser grato. Não agredir ou acusar é ainda maior.
Quando você se esforça além do que é capaz por uma causa, por alguém que precisa muito de você, por uma equipe, e acaba tomando patada no meio do caminho, é como se fosse uma facada. Você se dedicar absurdamente, e de repente ouvir que o melhor teria sido desistir no princípio, como se tentar arduamente fosse algo ruim, é o mesmo que implodir tudo o que você acredita.
Você deixar de lado sua saúde por uma causa, por alguém, e ainda ser acusado de algo que você não fez, ou ser provocado a fazer algo grade por fúria, envolvendo sua família em algo repulsivo, você tem uma ideologia de vida sendo destruída. E você é destruído junto. Quando você se desgasta anos e anos por uma causa e ainda vê seu nome ser ligado a coisas ruins e atitudes deploráveis para pessoas que você nem conhece, e outras que você considerou por muitos anos como seus amigos, algo morre dentro de você. E o que nasce não é nada bom.
Seis anos de dedicação máxima. E não apenas a uma situação, mas várias. E em todas elas eu terminei com não só críticas, mas ataques pessoais, mentiras, tentativas de me prejudicar pessoalmente, traições e todo tipo de coisas ruins que se poderiam imaginar. Isso deveria ser um aprendizado para a vida, mas é muito difícil de assimilar. Talvez por ter caído na real de uma vez. Talvez por deixar rastros que jamais se apagarão. O fato é que já me envolvi em brigas físicas por motivos fúteis, com pessoas que eu nem conhecia. Minha tolerância virou basicamente nada.
A capacidade de confiar nas pessoas simplesmente morreu. O desejo de me dedicar a alguém deixando de lado a mim próprio, morreu A capacidade de perdoar qualquer ato, morreu. A paciência, essa foi reduzida a pó. Veio muito nervoso, um transtorno de ansiedade fora do comum, muito peso, insônia e muita frustração.
Um custo muito alto por algumas causas.


sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A HIPOCRISIA SÉRGIO MORO (E DE TODO JUDICIÁRIO)


Como um homem formado em direito, bem como trabalhador do Poder Judiciário, não tenho qualquer admiração pelo trabalho do juiz Sérgio Moro. Creio que esses métodos muito peculiares, que não seguem minimamente os ritos legais, são um verdadeiro perigo para qualquer tipo de segurança jurídica. E com uma mítica criada em torno desse personagem, as consequências ficam imprevisíveis.
Por outro lado, acredito que a maioria esmagadora dos condenados é realmente culpado. Lula, por exemplo, com oito anos de governo, bem como vários escândalos de corrupção ligados ao seu partido e ao seu governo, por pessoas que eram muito próximas, ou mesmo braço direito, dificilmente estaria fora do esquema.
O processo do ex-presidente foi um fenômeno de rapidez. Condenado num tempo incrível, bem como todos os recursos julgados em poucos meses. Poucos casos chegam perto de algo assim. Associado a isso uma sentença onde a condenação foi amparada em fortes indícios de cometimento de crime, mas sem provas cabais, abre-se a suspeita de um julgamento político.
Isso não quer dizer que o condenado seja inocente. Não acredito nisso. Mas é preciso que o processo obedeça os ritos legais. Que sejam produzidas as provas de ambas as partes, que tenha o tempo regular definido na Constituição, que não reste dúvidas sobre culpa ou inocência.
Mesmo assim, fiz muita força pra acreditar que Sérgio Moro era apenas um juiz controverso e polêmico. Quis acreditar nesses anos, apesar das críticas, que ele baseava seus atos em modelos filosóficos, doutrinas internacionais, bem como em bases legais de outros países, ou seus próprios pensamentos de justiça.
Porém, quatro dias antes do primeiro turno, numa eleição embolada e equilibrada, o juiz soltou a delação premiada de Antonio Paloci, acusando Lula e Dilma de caixa 2 nas eleições anteriores para presidente. A delação foi feita em abril, mas liberada apenas no começo de outubro.
A pequena vantagem de Bolsonaro quanto aos demais candidatos transformou-se em uma quase vitória no primeiro turno. Fernando Haddad do PT teve a rejeição em crescimento geométrico, enquanto os demais candidatos perderam muitos votos. E Mesmo tendo segundo turno, a eleição decidiu-se a favor do candidato de extrema direita.
Vencida a eleição, depois de três dias Sérgio Moro é anunciado como ministro da Justiça. Um dia depois, sem muito pensar, ele aceita o cargo.
Sabemos que a Constituição proíbe expressamente ações político partidárias de juízes. Não apenas a associação a partidos, mas qualquer ação que seja voltada a favor ou contra algum partido. As ações de Sérgio Moro não deixam qualquer dúvida sobre sua postura. Suas ações há alguns anos são voltadas contra o PT. E agora agiu claramente pra ajudar o candidato do PSL, para depois se tornar integrante deste governo.
Um juiz teve ação direta no resultado de uma eleição para presidente. Em qualquer país do mundo isso seria um escândalo a ponto de criar uma guerra civil. A eleição seria judicializada. Por sorte, o PT não quis criar uma batalha jurídica pelo poder, o que eu considero um problema ainda maior. Mas pouca gente manifesta revolta por uma ação ilegal do juiz.
Nesse interim, não restou muitas dúvidas do caráter do juiz. Cria uma dúvida imensa sobre a legalidade de suas ações e de suas decisões. Coloca em risco a efetividade de condenações. E para piorar, cria um ambiente enorme para que muitos pensem que Lula é inocente e perseguido político, enquanto outros mantém a postura de idolatrar o magistrado.
Sérgio Moro é uma vergonha ao sistema judiciário. É uma vergonha para qualquer pessoa que se dedique de coração à justiça, a quem tenha dedicado parte da vida a entender e estudar as leis. É uma vergonha a qualquer combate ao crime, à corrupção. Uma vergonha à democracia e ao direito das pessoas tomarem suas decisões de acordo com sua própria consciência. Sérgio moro é uma grande vergonha.

IDEOLOGIA DE GÊNERO


A segunda maior estupidez do povo agora, ou talvez a primeira, é que ensinam e estimulam nas escolas as pessoas a se tornarem homossexuais. Um conceito que deve ter uns cinquenta anos, com comprovação científica de não ter qualquer fundamento, mas que ganha força no cenário atual.
O que tem sido ensinado nas escolas, tanto no que diz respeito à educação sexual, que é algo que sempre foi ensinado, quanto ao conceito de cidadania, é a respeitar a opção e a vida de cada um. Tenta-se, de maneira ainda tímida, a mostrar que a sexualidade da pessoa não a define de forma alguma. As escolas tentam demonstrar que a escolha de cada pessoa no que diz respeito ao seu corpo e suas opções precisam ser respeitadas.
Mas somos o país que mais mata LGBT no mundo. Se compararmos com países africanos e  muçulmanos, onde é proibido se assumir homossexuais, não há tanto assassinato, nem de forma oficial pelo governo.
Isso demonstra que não há qualquer doutrinação de gênero nas escolas. O que existe nesse país, de forma imensa, é um preconceito inexplicável. Como diz a aberração que foi eleita presidente, o brasileiro não gosta de gays (falando de forma genérica).
Sou heterossexual, muito bem definido. Adoro mulher, e sempre digo que uma das coisas mais lindas do mundo, senão a mais linda, é ver uma mulher gozando. Sendo assim, o fato de alguém se definir como homossexual não traz qualquer influência, problema ou crises nas minhas escolhas. O fato de um cara gostar de dar o cu não vai mudar em nada a minha vida.
Num país tão preconceituoso, as aulas que debatem e proporcionam o conhecimento sobre a vida homossexual são muito tímidas e restritas. E diante da quantidade de imbecis que acreditam que isso está se tornando um problema, parece nem ter surtido efeito. Seria preciso intensificar de forma muito grande a informação para que essa base preconceituosa fosse eliminada da nossa sociedade.
Hoje ainda é muito normal pessoas preferirem que o filho morra num acidente a aparecer em casa abraçado com um bigodudo. E esse tipo de gente no nosso país é tida como de bom caráter.

A VERGONHOSA ESCOLA SEM PARTIDO


Meu último dia como professor. Aula numa sexta série, na escola pública. Sala e aula agitadíssima. Um menino provoca sem parar uma menina, que fica irritada. Apesar de algumas broncas, ele não para. Chega um momento que ela fica de saco cheio, pega a carteira e arremessa com tudo no menino, que naquele momento estava do outro lado da sala. No último segundo ele abaixa e a carteira acerta a parede, arrancando um pedaço considerável.
Fico tentando entender que tipo de doutrinação é possível num ambiente desses. Existe uma dificuldade imensa de controlar uma sala de aula. Poucos alunos se interessam em prestar atenção. Poucos também respeitam a figura do professor.
Os poucos professores que conseguem manter a sala de aula mais ou menos controlada o fazem com ameaças e com uma postura incrivelmente ditatorial, algo que não propicia um ambiente saudável para aprendizado, mas é a única opção a se seguir.
Agora existe uma corrente inacreditável que fala em doutrinação de esquerda nas escolas. Na grande maioria, pessoas que jamais pisaram numa sala de aula e que acham que entendem bem o problema do ensino. E pregam que este é o problema.
Uma doutrinação de esquerda que não consegue explicar o conceito de comunismo, de anarquismo, de justiça social, de convivência coletiva. Uma doutrinação de esquerda que traz um povo absurdamente conservador, onde busca-se mais o controle das ações sexuais das pessoas do que combate à violência sexual, por exemplo.
Aprendi sobre comunismo no cursinho, porque na escola era impossível alguém dar aula. Meu professor era abertamente de esquerda. Mas também ensinou sobre o nazismo, sobre o liberalismo, sobre monarquia, sobre feudalismo... em 2000, meu último ano na escola, aprendi sobre vários temas políticos, que me fascinaram na época, e mantém fascinando até hoje. Eu particularmente me engajei pela esquerda, mas pessoas que estudaram comigo mantém posições de direita, assistindo às mesmas aulas.
Queria saber quantas dessas bestas que pregam essa aberração já pararam pra ler algum livro de Marx, de Locke ou de Adam Smith. Acredito que uma meia dúzia talvez tenha folhado e lido algumas frases. Isso com muito boa vontade.
Escola sem partido poderia ser definida como escola sem cérebro. O controle absoluto do que é passado em sala de aula, com censura a determinados temas e definição por outros. Isso sim, um controle e uma doutrinação expressa. Algo expressamente proibido pela nossa Constituição, que prevê a integral liberdade de aprendizagem e de ensino.
Pelo que pude acompanhar até agora, os Órgãos Especiais dos tribunais estaduais têm dado ganho de causa a quem crítica essa baboseira. O próprio tribunal de São Paulo, que eu considero o mais conservador do país, já determinou a inconstitucionalidade desse projeto acéfalo. Por 24 votos a zero. Unânime. Em decisão liminar, o STF suspendeu essa besteira, com a sustentação de Barroso de que a liberdade de ensinar e aprender não pode ser restrita.
O desconhecimento da nossa lei, inclusive nossa lei maior, leva pessoas a apoiarem essa aberração. O desconhecimento total leva pessoas a acharem que doutrinação é nosso problema. Pessoas acham que barrar determinados tipos de conhecimento é a solução para alguma coisa.
Enquanto isso, nossos professores são muito mal pagos; salas de aula e escolas estão destruídas, sem material, sem estrutura, sem estímulo. Mas para essas pessoas, essas são coisas banais, que não interferem no ensino.

DEUS ACIMA DE PORRA NENHUMA


Há alguns bons anos já tenho um certo repúdio pela religião. Por todas. Pessoas reunidas em um grupo para debater algo fictício, e que dedicam a vida para defender essa ideia, levadas por grupo a atacarem e matar outras. A fé, em si, não faz mal a ninguém, acabando por ser uma forma de pensar particular, bem como um certo código de conduta pessoal. Não da pra saber exatamente o que leva uma pessoa a se embicar por tal caminho, mas sem dúvida cada um tem seus motivos, e enquanto decisão e ações pessoais, parecem não fazer tão mal a ninguém. Não é o mesmo que ocorre nessas mega reuniões em grupo.
Historicamente a associação de religião e Estado termina muito mal. Guerras, genocídios, ódio incontestável. Não só no passado, como também no presente, especialmente nos países muçulmanos do Oriente, nas Irlandas, em Israel. A religião da a desculpa perfeita para se perseguir e matar os inimigos.
E agora o Brasil está aderindo a esta insanidade. “Deus acima de tudo”. Este é o slogan do nosso candidato fascista, racista, machista, homofóbico. Todas características perfeitas para trazer a religião para justificar matança.
Nada contra o cara, em sua vida particular, achar que deus é a coisa mais importante de sua vida. Acredito que é um direito que ele, ou qualquer ser, tem. Mas não é o meu. Deus nem existe! E nunca levaria qualquer ato da minha vida diante da pseudo-vontade de deus, nem colocando esse Harry Poter dos adultos acima de qualquer coisa.
Eleger um ser que trata a religião como a coisa mais importante de sua realidade e que quer trazer essa mesma baboseira para a vida da sociedade é no mínimo criminoso. Fere nossa Constituição. Em vídeos de discursos desse abominável podemos ver ele mesmo falando que fará um governo para cristãos, e que as minorias, que nesse caso são todos aqueles que não são cristãos, devem se curvar para a maioria. Eu jamais me curvaria para esse merda, nem para cristão algum. E diante do meu perfil, sei que minha existência estaria mesmo em risco.
No fim das coisas, meu ódio pela religião vai aumentando cada vez mais. É intolerável essa interferência geral. Não quero nenhuma teoria de religião envolvida na minha vida, na vida da minha família, e nem do país em que eu vivo. Não quero ter que brigar para tirar o direito de cada ser humano de seguir aquilo que acha melhor, o direito de cada um se ajoelhar e rezar, de parar ao meio dia para honrar Alá, ou ascender um monte de velas pra tudo quanto é santo. Essa decisão é pessoal, íntima e “intransferível”. Chega de religião dentro da política!

A ELEIÇÃO DA BURRICE


Devo debater sobre política há uns 20 anos. Desde meus tempos de adolescência, no cursinho, conhecendo especialmente os grandes filósofos e a história da humanidade, bem como do nosso país, passei a entender com clareza que esses conhecimentos eram essenciais para a própria evolução da raça humana.
Como uma pessoa muito preocupada com a justiça social, sempre gostei muito do que escreveu Marx, assim como todos aqueles que tinham preocupações reais com as minorias e os menos favorecidos. Nesse ponto tenho um nojo imenso do comunismo implementado pelos países europeus, que acabou se espalhando pelo resto do mundo, pois foi uma deturpação irremediável de uma teoria que poderia ter salvado a raça humana.
Ainda assim, a ideia de Marx é brilhante e atemporal. O Capital é a explicação mais brilhante das razões que nos trazem tanta injustiça social, bem como um livro indispensável para qualquer pessoa de bom senso e bom caráter para desenvolver ideias para melhorar a vida da humanidade.
Mas o fato de debater sempre abriu minha cabeça. Tenho muitas críticas à própria teoria de Marx, como por exemplo a “ditadura do proletariado”, que  é o prenúncio de uma tragédia. Da mesma forma, gosto de muita coisa que teorias de direita trazem, especialmente do liberalismo.
Depois de tanto debate, leitura e busca, fico boquiaberto em como as pessoas estão caminhando para trás. Acho que todo mundo deve ter recebido centenas de mensagens falando sobre comunismo, liberalismo, Venezuela, ditadura... é quase um freak show contínuo.
Latente é o desconhecimento sobre tais assuntos. As informações e associações de fatos e pessoas é uma aberração sem fim. Pessoas que nunca leram os grandes pensadores de cada assunto, como Marx, já citado, Adam Smith, John Locke, mas por compartilhamento de whats up acreditam serem grandes filósofos. Aliás, o filósofo modelo da maior dessas pessoas é o desprezível Olavo de Carvalho, que na minha opinião faz algum tratamento médico dentro de um hospício e um monte de gente acredita que ele é um intelectual. Um astrólogo de formação, diga-se de passagem.
Pessoas que desconhecem a história do país em que vivem, ou que pegam um fato isolado e defendem a situação com unhas e dentes, sem se preocupar com consequências, com aspectos negativos.... um show de horrores.
João Amoêdo, candidato do partido Novo, um homem que vem de fora da política, e um dos poucos que consegui admirar muitas ideias e uma postura muito mais branda e regada a diálogo, me decepcionou imensamente com o conceito apresentado de liberalismo que ele mesmo defende. O cara acha normal ser liberal na economia e conservador nos costumes. Dessa forma, vemos que nem ele mesmo sabe o que é o liberalismo que ele defende. Bem como defender um candidato no segundo turno que prega a ligação de Estado e religião, repressão e perseguição de aliados. Que porra de liberalismo é esse?
Muitas das pessoas que considero mais inteligente no planeta estão apresentando argumentos incrivelmente pífios e tendenciosos. Fecham os olhos para alertas feitos de pessoas do mundo todo. Associam sempre nossa esquerda com teorias comunistas, o que não tem qualquer mínima semelhança. Aceitam a defesa de tortura, assassinato, opressão, homofobia. Há pessoas que acham que a homossexualidade é transmissível!!!!
Nunca foi tão fácil conseguir conhecimento. E não só de forma aleatória, mas de fontes confiáveis. Há como bater e confrontar informações, analisar opiniões de diversos teóricos, bem como analisar todas as críticas, elogios e fatos, de acordo com o que ocorreu na nossa história. Mesmo assim, nunca fomos tão reféns de boatos, fake News e extremismos, o que deixa nosso futuro num abismo sombrio e sem esperanças.
Viva a burrice!

terça-feira, 9 de outubro de 2018

O COISO E O PETRALHA


Como era de se esperar, já começaram as comparações de whatsup entre Bolsonaro e Haddad, no segundo turno das eleições presidenciais. Até o presente momento, pra mim, somente fake News, ou erros grosseiros nos planos de governo. Sendo assim, resolvi escrever sobre o que pesquisei ao longo desses meses, bem como o que vivi, como cidadão.
Pra começar, Haddad tem aproximadamente 15 anos dentro da política, a maior parte em cargos comissionados, como ministro de Estado. Foi prefeito de São Paulo, de 2012 a 2016, não se reelegendo. Já Bolsonaro é deputado há 27 anos, por seis partidos diferentes. Poucos projetos de lei federal de Haddad, até porque ele não foi eleito para cargo eletivo, sendo suas ações somente no Ministério. Também poucos de Bolsonaro, apenas dois aprovados, em quase três décadas de mandato.
Já comentamos aqui sobre todo o histórico podre do ex-militar, como homofobia, machismo, apoio a tortura, entre outros. Por outro lado, ações tão polêmicas não são encontradas no histórico de Haddad. Nunca vi nenhum tipo de atitude que desabonasse a conduta do petista para com qualquer grupo social ou etnia, nem apologia a crimes. Enquanto Bolsonaro quase saiu na porrada com a petista Maria do Rosário, por divergências políticas, Haddad teve um ótimo relacionamento com seus adversários, como vimos ao longo de seu mandato em relação ao governador Geraldo Alckimin.
No histórico do ex-militar, poucas ações que realmente viessem a beneficiar a quem ele idolatra: os militares. Até mesmo porque ele foi um dos favoráveis ao congelamento de gastos, que impacta direta e indiretamente na segurança pública. E falando em segurança, o cara votou a favor de projeto de lei que impede atendimento prioritário no SUS a mulheres vítimas de violência sexual, bem como quis diminuir o período de licença maternidade. Neste último caso, nem é novidade, pois sabemos que ele é abertamente favorável a que mulheres ganhem menos que homens, por ficarem grávidas.
Haddad por sua vez investiu firme em infraestrutura na cidade de São Paulo. Construiu mais de 400 km de ciclovia e implementou os corredores de ônibus. Ambos projetos muito criticados no início, mas que se mostraram excelentes ao longo da gestão. A ciclovia falo por experiência própria, por ser usuário há mais de três anos, de forma diária, vivenciado um aumento exponencial do número de usuários. Claro que ele cometeu um erro colossal ao não deixar clara sua intenção com essas ações, confundindo muito a cabeça do cidadão, que demorou demais pra entender o objetivo (alguns não entendem até hoje). Mas, Bruno Covas, substituto do péssimo João Dória, não só retomou o projeto, como tem como uma das metas de governo aumentar pra quase 1.500km de ciclovia. Projetos ruins não seriam triplicados por quem é oposição.
Bolsonaro afirma se a favor do liberalismo econômico, mas é um conservador extremo, o que é um absurdo contraditório. Em termos econômicos, menor intervenção do Estado na economia. O problema é que existe um bate cabeça com seu guru econômico. Enquanto este quer retomar a CPMF e unificar a alíquota de imposto de renda, de 20% pra todos, inclusive pra quem é de baixa renda, aquele o desautoriza. Ao mesmo tempo que seu vice, dentre tantas bobagens ditas, tem como intenção acabar com o 13º salário e o adicional de férias.  Via de regra na campanha todos dizem discursos bonitos e estimulantes para conquistar o eleitor, num entrosamento perfeito. O mais preocupante é ver que, já nesse ponto os caras estão se batendo, imagina como será no governo! E principalmente: qual deles irá vencer essa queda de braço? Imagine se tivermos um impeachment neste mandato.
Bolsonaro é declaradamente um perseguidor de homossexuais. Suas declarações são públicas e notórias, inclusive para a mídia internacional. Vai na contramão do mundo, que traz cada vez mais direitos à comunidade LGBT. O STF, por unanimidade, reconheceu a constitucionalidade da união homoafetiva, bem como o judiciário de forma quase unânime já garante o direito à mudança de sexo, à mudança de nome e ao respeito à suas escolhas. A grande maioria dos países desenvolvidos já aderiu a este caminho, bem como os países em desenvolvimento.
Mas podemos dizer que honestidade é uma da qualidades que só o ex-militar traz, não é mesmo? Bom, o PT abraçou um vergonhoso histórico de corrupção que da nojo em qualquer pessoa de bom senso e honestidade no país. José Dirceu é um ícone desse perfil, sendo condenado por um ministro declaradamente petista. Fora outros nomes condenados e presos, como é o caso do ex-presidente e maior líder do partido, Lula. E quase todos os partidos seguem esse linha, sendo difícil imaginar qual se salvaria, e se o candidato escolhido sobreviveria ileso a um grupo tão ruim, o que torna clara e irrefutável a rejeição ao PT, bem como aos partidos tradicionais do país.
Mas se engana quem pensa ser diferente Bolsonaro. Como citei, ele é político há 27 anos. E na grande maioria das vezes, fez parte de partidos envolvidos em governos, como é o caso do PP, de Maluf. Era aliado de Eduardo Cunha, um dos políticos com maior histórico de corrupção do país. Fora isso, seu ex-partido, PP, tem acusações de caixa 2, na campanha de sua própria eleição, situação em que ele acusa o partido de ter cometido o crime, não ele, como fazem todos. Colocou praticamente toda a família na política, sendo todos os filhos não-fraquejados integrantes de mandato eletivo, com aumento o patrimônio em quase 500%.
Sua ex-mulher foi candidata, derrotada, ao Congresso. Mulher esta que fugiu do Brasil, permanecendo fora, por muitos anos, porque segundo acusação oficial, o ex-marido e talvez líder maior da nação, ameaçou-a de morte. Tal fato gerou um processo judicial, que segundo ela, ocorreu no momento de raiva por fatos não verídicos (mas tudo bem, um processo como esses é rapidinho, só o tempo de você pensar melhor e se dar conta da merda que fez). Todos seus amigos fora do país já declararam que ela vivia com medo. Mas tudo terminou bem: um acordo, um carguinho público e não era bem isso. Bem no nível político que vivenciamos há tempos.
Com um longo texto, não da nem pra abranger todos os aspectos. Eu teria que fazer um tese de TCC. Até porque sobre Bolsonaro temos vídeos, reportagens, editoriais de mídias especializadas, inclusive fora do país. Abordar todos os problemas que o envolvem é missão ingrata. Também não da pra ser benevolente com seus adversários. Eles cometem erros grosseiros que justificam  a indignação dos eleitores. Não só do PT, como de todos os demais partidos. E têm uma dificuldade imensa em corrigir os erros, o que cria pouca expectativa de ver algo diferente em eventuais governos.
Mesmo assim, é uma eleição especial. O perigo do capitão ser presidente, em todos os aspectos, é um filme de terror. O potencial de destruição de Bolsonaro é uma realidade. Não só por suas ações, mas pelas mensagens que ele tem pregado, com a perseguição de minorias, agressão a homossexuais, submissão de mulheres, etc. Seus seguidores, que mais parecem religiosos fanáticos, trazem esses atos para a vida real, como já vimos várias e várias vezes. E infelizmente essa mensagem ficou mesmo se ele perder. Se ele vencer, será um aval a essa barbárie.
O que se conclui é que, temos escolhas péssimas. Não importa o resultado, sairemos derrotados. Mas sairemos ainda mais derrotados com a vitória do militar. Os militares, ao final do mandato, manterão um estigma negativo que não me parece mais ser justo. As ideias desse ser são retrógradas ao extremo. Não conservadoras, mas retrógradas e agressivas. Muitas pessoas estarão sob risco iminente à própria integridade física, caso ele não declare publicamente estar errado em suas declarações e faça seus seguidores agirem de forma pacífica. O mundo todo tem dado avisos, com conhecimento de causa. Cumpre a nós ter um pouco de humildade e bom senso, e evitar esse holocausto em nosso país.

sábado, 6 de outubro de 2018

O GRANDE INIMIGO E SEUS SEGUIDORES


Recentemente tomei a decisão de excluir sumariamente das minhas redes sociais todos aqueles que fazem propaganda de Jair Bolsonaro para presidente. E de uma forma geral, faço o mesmo na minha vida. Nunca tive qualquer problema com discordância, debate ou diversidade de pensamentos. Mas o que temos aqui é uma ameaça real, propagada e tratada como normal, que não pode, sob hipótese alguma, ser tolerada.
Em diversas declarações, este ser repulsivo e repugnante já afirmou o que pensa sobre as minorias. Para ele, é necessário que as minorias se curvem às maiorias. Associe isso ao seu tom agressivo e cheio de ódio, e nós já temos a resposta de como serão tratadas as minorias.
Pensemos sobre a homossexualidade. Segundo organismos internacionais, o Brasil é um dos países que mais mata homossexuais no mundo. Pelo fato de serem homossexuais. Eles não são agredidos porque cometem crimes, porque oprimem, porque agridem. São mortos simplesmente porque assumiram uma orientação sexual diferente da maioria. Imagina agora ter um líder que declara publicamente que esta minoria deve se submeter à maioria. É uma verdadeira declaração de que está tudo bem sair matando ou batendo nessas pessoas. Aliás, este mesmo ser repulsivo e repugnante já disse que daria porrada se visse dois homens se beijando. E não venha dizer que isso está fora de contexto. Não existe um contexto que seja minimamente aceitável essa merda.
Mas vou me ater ao meu caso. Não sou homossexual, apesar de cada vez mais apoiar a causa. Meu problema é outro. Eu sou ateu. E não simplesmente não acredito em Deus. Eu defendo a causa com unhas e dentes. Propago a ideia de ateísmo, não só porque acredito que este seja o caminho para uma real evolução, como porque acredito que este debate seja imprescindível para que pessoas possam conviver em paz em qualquer crença ou descrença.
Meu melhor amigo é evangélico. Minha ex mulher seguiu o espiritismo por muito tempo. Minha família, de uma forma geral, é inteiramente espírita. Nunca tive a pretensão de “converter” alguém ao ateísmo. Particularmente acho que não tenho nem capacidade, nem vejo abertura para isso. Acho muita coisa interessante nas religiões, apesar do mal que têm feito ao mundo. Por isso em todas as minhas críticas, jamais desejei que fossem proibidas as religiões, oprimidas, ou tratado como guerra. Meu único desejo é que as pessoas sejam capazes de pensar a ponto de debatermos em bom nível e que as pessoas parem de se matar por causa de algo tão estúpido.
Mas o “Messias” também já declarou várias e várias vezes sobre a superioridade do cristianismo que pra ele deve ocorrer na nação. É muito fácil encontrar os vídeos onde diz que os não-cristãos devem se curvar aos cristãos. Aí entramos na mesma situação exemplificada no homossexualismo.
Eu, como ateu, não tenho qualquer intenção de me recolher ou me submeter a nenhum idiota porque ele pensa diferente de mim. E diante dos fatos, fica muito claro que, sob um governo autoritário desse ser, minha integridade física está sob ameaça. Muito provavelmente serei perseguido. E como não irei me calar, acredito que tenho riscos sérios de não terminar o governo desse ser vivo.
Sendo assim, Bolsonaro é meu inimigo. É alguém que por quem eu nutro um ódio imenso. E quem é homossexual, quem é índio, negro, quem é mulher, quem foi torturado pela ditadura, deveria sentir-se da mesma forma. E aqueles que idolatram esse ser repulsivo pensam da mesma forma, ou aceitam que essas ideias de merda sejam implantadas, são igualmente meus inimigos, porque representam pra mim uma ameaça real.
Mas não vou criar um balaio de gato e enfiar todo mundo no mesmo caldeirão. Sei que existem pessoas que têm medo e confusão. Que votam nesse maluco apenas porque estão tão desesperadas que qualquer merda serve. Não fazem propaganda, não idolatram. Apenas não sabem pra onde correr. Essas pessoas eu entendo apenas como muito confusas e incapazes de analisar a realidade em que vivem, bem como entender o passado da raça humana, a qual fazem parte. Eu posso me ferrar por ignorância desse tipo, mas sei que o medo faz as pessoas fazerem muita merda. Então não considero pessoas assim exatamente como minhas inimigas, mas sim burras demais.
Ainda da tempo de pessoas verem a merda que estão fazendo. Da tempo de tirar esse ódio irracional do coração, de aceitar as diferenças e voltarmos a debater sobre política econômica, sobre mudanças de legislação, sobre relações internacionais. Coisas que fazem sentido para um país. Coisas que eu debatia pra cacete na infame eleição Dilma X Aécio, que agora parecem fazer uma falta como nunca pensei que faria.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

DITADURA NUNCA MAIS!


Os brasileiros condenam veemente o governo Maduro, na Venezuela. Um governo de esquerda, sucessor do bem sucedido governo Chavez, eleito pelo voto, por uma margem pequena, que trouxe mudanças ao país, para pior. Maduro persegue opositores sob argumento de conspiração, impede a candidatura destas pessoas, que teriam grandes chances de vencê-lo.
O resultado é uma miséria absurda no país, com um isolamento mundial e a total falta de perspectiva. Regadas pela outorga de uma nova Constituição, que lhe deu plenos poderes. Um golpe a todo tipo de liberdade e à própria democracia. E como um defensor da esquerda, um motivo para sentir vergonha.
Mas o que impressiona é que muitos desses brasileiros que condenam a tirania venezuelana, bem como a norte coreana, a cubana, e todo canto de esquerda que claramente não deu certo, aceitam, em muitos casos, ditaduras de direita. Há muitos que aqui residem, guiados por um astrólogo maluco, que chegam ao absurdo de dizer que não tivemos golpe, nem ditadura em 1964.
As ditaduras de direita na América Latina foram incrivelmente sangrentas e tiranas. Muitas pessoas foram perseguidas, torturadas, mortas e desapareceram por apresentarem ideias divergentes ao regime. Toda corrupção, que foi muita, foi abafada, uma vez que não havia imprensa livre para denunciar. A consequência foi um movimento radical contrário, de guerrilha, que trouxe ainda mais sangue ao período.
Não sem razão assim que tivemos uma abertura política ficou evidente o caos que estava escondido. Inflação disparada, um povo altamente despreparado e perdido, criminalidade cada dia mais alta, e a polícia e a lei, em geral, desacreditadas, e sempre violentas. Somos um país ainda preconceituoso e que acredita em tudo. Sem auto estima.
O período compreendido entre 1964 e 1988 foi nossa idade das trevas. Foi a maior vergonha de nossa história. Somos amplamente condenados por organismos internacionais, que em todo momento reafirmam essa condenação. E para piorar somos um dos raros casos em que aqueles que cometeram crimes nesse período permaneceram impunes. A grande maioria permaneceu na política, idolatrado por uma legião.
Não há defesa para ditadura, para tirania, para tortura, para opressão, para perseguição. Todo homem deve ser livre, deve ter direito ao seu pensamento, à sua expressão. Não há como obter uma vida feliz e equilibrada sem diálogo de ideias, sem a convivência. É injustificável, deplorável e vergonhoso ter sua nação manchada por uma página sangrenta como estas.
Não importa se é de direita ou de esquerda. O discurso inicial traz ideias ideológicas, mobilização e promessas. Mas a partir do momento que há consolidação da tirania, o fim é exatamente o mesmo. Só há sofrimento, miséria e dor. Não há nada de positivo em se mergulhar em trevas tão profundas.


LIBERALISMO, POLÍTICA SOCIAL E OUTRAS DROGAS


Antigamente o debate entre PT e PSDB residia fortemente em uma política de cunho social, com fomento aos de baixa renda e uma política neo-liberal, onde praticamente o mercado se auto regularia. Eu, por muito tempo, defendi a ideia de que o PT tinha mais razão nessa ideologia, não em virtude do partido, mas porque acredito que a ideologia é a mais correta.
Passados anos, crises e mudanças de governo, além de grande insatisfação, vemos esse tipo de mudança em vários países, onde temos a adoção de austeridade fiscal, corte de recursos, nacionalismo e protecionismo extremo, bolivarianismo e mais um monte de teorias de governo, política e condução social. Todas terminadas em fracasso.
O que podemos observar, analisando todos os fatos sem paixão, nos momentos em que deu certo e nos em que deu errado, é que as pessoas parecem serem engessadas em determinadas teorias. Levam ideias a ferro e a fogo, como se para provarem que estão certas acima de tudo. E não importa o quanto o país esteja afundando, nunca mudam.
Sinceramente, vejo coisas positivas em todas elas. Sou e sempre serei um esquerdista moderado, mas é inegável que a direita tem méritos e avanços, bem como propostas positivas e um grande estímulo ao ser como indivíduo. Por outro lado, a esquerda demonstra uma grande preocupação com o social e com o bem estar. Mas ambos trazem erros que se repetem ao longo dos tempos: a direita não consegue trazer justiça à sociedade, uma vez que o mercado não se regula sozinho, como pregam, enquanto a esquerda não consegue manter recursos suficientes para financiar as necessidades do povo.
Em ambos os casos, o grande problema passa por governos corruptos ou que visem determinados interesses, ou mesmo preconceitos. Mas no geral, esta é a natureza humana. E deveria ser pensada e trabalhada.
O que podemos concluir é que seria altamente necessário que um governo tivesse a capacidade de utilizar o lado bom de cada aspecto, bem como manter uma constante auto análise de suas ações, corrigindo e modificando o que está indo mal. E isso significa abrir mão de convicções, mesmo que temporariamente, para fazer dar certo.
Governos engessados não deram certo. Para piorar, estamos partindo para ideias radicais e extremismos de todos os lados. A situação só piorou. Se as pessoas não conseguirem ver que é preciso ter a mente aberta e um constante diálogo de ideias, vamos sempre ficar migrando de um lado para outro, sem sair do lugar.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A GRANDE AMEAÇA ULTRA CONSERVADORA


Debater o racismo no Brasil é praticamente um momento de extrema insanidade. Um país que originalmente era habitado por índios, sendo formado por europeus colonizadores, negros que foram traficados da África e posteriormente japoneses que tentaram a vida por aqui, não tem qualquer possibilidade de pregar,  insinuar ou mesmo cogitar uma separação de pessoas por causa da cor da pele.
Mas é o que ocorre. Com a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência, temos essa situação. Com discursos que trazem uma dose imensa de racismo, algumas vezes até mesmo para negar a existência de escravidão por parte dos brancos, Bolsonaro deixa claro que pra ele os negros são inferiores.
O mesmo tratamento, de forma aberta, traz aos homossexuais, deixando claro que não gosta de gays, bem como prefere que o filho morra num acidente do que seja gay. Prega abertamente a inferioridade das mulheres, tratando a própria filha como uma “fraquejada”, ou em liberdade profissional para que recebam menos que homens. Já usou seu discurso para atacar índios, integrantes de movimentos sociais, e até mesmo pessoas que são ideologicamente de esquerda. Sem falar dos não cristãos.
Bolsonaro é a expressão máxima do ódio. Prega abertamente a violência contra aquilo que considera errado ou ruim. Busca que suas ideologias dominem a tudo e a todos, e quem não for adepto, que aceite e se submeta, como disse de quem não era cristão, para com os cristãos, maioria no país. Prega que o simples fato de se nascer mulher é suficiente para justificar prejuízo econômico, devendo ser tratada com inferioridade, recebendo menos, porque a mulher fera filhos. Tenho dó da mãe deste ser, bem como da esposa, e especialmente da filha, a grande fraquejada.
E em situações como estas fico pensando em todas as mulheres que conheço na vida. A mãe do meu filho, minha mãe, minha sogra, a esposa do meu pai, minhas chefes. Tenho grandes amigas que coloco entre as melhores pessoas que conheci na vida. Muitas deles com uma competência fora do comum, além de um caráter irretocável, melhor que grande parte dos homens. Devo considerar estas pessoas como inferiores por que são mulheres?
Tenho um filho, de quase oito meses. Um lindo menino que não sabe nada da vida. E não deu demonstrações sobre suas preferências, anseios, desejos, medos... e eu jamais iria cogitar uma vontade de vê-lo morto pelo fato dele ter desejos por homens. Isso soa tão sinistro e cruel aos meus ouvidos, que não da nem ao menos pra pensar. E ainda menos bater no meu filho por causa desse tipo de comportamento. Não faz sentido. E não da pra supor amar um filho somente quando ele faz o que eu quero. Isso é doença pura.
Tratando apenas dois pequenos tópicos, de forma bem simples e seca. Duas aberrações. Considerando ainda o fato de eu ser ateu e detestar o cristianismo, é quase uma somatória sem fim de coisas que este ser propaga como metas de vida, num país onde não cabe esse tipo de coisa. Um retrocesso absurdo, que nos leva a situações como a dos países muçulmanos, sem liberdade, sem expressão e com extrema perseguição a todos os que não se enquadram no que é considerado sagrado.
Além do fato de haver uma pregação absurda de solução de problemas por extrema violência, com defesa de assassinatos oficiais, tortura e impunidade. Mas em momento algum haver qualquer tentativa de combater os motivos que levam a esse quadro de violência extrema que temos no país: uma desigualdade social que encabeça a lista mundial, um grupo imenso de pessoas vivendo na pobreza e a total falta de perspectiva de vida. Este ser demente prega que se combata a doença matando o doente. É uma ideia estúpida a olhos vivos, que por algum motivo inexplicável tem colado nesse país.
Fora que ao contrário do que pensam seus eleitores, Bolsonaro não representa nada de novo. É o velho na política, o cara que está aí há quase trinta anos, rodando por partidos que estão assolados em corrupção, votando a favor de governos que ele critica e jura combater. Ganhando salários pompudos e enfiando a família na política pra enriquecer. Defendendo um regime que não só era absurdamente corrupto, como perseguia e matava quem se levantasse contra. Além de um retorno em tempos sombrios, mais um que perpetua um sistema podre.
Ou seja: Bolsonaro é o pior de todos os mundos. Está no meio de corrupção como todos os políticos. Traz os preconceitos e desigualdades de grupos de direita, com favorecimento de ricos e empresas de grande porte, mas ao mesmo tempo traz o radicalismo e a intransigência de parte da esquerda, que trata grupos adversários como inimigos mortais.
Por mais que os demais candidatos sejam péssimos, ou que apresentem ideias que não se sustentem, nada é tão ruim quanto este ser asqueroso e repulsivo. Não tenho candidato no primeiro turno, devendo anular meu voto. Mas no segundo há uma certeza inabalável que aquele que estiver enfrentando o “Mico” será meu eleito, não importa quem seja. E quem tiver bom sendo deveria seguir o mesmo caminho.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

DAS DIVERSAS FORMAS DE AMAR – DE CIMA PRA BAIXO


Ando participando de uma centena de discussões sobre a necessidade de permanecer com o bebê no colo durante a infância, diante de uma possível necessidade que ele teria de sentir-se seguro o tempo todo pelos pais, para que não cresça uma criança insegura, frustrada e depressiva. Sem entrar no mérito dessa questão, a qual critico bastante, já me vi diante de um furacão impensável por coisas como essas, inclusive nos sentimentos envolvendo o amor que se tem por um filho.
Acredito piamente na liberdade e na independência. Não acho legal nem mesmo o termo “meu” filho. Isso cria uma ideia de posse. Não tenho pessoas, nem pertenço a ninguém. Existe uma necessidade física e biológica, por um longo tempo, de proteger, sustentar e garantir uma formação intelectual a um ser, até que ele seja plenamente capaz de seguir por si só.
Desde que meu filho nasceu, entrei em um looping sem fim de preocupações. Não só em ações para criar um ser humano ético, honesto e responsável, que assuma seus erros e saiba lidar com frustrações, mas que seja um cara feliz, bem como com as preocupações financeiras, que envolvem sustento, estudos, moradia, roupa, etc. Pode parecer besteira, mas pra quem tem um transtorno de ansiedade generalizado, isso é uma forma bem intensa de se auto torturar por meses.
Nesse sentido, guiei muito tempo estudando pra conseguir um trabalho melhor. Sacrifiquei muita coisa, inclusive horas de sono, para atingir um objetivo maior. Da mesma forma que a mãe do meu filho deixou de dormir pra conseguir amamentar, fazer o pequeno dormir, trocar fraldas, etc.
Assumi inteiramente a responsabilidade da casa, da comida, de compras externas. Tomei como absolutamente necessárias certas responsabilidades para um bem maior. Algumas se mostraram exageradas, outras não. Sempre funciona assim. Tudo no anseio de criar uma estrutura diária para que não falte nada.
Admito: não gosto de ficar pegando no colo. Não fico pegando as minhas gatas, nem qualquer outro gato que tive. Não gosto de ficar agarrando demais. Mas adoro o sorriso, a risada, adoro as brincadeiras. Estou ansioso ao extremo pra ver o pequeno andando pela casa, brincando sozinho, pegando o garfo e comendo a própria comida, sem ajuda de ninguém. Imagino ele querendo andar de bicicleta, ralando o joelho, saindo pra jogar bola com os amigos (espero que num mundo caótico como esses ele tenha essa oportunidade).
O que eu sinto envolve uma pessoa livre, feliz, realizada e que tenha um profundo respeito e empatia pelas pessoas. Alguém que tenha capacidade de buscar informações, que não seja manipulado, tenha suas próprias decisões, opiniões, que saiba debater, inclusive com os pais. Alguém que quando levar um baita tombo da vida, e isso acontece com todo mundo, tenha forças e vontade pra se levantar e tentar de novo, até conseguir.
Respeito seu direito a defender certas ideias e teorias de todas as formas que envolvam amor, maneiras de representar, de se expressar. Mas não consigo imaginar um amor maior do que o fato de você desejar de todo o coração, e propiciar da melhor forma possível, que seu filho, ou quem você ame profundamente, seja alguém imensamente feliz.

DAS MUITAS FORMAS DE AMAR


Fico imaginando aquela cena do casalzinho sorridente, na beira da praia, acompanhando o pôr do sol, agarrados, passando horas ali, sem dizer nada. Uma cena romântica, comovente, palpitante... e irritante!
Não gosto de praia, tenho uma capacidade quase inexistente de ficar quieto e sinto um calor sobreumano. Dessa forma, este tipo de cena pra mim seria um final típico de um filme de terror com sofrimento absurdo.
Isso me faz pensar sobre o conceito adotado como amor. Você precisa necessariamente ser carinhoso, tocar o tempo todo, beijar o tempo todo, dar presentes, acompanhar, ter ciúme, pra acreditarem que você ama alguém.
Um completo absurdo. Primeiramente porque padronizar representação de sentimentos é algo que fugiria até mesmo ao conceito de humano. Pessoas diferentes se expressam de forma diferente, demonstram o que sentem de forma diferente, têm objetivos de vida diferentes.
Não imagino como alguém pode simplesmente sobreviver de abraços. Não que seja ruim, mas existem outras coisas na vida. Você tem que trabalhar, cuidar da sua casa, da comida, dos filhos, dos animais... a rotina de tarefas é tão grande, que chega a ser impensável viver um sonho romântico de ficar um tempão agarrado com alguém.
O fato de você se preocupar com uma pessoa acima de tudo, a ponto de deixar uma casa completamente limpa e organizada para que ela possa se dedicar a alguma outra tarefa, igualmente importante, como cuidar de um filho, não é uma grande prova de amor? A pessoa saber que existe um apoio estrutural incondicional para que ela possa agir de acordo com o que ela acredita ser o mais adequado? Sabendo que pequenas e árduas tarefas estão sob controle? Saber que alguém se preocupa o tempo todo em deixar a comida pronta, tentando ao máximo acertar o tempero preferido, comprando os doces, frutas e sucos que a pessoa gosta? Não uma vez, não duas, não uma pequena temporada, mas por anos e anos.
Estimular alguém que cuide de sua saúde, que procure tratar seus problemas emocionais, físicos, não é uma grande prova de amor? Estimular a pessoa a ser alguém melhorar, mantendo foco em estudos, em uma carreira profissional organizada e sólida, não é uma prova de amor? Não só “permitir”, como estimular que a pessoa tenha sua vida com seus amigos, que mantenha um bom contato social, vivendo sua vida, mesmo quando você não queira sair de casa, não é uma prova cabulosa de amor, num mundo assolado por ciúme doentio?
Não vou dizer que critico pessoas que sentem essa necessidade enorme de contato o tempo todo. Entendo que é uma das formas de se demonstrar amor e carinho por alguém. Mas uma, apenas. Existem centenas de maneiras de se demonstrar afeto, amor e preocupação com as pessoas. Nem sempre da maneira que achamos a melhor. Mas todas deveriam ser válidas, e igualmente admiradas.

GRUPOS – UM MAL NECESSÁRIO?


Estou há algum tempo acompanhamento manifestações, pensamentos e ações de diversos grupos com os quais me identifico, especialmente com a ATEA, um grupo muito bom destinado a ateísmo. Mas sempre pela internet. Gosto de boa parte das ideias, mas discordo de outra parte.
Faço o mesmo com alguns grupos políticos, relacionados a animais, e de diversos outros assuntos que adoro. Gosto da troca de informações, mas não consigo me sentir totalmente afinado com todas as ideias que estes grupos apresentam. Tenho constantes discordâncias que me fazem de vez em quando querer distância.
Pelo que tenho observado, a ideia inicial de fixar-se em um grupo, seja do que for, vem do fato de dividir informações, experiências, buscar o mesmo objetivo. Coisas nobres e que todos nós precisamos. Porém, a realidade é bem diferente. Pessoas com o mesmo pensamento, agindo em grupo, têm uma tendência imensa a se tornarem radicais e intolerantes.
Talvez por terem as mesmas críticas, por odiarem as mesmas coisas, as mesmas pessoas, um pensamento mais aflorado pode levar ao mesmo de várias outras pessoas. Um grupo de pessoas mais emotiva, guiando seu ódio para um ponto comum, é o primeiro passo para um ódio coletivo.
O que vemos é um grupo de pessoas, que individualmente, seriam pessoas pacíficas, tranquilas e estariam com bom relacionamento com todos. Mas se reúnem e se tornem incrivelmente raivosas, agindo de forma intempestiva, como nunca sonharam em fazer.
Assim ocorre com grupos religiosos, com torcidas de futebol, com grupos políticos, com grupos ideológicos... passamos a uma criação de inimigos, de pessoas que na maior parte das vezes simplesmente pensa diferente. Ou que, se agir de forma agressiva ou prejudicial, não terá muito efeito prático a tentativa de aniquilar este tipo de pensamento transformando quem segue algumas ideias em demônios.
Particularmente adoro a diversidade. Acho que temos muito a aprender com pensamentos opostos. Não por outro motivo, apesar de ser ateu, meu melhor amigo, de cerca de 30 anos, é evangélico. Da mesma forma que, sendo um militante de esquerda, tenho grandes amigos, de infância, que são adeptos ao liberalismo econômico, ou filiados a grupos políticos de direita. Alguns desses amigos são pagodeiros e fãs de todo tipo de música popular de fácil digestão, enquanto eu sou um fã incondicional de heavy metal.
É bem verdade que já tive altas tretas com estas pessoas, porque muitas vezes as ideias são diametralmente opostas. Mas acredito que ter grandes pessoas ao meu lado que pensam tão diferente, me ajuda a não me tornar um idiota por completo. Saber que mesmo pensamentos que eu considero errado não fazem com que as pessoas sejam ruins. E saber que existe sim, muita coisa boa em pessoas que acreditam em coisas que eu acho idiotas.
Pessoas pensam diferente, expõe ideias diferentes, críticas mais ácidas. Ao longo dos tempos, os ideias filosóficos da humanidade mudaram. A ética mudou. As condutas sociais mudaram. As leis mudaram. Nada disso seria possível se não fossem forças e ideias antagônicas buscando o equilíbrio.
Você não tem ideia do quanto tem a evoluir ao trocar boas ideias com que pensa extremamente diferente de você. E tem menos ideia ainda, de quanto isso pode manter sua mente e seu coração aberto, a entender que somos todos seres humanos, imperfeitos, em busca de evolução, que apenas acreditam estar defendendo aquilo que é realmente melhor para todos.

NÃO POSSUÍMOS SERES HUMANOS


Conversando com algumas pessoas, chego à conclusão que as pessoas, de uma forma geral, não querem saber de relacionamentos sérios tanto quanto eu. O que todo mundo busca é a segurança falsa de estar na posse de alguém, aquele velho lema de “alguém pra chamar de seu”.
A simples ideia de dizer “a minha mulher” é algo insano. Eu não tenho nenhuma pessoa. Não vivemos mais em épocas de escravidão. Naquela época poderíamos dizer que alguma pessoa era propriedade de outra, com valor de mercado, alienação, papel passado...
Somos livres. Todos temos o mínimo de discernimento pra saber se queremos sair com amigos, se preferimos ficar em casa, o que assistir na televisão, o que ler, com quem conversar. É realmente lamentável alguém querer, ou mesmo conseguir, limitar ou decidir coisas assim por nós. E ainda mais lamentável aceitar tais decisões, que por vezes não fazem sentido.
Esse moralismo de aberração leva pessoas a criarem verdadeiros personagens para viverem dentro de uma padrão  imposto, ou esconderem quem realmente são. Você se casa, com todo aquele ritual, porque essa história de conto de fadas foi transmitida e aceita, e se torna um sonho maluco de princesa, sem sequer imaginar todos os problemas que se referem à vida a dois.
Mas mais ainda: é a coisa mais insana do mundo ter que controlar os pensamentos de outra pessoa por outras pessoas. Explico: se você encontrar uma foto de um homem pelado no celular da sua esposa, mesmo que seja de um artista famoso que tenha viralizado em sites especializados em assuntos femininos, você certamente vai ficar louco. Por que a SUA mulher está tendo desejos sexuais por outros caras?
Meu amigo, você realmente acha que pode controlar isso? Sua mulher controla isso em você? Você acha que pode controlar o que uma pessoa pode gostar? De quem ela pode gostar? Com quem ela conversa? O que ela vai vestir? Você acha que existe algum sentido lógico em imaginar que você tem poder sobre alguma pessoa a este ponto?
Coisas assim que me fazem ver que o relacionamento usa o termos “meu” antes de designar a pessoa em questão, para dar a ideia de que realmente você a possui. Você quer controlar alguém. Quer dizer que é sua. Quer que a pessoa sinta-se obrigada a viver da forma que você quer que viva.
Isso, definitivamente, não é amor.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

LULA CONDENADO E O FIM DA CORRUPÇÃO

Vinte e quatro de janeiro de 2018, TRF4. O dia em que o ex-presidente Lula é condenado por unanimidade, mantendo a sentença de primeira instância. Por todo o país, milhares de pessoas se manifestaram em solidariedade ao petista, bem como um bom número contra ele, pedindo sua prisão. O aumento da pena, resultado do julgamento, deveria ser um marco para um político que é o maior ícone nacional neste momento.
No entanto, o atual momento reflete apenas uma infinidade de problemas que vivemos, onde a condenação de Lula é não somente uma mera ilusão, como uma possibilidade de aumentar ainda mais a imensa tensão social criada pela polarização política.
Pra começar, alguns afirmam que é um marco no combate à corrupção. Não, não é. Se pegarmos somente o ano de 2017, vimos uma infinidade de políticos serem absolvidos, ajudados ou mesmo protegidos pela justiça. Como exemplo podemos dizer sobre Aécio Neves, um dos principais nomes da direita na política e que quase foi presidente em 2014, bem como Michel Temer, presidente da República. Ambos foram flagrados em áudios negociando bravatas, ameaçando pessoas e beneficiando até mesmo criminosos condenados e presos. Os processos em questão foram políticos, sem qualquer consequência.
Juntamente com eles, temos Romero Jucá, Renan Calheiros, José Serra, o esquema dos trens de São Paulo. Muitos arquivados por prescrição, outros que entram praticamente em ostracismo por não serem movimentados. Ou o caso de José Dirceu, condenado por uma infinidade de crimes, que recebeu do judiciário um incrível habeas corpus para cumprir sua pena em liberdade.
Não existe qualquer indício de que algum desses políticos, ou de que tantos e tantos outros envolvidos em esquemas até o pescoço, sofram qualquer ameaça de pagarem por aquilo que cometeram. Na verdade o que se vê é a conivência do judiciário, associada à bestialização do povo, que continua assistindo a estes eventos em total passividade.
Um outro problema que temos visto é a radical polarização política, onde praticamente as pessoas se tornaram petistas fanáticas, ou anti petistas fanáticas, muitas vezes sem nem ao menos saberem a razão pelo qual defendem arduamente tais posições. Queria, a condenação do Lula, independente de comprovação que ele tenha cometido crime, ou sua absolvição, não importa o quão corrupto seja.
Sua condenação, por si só, abriu uma polêmica impressionante pelos procedimentos tomados pelo judiciário. A condenação foi basicamente amparada por evidências e delações. Poucas provas cabais. E o maior problema dessa situação é que temos margem para que sempre paire dúvidas sobre a lisura do processo. Será que Lula foi condenado por ser criminoso, ou seria só um julgamento político pra evitar que ele se candidate? Será que se tivéssemos alguém do alto escalão da direita, como Aécio, o resultado seria o mesmo? Se fosse alguém com menor relevância política, teríamos uma condenação nesses termos?
E pela imensa quantidade de recursos e liminares a serem proferidas no processo, ainda existe uma chance imensa de Lula ser candidato à presidência. E sendo, é o grande favorito a ser eleito. Mas caso não seja, observando a lista atual dos possíveis candidatos, é quase um filme de terror: Bolsonaro, Alckimin, Ciro Gomes, Pastor Everaldo... é quase que o desejo para uma bomba atômica comece tudo do zero pra ver se da certo dessa vez.
Mas o que pra mim é o pior é que temos um povo essencialmente corrupto. Temos exceções, claro, mas são raras e uma minoria bem minoria. A grande maioria do nosso povo quer levar vantagem aconteça o que acontecer. Fariam a mesma coisa, ou pior, se tivessem a oportunidade. Não da pra ver muita gente que demonstre agir tão diferente se tivesse oportunidade.

Assim, parece que a condenação de Lula tem um efeito mais midiático pirotécnico, acirrando ainda mais o ânimo dos radicais e fazendo com que sejamos ainda mais patéticos perante o mundo. Não consigo ver sequer a perspectiva de que algo vá melhorar nem mesmo a longo prazo. Mal da pra levar a sério a decisão da justiça. Fica parecendo que no fundo, isso tudo teve apenas como pano de fundo criar assunto para rodas de bar.