quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

PELO MENOS TIRAMOS O PT

 

Em 2009 eu comprei, conjuntamente com minha namorada na época, que viria a se tornar minha esposa, meu primeiro apartamento. Na época pagamos o total de R$90 mil, com uma entrada pequena e parcelas que variavam em torno de R$660,00 após a entrega. Em 2011 o primeiro carro, um Celta, 2004, pagando R$15 mil.

Nessa mesma época tínhamos uma vida social possível, de vez em quando viajando, comendo fora, etc. Eu era professor da rede estadual e ganhava um salário baixo. Ela também funcionária pública ganhava pouco a mais que eu. Mas eu sei que eu não era o único que tinha uma vida relativamente confortável. Boa parte das pessoas conseguiu comprar imóvel com projetos sociais. A indústria automobilística explodiu, vendendo horrores, fazendo com que o número de veículos superasse o de pessoas.

Em determinado momento do governo petista, que durou de 2003 a 2016, encerrando por um golpe parlamentar, a grande maioria das pessoas tinha um excelente poder de compra. O país fora tirado do mapa da fome. Foram gerados muitos empregos, chegando num dos menores níveis de desemprego da história. O Brasil passou a ser credor do FMI, chegamos à sexta maior economia do mundo.

Eu não sei em que planeta as pessoas estiveram esse tempo todo, se estiveram em universo paralelo, mas os avanços conseguidos através do governo petista são inegáveis. E basta procurar dados, em todo tipo de reportagem, índices históricos, registros oficiais. E realmente, existe o mérito do governo anterior, do FHC. O que o PT fez foi dar continuidade ao que estava indo bem, e corrigir o que não estava, como todo governante deve fazer. Até porque FHC foi uma continuação do governo Itamar, e algumas coisas do governo Collor.

Mas isso não quer dizer que devamos fechar os olhos para os erros petistas, como muitos querem fazer. Houveram muitos. Especialmente no governo Dilma. Existem muitos escândalos de corrupção, alguns provados. Não é o maior escândalo de corrupção da história, como muitos dizem, mas é muito grande mesmo. Na última divulgação era o quarto partido como maior número de políticos presos, perdendo pra PP, PSDB e DEM. O que realmente é algo sério.

O partido se recusa a assumir os seus erros, o que é inexplicável, uma vez que todo mundo comete. E a oposição feita ao atual desgoverno é vergonhosa. O PT espera apenas o circo pegar fogo pra tentar voltar como salvador da pátria, enquanto tudo vai indo ladeira abaixo. Isso não é o que se espera de uma oposição de verdade.

Mas os ganhos são inegáveis, como citado. O PT não quebrou o país. O índice de desemprego deixado em seu final não foi o maior da história como muitos dizem. No governo FHC era maior. A taxa de juros era menor do que no governo anterior, e o país ainda era uma economia maior. Como informei, não era o partido com maior caso de corrupção. Os citados tinham mais casos. E muita gente tinha ascendido à classe média.

Atualmente tivemos o congelamento de investimento em serviços básicos, inclusive educação. Perda de direitos trabalhistas, perda de direitos previdenciários, ameaça de perda de direitos civis, administrativos, liberação do direito de matar da polícia. O desemprego explodiu, o poder de compra afundou, e a imagem do país no exterior simplesmente desapareceu. O desmatamento, que já era alto, agora virou uma política de Estado. Tudo, absolutamente tudo, piorou. E com muitos casos de corrupção, como sempre foi.

Ninguém saiu às ruas para protestar contra a corrupção pos-PT, nem pela piora do nível de vida. Nunca foi pela corrupção. Citando mais uma vez Jessé Sousa, o que existe é um preconceito enraizado no brasileiro, onde não se pode ver pessoas de classes inferiores melhorarem de vida. Igualdade social basicamente é algo combatido.

A vida dos brasileiros piorou absurdamente em apenas quatro anos. Mas pelo menos tiraram o PT.

SOCIEDADE DESTRUÍDA

 

Você já teve o desprazer de estar em casa, num sábado à noite, super cansado, precisando dormir, e um filho da puta maldito ligar aquela merda de som estourado de carro no último volume, fazendo tremer o bairro todo, e acabar com qualquer possibilidade de você ter sua boa noite de sono no único dia possível? Se você está vivendo no Brasil, certamente passou por isso. E sabe que pra esse tipo de coisa a polícia é completamente inútil, pois não faz absolutamente nada para quem precisa descansar.

Eu não tenho nada contra festas. Já participei de várias. Mais ainda de shows, que eu amo e sinto falta nessa pandemia. Mas estamos vivendo em uma sociedade, um grupo de pessoas. E dentro desse grupo há regras que fazem com que as pessoas precisam respeitar para conseguir viver harmonicamente.

Eu não vou relatar aqui problemas sociais gravíssimos que temos, em geral pautados na extrema desigualdade social e de renda que existe nesse país, assim como a péssima educação oferecida em praticamente todas as instituições de ensino (recomendo muitíssimo o livro “A Elite do Atraso”, de Jessé Sousa, pra aprimorar alguns conceitos). Mas a vida social requer limitações.

Eu amo sexo, de verdade. E hoje, com minha namorada, ainda mais. Eu acho que todas as pessoas deveriam transar muito, para serem felizes. Mas você já imaginou chegar um casal (ou várias pessoas) numa praça, e começarem a transar? Ou de repente no meio do seu escritório, no lugar de trabalho? E por que você não faz isso? Simples: existe uma convenção social, onde pra viver dentro dessa sociedade de forma harmônica, convencionou-se que você tem relações sexuais no seu ambiente privado, e em geral, sem espalhar a notícia pra niinguém.

Então por que eu tenho que aguentar um bosta ligando o som dele, numa música que no geral eu odeio, no meio da madrugada? Ou em qualquer horário do dia! Eu tenho direito ao meu sossego, e ter minha privacidade dentro da minha casa, ouvir as músicas que eu gosto, ver os filmes que eu gosto, ou deixar tudo desligado, ler alguma coisa, sem ser atrapalhado, ou sem atrapalhar nenhuma outra pessoa.

Viver em sociedade é isso. Você abre mão de fazer aquilo que lhe dá na telha porque algumas coisas interferem no direito do outro. Ao mesmo tempo que tem alguns direitos básicos respeitados, e não interfere na vida do outro. Isso tem muito a ver com empatia, e respeito aos direitos e necessidades alheias

Mas aqui isso está cada vez mais fora de sintonia. Temos uma porrada de fiscais de cu, pessoas que estão preocupadas com o que fazem homossexuais, e o que pensam. Pessoas que querem impor alguma maldita religião aos outros. Chegamos ao ponto de termos pessoas agredindo outras porque têm uma visão política diferente.

A mais notória fase dessa incapacidade de viver em sociedade é esse movimento retardado anti-vacina. As pessoas decidiram, sabe-se lá como, que as vacinas fazem mal às pessoas. As mesmas pessoas que usam celular, fazem compras online e usam Google acham que a vacina chinesa vai colocar um chip nas pessoas e rastrear cada movimento (eu até acho que essas pessoas precisam de camisa de força, e realmente, não de vacina). Mas não se incomodam em espalhar doenças pra todo mundo, só pra não se vacinarem. E quando o STF, num acerto total, determina que as pessoas são obrigadas a se vacinarem, se querem fazer parte dessa sociedade, começam a falar que é uma violência, igual a um estupro, fere a liberdade individual… um show de horrores!

Se você não está inserido nessa sociedade, e acredita que seus direitos individuais são muito mais importantes que o coletivo, a melhor coisa que você pode fazer pra si e para os outros é se isolar. Vai pra uma fazenda no meio do mato, uma ilha deserta, um local de difícil acesso no meio das montanhas. Lá você vai poder viver da forma que achar melhor, sem ter que prestar contas. Mas enquanto estiver em sociedade, aja a contento. Não seja mais imbecil.

LINCHAMENTO PÚBLICO

 

Essa semana ouvi uma notícia que me fez refletir sobre uma grande ferida que ficou na minha vida.

Alguns anos atrás uma pessoa tentou de todas as formas possíveis, numa briga, provocá-la para que eu a agredisse. Inclusive dando pequenos “tapinhas” no meu rosto pra ver se me tirava do sério (e quem já passou por isso sabe o nível de ódio extremíssimo que isso causa). Foi um dos dias que eu fiquei mais nervoso na minha vida. E eu percebi que apesar de ter um gênio muito forte eu sou um cara pacífico, porque minha vontade realmente era de ter matado na porrada.

O simples fato de eu ter segurado o punho dessa pessoa e a afastado, com um “sai de perto de mim” foi o suficiente para ter acusação de agressão (se ela soubesse qual era o meu real desejo naquele momento, ia chamar isso de carinho). E isso me causou um problema imenso.

Aconteceram coisas correlatas a essa no seguir dos dias que me fizeram inclusive querer ajuizar uma ação contra essa pessoa, e alguns amigos estúpidos dela. No dia já tinha procurado uma delegacia de polícia para relatar o ocorrido. E eu só fui convencido a não judicializar o problema graças à minha excelente advogada, que me mostrou o que poderia gerar de sofrimento para inocentes próximos, bem como meu pai, que me acalmou bastante ao longo dos dias.

Mas ambos sofreram bem pra me tirar essa ideia da cabeça. E até hoje eu tenho dúvidas se eu tomei a melhor solução. Eu realmente acho que eu deveria ter ajuizado a ação. Uma das coisas que eu mais me importo na vida é com caráter e honestidade. Minha namorada foi conquistada pelo meu caráter, assim como já recebi diversos elogios por isso, de várias pessoas ao longo da minha vida. Eu não aceito que tenham me colocado essa situação.

Além disso foram envolvidas diversas mentiras posteriormente. Algumas envolvendo pessoas que eu amo. E isso me trouxe consequências. Muita gente virou a cara pra mim, do dia pra noite, sem nunca ouvir minha versão. Pessoas que até então eu gostava muito. Essa situação me causou uma imensa e irremediável mágoa, além de uma revolta que perdura até hoje. Pessoas que eu considerava amigos tomaram alguns depoimentos e se voltaram contra mim. Não tiveram sequer a vergonha na cara de investigar os fatos.

Eu fui atrás de todas as pessoas que colocaram fogo na situação. Arrumei algumas brigas e xinguei alguns até a última geração. Uma dessas brigas está registrada em whats app, e já prometi que será mostrado ao meu filho quando ele tiver idade suficiente para entender, porque eu faço questão dele saber quem são essas pessoas e o que fizeram com o pai dele.

Recebi também um pedido de desculpas da pessoa que fez a merda. Mas eu nunca senti sinceridade. E mesmo que tivesse sentido, nunca vi uma mudança de comportamento que justificasse o arrependimento. Bem como quando você leva uma dessas se abre uma ferida que eu acho que nunca mais se cura. O que aconteceu naquele dia eu lembro, como se fosse hoje, segundo por segundo. E isso não tem mais volta. Uma atitude impensada, com raiva, que poderia ter gerado ainda mais prejuízos. Eu poderia ter sido agredido por pessoas que acreditaram nessa merda, poderia ter sido prejudicado profissionalmente, poderia ter sido preso. Seria até que fácil provar a inocência, como foi. Mas a merda estaria feita, como realmente está. E em nenhum momento se pensou nos danos emocionais que são causados com isso.

E eu vejo isso, todos os dias. As pessoas olham manchetes de jornal, e julgam. Qualquer fato, narrado, especialmente com sensacionalismo, vira um linchamento público imediato. As pessoas nem sabem o que realmente ocorreu e já tomam partido. Viram acusadores, juízes e carrascos. Destroem vidas pelo que escutam. Lembram do caso da mulher que foi linchada e morta por ter sido confundida com uma pedófila, e no fim era inocente? Ela deixou filhas, e o que foi feito a ela, e à família dela, jamais poderá ser reparado. Tudo por um ato impensado de alguns idiotas.

Existem instituições específicas pra fazer justiça. Algumas investigam, outras acusam, outras defendem, e outras julgam. Elas estão legalmente constituídas dessa incumbência. E toda e qualquer punição seguirá os trâmites. Se a lei está errada, muito frouxa, ou não é corretamente aplicada, deve-se cobrar as autoridades competentes, com vontade, para que as cumpram. Votar em pessoas que busquem essa aplicação. Justiça com as próprias mãos é o ápice da barbárie, e um prato cheio para fazer merda, matar pessoas inocentes (o que o torna também um assassinato), ou destruir a vida de alguém que não tem qualquer relação com o ato criminoso.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

UM BRINDE À VIDA

 

Eu não sei se em virtude da nossa realidade, se existem fatores sociais, a mídia digital, a velocidade… de repente tudo, mas nunca ouvi falar tanto sobre suicídio quanto agora. Além de ouvir vários relatos de pessoas que tiraram a própria vida, ainda ouvi algumas tentativas e pessoas que têm esse interesse. E parece que o tema traz um tabu imenso, porque poucas pessoas falam abertamente sobre isso.

Esse assunto deve ser abordado, como qualquer outro. E é algo que me sinto incrivelmente confortável em conversar. Quem me conhece mais intimamente sabe, mas eu passei por isso. Exatamente dia 30 de novembro de 2004. Eu posso dizer que sou uma pessoa que já atentei contra a minha vida. Já vivi a sensação da vida não fazer sentido e não querer mais saber dessa merda toda. E hoje, quinze anos depois, posso dizer que é algo que não vale a pena.

Existem momentos merda na vida. Todo mundo passa por isso. E se não passou, vai passar. Perder uma pessoa que amamos muito, ter uma infância difícil, viver um relacionamento abusivo, ter problemas profissionais… se for pra relatar os problemas que a vida impõe eu teria que fazer uma planilha gigante. Não tem como escapar disso. Mas tem como mudar o modo como as coisas são vistas.

Geralmente os momentos ruins não são pequenas brisas que passam e derrubam os guarda napos na mesa. São tornados em graus mais elevados que arrasam toda a cidade. Quando você está no meio, tem certeza que vai morrer. Quando vê os resultados, parece que não tem mais como arrumar aquela merda toda. Mas tem sim.

Depois da minha incrível estupidez na vida, eu vivi momentos muito ruins. Apesar de ter feito isso em 2004 considero o ano de 2018 o mais desastroso e esquecível da minha existência. Se eu pudesse passar uma borracha nesse pesadelo maldito, eu faria sem pensar duas vezes. É bem verdade que foi o ano que meu filho nasceu, mas ainda assim foi uma das coisas mais malditas que eu já vivi. Nunca tantas coisas deram errado em sequência. Eu considero que tive uma involução pessoal que tento arrumar até hoje (já chegando muito próximo de colocar a casa em ordem). Mas a diferença é que eu não vejo mais as coisas como acontecia naquele momento. Hoje eu sei que momentos vêm e vão. Alguns são muito ruins, outros muito bons. Mas tudo passa.

Hoje eu me sinto realmente incrivelmente bem. Apesar do ano ruim pra todos que foi 2020, eu posso dizer que tirei o ano pra filosofar muito. Me entender, entender o que eu quero da minha vida. Conheci a Adriana, que está entre as pessoas mais incríveis que conheci na vida, de uma forma absolutamente impensável (um grupo de gatos no Instagran), e há seis meses tenho o relacionamento mais espetacular que já vivi, e que nunca imaginei ser possível. Daquelas coisas tão perfeitas que parecem que tem uma pegadinha escondida (calma, brincadeira esse final. É só perfeito). Tenho três gatos maravilhosos e carinhosos, um filho lindo e incrivelmente engraçado, e moro sozinho, que é algo que sempre desejei. Como qualquer um, tenho muitos problemas, e esse ano eles estiveram presentes. Mas acho que o tornado já virou uma tempestade de verão, com o sol raiando a cada manhã.

Eu sei que existem pessoas com a doença da depressão. Algo que faz com que você simplesmente não consiga ver nada além da tristeza. Mas sério, se você está vendo essa realidade que estamos vivendo, pessoas altamente individualistas, desumanas e cheias de ódio, e não tem algum dos milhares de problemas emocionais da modernidade, você não entendeu nada. Não tem como sair ileso.

Então, se você tem isso, você faz parte do mundo. E não há nada de errado em tratar isso, pra tentar uma vida equilibrada. Não que os momentos de tristeza vão sumir, mas pelo menos você vai viver mais emoções ao longo da sua vida. E a partir do momento que você conseguir enxergar as coisas de uma forma mais ampla, com várias possibilidades, e sabendo que você está vivendo apenas um dos milhares de momentos da sua vida, você vai conseguir superar tudo.

Fora o fato que você vive em uma comunidade. Você tem pai, mãe, irmãos (ou pode ter vivido com eles um dia, e eles já partiram). Mas sempre há um bom grupo de pessoas que nos amam muito. Algumas pessoas simplesmente não conseguem demonstrar, mas sentem isso. Então um ato impensado e idiota como esse pode levar pro buraco uma cadeia imensa de pessoas, que você nem pensava. Imagina o que é ter que superar uma pessoa amada tirando a própria vida.

O sol sempre vai voltar a brilhar pela manhã. Pode ser que essa manhã demore uma semana, pode ser que seja um pouco mais demorada. Pode ser que você esteja vivendo o inverno nórdico, que dura seis meses. Mas ele acaba. E tudo vai ter uma nova cor. Você tem que fazer sua parte, sem dúvida, mas a vida muda, o tempo todo. E sempre há um excelente motivo pra seguir. E você vai encontrar motivos pra sorrir, mais cedo ou mais tarde.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

ELA ESTÁ DE VOLTA

E o STJD condenou a jogadora de vólei de praia, Carol Solberg, porque na comemoração de uma medalha de praia num torneio internacional, gritou “fora Bolsonaro”, algo que praticamente metade da nação tem gritado e pensado há quase dois anos. A atleta foi advertida, ao invés de receber uma multa.

Nossa Constituição, no Art. 5º, este cláusula pétrea, ou seja, jamais poderá ser sequer alterado, em seu inciso IV, prega que é livre o pensamento, sendo apenas vedado o anonimato. Se você tem liberdade de pesamento, significa que você pode se expressar livremente, incluindo ideias políticas, críticas, elogios… se você passar do ponto, e ofender quem você está criticando, responderá civilmente por isso, mas jamais poderá ser censurado por seu modo de pensar ou se expressar.

O que fez a corte, privada, do esporte, foi limitar um direito constitucional inviolável. A decisão da corte é nula de pleno direito. Mas infelizmente estamos vivendo um momento sombrio, onde a liberdade de pesamento tem sido sorrateiramente limitada, por pequenas ações, condenações, proibições judiciais, etc.

Rachel Sheherazade foi demitida do SBT por pressão do véio da Havan, um dos caras mais repulsivos que já pisaram no território nacional (e a concorrência é grande), sendo esse um dos maiores financiadores do canal. O motivo é que a reporter é uma voraz crítica do atual presidente, dizendo-se arrependida de algum tipo de apoio. A mesma jornalista foi também crítica ferrenha do governo petista, defendendo inclusive o golpe de 2016. Em nenhum momento houve qualquer tentativa de demissão ou censura da jornalista.

Recentemente o judiciário proibiu a Rede Globo de divulgar matérias referentes ao processo de prevaricação do Senador e filho do presidente, Flávio Bolsonaro, alegando ser segredo de justiça. A segunda instância confirmou a censura. Eu gostaria de dizer que nada parecido ocorreu no governo do PT, mas na verdade nada ocorreu de forma minimamente semelhante em nenhum governo democrático no país.

Esse pequeno controle da mídia e do judiciário é a típica atuação do autoritarismo moderno. As novas ditaduras, como a Hungria, Polônia, Venezuela, entre outras, ocorreu dessa forma. Os ditadores aparelharam diversos órgãos de imprensa ou dos poderes nacionais, sufocaram os setores da mídia que ficaram contra, fecharam canais da mídia, prenderam opositores, criaram leis que davam plenos poderes ao tirano (como está no projeto que quer destruir os serviços públicos, denominada de deforma administrativa). Qualquer pessoa pode conferir na brilhante obra “Como as Democracias Morrem”.

Quando da eleição os avisos foram de todos os lados. Estava muito claro que vivíamos um momento de exceção. O risco era gritante, analisando o histórico do então candidato à presidência. Algumas pessoas diziam, replicando frases prontas, que o Brasil iria se tonar uma Venezuela se o PT vencesse. Mas analistas políticos alertaram que a grande chance de nos tornarmos uma Venezuela era a vitória do ex-militar expulso com desonra.

Pra quem está vivendo nesse plano, sabe que todos os preços, de praticamente tudo, subiu assustadoramente de um ano pra cá. O investimento estrangeiro sumiu do país. O índice de desmatamento e desrespeito ao meio ambiente explodiram. Setores da política foram comprados. Listas não foram respeitadas. E todas as investigações contra integrantes do governo foram sumariamente arquivadas. Fora os incontáveis atos contra o STF e o Congresso, muitas delas com participação do presidente e de alguns ministros, atos estes que pediam intervenção militar, ditadura com o presidente.

O Brasil está se tornando uma Venezuela. Aos poucos, como ocorre em qualquer país que venha a se tornar autoritário. Não chegamos ao ponto de prender opositores, como ocorre lá, ainda, mas muitos deixaram o país com medo das ameaças de morte. Qualquer pessoa que se coloque contra o presidente sofre diversas ameaças em redes sociais. Alguns são interpelados na rua. Já vimos casos de repórteres serem agredidos ao vivo.

Estamos caminhando, pouco a pouco, para uma ditadura. Não com canhões e armas, como ocorria no século passado. Mas com aparelhamento do Estado, com suborno, com a censura de pequenas críticas, ameaças. Exatamente como dissemos que ocorreria, na eleição. Muitos não ouviram, o que não é surpreendente, dada a limitação intelectual da maioria dos brasileiros. Muitos disseram que era exagero.

No livro “Como Funciona O Fascismo”, de Jason Stanley, uma das obras mais brilhantes e esclarecedoras que já li, o autor afirma que os judeus ouviam histórias de outros judeus levados para campos de trabalho escravo, mas como a realidade deles era outra, e não viam ao vivo o que ocorria, muitos não se importavam. Da mesma forma, no maravilhoso filme “Ele Está de Volta”, após Hitler se tornar uma celebridade na Alemanha, uma senhora, a avozinha, já esclerosada, reconhece a voz do ditador e entra em pânico, afirmando que no começo todos achavam o tirano engraçado, e quando menos esperavam, estavam todos mortos.

Será que nós seremos os que não irão se importar, porque nossa vida está indo mais ou menos bem (estamos comendo, ainda)? Será que vamos continuar rindo do tirano antes de sermos nós os próximos calados ou perseguidos? Será que só vamos levar à sérios os avisos quando for tarde demais? 

domingo, 11 de outubro de 2020

OS SEGREDOS DE UM BOM RELACIONAMENTO

 

Confesso que eu jamais pensei em escrever um texto como esse sequer há seis meses atrás. Estava bastante desiludido com relacionamento amoroso. Depois de um casamento desastroso e um namoro anterior bastante decepcionante, estava muito decidido a pensar exclusivamente nos meus problemas emocionais, cuidar da minha saúde, e conhecer mulheres para aventuras ou só amizade. Mas aí, ela veio mudar tudo.

No começo eu não me empolguei tanto. Obviamente achei uma pessoa fantástica, mas ela mora em Santos e eu em São Paulo. Ela tem 47 anos e eu 39, o que não me causa preconceito, mas geralmente mulheres mais velhas não têm interesse em caras mais novos. Ela estava saindo do segundo casamento frustrado e eu já estava em outra fase de superação. Tinha tudo pra dar errado.

Fora que de todas as mulheres que eu já me relacionei, ela é a que tem os gostos mais diferentes dos meus. Ela é fã de Legião e eu abomino essa banda, só pra ter uma ideia. Então é de se imaginar que é um relacionamento repleto de brigas, discussões e tensões, certo? Completamente errado.

Eu nunca imaginei viver uma relação tão tranquila e positiva como essa. Nós não brigamos. Discordamos muito, mas não brigamos. Em duas ocasiões a situação ficou um pouco mais tensa e talvez mais ríspida. Em ambas a conversa ocorreu, as partes esclareceram seu ponto de vista, e quem estava errado pediu desculpas. Tudo isso em cerca de uma hora. Sem drama, sem fúria, sem desespero. Sempre com objetivo de solucionar o problema e viver bem.

Mas agora eu vejo que existem coisas que são essenciais num relacionamento. A primeira delas é empatia. Eu diria que falta isso para a raça humana. E quando ambas as partes têm muita empatia um pelo outro, tudo fica muito mais fácil. É preciso se colocar no lugar do outro, pra saber que existe uma história, cheia de feridas e mágoas, cheia de estresse, que pode ter gerado um monte de problemas de saúde. É preciso saber que existem inseguranças por problemas vividos. E é preciso saber que as pessoas têm um passado, que nem sempre é dos mais legais. Mas é preciso entender que sempre é tempo de recomeçar, e que as pessoas se esforçam para evoluir e corrigir os problemas.

A segunda coisa que eu vi como essencial é um desejo ardente de solucionar os problemas rápido, de forma positiva e sem deixar rastros. Se você quer ter um bom relacionamento, deixe o ego do lado de fora. Você vai errar, falar coisas erradas, na hora errada, dar um descompensada em algum momento. O importante é saber reconhecer o erro, e ter humildade de pedir desculpas. E também desculpar a outra pessoa. Isso faz com que qualquer problema se torna um pequeno tropeço, e as coisas fiquem extremamente boas em pouco tempo.

Também vi a necessidade de respeito pelo outro. Você tem seu jeito, suas preferências, seus desejos… e a pessoa tem os dela. Pode ser que ela não se vista do jeito que você mais adora, mas é o jeito dela. Do mesmo jeito que ela pode vir a ter gostos musicais diferentes do seu. Mas tudo bem. É perfeitamente possível viver muito bem assim. Você não tem que mudar ninguém, querer que a pessoa se vista de uma determinada forma que você gosta, tenha comportamento que você queira. Apenas curta a pessoa que está ao seu lado. Foi por ela que você se apaixonou ou por um modelo idealizado que você nem conhece?

Mas também é legal fazer pequenos agrados. Tipo comprar cerveja porque a pessoa gosta (sim, eu fiz isso), ou experimentar os testes alimentícios que o outro inventa, fazendo cara de desespero e tentando dizer que tá bom (adoro essa careta!!!!). No meu caso, esses pequenos agrados, que não mudam a personalidade de ninguém, mas fazem o outro se sentir querido, ocorrem direto, de parte a parte, o que deixa a situação muito mas alegre e divertida.

E muitas vezes rir dos erros alheios. Tudo bem que conviver na mesma casa é difícil, mas pequenos erros, como derrubar o pote de molho no chão, ou esquecer a pazinha em cima de cama, são apenas toques que você da pra pessoa perceber a distração. Fazem parte. Não adianta ficar puto com isso. E mutias vezes são engraçados.

Debates com opiniões diferentes também fazem parte. Todo mundo tem. Como você encara relacionamentos passados, como é a relação com os pais, com filhos de outros casamentos, como trata os animais de estimação, como analisa uma música, gostos de filmes… tudo pode ser objeto de discussão. Porque as pessoas pensam diferente. E tudo bem ser assim. Eu acredito que da pra aprender muito com pessoas que pensam diferente. Com isso aprendi a me conhecer como nunca antes ocorreu. Já consegui tirar uma tonelada das minhas costas, e voltar a ser leve, apesar de estar com um problema crônico de sono que impede chegar num nível lega.

Enfim, o que posso dizer que muita coisa faz um relacionamento ser bom e leve. Mas acho que nada se compara a empatia e respeito. Você tem que conseguir se colocar no lugar do outro, entender o que ocorre, o que causa sofrimento, e saber que aquela pessoa tem o jeito dela, que você conheceu dessa forma, e não vai mudar. E e por acaso mudar, a pessoa será infeliz, e fará a relação infeliz.

Se por acaso no futuro esse meu relacionamento não der certo, vão dizer que o que eu escrevi aqui é besteira. Mas não é. O que pode acontecer é essas coisas deixarem de serem aplicadas, e o relacionamento afundar.

Mas posso garantir que jamais me senti tão feliz e tão leve com alguém, fazendo realmente parte de um “time”, onde o que eu penso, o que eu sinto, o que eu quero, é extremamente importante, e sabendo que as coisas que eu faço fazem o mesmo por ela. É uma sensação indescritível, que agora percebo, nunca senti antes. E vale cada segundo!


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O BRASIL TEM QUE ACABAR

 

Essa semana saiu uma pesquisa de que 40% das pessoas aprovam o atual presidente, segundo o Ibope. A pesquisa traz um número mais alto do que outras, mas mesmo nas demais ronda em torno de 30%. Você consegue imaginar trinta por cento das pessoas dando aval para um ser que vomita preconceitos, ódio, mentiras e propaga todo tipo de horror possível? É isso que faz o brasileiro.

Algumas pessoas propagaram as imagens das queimadas no Pantanal. Animais correndo e morrendo. Áreas de preservação destruídas. Uma onda de morte. E todo mundo sabe que o governo tem total culpa dessa situação. As queimadas ocorrem para cultivo de gado, e pra isso é preciso utilizar uma vastíssima área, o que é de interesse de grandes fazendeiros da região. Mas o asno nazista vem dizer que é culpa dos índios. Engraçado eles terem assumido esse vies justamente pós-eleição de 2018.

Mas sinceramente, esse não é o maior problema. A eleição desse nazista é consequência de problemas muito maiores, estruturais, de muito tempo. Esse lance de que o brasileiro é cordial, receptivo e alegre é pura balela. O brasileiro é eivado de racismo, machismo, homofobia e todo tipo de preconceito estúpido que existe. Aqui temos preconceito até mesmo contra pobre, mesmo sendo um dos países mais desiguais do planeta. Nossa pobreza não é apenas financeira, é moral e ética.

Um monte de gente pedindo volta da ditadura militar, um regime que perseguiu, torturou e matou muita gente, além de várias desaparecidas até hoje, sob a justificativa de barrar outro tipo de governo. Por uma característica ideológica você justifica a morte e tortura de milhares de outras pessoas. Que tipo de ser humano faz isso?

Ao mesmo tempo temos uma oposição, que em alguns casos apoia, por exemplo, outro ditador tirano, na Venezuela, sob um monte de outras justificativas de merda, ou, como ocorre com boa parte do PT, simplesmente some, sem propor absolutamente nada, apenas deixando o governo atual se auto-destruir, mesmo arriscando que o povo não veja dessa forma, para tentar voltar ao poder em 2022. Que merda de oposição é essa? Ver o circo pegar fogo pra ter o poder?

O Brasil nesse desgoverno de merda voltou ao mapa da fome! Nossa concentração de renda disparou, chegando ao 7º lugar no mundo. Muitos direitos foram tirados das pessoas desde o golpe de 2016, e a promessa é que tirem mais. O imbecil que ocupa a cadeira de ministro da economia, que mentiu pra caralho e não fez absolutamente merda nenhuma pelo país, quer propor mais impostos, de um dos países que tem a maior carga no planeta. Mas taxar as grandes fortunas nem a pau! Fora que essa mesma aberração chamada de gênio deu R$1,3 trilhão para bancos, sem qualquer contrapartida, enquanto queria suspender contratos de trabalho sem nenhum salário enquanto durasse a pandemia. E chama os servidores públicos de parasita, tendo um salário astronômico e um monte de penduricalhos.

E as regalias e benefícios dos auto escalões de grupos, como magistrados, militares, políticos, entre as grandes castas nacionais, sempre é mantido. Usam argumentos mirabolantes para justificar essas atrocidades.

Sinceramente, eu não sei como isso pode ser solucionado num país de dimensões geográficas. É de extremíssima urgência investir num sistema educacional que dê iguais condições a todos, inclusive de buscar justiça social, de entender os fatos para poder reivindicar. E especialmente, de acabar com esses malditos preconceitos que parece que tomaram conta da mentalidade nacional. Essa maldita ideologia propagada pelo astrólogo falido, Jim Jones da Virgínia, se tornou a regra aqui.

E a única possibilidade que eu vejo atualmente é o fim desse país. Acabar de vez com o Brasil. Dividir esse país em vários menores, talvez uns 10, mantendo em cada um suas características próprias, com fontes de recurso específicas e havendo possibilidade de administração específica. Porque viver nesse pesadelo interminável já deu.

O Brasil tem que acabar!

FALEM, DEBATAM, PENSEM POLÍTICA!

 

Quem não viu o episódio da jogadora de vólei de praia, que maravilhosamente gritou o lindo “Fora Bolsonaro” ao vivo, e depois foi censurada pela repugnante Confederação Brasileira? Ou Caio Ribeiro tentando criticar Raí por falar de política no São Paulo? Tirando o fato que geralmente os criticados são os que têm o pensamento de esquerda, porque eu não lembro de críticas tão fortes quando jogadores de vólei fizeram campanha para o inominável presidente, nem quando esse nazista levantou a taça no Campeonato Brasileiro do Palmeiras em 2018, é inacreditável como as pessoas querem de todo jeito que a política seja praticamente um assunto proibido.

Eu lembro que anos atrás passava dias debatendo política com amigos. Eu sempre do lado esquerdista da disputa, e alguns amigos mais à direita. Geralmente naquela época acabávamos por falar muito sobre ações do PT e do PSDB, que era o que tínhamos vivido. Mas pouca coisa no sentido pessoal. Ninguém vestia a camisa. O assunto era o Plano Real, controle de inflação, redução da miséria, tirar o Brasil do mapa da Fome, pagamento de dívida externa, crescimento de dívida interna. Coisas objetivas. E não tinha muita irritação quando o que você defendia fazia merda. O outro lado apontava, e geralmente você concordava. E no final todo mundo ia tomar cerveja junto (aqui figurativo, porque eu não gosto de cerveja).

O que ocorre hoje é algo inacreditável. As pessoas não defendem ideias. Agora defendem “mitos”. E não existe mais argumentos positivos, mas destruição de reputação. Depois do astrólogo fracassado, a quem brilhantemente Marco Antonio Villa chama de Jim Jones da Virgínia, não existe mais o debate. Se alguém faz um argumento contra o governo, busca-se de todo jeito fatos da vida dessa pessoa para acabar com sua reputação e tentar deixar claro que ele é o “vilão”, enquanto seu lado é o mocinho.

Participei recentemente de uma discussão sobre candidatos votados em eleições passadas. Um amigo indicou que votou no Novo, um partido que eu odeio, enquanto eu votei em candidatos do PSOL. Então comecei a indicar porque eu não gosto do liberalismo, proposta que o partido da direita defende enfaticamente. O que esse cara fez foi tentar arrumar todo tipo de argumento pra mostrar que o determinado candidato tinha gastado mais do que devia, e em nenhum momento entrou no debate sobre liberalismo ou algo mais próximo sobre o socialismo, que era o que importava naquele momento.

Em outro debate, com uma pessoa que eu sempre considerei a mais inteligente que já havia tido contato, estávamos começando algo sobre a atual chanceler alemã. Particularmente não concordo com as atitudes dela, também com pitadas de liberalismo, mas sem radicalismo. Porém, os resultados que ela conseguiu para o país são inegáveis, bem como uma alavancada sensacional na Comunidade Europeia, com o plano de austeridade. Mas naquele momento ela tinha criticado esse energúmeno que ocupa a cadeira presidencial. E então começou um show de cusparadas de que a líder alemã era socialista, porque foi filiada sei lá quando ao partido, e ainda era um plano maluco de implantar o comunismo na Alemanha. Uma pessoa absurdamente inteligente estava dizendo que era um plano secreto, numa pessoa que controla a terceira maior economia no planeta. Em nenhum momento foi debatido se os argumentos contra o presidente eram corretos ou não, e sim que a mulher em questão era do mal, segundo a pessoa.

E isso tem sido a regra. Você já tentou debater o caso Lula na Lava Jato? É incrível que você tem que escolher um time! Claramente a condenação do Lula foi absurdamente e direcionada. Quem tem o mínimo de conhecimento jurídico percebe isso, inclusive com a politização do judiciário, visando as malditas promoções por indicação. Porém, eu duvido demais que o Lula seja inocente. Aí, qualquer das frases que você usa, você ganha uma enxurrada de inimigos. As pessoas escolhem o heroi, mas jamais analisam fatos.

Falar com fanáticos do presidente é o pior dos mundos. Sempre tem o maldito “E o Lula? E o PT?”, que virou meme e motivo de chacota. Não importa que o nazista esteja fazendo merda atrás de merda, o que importa é que na época do PT…

Mas nem da pra sair muito disso. Eu vejo os defensores do Novo serem tão fanáticos quanto petistas e bolsominions. Qualquer coisa que esses malucos elitistas preguem é defendida com unhas e dentes. A deforma administrativa, que é uma aberração jurídica está sendo defendida na íntegra, inclusive por gente que vai se prejudicar com ela. E não tem argumento que faça enxergarem que bastaria defender uma reforma decente. Se o Novo falou, é lei! Ou aí começam a falar dos problemas envolvendo o PSOL. Será que as merdas que gente do PSOL faz justificam eu aceitar as do Novo? Ou será que podemos criticar a de todos? Eu votar no PSOL me obriga a defender o partido com unhas e dentes?

Porém, nem é o que me irrita mais. O que me deixa puto de verdade, nesse país, são as pessoas que não se posicionam. As pessoas que não falam de política. Nosso país está um caos, com gente roubando e fazendo merda pra todo lado. O nível de vida está desesperador, direitos são tomados, radicalismo pra todo lado, e quem fala de política é chato.

A merda está assim especialmente por essas pessoas que se escondem, ou acham chato se posicionar. E tomar uma posição não significa defender partidos políticos, até porque isso nem chega a ser política de verdade. Tampouco defender um ponto de vista econômico, ou administrativo. Quanto mais eu conheço mais vejo que todo lado tem um monte de problemas, e que talvez o melhor seja mesclar o que tem de bom em cada coisa.

Mas peguemos a deforma trabalhista. Aquilo foi um massacre ao trabalhador, como já relatei aqui. Direitos foram tirados na cara dura, e ninguém fez nada. Alguns grupos ficaram contra, e a mídia endossou que essa merda iria gerar milhões de empregos, o que, como era de esperar, ficou longe de ocorrer, e jogou um monte de gente pra trabalhos absolutamente precários. Mas será que não poderíamos abrir um amplo e franco debate para melhorar o país? Falar sobre os pontos que poderiam ser aproveitados, talvez com modificações nessa reforma, e aquilo que era sacanagem pura. Trazer opiniões de todos os lados? Será que as pessoas, com internet em casa, não poderiam pesquisar um pouco sobre prós e contras? É a vida dessas pessoas que estava em jogo, e agora tem ido pelo ralo.

Você vive em sociedade, então precisa se interessar por política, porque ela irá governar a sua vida. E se você não se interessar, vão fazer o que quiserem de você, porque alguém estará no poder. E quando esse grupo não tem oposição, ele faz o que quer, como quer. E geralmente age por interesse. E não pense que a oposição é o PT contra o PSL. A oposição é o povo se manifestando contra o que irá o prejudicar, e pedindo o que precisa para ter uma vida digna, sem querer trocar presidente toda hora.

Aqueles que não gostam de política são governados pelos que gostam. E hoje, os que gostam não são as melhores pessoas para nos governarem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

AS DEFORMAS ESTRUTURANTES E O NAUFRÁGIO BRASILEIRO

 

Tudo começou em abril de 2016. A revolta dos ruminantes ganhava força total, com apoio da mídia, enquanto as manifestações da esquerda eram totalmente ignoradas. Com apoio do deus mercado, a presidente eleita é retirada do poder, formando-se uma base de governo completamente diferente daquela que venceu a eleição. O golpe de 2016 foi o pontapé inicial para uma grande derrocada nacional.

Começou um papo de que o Brasil precisava passar por reformas estruturantes. A da previdência foi a mais falada. Mas tivemos a reforma trabalhista, e agora a tributária e administrativa. A grande promessa era que o país iria crescer e gerar empregos, se tornar uma potência mundial.

Primeiro foi aprovada a deforma trabalhista. Diversos direitos foram retirados, houve total precarização, com nome pomposo de flexibilização, nas relações de trabalho. Não havia qualquer vínculo, nem proteção. O trabalhador poderia ser contratado de forma avulsa, criar um sistema de parceria onde o empregador não era obrigado a absolutamente nada. Assim surgiram os aplicativos de entrega e os de transporte.

Depois tivemos a deforma da previdência, porque a aposentadoria era o que estava quebrando o país. A idade mínima foi jogada lá pra cima, não importa qual fosse a profissão, em que condições fosse o trabalho, ou o que causava ao organismo. Mas claro, os militares ficaram de fora. Curiosamente, o setor que gera mais custos à previdência. Bem como todos os políticos que já estavam aposentados com valores estratosféricos, como o presidente, Michel Temer. Por alguma razão, essa aposentadoria parece não ser um grande problema para o país.

Como até o momento são essas duas deformas apresentadas, o resultado delas é catastrófico, especialmente a trabalhista. O que temos visto é o desemprego exatamente no mesmo nível antes dessa aberração, e com uma possibilidade quase total de chegar a níveis inimagináveis por causa da pandemia. Mais de 40 milhões de pessoas trabalham atualmente na informalidade. Entregadores, por exemplo, precisam fazer dezenas de entregas por dia para conseguir o mínimo para sobreviverem. Trabalham feito loucos, mais de 10 horas por dia, correndo de forma insana, passando em tudo quanto é tipo de farol vermelho. E custeiam todo o equipamento, moto, bagageiro, tudo, pra trabalhar. Se sofrerem algum acidente, ficarem doentes, quiserem de repente fazer uma simples viagem, ficam sem ganhar um centavo.

As deformas que salvariam o país geraram no primeiro trimestre o PIB negativo. Estamos em recessão, e vai piorar por causa da pandemia. Apenas bancos ganharam dinheiro. E claro, os que lucram com a crise, como os caras da XP.

Com a pandemia, o que se esperava era que o governo socorresse quem paga seus impostos. Mas o que receberam foi uma bela banana. Para os banqueiros, que lucram de forma espantosa há anos, um aporte de R$1,3 trilhão. Da mesma forma, essa semana o Congresso perdoou (com ajuda de muitos partidos de esquerda) a dívida de quase R$1 bilhão das igrejas. Por outro lado, cortou o auxílio emergencial, que já estava difícil ser recebido, para R$300. As empresas não conseguiam empréstimos dos bancos, agraciados pelo governo, porque o risco era grande. Com isso, o número de falências têm disparado, o que quer dizer que o desemprego vai aumentar. E com isso, mais falências, mais desemprego…

A deforma tributária, pelo que vi, é só juntar impostos. A carga tributária no Brasil é uma das mais altas do mundo. Mas a Bélgica também é. Cerca de 50% do que se ganha é pago em impostos no país. Porém, o sistema de saúde, educação, segurança, moradia, e previdenciário, é praticamente perfeito. Você não gasta com absolutamente nada, porque o governo te devolve o que você paga. Aqui, trabalhamos cinco meses inteiros para pagar impostos, e ainda por cima precisamos pagar uma escola particular mediana para os nossos filhos, pagar plano de saúde privado, o que uma hora vai gerar ação judicial, com segurança zero, e uma aposentadoria de merda. O que essa deforma vai ajudar eu sinceramente não sei.

E agora a deforma administrativa. Eu defini os apoiadores dessa deforma em duas categorias: os incrivelmente burros, e os muito filhos da puta, que ganharão com a mudança. Claramente a pior de todas, porque mantém todos os privilégios do topo dos servidores públicos, super salários, com adicionais inexplicáveis, férias de sessenta dias, um monte de garantias, poder ilimitado, enquanto a base, professores, enfermeiros, pesquisadores, médicos, etc., irão perder estabilidade, ganhar ainda menos, e provavelmente serem perseguidos politicamente, se o governo em questão não for da mesma ideologia que eles.

Estou exagerando? Sério? Por isso que o presidente exonerou o fiscal do Ibama que o multou por estar pescando em uma área de proteção ambiental? O cara era de cargo de chefia, então pôde manter pelo menos seu cargo de concurso. Se fosse na ideia atual, estaria desempregado, por fazer o seu trabalho, e desafiar uma das incontáveis merdas que esse fascista que ocupa a cadeira presidencial cometeu. Aliás, só nesses meses de governo fascista um monte de servidor foi exonerado por fazer seu papel e coibir abusos do poder. Imaginem se essa deforma repugnante for aprovada.

O que está acontecendo aqui é que estamos virando uma Venezuela. Exatamente o que disseram que queriam evitar, se o PT continuasse no poder. Aqui o poder de compra diminuiu, o desemprego aumentou, aumentou a concentração de renda, a perseguição a opositores come solta, há censura descarada contra a imprensa, mesmo a de direita, e nos tornamos pária internacional. Todo mundo vê o Brasil atual como o lixo do mundo. A pobreza disparou, e a fome voltou.

Se essas deformas forem aprovadas a coisa vai piorar de vez. Isso não será mais um país, e sim uma grande sucata. E a manutenção das deformas já aprovadas também precisa ser revogada imediatamente. Não sei que tipo de mente retardada acha que tirar direitos das pessoas vai gerar algo de bom para o país, mas claramente só da merda. As revoltas do Chile provam isso. Ali o povo prefere morrer a seguir essa miséria, indo às ruas em mega protestos contra as ações altamente liberais implementadas na sanguinária ditadura de Pinochet, sendo que um dos mentores dessa política destrutiva é o grande ministro da economia do nosso fascismo.

O resultado da merda não poderia ser mais claro. Mergulhar no buraco, agora, é uma questão de escolha.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

VOCÊ MUDOU A MINHA VIDA

 

No primeiro texto que publiquei no presente blog, deixei claro que tudo o que escrevo aqui é sem filtro e sem correção. Me sinto praticamente um ser possuído que não tem controle do que escreve, simplesmente flui. E uma vez escrito, dificilmente irei ler novamente. Aqui é basicamente meu espaço de expressão. Até agora. Neste momento vou escrever algo que está na minha cabeça há algumas semanas e que eu pensei e repensei pra escrever.

É fato que tudo aquilo que você escreve que reflete seu posicionamento sobre algum assunto, especialmente quando o tema é complexo e sensível, vai causar incômodo em várias pessoas. Já ouvi um monte de merda sobre textos que escrevo, como sou agressivo, como faço pra provocar, que tento agredir alguém, que quero cutucar… o foda é que geralmente fixo na ideia que me incomodou e tento descrever meu pensamento sobre essa, e foda-se se alguém vai achar ruim ou não.

O fato é que tudo pode incomodar. Tudo pode soar provocação. Tudo pode parecer direcionado a determinada pessoa, ou grupo de pessoas. Nesse sentido, não tenho como responder pela interpretação de ninguém, uma vez que cada pessoa enxerga fatos e argumento de acordo com a sua experiência de vida. Como tudo na vida, alguns vão gostar, outros não. Faz parte. Mas sinto uma necessidade emocional muito grande de colocar em palavras o que penso agora.


Feita essa introdução, vamos falar do que criou dentro de uma mente perturbada uma grande mudança. E tudo começou com uma curtida numa página de gatos (Migles ou Janis? Agora não lembro qual era a modelo). Comentários, e de repente outras fotos comentadas, e a pergunta inicial sobre vegetarianismo. E comecei uma nova amizade na minha vida, o que não chega a ser uma novidade, uma vez que tenho muitos e excelentes amigos.

O que se desenrolou a seguir foi uma das coisas mais surpreendentes e incríveis que eu nem sonhava em fazer parte. Acabara de terminar um namoro que teve uma virada inacreditável, e diante de muitos problemas que tinha vivido nos últimos anos, me senti uma pessoa muito complexa. Estava decidido a tentar me entender por completo, fazer uma análise minuciosa sobre minha vida, meus desejos, os fatos que me perturbaram muito… não tinha muito como me dedicar a alguém no meio de um furacão mental.

Mas ela é diferente. Pra começar, psicóloga. Então, uma pessoa acostumada a lidar com furacões. E desde o começo ela viu em mim algo que eu achei que estava perdido no meio de um mar de dor. E mais do que ver, ela trouxe isso de volta à superfície, algo que eu buscava há tempos, inclusive em terapia.

Eu acho que me abri por completo. Sinceramente, não me lembro de detalhes que possa ter deixado passar. Erros que cometi, ou que achava que tinha cometido, rasteiras que tomei, frustrações, traumas… qualquer pessoa normal correria dessa fonte de problemas potenciais. Mas não ela. Ela me decifrou.

Ela conseguiu fazer um monte de nós se desenrolarem na minha mente. Eu finalmente tenho aceitado os erros que cometi (ainda acho que cometi mesmo, mas entendo que naquela situação eu não tinha como fazer melhor do que fiz), outros que não fui eu, outras coisas que foram escolhas erradas. Comecei a entender grandes momentos de sofrimento que na minha mente não faziam sentido nenhum. E tudo o que não faz sentido me consome.

Eu consegui entender algumas perspectivas diferentes. Intenções que não estavam claras, ações infantis, desesperadas, ações por estresse. Não que eu esteja concordando ou justificando cada merda que fizeram, ou as que eu fiz. Ao longo de quase 40 anos (e não de um determinado período específico). Alguns erros são imperdoáveis, porque refletem o caráter de algumas pessoas. Outros mostram apenas uma infelicidade extrema. Mas finalmente pelo menos fez sentido, sobre o motivo que leva determinadas pessoas a fazerem coisas ruins de verdade.

E de repente, o ódio na minha mente começou a diminuir. Se você me conhece há mais de 20 anos, lembra de um cara de boa, tranquilo e compreensivo. Se me conhece há cerca de 10, provavelmente tem em mente que eu seja o cara mais estressado e bélico do planeta. E agora estou voltando a ser o que eu era há 20 anos. E isso tem sido espetacular.

Ainda tenho meus momentos de raiva, mas eles são incrivelmente menores, e mais curtos. Ouvi há cerca de duas semanas que eu sou o cara mais paciente e compreensivo que ela conheceu (chupa essa antis!!!!!). E sim, eu fui mesmo. Não foi exagero. Porque ela despertou isso em mim.

Obviamente, como toda mulher apaixonada, vieram alguns elogios físicos. Mas os que me mexeram comigo foram os de caráter. Ouvir que eu sou um cara diferente, que eu sou um grande exemplo, uma pessoa admirável… e mostrando exemplos na minha vida de onde coisas assim aconteceram, além dela. Isso fez uma diferença abismal na minha vida. Poderia ser tudo isso coisa de mulher apaixonada, mas ela também critica pra cacete (o que você não odeia???). Então posso ver sinceridade, quando temos as opiniões de acordo com as atitudes. E ela odiou meu bolo de limão e meu chocolate mega amargo. Então acho que é de verdade. Rs

Pela primeira vez em décadas, talvez pela primeira vez na vida, eu me senti em paz. Poderia dizer que muito feliz, mas a verdade é que é em paz. Incrivelmente em paz com a vida que eu tenho, com as coisas que aconteceram ao longo dos anos, com o que conquistei e com o que fracassei. Me senti feliz comigo mesmo, com o que sou, com meu jeito, com o que causo nas pessoas, com as pessoas que não gostam de mim. Hoje, eu sou um homem completamente em paz. E agora praticando yoga!!!!!!

Uma determinada análise que ela fez em relação à minha relação com o meu filho, que estava me consumindo dia a dia, me impedia de dormir e me causava calafrios na alma, ela descreveu e disse que seria de determinado modo. Quando eu o revi, após a pandemia, eu vi exatamente as reações que ela descreveu, as atitudes, e os sentimentos. Eu diria que esse foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Porque naquele momento, apesar de tudo o que aconteceu, eu percebi que eu venci. Já escrevi um texto sobre como me sinto um vencedor. Mas somando todas aquelas vitórias, não chegam aos pés do que senti nessa. Eu não tenho como descrever.

Obviamente isso não significa que atingi nem ao menos o nível que eu quero. Nem perto disso. Um monte de coisas que gostaria de mudar ainda estão em processo, ou tentando entender o caminho. Um monte talvez eu ainda não tenha entendido, talvez parcialmente. Também não sei o que vai ser daqui pra frente. Acredito que a vontade de ambos é que isso nunca acabe. Mas infelizmente, tem certas coisas que não dependem da vontade de ninguém. O que eu sei, com certeza, é que eu sou um homem muito melhor do que eu era há cinco meses, quando comecei as conversas mais intensas com ela. Sou um homem em paz. E o que quer que aconteça, valeu cada segundo. Mas ainda tem muito mais pra poder valer!!!!

O nome dela: Adriana (provavelmente surtando até aqui… ou não!). Você realmente deu um novo rumo pra minha vida!

terça-feira, 4 de agosto de 2020

GRATIDÃO É O CARALHO!!!


Virou uma maldita modinha as pessoas colocarem coisas legais na internet, com fotos emocionantes, ou frases de efeito e escreverem “gratidão” no fim, com duas mãos unidas em sinal de reverência aos céus. Isso tem sido um ponto de revolta da minha parte. Sim, sem dúvida é uma revolta minha, mas como esse é o meu blog, com meus textos, eu vou expor o que penso. Sinta-se grato por isso!
Eu não sei como é a rotina de cada pessoa. Mas eu acordo cedo todos os dias. Trabalho de casa desde março, em horário comercial, normal. Lido com processos, o que por si só deixa o trabalho tenso. Como uma pessoa normal de classe média no cenário atual, não tenho ninguém que me ajude. Limpo minha casa, faço minha comida, pago as contas, de quinze em quinze dias fico com meu filho, o que exige cuidados, faço atividades físicas pra evitar que eu morra… uma rotina normal e cansativa.
Pra chegar até esse ponto, eu precisei fazer duas faculdades. O que significa dez anos de horas e horas dentro de uma sala de aula, horas lendo pra caralho, fazendo trabalhos, provas, gastando dinheiro com livros, condução, um monte de café pra não dormir… e depois, nos concursos, horas e horas estudando igual um doido. Eu deixei de ficar com meu filho e arrumei uma briga homérica com minha ex mulher pra poder estudar pra um deles.
E eu vejo gente com a rotina muito mais fodida. Gente que atravessa a cidade pra trabalhar, que tem vários filhos, ou mães solteiras e que cuidam do filho. Pessoas que são a única fonte de renda numa casa. Pessoas que fazem tratamentos cruéis, cansativos e sofríveis a doenças fatais, e em muitos casos têm que enfrentar a falta de estrutura do serviço público ou as negativas dos planos particulares, o que leva a imensas batalhas judiciais.
Eu vejo pessoas que passaram por traumas imensos na vida, que fazem um esforço imenso pra superar os problemas. Vejo gente que perdeu tudo o que tinha por desastres. Vejo pessoas sendo perseguidas por serem parte de alguma minoria. Vejo pessoas que tentam se agarrar a algum fio de esperança pra não darem um tiro na cabeça, no meio desses caos maluco que virou a raça humana.
E eu tenho que ter gratidão??? Gratidão a que, porra? Ao fato de todos os dias eu ter que me esforçar mais do que meu corpo aguenta? Ao fato de ter feito tanto esforço, algumas vezes inútil, chegando a desenvolver doenças emocionais e até hoje estar difícil de curar? Ao fato de mesmo que você faça o seu melhor, algum filho da puta venha te julgar por algo que ele nem ao menos sabe se é verdade ou se alguém inventou?
Todo mundo que busca ser feliz se esforça, e muito. Todo mundo tem que superar um monte de barreiras, cair e levantar de novo. Aprender com os erros, cuidar dos estragos à saúde que isso fizeram, mudar alimentação, estudar mais, dormir pouco… essa é a rotina normal de qualquer pessoa que queira ser feliz. E isso custa, muito. Você tem que abrir mão de alguma coisa, pra ter outra. E vai da escolha mais importante. E isso significa sacrifícios. Tudo pelo seu esforço, e talvez alguns amigos que tenham ajudado, e numa situação normal, a família.
E se você acha que eu tenho que ser grato por ter algo que eu tenha que alguém não tem, como comida, por exemplo, você é o tipo de pessoa que eu quero que vá se foder, com todo ódio possível e imaginável. Você é o tipo de ser alienado maldito, que faz a sociedade ser a merda que é. Eu não tenho que ter porra de gratidão nenhuma por pessoas passarem fome e eu não. Eu tenho que me revoltar com essa situação. Tenho que sentir ódio e angústia por terem pessoas assim. Não existe nada pra se agradecer na miséria alheia! As pessoas precisam buscar, como sociedade, que injustiças assim nunca ocorram. Eu não tenho privilégios dignos de alegria enquanto pessoas estão morrendo.
Assim, não há nada pra se agradecer. Você teve seu esforço e tem que valorizar você mesmo por isso. Se tem algo a agradecer, faça pelas pessoas que estiveram do seu lado nos momentos difíceis, e tenha compreensão das que não estiveram porque elas também estavam em momentos difíceis. E busque uma sociedade, no sentido coletivo, melhor, onde tenham o mínimo pra sobreviver.
Pare de agradecer a algo intangível, por uma pseudo-conquista, que provavelmente é extremamente efêmera, ou que pouca gente realmente liga.

ASSUMA SUAS CAGADAS


Nosso código penal traz alguns crimes que estão aliviados por situações, que nada mais são do que justificativas, chamadas atenuantes, que tornam as penas um pouco mais brandas. Estar bêbado na hora do crime, tomado por grande emoção, etc. Essas circunstâncias não acabam com a punição, mas servem de justificativa para evitar que sejam tratados como criminosos que tenham agido a sangue frio.
O fato de ser mantida a punição tem não só o caráter corretivo (na verdade eu vejo mais uma sociedade vingativa, porque aqui dificilmente se corrige alguma coisa), como também evitar que por um determinado tempo a pessoa que cometeu o crime esteja em contato com a sociedade, sendo para ela uma ameaça. Assim, se a pessoa mata alguém tendo transtornos mentais, ela será internada em um hospital psiquiátrico, não só pra ela mesma, como pra evitar que mais pessoas fiquem em risco ao terem contato com alguém doido e assassino.
Comecei com essa explicação porque tenho visto pessoas justificarem atos bárbaros por diversos motivos. Desde o comunismo, passando por bebida, crise hormonal, estresse, cansaço, e todo tipo de desculpa. Logicamente, a mais comum, vontade de Deus ou provocação do Diabo, e sem dúvida as duas mais odiosas.
Acredito que todos passam por problemas sérios na vida. Até hoje não conheci uma só pessoa que tivesse uma vida plena e feliz, sem riscos e sem algum momento de extrema tensão, ou alguma doença grave. Isso faz parte. E num sistema capitalista, onde é preciso enfrentar um monte de situações ruins pra sobreviver, o que significa ganhar dinheiro, o convívio com o estresse é regra.
E a maioria das pessoas não consegue canalizar o problema. Geralmente descontam a raiva, o problema, as angústias, em quem estiver perto. Tratam mal filhos, pais, amigos, cônjuges… vira um problema imenso que vai virar uma bola de neve. Afinal, ninguém gosta de ser tratado de forma agressiva por um longo período. Em algum tempo, isso se tornará um conflito.
Se você não cometeu um crime no seu período de caos, mas cometeu algum erro colossal, talvez não seja possível reverter a situação. Alguns erros não tem como voltar atrás. Mas você pode analisar os fatos, entender onde errou, assumir os erros, e tentar evitar que eles voltem a se repetir em uma situação semelhante. Essa parte eu creio que é a máxima dignificação da personalidade.
É justificável você trair seu marido por carência. Existe um motivo que leve a isso. Mas ainda assim, a mentira continua sendo um erro. Provavelmente seria mais fácil conversar com ele, e se não surtir efeito, partir pra algo que te deixe feliz. Até porque você ganha dois problemas. Obviamente numa situação dessas existe culpa recíproca. Mas não acredito que alguém vá atingir a felicidade numa situação dessas.
Peguei um caso inventado como exemplo, mas qualquer coisa poderia ser enquadrada aqui. Mulheres são agressivas e culpam a TPM. Homens são agressivos e culpam o estresse. Todo mundo faz merda no trânsito porque está morrendo de pressa e não tem tempo. Pais não dão atenção para os filhos porque trabalham demais. Os mesmos pais deixam de corrigir atitudes ruins dos filhos por terem uma infância autoritária e não quererem passar essa mesma imagem, e acabam indo pro extremo oposto. Todo mundo faz merda, algumas vezes de forma imensa. E todo mundo tem um motivo pra isso.
O que eu não entendo, de verdade, é o fato das pessoas insistirem por uma vida inteira em manter a justificativa, como se todas as demais pessoas tivessem alguma obrigação de aturar essa merda porque ela tem um motivo. Então vamos ser claros: ninguém tem obrigação de nada. Se você trata alguém mal, essa pessoa vai se afastar. Isso é um fato. Se você quer alguém perto de você, seja gentil, educado, ou minimamente divertido. Você não precisa adular uma pessoa o tempo todo, mas ficar batendo (metaforicamente falando) é algo que só cria problemas. E tem certas coisas que se quebram e nunca mais podem ser arrumadas.
Não existe vergonha nenhuma em assumir os próprios erros. Mesmo que tenham sido deliberados, que você queira ter prejudicado alguém, ou que não tenha dado a mínima, o arrependimento é algo positivo, pelo menos na minha visão. Se você entende que causou o mal, talvez não o repita. E se você assume seus erros, independente dos motivos que o levaram a errar, e sabe que a culpa é sua, você se da a oportunidade de melhorar e não errar mais. E muito provavelmente pessoas boas começarão a ter admiração por você.
Pare de culpar uma porrada de fatores externos, e assuma suas merdas!

domingo, 26 de julho de 2020

UNIÃO PELA DEMOCRACIA


Recentemente vi um vídeo do Meteoro Brasil, sobre a possibilidade de união entre os setores da esquerda, para derrotar o presidente inominável. O vídeo começava falando sobre a possibilidade de união entre alguns partidos e políticos de grande nome, e passava a mostrar diversas acusações entre eles. Fernando Henrique e Lula se atacando, Ciro e o PT, e outros que não lembro agora.
Vou ser mais amplo. Nesse momento temos que buscar uma união de todos aqueles que pregam a democracia contra esse grupo maldito que está no poder. E nesse caso pode ser partido de esquerda, de centro, de direita. O que temos que fazer agora é deixar de lado o ego em busca de um bem comum, que é isolar esse grupo de malucos radiciais estão usurpando o poder.
Pra quem já leu a belíssima obra “Como as Democracias Morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, a qual considero a obra política mais espetacular de todos os tempos, há relatos de todos os países que, através de um processo democrático, caíram em autoritarismo. Hungria, Polônia, Peru de Fugimori, Venezuela, alguns países da América Central, e até mesmo os EUA com Trump.
O que temos em comum em todos os casos é uma divisão extrema de setores democráticos, por divergências de minúcias, ao passo que os grupos autoritários, infinitamente menores, se unem, criam ataques sistemáticos, ligados a problemas sociais que existem há muito mais tempo que os grupos políticos, um discurso altamente populista, e a vitória nas eleições. A partir disso, começa uma mudança nas estruturas políticas, colocando uma base autoritária, que ocorre aos poucos, no Congresso, na Suprema Corte de cada país, e no judiciário como um todo. E com o tempo, esses grupos, minoritários, controlam tudo.
Numa pesquisa recente ficou comprovado que a ala radical de apoio ao atual (des)governo soma apenas 15% do total. A aprovação do governo está em torno de 30%, o que levou a oposição, como um todo, a lançar um movimento chamado “Somos 70%”, indicando todos aqueles que não apoiam esses malucos, seja os que odeiam, seja os que não dão bola. Isso deixa claro que pessoas minimamente ponderadas são a imensa maioria.
Mas essa maioria é manca. Como citei no início, as brigas e controvérsias estão superando qualquer objetivo comum. Esse mesmo grupo de 70% lançou um movimento a favor da democracia, ligando diversos nomes, da direita e da esquerda, que deixaram de fora algumas diferenças buscando manter o processo democrático. Eu lembro que entre as pessoas que assinaram o documento estavam Reinaldo Azevedo, Fernando Henrique, Ciro Gomes, Fernando Haddad e mais uma galera de peso, além de ser muita gente. Mas o PT se recusou a fazer parte da ideia.
O PT se diz magoado pelo golpe de 2016. Sim, foi um golpe. Não há como negar isso. Os fatos já na época mostraram e os que vieram depois tiraram qualquer possibilidade de dúvida. O problema é que já foi. Não tem como voltar no tempo. E mesmo assim, não foi um golpe militar, e sim um golpe político. Mantivemos as eleições naquele mesmo ano pra prefeito, depois em 2018 para presidente, e os resultados foram mantidos, mesmo que a eleição não tivesse um resultado muito agradável.
Por outro lado, o PT cometeu diversos erros durante seu período de governo. Isso é normal, ninguém é perfeito. Mas o partido se recusa a observar e reconhecer as falhas. Fala dos acertos, que foram muitos também, mas culpa outros pelos seus erros. Isso aumenta muito o ranço daqueles que odeiam o partido, mantendo esse discurso de ódio e a rejeição absurda ao partido.
Outra coisa inacreditável é Fernando Henrique e Lula brigarem pela eleição de 1998! Sim, essa é a disputa, onde um diz que o outro não aceita o resultado, e o outro afirma que houve manipulação das urnas. Algo que ocorreu há 22 anos, está trazendo consequências nefastas para toda a nação.
Outra coisa inacreditável é o PT criar esse mito em torno do Lula. Todos os demais candidatos do partido são meras marionetes, ou postes, como gostam os oposicionistas de dizer, sempre agindo em nome de Lula. Com isso, o partido tem poucos nomes capazes de fazer uma campanha eleitoral digna. Fora que Lula criou uma legião de odiadores com a Lava Jato. Tudo bem, a Lava Jato foi um processo manipulatório, onde as provas não tiveram qualquer importância, buscando apenas a condenação e retirada do ex-presidente da disputa. Mas é um fato, e não da pra mudar.
Nesse interim, apesar de não ser um anti-petista, e ter considerado o governo Lula muito bom, considerando os padrões brasileiros, podemos dizer que o PT tem uma responsabilidade enorme na manutenção do Bozo. O desejo de poder e o ego são tão imensos que preferem brigar com todo mundo, dividir demais, e manter os nazistas no poder. Do mesmo jeito que temos que manter a repulsa a esse governo asqueroso, o PT deve ser responsabilizado.
Voltando a citar a obra sobre as democracias, o autor cita dois exemplos de países que conseguiram superar os extremistas, nesse caso ambos de extrema direita, através da união de todos os partidos moderados e democráticos, em favor de um bem comum, que é a democracia. Na Áustria partidos adversários, que ao longo de sua história se detestaram, como se fosse PT e PSDB aqui, se uniram, para barrar o partido neo nazista. Na França ocorreu o mesmo na última eleição, a favor de Macrón. Todos os partidos moderados se uniram, e transferiram seus votos para tal candidato no segundo turno, impedindo a vitória da candidata da extrema direita (que apesar de ser extremista, disse que “nosso” presidente é repugnante, quando perguntada).
Eu não sei quem terá chances contra esse merda no segundo turno em 2022. Provavelmente com essa margem de apoio ele deva ir ao segundo turno. Se você considerar que existem diversos nomes de peso contra ele, é preciso entender que mais do que um projeto específico, é preciso consagrar o processo democrático, criar um projeto de país e tentar manter após a eleição, o debate democrático, de várias vozes.
Nesse sentido recomendo a entrevista do deputado Marcelo Freixo a Marco Antonio Villa. Durante a conversa ele afirma que na época de deputado estadual tinha um contato muito positivo com Flávio Bolsonaro, com debates educados. Ao ser questionado pelo entrevistador, Freixo afirma que a democracia exige que se tenha contato e respeito aos adversários, e que todos têm o direito de se manifestar e serem representados. Seria um mantra para todos os que defendem a democracia, sejam de direita ou de esquerda.
Só essa união pode manter um país plural, diversificado e democrático. As diferenças nesse momento têm que ser esquecidas. Erros precisam ser perdoados, pelo menos por enquanto. Egos devem ser engolidos. Poderemos debater essas coisas, de forma menos acaloradas, inclusive, quando conseguirmos controlar e prender esse monstro do autoritarismo. Mas por enquanto, este é o nosso inimigo. O resto pode esperar.
Ou iremos chorar os resultados dessas picuinhas, que parecem crescer mais que o nosso maior inimigo.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

DEUS, O PROBLEMA


Anos atrás eu tinha uma postura atuante no ateísmo, especialmente em redes sociais. Era um propagador geral do ateísmo, inclusive com direitos a algumas brigas com alguns amigos e conhecidos. Algumas pessoas viraram a cara pra mim, pararam de falar comigo, mas eu continuei firme e forte nesse propósito.
A ideia que passava pela minha cabeça nunca foi de converter ninguém ao ateísmo (na verdade seria legal se acontecesse, mas nunca vi como possível). Mas enche muito o saco as pessoas falarem de deus o tempo todo, mesmo que de forma não intencional. Tudo é graças a Deus, tudo é a vontade de deus. E com as redes sociais virou uma pregação maldita, de todo mundo falando dessa merda o tempo todo.
Aí eu comecei a reagir, como milhares de ateus espalhados pelo mundo. E aí os cristãos começaram a ficar ofendidinhos. No entanto, o que muitos demoraram pra entender, é que a fúria era um combustível. Quanto mais vinham no ataque, mais vontade dava de ir pra cima com tudo. E vários grupos sobre o tema foram criados.
Até que chegamos num ponto de calmaria. As pessoas pararam de se importar, e você dizer que não concorda com o cristianismo entrou numa situação de normalidade. Eu, ateu convicto e praticante, como definiu um amigo, tenho amizade com muitos cristãos, sem qualquer tipo de estranhamento. Todas as mulheres que me envolvi são teístas. E tudo correu bem. Até que foi criada a bancada evangélica.
E daí vamos sobre o tema desse texto. O título trata Deus como problema. Apesar de eu entender a crença em deus ou criaturas sobrenaturais como uma problema real da raça humana, não é exatamente o que abordo aqui. O problema agora são os que creem nisso, especialmente os de forma fanática.
O repugnante que ocupa a cadeira presidencial foi eleito tendo como base os evangélicos, apoiadores pelos mais famosos pastores. Até aí, sem novidades, muitos deles apoiaram Lula nas duas eleições. O problema é que foi trazida uma pauta de costumes arcaia, baseada em partes da bíblia, como se fossem regras para todos.
E parcial, porque não são todos os costumes que estão sendo pregados. Os evangélicos criticam o homossexualismo, e o tratam como inimigo, mas pouco falam sobre o adultério. Criticam a liberação da maconha e o aborto, mas eu não me lembro de ver nenhum pastor falar sobre exploração de pessoas em condição de miséria, o fator que mais enriquece esses mesmos pastores.
O que temos nas principais igrejas é a total hipocrisias. Escolhe-se alguns pecados, quase como sendo os pecados mais pecados, e combate-se eles. O resto deixa-se pra lá. Da mesma forma que algumas condutas sociais não aprovadas são duramente criticadas, enquanto interessam a manutenção da manada na rédea curta, mas outras são deixadas de lado.
A intenção é óbvia. Manter essas pessoas sob o cabresto de líderes sem escrúpulos. É algo totalmente lucrativo. Mas agora temos essas mesma ideia sendo levada a todo o país. Esse asno que está na presidência faz o que pode pra transformar o Brasil num Estado evangélico, a ponto de colocar uma lunática no Ministério dos Direitos Humanos, um pastor fanático e arcaico na Educação e prometer alguém terrivelmente evangélico como ministro do STF.
Nosso Estado é laico, conforme dispõe nossa constituição. Todas as pessoas podem seguir a fé que quiserem, inclusive mais de uma, ou nenhuma. Podem frequentar ou não cultos. Podem criticar e serem criticadas por suas posturas. Aqui temos o direito de agir de acordo com o que diz nossa consciência.
Mas isso tem sido alterado desde que esse merda se colocou como candidato. O cristianismo evangélico tem crescido como uma ameaça a todos aqueles que pensam diferente. Aparece como uma ameaça de se tornar a religião oficial. Tenta tirar direitos de todos os que fazem algo criticado pela religião. Como falou Barroso, essas pessoas agem como pré iluministas, e não duvido que possamos ter fogueiras pra toda e qualquer pessoa que venha a criticar a fé desses doentes num futuro próximo.
Nesse sentido, fica claro que nosso grande problema atualmente, é Deus.

A CERTEZA DOS NÃO ESPECIALISTAS


O ser inominável, em uma de suas lives patéticas, recomendou o uso de cloroquina como remédio para o combate ao COVID, parecendo garoto propaganda do Sucrílhos, como disseram os apresentadores da BandNews.
No programa “O Grande Debate”, Caio Copolla vomita opiniões sobre assuntos diversos, com dados sabe-se lá tirados de onde, falando sobre doenças, sobre economia, política, história… tudo com um diploma de bacharel em direito, sem advogar e o um notebook. Ele tem sido destruído de forma impiedosa por seus debatedores, especialmente pela fantástica Gabriela Prioli, mas volta no mesmo assunto como se nunca tivesse sido tocado.
São dois exemplos do momento em que vivemos, onde pessoas absolutamente leigas falam sobre todo e qualquer assunto, sem filtro e sem pesquisa. Desenvolvem uma opinião, com base puramente filosófica, e saem propagando isso como se fosse a verdade absoluta. A situação vem do nefasto e desprezível Olavo de Carvalho, um estudante que parou no ensino médio para ser auto didata e saiu criando teorias malucas, sem qualquer base, da forma mais aristotélica possível, com mais de 2000 anos de atraso.
Você ter uma opinião sobre coisas é algo normal. Acho que tendo uma boa base de dados e informações você pode tecer um raciocínio lógico sobre qualquer coisa. E diante de fatos você pode também mudar de opinião. Desde teorias econômicas, religiosas, filosóficas, sociais, etc. Mas sair falando merda, como se fossem verdades absolutas, baseado em impressão, aí não da.
Vamos manter o exemplo da cloroquina, tão falada pelo boçal que ocupa o cargo maior da nação. Há uma centenas de estudos pelo mundo sobre o medicamento. Até o presente momento, todos demonstraram ou a ineficiência total, ou um prejuízo no seu uso. Tudo indica que ele varia entre a inutilidade ou o prejuízo. As informações fornecidas pela ciência, através de pesquisa, testes e prática revelou isso. Seria muito legal que fosse a cura mágica, mas os fatos mostraram o contrário. E eu, como um homem formado em direito e artes plásticas, não tenho qualquer informação, ou base para buscar informações suficiente, para contradizer isso. Posso postar notícias divulgando esses testes e dados, mas serão os fatos divulgados por outras pessoas.
Não há como defender essa merda. Eu não tenho conhecimento suficiente para tal. Um militar expulso menos ainda. E pessoas que nem concluíram o ensino médio sequer entendem a pesquisa científica para começarem a falar sobre o assunto.
Estamos diante de um caso em que não importa o que você acha. Sua opinião não vale merda nenhuma. Existem pessoas que passaram uma vida inteira estudando e permanecem fazendo isso, com a devida técnica, para que alguma substância tenha um efeito positivo no combate à doença. Se essas pessoas estão dizendo, com base em dados firmes, que isso não ocorre, a única forma de conseguir contestar isso é fazer um estudo ainda mais amplo, com dados claros e alta taxa de testagem pra provar que está errado. Você consegue fazer isso? Se a resposta é não, recolha-se à sua ignorância no assunto.
Um outro exemplo que eu costumo dar para as pessoas é sobre a nutrição. Quem me conhece sabe que eu tive ao longo dos últimos anos em constantes e intensas brigas em diversos assuntos com minha ex mulher, mãe do meu filho. Raramente um assunto não era pautado na briga. Exceto um: nutrição. Ela tem formação acadêmica no assunto, e trabalha na área. Eu, como citado, sou formado em artes e direito. Aí, quando ela faz alguma recomendação em relação à alimentação do nosso filho, que base tenho eu pra dizer que ela está errada? Eu tenho que brigar pra deixar ele comer chocolate, por exemplo, porque é gostoso? Eu nunca parei mais de uma hora de algum dia meu pra ler sobre esse assunto. Ela estudou por cinco anos, e continua estudando ainda hoje. A diferença do nível entre nós nesse tema é um abismo. E provavelmente seria ridículo, aos olhos dela, se eu entrasse nessa briga.
Mas agora nós descobrimos uma série de especialistas em um monte de coisas, feitos nos cursos de whatsapp e twitter. Médicos, engenheiros, advogados, juízes, procuradores, psicólogos, artistas (esses são os que eu odeio com todas as minhas forças), que jamais pegaram uma porra de um livro pra ler, sobre qualquer desses assuntos. Caras que trabalham batendo carimbo, mas entendem tudo. Jamais foram a uma exposição de artes, um teatro, nunca leram Machado de Assis, ou qualquer autor minimamente consagrados, mas querem dizer o que é ou não arte.
E essa gente se espalhou pelo Brasil, de uma forma mais intensa que a própria pandemia. Tomaram conta de tudo. Arrumam encrenca com qualquer um que discorde. Vimos casos inclusive de agressão física, como no protesto de médicos em Brasília, ou o motorista de ônibus agredido em Belo Horizonte por não permitir que passageiros entrassem no veículo sem máscara.
É muita boçalidade pra pouco espaço territorial.
Deixo aqui como dica de leitura uma obra prima que mudou muito sobre meus conceitos sobre pesquisa científica. “O Maior Espetáculo da Terra”, de Richard Dawkins. Sim, um dos maiores teóricos do ateísmo. Mas nessa obra ele nada relata sobre religião. Na tentativa de explicar a Teoria da Evolução, o que é feito com um brilhantismo característico, ele desenvolve diversos exemplos sobre como funciona o método científico, como ele pode ser refutado e como a ciência não foi feita para agradar a opinião de ninguém. Uma linguagem simples e direta, possível até mesmo para cara de humanas, como eu. Exceto se sua capacidade cerebral for do nível Olavo de Carvalho.