segunda-feira, 4 de junho de 2012

Religiões pra propagar o ódio e a intolerância


Ultimamente tenho dedicado minhas passagens pelo facebook pra propagar uma série de críticas às religiões. Às vezes, por conseguinte, critico também alguns dogmas da fé, que acredito serem nocivos, mas meu algo tem sido as religiões, no que diz respeito a um extremo preconceito, intolerância e uma injustificável propagação de ódio aos demais. E podemos encontrar tais pontos em uma leitura literal da bíblia, interpretação dada pela maioria dos evangélicos e dos católicos.
Acho que nos últimos anos o papa tem propagado uma série de frases que são desastrosas para o futuro da humanidade. Em primeiro lugar, como pode-se dizer, num mundo de hoje, que uma instituição imensa como a igreja condena o uso da camisinha? Como podem dizer que o sexo deve ser praticado apenas após o casamento? Somos bombardeados por mensagens de sexo o tempo todo. O corpo humano cria, por si só, um desejo sexual aflorado e muitas vezes incontrolável. As pessoas querem sexo, muitas vezes mais do que qualquer coisa. Condenar o uso da camisinha é o mesmo que condenar uma série de pessoas a uma vida de sofrimento e doenças que poderiam ser facilmente impedidas. Além disso, quantas vidas surgirão sem que algumas pessoas tenham condição pra dar-lhes o amor necessário, até mesmo por falta de maturidade?
E, na boa, eu sei que a religião quer o sexo depois do casamento, mas as pessoas não são assim. Eu conheço evangélicos que não aguentaram, católicos, sabemos de centenas de casos de muçulmanos, e assim por diante. O corpo simplesmente fala mais alto do que dogmas que não tem tanta explicação assim, quanto o bom e velho “Deus não gosta”, que não esclarece nada. Por que pra maioria das religiões o sexo tem que ser um pecado, se é uma necessidade do corpo, da mesma forma que comer, beber, cagar, dormir? Será que temos que entender que a razão maior da nossa própria existência é um imenso pecado, e que Deus apenas nos tortura nos enchendo de desejos incontroláveis?
Coibir o sexo para a mulher é outra coisa que está totalmente fora do momento em que vivemos. As mulheres conquistaram seu espaço, têm os mesmos direitos que os homens. E todo homem adora um sexo ocasional. Se não existirem mulheres pra isso, por acaso teremos que buscar homens? Já pensaram na imbecilidade disso? E por que julgar uma mulher com os piores adjetivos só porque ela gosta de sexo, e não encontrou “o amor de sua vida”? Seria muito pior, pra nós mesmos, se ela não gostasse!
Falando sobre algumas passagens da bíblia, que trazem dizeres como “eu vim trazer a espada, e não a paz”, ou a parte em que Deus ameaça lançar ao inferno os que seguirem outros deuses que não ele, ou mesmo a parte que condena veementemente os afeminados. Talvez, e mais triste de todas, a parte que quem não crer nele será condenado ao sofrimento eterno. É só parar e pensar um pouquinho, e eu sei que não é difícil. Como um ser que pode ser feito de amor irrestrito pode lançar seres a um sofrimento eterno? Imagine que amor é esse, que se volta contra quem simplesmente questiona sua superioridade, ou não acredita em sua existência, que jamais foi comprovada? Isso seria por si só o cúmulo do egocentrismo e do revanchismo.
E por conseguinte, acreditar no diabo. Não existe nada mais irracional e sem sentido. Se Deus criou todas as coisas, isso inclui o diabo. E se ele é onisciente, sabia o que iria ser do diabo quando o criou. E segundo os dogmas propagados pelo próprio cristianismo, era sua vontade que isso acontecesse. Então ele criou um ser para ser o mal, para arrebentar a vida de bilhões de almas, tirar do paraíso um terço dos anjos, e ainda criar um local de completo sofrimento. Sério mesmo que vocês acham que isso tem alguma lógica?
Estou apresentando apenas algumas contradições que estão presentes não só na bíblia, como na pregação de boa parte das religiões. Já li a bíblia duas vezes, e isso fez com que eu achasse impossível acreditar no que ali está escrito. Entendo que no momento em que ela foi concebida o caos exigia uma ação rigorosa, que pudesse frear o ímpeto assassino da humanidade. Naquele momento só o medo seria suficiente para fazer as pessoas agirem com um pouco mais de compaixão. O problema é que essa propagação do medo de Deus continua até hoje, fazendo cada pessoa ser boa não porque ela é boa, mas porque se não for, será castigada até pela eternidade.
Não acho possível que as religiões deixem de existir. Pode até ser que novas surjam e estas sumam, mas elas sempre existirão, enquanto o homem não tiver todas as respostas, ou seja, sempre. E até acho que as religiões têm coisas positivas sim, como livrar as pessoas de vícios, fazer com que se “endireitem”. Mas acho que chegou a hora em que a humanidade não tem mais medo, e essa pregação atinge um número muito pequeno de pessoas. Então já chega desse pensamento vingativo. É hora de propagar a ideia de que ser bom vale a pena simplesmente porque é bom. Você não ganha nada com isso, exceto a alegria de ajudar alguém. E eu, que não acredito em ser supremo, posso dizer que é bom ver o sorriso no rosto de uma pessoa, mesmo que ela nunca mais olhe pra sua cara. Simplesmente porque fazer o bem faz bem.
Não acho que seja considerado normal você propagar em sua fé que você tem que matar porque o território sagrado é ocupado por pessoas de outra religião. Ou que você tenha que casar somente com quem tenha a mesma fé que você, porque ela pode te desviar (que fezinha mixuruca essa, hein?). Nem que o prazer, uma das raras coisas boas na vida, tenha que ser considerado algo ruim. Acho que é hora das religiões se adaptarem ao mundo que vivem, e começarem a prestar um papel realmente bom para o ser humano, que tem confiado nestas mesmas instituições para atingirem um mundo melhor, e estão vivendo numa guerra constante em sua existência.
Tenho sido genérico demais nas minhas críticas, uma vez que existem religiões que não são atingidas por estas pragas citadas, como é o caso do espiritismo, que tem feito sua parte no sentido de pelo menos fazer com que o homem busque sua própria evolução, e faça o bem porque isso lhe fará bem. E entendo assim a raiva que meus amigos espíritas têm sentido dos meus posts. Como tenho postado frases prontas, fica difícil distinguir tudo.
Mas sei que, pelo menos em pequena escala, algumas pessoas irão parar pra pensar nessas coisas, e continuarão sendo evangélicas, católicas, umbandistas ou seja lá o que quiserem, mas pelo menos irão questionar autoridades baseadas em segregação e dor, e provavelmente, buscarão uma interpretação metafórica da bíblia, o que poderá sim trazer benefícios inquestionáveis à humanidade.
Mas por enquanto, vou aguentando as patadas, porque desde o começo, sabia que isso iria acontecer.

A precariedade do serviço público


Nomeado no início de 2008, faço parte do quadro de funcionários públicos do Estado há pouco mais de quatro anos. Vivi intensamente a profissão de professor do Estado, e agora sou Escrevente do Tribunal, um poder independente, mas que depende das verbas destinadas pelo Governo do Estado de São Paulo.
Em geral, gosto de ser funcionário público. As duas grandes vantagens são a estabilidade, onde você sabe que por razões políticas e pessoais você nunca será demitido, e a possibilidade de manifestar sua opinião sobre o direcionamento do serviço público, sem medo de ser punido por isso. Coisas que jamais teria a oportunidade na maioria das empresas privadas. E ainda com a honra de ter sido chefe de seção por seis meses, entendendo até melhor alguns problemas.
O grande problema é que, como todos sabem, o governo tucano é privatizador. Tem feito força pra privatizar tudo o que pode e se livrar do ônus. E quando não privatiza, deixa numa situação tão degradante, que acaba por obrigar as pessoas que podem a procurarem serviços particulares pra suprir o que é oferecido de péssima qualidade pelo Estado.
Falando, inicialmente das duas áreas que vivi, as escolas públicas são o retrato do que é largado: os salários dos professores são miseráveis, o material disponível, quando existe, é de qualidade duvidosa, os livros didáticos criados pelo Governo são vagos, superficiais e com conteúdo mais do que questionável. Os professores são tratados como animais em uma caçada, sem qualquer chance de realizar um trabalho decente. Perdem a motivação, por não verem chance de mudar o quadro.
Já no Tribunal, a verba destinada pelo Governo é menor a cada ano. Os salários vão ficando mais arrochados, e a quantidade de serviço que existe no judiciário é indescritível. São milhares de processos, coisa que só vai aumentando dia após dia. Petições, e pessoas que precisam de ações urgentes para garantir direitos. E, na última divulgação, o TJ tinha um quadro onde estavam faltando cerca de 10.000 funcionários para conseguir uma certa estabilidade. O que significa que cada funcionário tem que trabalhar por três para conseguir dar conta do serviço. Não é preciso ser nenhum gênio pra saber que isso não acontece.
Também precisamos só de um pouquinho de bom senso pra saber que os hospitais públicos estão com pouco material, o quadro humano muitas vezes é menor do que deveria, os salários são baixos, e numa profissão onde se deve estudar arduamente, isso é quase como um castigo pelo empenho. As pessoas estão doentes ou se acidentando a toda hora, o que significa que os profissionais precisam também trabalhar por dois, fora os turnos contínuos pra completar o salário, o que representa necessariamente perda da qualidade do serviço. O mesmo vale para a polícia, onde os profissionais arriscam a vida por um salário que de forma alguma condiz com isso, com armas inferiores ao crime organizado, um efetivo que não cobre nem metade do que é necessário para que seja prestado um serviço eficiente,etc.
Basta a pessoa ter um mínimo de interesse e deixar de lado seus preconceitos para entender o que é o serviço público. Basta deixar de lado esta propagação em massa da Rede Globo, que funcionário publico se recusa a trabalhar em seu mundo perfeito, e ver a realidade que é encarada há muito tempo, gritada aos quatro cantos por quem não consegue dar conta do que lhe é imposto, de acordo com as condições vividas. Basta ser um pouco mais atento pra ver quem tem culpa do serviço público estar dessa forma.
E chega um momento que se enche tanto o saco, que a única saída acaba por sermos radicais: criar greves, protestar na rua, devolver as porradas que tomamos o tempo todo... e a revolta não é só contra o governo, que nunca vai fazer nada pelo serviço público, uma vez que já demonstrou não ter competência para administrá-lo. A revolta é contra você, cidadão, que não exerce este direito de cidadão, mantém este governo de merda há anos, mesmo ele te oferecendo lixo quando você precisa dele, e ainda assim você, num ato de covardia incondicional, colocar a culpa destes problemas em quem consegue trabalhar com o pouco que tem, mas sem conseguir dar conta do muito que precisa.
E o engraçado é que, como temos visto, você mesmo, que vive metendo o pau, presta um monte de concurso, e quando consegue entrar e começar a trabalhar, é o primeiro a arrear, se dando do conta do que você precisa fazer e como não consegue realizar. Mas é assim mesmo, meter o pau sem conhecimento é fácil e exige menos trabalho, até porque é o lado mais fraco ali mesmo, que praticamente não tem apoio pra se defender. Pra que pensar se temos a Globo pra fazer isso por nós?