segunda-feira, 31 de agosto de 2020

VOCÊ MUDOU A MINHA VIDA

 

No primeiro texto que publiquei no presente blog, deixei claro que tudo o que escrevo aqui é sem filtro e sem correção. Me sinto praticamente um ser possuído que não tem controle do que escreve, simplesmente flui. E uma vez escrito, dificilmente irei ler novamente. Aqui é basicamente meu espaço de expressão. Até agora. Neste momento vou escrever algo que está na minha cabeça há algumas semanas e que eu pensei e repensei pra escrever.

É fato que tudo aquilo que você escreve que reflete seu posicionamento sobre algum assunto, especialmente quando o tema é complexo e sensível, vai causar incômodo em várias pessoas. Já ouvi um monte de merda sobre textos que escrevo, como sou agressivo, como faço pra provocar, que tento agredir alguém, que quero cutucar… o foda é que geralmente fixo na ideia que me incomodou e tento descrever meu pensamento sobre essa, e foda-se se alguém vai achar ruim ou não.

O fato é que tudo pode incomodar. Tudo pode soar provocação. Tudo pode parecer direcionado a determinada pessoa, ou grupo de pessoas. Nesse sentido, não tenho como responder pela interpretação de ninguém, uma vez que cada pessoa enxerga fatos e argumento de acordo com a sua experiência de vida. Como tudo na vida, alguns vão gostar, outros não. Faz parte. Mas sinto uma necessidade emocional muito grande de colocar em palavras o que penso agora.


Feita essa introdução, vamos falar do que criou dentro de uma mente perturbada uma grande mudança. E tudo começou com uma curtida numa página de gatos (Migles ou Janis? Agora não lembro qual era a modelo). Comentários, e de repente outras fotos comentadas, e a pergunta inicial sobre vegetarianismo. E comecei uma nova amizade na minha vida, o que não chega a ser uma novidade, uma vez que tenho muitos e excelentes amigos.

O que se desenrolou a seguir foi uma das coisas mais surpreendentes e incríveis que eu nem sonhava em fazer parte. Acabara de terminar um namoro que teve uma virada inacreditável, e diante de muitos problemas que tinha vivido nos últimos anos, me senti uma pessoa muito complexa. Estava decidido a tentar me entender por completo, fazer uma análise minuciosa sobre minha vida, meus desejos, os fatos que me perturbaram muito… não tinha muito como me dedicar a alguém no meio de um furacão mental.

Mas ela é diferente. Pra começar, psicóloga. Então, uma pessoa acostumada a lidar com furacões. E desde o começo ela viu em mim algo que eu achei que estava perdido no meio de um mar de dor. E mais do que ver, ela trouxe isso de volta à superfície, algo que eu buscava há tempos, inclusive em terapia.

Eu acho que me abri por completo. Sinceramente, não me lembro de detalhes que possa ter deixado passar. Erros que cometi, ou que achava que tinha cometido, rasteiras que tomei, frustrações, traumas… qualquer pessoa normal correria dessa fonte de problemas potenciais. Mas não ela. Ela me decifrou.

Ela conseguiu fazer um monte de nós se desenrolarem na minha mente. Eu finalmente tenho aceitado os erros que cometi (ainda acho que cometi mesmo, mas entendo que naquela situação eu não tinha como fazer melhor do que fiz), outros que não fui eu, outras coisas que foram escolhas erradas. Comecei a entender grandes momentos de sofrimento que na minha mente não faziam sentido nenhum. E tudo o que não faz sentido me consome.

Eu consegui entender algumas perspectivas diferentes. Intenções que não estavam claras, ações infantis, desesperadas, ações por estresse. Não que eu esteja concordando ou justificando cada merda que fizeram, ou as que eu fiz. Ao longo de quase 40 anos (e não de um determinado período específico). Alguns erros são imperdoáveis, porque refletem o caráter de algumas pessoas. Outros mostram apenas uma infelicidade extrema. Mas finalmente pelo menos fez sentido, sobre o motivo que leva determinadas pessoas a fazerem coisas ruins de verdade.

E de repente, o ódio na minha mente começou a diminuir. Se você me conhece há mais de 20 anos, lembra de um cara de boa, tranquilo e compreensivo. Se me conhece há cerca de 10, provavelmente tem em mente que eu seja o cara mais estressado e bélico do planeta. E agora estou voltando a ser o que eu era há 20 anos. E isso tem sido espetacular.

Ainda tenho meus momentos de raiva, mas eles são incrivelmente menores, e mais curtos. Ouvi há cerca de duas semanas que eu sou o cara mais paciente e compreensivo que ela conheceu (chupa essa antis!!!!!). E sim, eu fui mesmo. Não foi exagero. Porque ela despertou isso em mim.

Obviamente, como toda mulher apaixonada, vieram alguns elogios físicos. Mas os que me mexeram comigo foram os de caráter. Ouvir que eu sou um cara diferente, que eu sou um grande exemplo, uma pessoa admirável… e mostrando exemplos na minha vida de onde coisas assim aconteceram, além dela. Isso fez uma diferença abismal na minha vida. Poderia ser tudo isso coisa de mulher apaixonada, mas ela também critica pra cacete (o que você não odeia???). Então posso ver sinceridade, quando temos as opiniões de acordo com as atitudes. E ela odiou meu bolo de limão e meu chocolate mega amargo. Então acho que é de verdade. Rs

Pela primeira vez em décadas, talvez pela primeira vez na vida, eu me senti em paz. Poderia dizer que muito feliz, mas a verdade é que é em paz. Incrivelmente em paz com a vida que eu tenho, com as coisas que aconteceram ao longo dos anos, com o que conquistei e com o que fracassei. Me senti feliz comigo mesmo, com o que sou, com meu jeito, com o que causo nas pessoas, com as pessoas que não gostam de mim. Hoje, eu sou um homem completamente em paz. E agora praticando yoga!!!!!!

Uma determinada análise que ela fez em relação à minha relação com o meu filho, que estava me consumindo dia a dia, me impedia de dormir e me causava calafrios na alma, ela descreveu e disse que seria de determinado modo. Quando eu o revi, após a pandemia, eu vi exatamente as reações que ela descreveu, as atitudes, e os sentimentos. Eu diria que esse foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Porque naquele momento, apesar de tudo o que aconteceu, eu percebi que eu venci. Já escrevi um texto sobre como me sinto um vencedor. Mas somando todas aquelas vitórias, não chegam aos pés do que senti nessa. Eu não tenho como descrever.

Obviamente isso não significa que atingi nem ao menos o nível que eu quero. Nem perto disso. Um monte de coisas que gostaria de mudar ainda estão em processo, ou tentando entender o caminho. Um monte talvez eu ainda não tenha entendido, talvez parcialmente. Também não sei o que vai ser daqui pra frente. Acredito que a vontade de ambos é que isso nunca acabe. Mas infelizmente, tem certas coisas que não dependem da vontade de ninguém. O que eu sei, com certeza, é que eu sou um homem muito melhor do que eu era há cinco meses, quando comecei as conversas mais intensas com ela. Sou um homem em paz. E o que quer que aconteça, valeu cada segundo. Mas ainda tem muito mais pra poder valer!!!!

O nome dela: Adriana (provavelmente surtando até aqui… ou não!). Você realmente deu um novo rumo pra minha vida!

terça-feira, 4 de agosto de 2020

GRATIDÃO É O CARALHO!!!


Virou uma maldita modinha as pessoas colocarem coisas legais na internet, com fotos emocionantes, ou frases de efeito e escreverem “gratidão” no fim, com duas mãos unidas em sinal de reverência aos céus. Isso tem sido um ponto de revolta da minha parte. Sim, sem dúvida é uma revolta minha, mas como esse é o meu blog, com meus textos, eu vou expor o que penso. Sinta-se grato por isso!
Eu não sei como é a rotina de cada pessoa. Mas eu acordo cedo todos os dias. Trabalho de casa desde março, em horário comercial, normal. Lido com processos, o que por si só deixa o trabalho tenso. Como uma pessoa normal de classe média no cenário atual, não tenho ninguém que me ajude. Limpo minha casa, faço minha comida, pago as contas, de quinze em quinze dias fico com meu filho, o que exige cuidados, faço atividades físicas pra evitar que eu morra… uma rotina normal e cansativa.
Pra chegar até esse ponto, eu precisei fazer duas faculdades. O que significa dez anos de horas e horas dentro de uma sala de aula, horas lendo pra caralho, fazendo trabalhos, provas, gastando dinheiro com livros, condução, um monte de café pra não dormir… e depois, nos concursos, horas e horas estudando igual um doido. Eu deixei de ficar com meu filho e arrumei uma briga homérica com minha ex mulher pra poder estudar pra um deles.
E eu vejo gente com a rotina muito mais fodida. Gente que atravessa a cidade pra trabalhar, que tem vários filhos, ou mães solteiras e que cuidam do filho. Pessoas que são a única fonte de renda numa casa. Pessoas que fazem tratamentos cruéis, cansativos e sofríveis a doenças fatais, e em muitos casos têm que enfrentar a falta de estrutura do serviço público ou as negativas dos planos particulares, o que leva a imensas batalhas judiciais.
Eu vejo pessoas que passaram por traumas imensos na vida, que fazem um esforço imenso pra superar os problemas. Vejo gente que perdeu tudo o que tinha por desastres. Vejo pessoas sendo perseguidas por serem parte de alguma minoria. Vejo pessoas que tentam se agarrar a algum fio de esperança pra não darem um tiro na cabeça, no meio desses caos maluco que virou a raça humana.
E eu tenho que ter gratidão??? Gratidão a que, porra? Ao fato de todos os dias eu ter que me esforçar mais do que meu corpo aguenta? Ao fato de ter feito tanto esforço, algumas vezes inútil, chegando a desenvolver doenças emocionais e até hoje estar difícil de curar? Ao fato de mesmo que você faça o seu melhor, algum filho da puta venha te julgar por algo que ele nem ao menos sabe se é verdade ou se alguém inventou?
Todo mundo que busca ser feliz se esforça, e muito. Todo mundo tem que superar um monte de barreiras, cair e levantar de novo. Aprender com os erros, cuidar dos estragos à saúde que isso fizeram, mudar alimentação, estudar mais, dormir pouco… essa é a rotina normal de qualquer pessoa que queira ser feliz. E isso custa, muito. Você tem que abrir mão de alguma coisa, pra ter outra. E vai da escolha mais importante. E isso significa sacrifícios. Tudo pelo seu esforço, e talvez alguns amigos que tenham ajudado, e numa situação normal, a família.
E se você acha que eu tenho que ser grato por ter algo que eu tenha que alguém não tem, como comida, por exemplo, você é o tipo de pessoa que eu quero que vá se foder, com todo ódio possível e imaginável. Você é o tipo de ser alienado maldito, que faz a sociedade ser a merda que é. Eu não tenho que ter porra de gratidão nenhuma por pessoas passarem fome e eu não. Eu tenho que me revoltar com essa situação. Tenho que sentir ódio e angústia por terem pessoas assim. Não existe nada pra se agradecer na miséria alheia! As pessoas precisam buscar, como sociedade, que injustiças assim nunca ocorram. Eu não tenho privilégios dignos de alegria enquanto pessoas estão morrendo.
Assim, não há nada pra se agradecer. Você teve seu esforço e tem que valorizar você mesmo por isso. Se tem algo a agradecer, faça pelas pessoas que estiveram do seu lado nos momentos difíceis, e tenha compreensão das que não estiveram porque elas também estavam em momentos difíceis. E busque uma sociedade, no sentido coletivo, melhor, onde tenham o mínimo pra sobreviver.
Pare de agradecer a algo intangível, por uma pseudo-conquista, que provavelmente é extremamente efêmera, ou que pouca gente realmente liga.

ASSUMA SUAS CAGADAS


Nosso código penal traz alguns crimes que estão aliviados por situações, que nada mais são do que justificativas, chamadas atenuantes, que tornam as penas um pouco mais brandas. Estar bêbado na hora do crime, tomado por grande emoção, etc. Essas circunstâncias não acabam com a punição, mas servem de justificativa para evitar que sejam tratados como criminosos que tenham agido a sangue frio.
O fato de ser mantida a punição tem não só o caráter corretivo (na verdade eu vejo mais uma sociedade vingativa, porque aqui dificilmente se corrige alguma coisa), como também evitar que por um determinado tempo a pessoa que cometeu o crime esteja em contato com a sociedade, sendo para ela uma ameaça. Assim, se a pessoa mata alguém tendo transtornos mentais, ela será internada em um hospital psiquiátrico, não só pra ela mesma, como pra evitar que mais pessoas fiquem em risco ao terem contato com alguém doido e assassino.
Comecei com essa explicação porque tenho visto pessoas justificarem atos bárbaros por diversos motivos. Desde o comunismo, passando por bebida, crise hormonal, estresse, cansaço, e todo tipo de desculpa. Logicamente, a mais comum, vontade de Deus ou provocação do Diabo, e sem dúvida as duas mais odiosas.
Acredito que todos passam por problemas sérios na vida. Até hoje não conheci uma só pessoa que tivesse uma vida plena e feliz, sem riscos e sem algum momento de extrema tensão, ou alguma doença grave. Isso faz parte. E num sistema capitalista, onde é preciso enfrentar um monte de situações ruins pra sobreviver, o que significa ganhar dinheiro, o convívio com o estresse é regra.
E a maioria das pessoas não consegue canalizar o problema. Geralmente descontam a raiva, o problema, as angústias, em quem estiver perto. Tratam mal filhos, pais, amigos, cônjuges… vira um problema imenso que vai virar uma bola de neve. Afinal, ninguém gosta de ser tratado de forma agressiva por um longo período. Em algum tempo, isso se tornará um conflito.
Se você não cometeu um crime no seu período de caos, mas cometeu algum erro colossal, talvez não seja possível reverter a situação. Alguns erros não tem como voltar atrás. Mas você pode analisar os fatos, entender onde errou, assumir os erros, e tentar evitar que eles voltem a se repetir em uma situação semelhante. Essa parte eu creio que é a máxima dignificação da personalidade.
É justificável você trair seu marido por carência. Existe um motivo que leve a isso. Mas ainda assim, a mentira continua sendo um erro. Provavelmente seria mais fácil conversar com ele, e se não surtir efeito, partir pra algo que te deixe feliz. Até porque você ganha dois problemas. Obviamente numa situação dessas existe culpa recíproca. Mas não acredito que alguém vá atingir a felicidade numa situação dessas.
Peguei um caso inventado como exemplo, mas qualquer coisa poderia ser enquadrada aqui. Mulheres são agressivas e culpam a TPM. Homens são agressivos e culpam o estresse. Todo mundo faz merda no trânsito porque está morrendo de pressa e não tem tempo. Pais não dão atenção para os filhos porque trabalham demais. Os mesmos pais deixam de corrigir atitudes ruins dos filhos por terem uma infância autoritária e não quererem passar essa mesma imagem, e acabam indo pro extremo oposto. Todo mundo faz merda, algumas vezes de forma imensa. E todo mundo tem um motivo pra isso.
O que eu não entendo, de verdade, é o fato das pessoas insistirem por uma vida inteira em manter a justificativa, como se todas as demais pessoas tivessem alguma obrigação de aturar essa merda porque ela tem um motivo. Então vamos ser claros: ninguém tem obrigação de nada. Se você trata alguém mal, essa pessoa vai se afastar. Isso é um fato. Se você quer alguém perto de você, seja gentil, educado, ou minimamente divertido. Você não precisa adular uma pessoa o tempo todo, mas ficar batendo (metaforicamente falando) é algo que só cria problemas. E tem certas coisas que se quebram e nunca mais podem ser arrumadas.
Não existe vergonha nenhuma em assumir os próprios erros. Mesmo que tenham sido deliberados, que você queira ter prejudicado alguém, ou que não tenha dado a mínima, o arrependimento é algo positivo, pelo menos na minha visão. Se você entende que causou o mal, talvez não o repita. E se você assume seus erros, independente dos motivos que o levaram a errar, e sabe que a culpa é sua, você se da a oportunidade de melhorar e não errar mais. E muito provavelmente pessoas boas começarão a ter admiração por você.
Pare de culpar uma porrada de fatores externos, e assuma suas merdas!