terça-feira, 20 de julho de 2021

DESABAFO – CRISE DE ANSIEDADE

 

O presente texto tem como finalidade apenas um desabafo pessoal. Tratando-se do meu blog, quem não gostar, foda-se.

26 de janeiro de 2018. O dia do nascimento do meu filho. Eu assisti o parto, e nunca pensei que seria um momento de tanta emoção. Foi algo maravilhoso, indescritível. E eu tinha certeza que a partir daquele momento estaria sempre feliz. Eu não poderia estar mais errado.

Os acontecimentos que sucederam o nascimento dele foram algo tão negativo, que eu percebi que nada é tão ruim que não possa piorar. Já relatei aqui algumas vezes sobre os problemas que tive, onde pessoas viraram a cara pra mim (pessoas que eu adorava) porque começou-se uma campanha imensa de difamação, onde foi apontado que eu não ligava pro meu filho. E isso porque as ações em casa eram mais ou menos definida, onde a mãe dele estava com ele o tempo todo, e eu cuidava da casa, da comida, das compras de mercado, de tudo o que precisava fazer na rua. Até comida numa bandeja eu levava.

O ponto central dessa situação, como em todos os casais que têm filhos, é que bebês mamam muito, e o pai não tem leite. Logo, a mãe acaba ficando com ele o tempo todo, o que torna necessário que as demais tarefas sejam assumidas pelo pai. Mas isso nunca foi suficiente. Até porque ela aderiu a uma seita maluca, onde as pessoas criaram leis universais de criação de filhos (inclusive leis que eu discordo veementemente), e passou a tratar aquilo como uma regra obrigatória. E associando a isso, o que talvez seja uma imensa preocupação, ela não saía do lado dele um segundo. Pegar ele no colo, pra mim, era uma provação, porque era uma sombra no meu encalço o tempo todo. E eu odeio isso.

Fora o detalhe que, antes disso, jamais tinha ficado com uma criança no colo. Eu nunca gostei muito de crianças, elas não ronronam nem abanam o rabo. Saber quais emoções sentem não é tarefa fácil. Então tudo foi um aprendizado, na prática.

E aí vieram mais e mais problemas. Ela foi falar pros meus pais que eu não ligava pro meu filho, exclui todos os meus amigos da vida dela de uma hora pra outra, e tivemos um problema gigante entre nós que foi o ponto culminante pra que eu realmente tivesse certeza que viver sozinho era melhor. Mas isso não poderia ser o fim, né? Eu tinha que ser excluído do primeiro aniversário do meu filho, com ajuda dessa mesma seita de malucos, e com participação especial da família dela.

Em um ano meu emocional estava em frangalhos. Pela primeira vez eu tinha pressão alta, com remédios, vários passeios por hospitais, e pela primeira vez eu tinha ameaçado uma pessoa de quebrar a cara se encontrasse (não ela, um dos malucos da seita Jim Jones das tetas). Às vezes ainda sinto essa vontade, apesar do cara ser só um baita trouxa, que comprou a briga só pra ser boi de piranha.

Ao longo dos meses subsequentes, muita provocação. Cada vez que ela voltava pra casa eu recebia mensagens perguntando o que era “o corte no nariz”, depois o “corte no joelho”, o que era a marca de batida na perna... muitas vezes eu nem sabia do que se tratava. Provavelmente ele bateu em algum lugar, mas não era o tipo de criança que chora demais, então muita coisa passou em branco.

E cada vez que ele ficava na minha casa, ou seja, uma vez a cada 15 dias, eu ficava mega preocupado. Era atenção total em cima dele o tempo todo. Na hora do sono, qualquer respiração mais elevada, diferente, uma mexida estranha, eu acordava.

Um dia recebi uma mensagem perguntando “por que eu deixava o pinto dele pra cima na fralda”. Sério. Eu printei isso e mostrei pra muita gente. Tentei fazer a situação parecer engraçada, porque eu fiquei ainda mais tenso. A coisa era uma doença, e eu não sei lidar com isso.

Dois anos depois, apareceu a Adriana. E minha vida finalmente teve motivos pra sorrir. Que mulher! Eu finalmente conheci uma mulher prática, direta, com muita vontade de fazer as coisas darem certo, e que me admirava muito. Aprendi a me conhecer melhor, acreditei mais em mim, e finalmente estava feliz.

Um ano depois, ela conheceu meu filho, e os dois se deram muito bem. A propósito, ele é um garoto adorável. Se da bem com todo mundo, sorridente, divertido. Difícil alguém não gostar dele.

Mas aí as provocações ficaram até piores. Primeiro que o contato com qualquer pessoa do lado dela simplesmente deixou de existir. Eu não entendi muito bem o motivo, mas eu estava seguindo a minha vida, então deixei pra lá. Mas com ela... puta que pariu!

Tudo passou a ser motivo de reclamação. Depois de mais de um ano, fui pra casa do meu pai, em Vinhedo. Minha irmã foi junto, e a Adriana também. Foi um fim de semana ótimo. Ele se divertiu muito no parquinho do condomínio, se deu bem com os avós... foi ótimo. Mas na terça eu recebo a notícia que ele está doente, uma gripe forte. E de repente, nas redes sociais, um bombardeio dessa informação. Inclusive, que a culpa disso era o passeio. Veja bem, o garoto fica na casa da avó durante o dia, com dois tios, uma que trabalha num supermercado, com alta circulação de pessoas, ele vai no cabeleireiro pra fazer um corte horrível, tem contato com as primas que vão pra escola... mas a culpa é do passeio que fez, pela primeira vez em um ano.

Na hora eu não liguei muito. Mas no meio da semana tive fortes dores no peito. Braço palpitando, mal estar... e claro, fui parar na UBS do lado de casa. Uma caralhada de exames, a Adriana em desespero, e os resultados perfeitos. Não estava com nenhum risco físico. Mas uma crise fodida de ansiedade.

Mas nesse meio tempo, uma enxaqueca crônica. Dores horríveis todos os dias, exames, e medição controlada diária. Mais uma vez, exames perfeitos, e as dores nunca passavam. Inclusive eu fiquei com ele em uma dessas crises de enxaqueca. Com uma puta tontura, e um cagaço imenso de perder o equilíbrio e terminar em merda o fim de semana.

Aí começaram as dores de estômago. Muita dor, que também chegava perto da região do peito. Logo, a gastrite também chegou. E com ela, um refluxo absurdo. Eu tinha a sensação que iria vomitar o tempo todo. Na verdade o refluxo ainda hoje não passou. A gastrite melhorou um pouco, e a enxaqueca virou minha companheira diária. A pressão alta também segue firme e forte.

E quase esqueci: nesse meio tempo comecei a tomar remédios pra dormir, porque nessa situação, sono não era algo muito comum na minha vida. E isso foi piorando a merda toda.

No último fim de semana, eu vivi algo maravilhoso. Com a Adriana comigo eu tive um suporte para fazer as coisas que eu precisava, e consegui cuidar dele com calma. Estava feliz, achando que finalmente as coisas estavam no rumo. Minha namorada e meu filho estavam se dando bem, até dançaram! Era um sonho se realizando. Mas durou até à noite.

Quando eu fui devolver o menino pra mim, no único final de semana que eu fui, ao invés dela vir buscar, ele pediu pra eu colocar um celular velho que parei de usar, na bolsa dele. Como a bolsa estava cheia demais, coloquei na minha. Um celular velho, com várias partes quebradas, com durex em duas partes para segurar a bateria, porque a tampa não para mais. E eu coloquei na minha mochila e não na dele. E quando deixei ele na casa da mãe, esqueci desse detalhe. Pra que eu fui fazer isso?

Eu comecei a receber algumas mensagens reclamando. Tentei manter a calma, dizer que ele tem vários brinquedos, que a semana seguinte eu levaria. Mas é óbvio que não adiantou. Mais um monte de reclamações, e a cereja do bolo foram alguns áudios dele chorando... e uma mensagem dúbia no final dizendo que ele estava frustrado (ou algum termo assim), e quando eu disse que ele iria se acalmar, só uma resposta dizendo que sim, ele se acostumaria com a decepção.

Por causa de um celular todo fodido. Pra uma criança de 3 anos e meio, que tem um tablete excelente, uma cacetada de brinquedos e um perfil dele mesmo no Netflix. Depois de passar um final de semana perfeito com o pai, e voltado pra casa da mãe. De repente ele se acostumaria com a decepção. Puta que pariu!

E aí veio o colapso..

 

 

Sinceramente falando, acredito piamente que sou um bom pai. Quando estou com ele sempre cuido o melhor que posso. Dou banho, troco de roupa, limpo a bunda, faço comida, e ele adora comer macarrão quando vem aqui. Uva também sempre pede. Na medida do possível brinco (até onde a hérnia permite). Conto histórias pra dormir. A Adriana acha impressionante o fato de eu não desgrudar dele um minuto. E muita gente já ficou impressionada pelo fato de eu, que não gosto de crianças, ser tão atencioso com ele.

E acho que sou um cara legal pra lidar, porque eu não fico enchendo o saco da mãe. Não fico contestando as coisas que ela decide. Só disse claramente que não quero ele metido com religião enquanto não tiver idade suficiente pra entender. Fora isso, geralmente sou de boa até nas coisas que discordo. Da mesma forma que nunca enchi o saco da mãe pra absolutamente nada que ela faz da vida dela. Na verdade nem tenho ideia do que ela faz atualmente...

Então eu não consigo entender o motivo de tanta encheção de saco. Por que tanta perseguição, tanta reclamação. O menino sempre volta feliz. Sempre pede pra vir pra minha casa. Isso é um bom sinal, não é ? Já recebi uma ligação no fim da noite dele pedindo pra eu buscar, o que não foi possível pelo horário e falta de carro.

Mas, mesmo assim, já tive um monte de gente virando a cara pra mim, já perdi a primeira festa de aniversário dele, sei pouca coisa do que acontece na vida dele, a não ser que eu fique em cima perguntando, e ainda por cima, é pressão total, o tempo todo.

Além das coisas que falei, hipertensão, enxaqueca, gastrite, refluxo, insônia, a crise de ansiedade que veio é estrondosa. Pela primeira vez na vida estou em pânico. Cada vez que eu fico com ele sozinho é um puta desespero.

Eu fico com medo dele se machucar, de se ralar, de se cortar. Tenho medo dele cair e por algum motivo quebrar algum osso. Tenho medo dele ficar doente. Medo dele querer algo e eu não me ligar. Medo de eu ter algum treco e ele ficar sozinho o fim de semana inteiro, porque eu não tenho parentes próximos. Quase todos em outra cidade.

Estar com ele sozinho virou uma fonte imensa de tensão. Não por causa dele. Acho até fácil lidar com ele. Mas essa merda toda, de cobranças exageradas, chantagem emocional, acusações... não da mais. Minha saúde não tem mais tolerância pra esse tipo de coisa.

Eu tive que me afastar do meu filho nos finais de semana que não fico com a Adriana, porque se tornou impossível lidar com essas coisas. Eu tenho plena convicção que estou fazendo o melhor que eu posso, sempre. Inclusive no limite de não me meter na vida dela. Mas ficar tendo esse tipo de tratamento, definitivamente, não da mais.

Podem dizer, foi um erro colossal. Quando você tem filho com a pessoa errada você assume as consequências, Faz parte. Mas tudo tem limite na vida. E no meu caso, minha saúde é que está dizendo que é hora de mudar essa chave e essa postura. Pra mim já ficou muito claro que ou eu mudo minha postura, adotando inclusive um tom bem mais agressivo nesse quesito, ou meu filho acabará crescendo sem nenhum contato com o pai, porque logo eu vou ter um treco.