Assisti
uma palestra, alguns meses atrás, num centro espírita, onde a palestrante
afirmava categoricamente que o grande mal da raça humana estava totalmente
centrado no orgulho. Por causa do orgulho o ser humano cometia as maiores
atrocidades possíveis e impossíveis.
Não
precisa ser nenhum grande gênio pra chegar a esta conclusão. Países que lutam
pelo território, tentando aumentar o poderio nacional, motivo de seu grande
orgulho; religiões que lutam pela terra sagrada, buscando a uma promessa
bíblica, orgulho para a grande fé; pessoas que matam outras por terem relações sexuais
com seu cônjuge, ferindo seu orgulho; gente que sai na porrada por ter sido
xingado, ofendido em seu orgulho. É orgulho levando pessoas à demência por todo
lado.
No
entanto, não precisamos ir tão longe pra vermos os resultados devastadores do
orgulho na vida das pessoas. Às vezes ele não tira sangue, não fere a pele, nem
dizima um povo, mas arrebenta um coração. Às vezes uma simples atitude guiada
por orgulho é capaz de afundar toda uma vida.
Todos
nós cometemos erros, especialmente numa vida sob pressão constante. Ninguém é
perfeito de segurar seus ânimos o tempo todo, nem nunca dar uma escorregada em
alguma atitude que repudie. Todo mundo está sujeito ao seu dia de fúria, a
cochiladas no meio do serviço devido às horas mal dormidas, a xingar alguém na
raiva. Certamente todo mundo já teve um momento lunático um dia.
Porém,
atitudes como esta prejudicam e ferem outras pessoas. Você maltratar seu
parceiro de relacionamento, por exemplo, pode trazer uma ferida que demorará a
curar. Uma pessoa se sentir desvalorizada pelas atitudes de outro pode criar um
mal irremediável, capaz de por fim a um relacionamento, a uma amizade, aos
laços de família.
Por
isso todos nós temos a grande dádiva do arrependimento. Analisar uma situação
com racionalidade, pensar nos erros que cometemos, e nos arrependermos deles,
tentando corrigir, na medida do possível. Pedir perdão para nossas vítimas,
tentar o máximo possível agir diferente da próxima vez. Reconhecer nossas
falhas. Isso é algo digno e totalmente propício pra quem se importa com os
demais, e têm em boas relações e paz de espírito seus valores maiores.
Porém,
o que ocorre é o inverso. As pessoas não assumem seus erros. O orgulho domina
toda e qualquer atitude. Em geral, jogam a culpa de suas falhas em outros.
Afirmam que erraram porque foram levadas a isso. Creditam seus deslizes à
atitudes de terceiros, que na maioria esmagadora das vezes, não têm nada com
isso. Não conseguem ver a própria limitação, nem têm a capacidade mínima de se
desculparem com quem foi ofendido, reconhecendo os próprios erros, apesar de
todas as coisas.
Pessoas
orgulhosas, algumas levadas ao extremo, que parece preferir a perda de um ente
querido, magoarem corações que se importam com elas, do que recuar, descer do
pedestal, e admitir que são falíveis, e que estão cometendo erros. Batem no
peito e dizem que são assim, e que os demais devem se adaptar a elas. Preferem
ferir todo mundo, afastar quem as ama, do que buscarem ser melhores do que são
agora. E a maioria é religiosa convicta.