domingo, 19 de setembro de 2010

Porque eu voto Dilma



De todas as eleições que votei, esta sem dúvida foi a mais difícil de escolher um candidato para se votar. Não me lembro de ter visto um pleito com candidatos tão fracos, tão antipáticos e tão despreparados para governar o nosso país. Vimos uma incrível sucessão de erros que levaram a escolhas erradas, para escolhermos qual delas é a menos errada.
Primeiramente, meu voto tem sido nos últimos anos no candidato do PSOL. O partido, na minha opinião, é a verdadeira esquerda do país. E mais do que simplesmente ser de esquerda, o partido apresenta idéias muito boas para solucionar problemas que há muito afetam o país. Soluções onde os pobres teriam mais chances, com brusca diminuição da desigualdade social, reforma agrária, mudança na lei trabalhista, foco maior para a educação, e tudo aquilo que eu defendo.
Portanto, o mais lógico seria votar em Plínio de Arruda Sampaio, que além de tudo, demonstra muita inteligência e muita autenticidade. Porém, sou totalmente contrário à sua idéia de fechar o Senado. Por mais que a casa tenha problemas, não é com atitudes anti democráticas que iremos resolver a questão. O certo é mudar as pessoas, não acabar com a instituição. Da mesma forma, num mundo globalizado e tão dependente, deixar de pagar as dívidas, simplesmente, seria um tiro no pé. Teríamos os mesmos problemas de Cuba e da Venezuela, onde o país desenvolve sobremaneira sua atividade cultural, a educação é de altíssima qualidade, o povo é bem alimentado, mas a economia é um caos, e o país é isolado. Além disso, sou frontalmente contrário à associação do Estado com religião, o que prega o candidato.
José Serra, por sua vez, é de longe, a pior das opções. Depois de um desastroso governo em São Paulo, uma passagem muito ruim pela prefeitura, onde não foi capaz de cumprir uma de suas promessas básicas, depois de simplesmente destruir o serviço público paulista, criando uma unanimidade entre os servidores de que seu governo é uma completa desgraça, e afundar ainda mais a educação, só um maluco, ou alguém que não tenha o menor conhecimento sobre as idéias e a vida política deste cretino ainda tem alguma intenção de votar nele.
Além disso, sou frontalmente contrário às privatizações. O governo, com elas, passa para outros suas responsabilidades. Continua cobrando impostos, mas permite às empresas que cobrem altas taxas para prestarem os serviços. Em um de seus projetos de lei, propôs que 10% das vagas em hospitais públicos fossem destinadas à área privada, com cobrança das consultas. Graças à pressão pública, e surpreendentemente, da mídia, a coisa foi revertida.
Também sou contrário à progressão continuada, um mal que devasta o país há tempos, e que o Estado de São Paulo insiste em manter. E para suportar este sistema destrutivo, cria métodos de avaliações próprios, onde obriga as escolas a seguirem sua linha, manipulando dados, alterando a vida funcional de alunos, e oferecendo bônus em dinheiro para aqueles que melhorem cumprir as ordens. Quanto menos alunos fora da escola, maiores as chances. Então, dá-se algumas presenças para alunos sumidos, para melhorar o índice. Também podemos aprovar alguns alunos sem condições para tal, apenas para subir o índice. E a imprensa, como sempre, só divulga o que interessa.
José Serra, e seu aparato tucanalha, mantém a estrutura do serviço público em níveis arcaicos. Corta investimento, paga salários baixos, e tenta de todas as maneira proibir que os mesmos exerçam seus direitos, como a greve. Chegou ao ponto de vetar o corte da lei que proibia os servidores de se manifestarem contrários ao governo na imprensa. Graças à uma decisão do STF, foi obrigado a enviar novo projeto de lei, onde a lei era revogada. Ele demonstra que é, inclusive, contra a liberdade de expressão, o que não é nenhuma novidade.
Marina Silva, por sua vez, foi uma candidata que admirei bastante, em suas idéias e na maneira de conduzi-las. Porém, em certo momento, foi demonstrada muita confusão, ora defendendo FHC, ora criticando; ora criticando Lula, ora defendendo. Elogiava o PSDB, e depois o culpava das desgraças do país. E o mesmo fazia com o PT. Não dava para entender exatamente o que ela pensava sobre o assunto. Então, chega-se a um ponto onde o programa dela não é claro, e nem da pra saber qual das linhas vai seguir. Além disso, o partido dela, o PV, é claro aliado do PSDB, assim como o faz em todos os lugares onde o mesmo governa. Então, apesar da admiração, descartei tal candidata.
A Dilma, por sua vez, em momento algum despertou minha admiração. Uma pessoa arrogante, antipática, e que parecia não ter idéias claras. Uma criação do Lula, de última hora. Aliada de José Dirceu, um personagem que eu simplesmente repudio na política brasileira. Defensora de Sarney e todo o lixo que ele representa, além de tentar demonstrar uma falsa idéia de ser pacífica e pessoa compreensiva.
Logicamente que os e-mails repassados sobre ela, de guerrilheira, terrorista e coisa do tipo são a maior babaquice que eu já vi na vida. Não da pra entender como um brasileira, em sã consciência, defende um regime totalitário e opressor, que assassinou cruelmente várias pessoas, mas ataca aqueles que se colocaram contra a ele. Além disso, vem aquela história ridícula de golpe comunista, onde se demonstra mais do claramente que nem sabem o que é comunismo.

Chega-se então, ao ponto de não ter em quem votar. A reação mais lógica (e mais inteligente, às vezes), era votar nulo. Nenhum deles presta, e nenhum dele apresenta uma perspectiva de melhora futura. Não da pra ficar empolgado, e nem mesmo sentir um pingo de confiança com qualquer um.
Mas, inicialmente, meu voto é totalmente anti-Serra, e sendo assim, não da pra votar nulo. Minha intenção, desde o ano passado, e fazer de tudo o que está ao meu alcance para que as pessoas consigam ver realmente quem ele é, e o que faz seu governo podre. Meu desejo, desde então, é vê-lo totalmente humilhado neste ano, com sua carreira acabada.
O que me deixa com três opções. Dentre elas, descarto logo Plínio, apesar de ser do grupo político que mais me identifico, pois misturar política e religião, e demonstrar idéias totalmente contrárias à democracia, é inaceitável.
Fico, então, entre Dilma e Marina. E então descarto a segunda, especialmente porque seu partido apóia o PSDB, o que eu quero que fique o mais longe possível do governo, especialmente enquanto eles insistem em manter algumas idéias absolutamente ridículas.
Sobra somente Dilma. E de todas, numa análise bem detalhada, é realmente a menos pior (e é exatamente este adjetivo que podemos dar a ela, e só este). O governo Lula, apesar de inúmeros problemas, ainda assim foi muito superior ao antecessor. E não da pra dizer que foi a mesma coisa um e outro, pois existem muitas diferenças. O país chegou a evoluir em muita coisa, ganhando muito respeito internacional (mais do que aqui, por sinal). Paramos de vender o que é nosso, há investimento em setores públicos, a economia cresce. Tudo muito, mas muito longe do ideal, mas houve alguma evolução. E numa situação meio desesperadora, como é esta eleição, o melhor mesmo é ficar com quem apresenta um mínimo de progresso, e um mínimo de idéias condizentes com tais progressos. Se vai dar certo ou não, é uma escolha, mas a menos desastrosa, de longe.
E torcemos agora para que os bons políticos do país montem uma oposição moderada, que arrume os erros do PT, e que deixe de lado o mal que é o PSDB, trazendo as boas idéias dos pequenos, como o PSOL e o PV. Uma oposição que se apresente como realmente algo que busque o melhor para o país, num futuro sólido, inteligente e principalmente, onde a igualdade prevaleça.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Grandes lideranças



Cada dia que se passa, tenho mais admiração pelo tipo de pessoas que com atos de agregação conseguem liderar grupos. Pessoas que com muito diálogo, respeito e muita compreensão para com seus semelhantes, conseguem criar verdadeiros grupos de admiradores pela qualidade de sua personalidade, ao contrário daqueles que o fazem através de uma postura impositiva e ditatorial.
Politicamente falando, admiro demais o presidente Lula, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, mesmo sendo de um partido que eu detesto. E não estou colocando aqui as qualificações de cada um no governo, e sim na capacidade que têm em dialogar com diversos grupos diferentes, sem perderem a identidade, e muitas vezes tentando impor seus pontos de vista. Os dois demonstram bastante respeito por diversas opiniões, aceitam pontos de vista e procuram agregar vários grupos.
Se pegarmos o caso da mídia, podemos encontrar alguns bons jornalistas que cumprem este papel. Um deles, que eu detestava antigamente, e agora admiro demais, é o apresentador Milton Neves. Ao longo dos anos, ele foi conhecido como um cara que dava importância demais para a propaganda, mas depois de acompanhar seu programa por algum tempo, achei realmente louvável sua capacidade de assimilar e aceitar críticas. Ele é um dos raros comunicadores que têm coragem de ler críticas ferozes no ar, e agradecer a isso. Ele chegou ao ponto de ligar para mim para contestar uma crítica que eu fiz, e depois de uma certa discussão por e-mail, demonstrou respeitar o ponto de vista que eu tinha sobre o caso. Da mesma forma, admiro também o injustiçado Haisem Abak, que foi substituído pelo péssimo Datena. Abak demonstrava o que é um jornalismo suave e respeitoso, repleto de bom humor, sem perder a qualidade nem o tom crítico ao que é errado. Ao contrário de Boris Casoy, sempre áspero em seus comentários, e mostrando-se um grande preconceituoso.
Até mesmo na arte o respeito à diversidade é um elemento indispensável para a qualidade da obra. Quanto mais aberto a novas culturas é o artista, mais seu trabalho tem a ganhar com novos elementos. O enriquecimento da música, por exemplo, faz-se com associação de diversos estilos diferentes.
Num caso mais específico, minha banda preferida, o Helloween, apresenta-se como uma das melhores bandas da história por aceitar idéias de todos os seus integrantes, sem um líder que determine todos os rumos, assim como mantendo abertura para diversos estilos musicais. Mesmo sendo uma banda de heavy metal, seu álbum comemorativa de 25 anos foi um relançamento das músicas em versões pop ou com arranjos orquestrados em música clássica.
Numa vida mais real e mais próxima, uma das pessoas que eu mais admiro é meu grande amigo Igor. Desde que começou a namorar, tornou-se evangélico, freqüentador da igreja Universal. Nós discordamos, além disso, em rumos do rock, onde ele prefere um estilo mais comercial, e eu gosto mais de algo com bastante peso. Além disso, gosto de algumas coisas na MPB, coisa que ele odeia, e ele já prefere música eletrônica, o que eu acho realmente muito pobre. Mesmo assim, nossa amizade dura cerca de 20 anos, sendo que eu fui um de seus padrinhos de casamento, fazendo parte de uma cerimônia evangélica. Isso graças ao respeito que temos um pelo outro, pela diversidade de opiniões e de pontos de vista, assim como respeito às diversas preferências que cada um tem.
Este é o tipo de líder que tem que realmente ser idolatrado no mundo, aquele que consegue mover as pessoas pela admiração que criam pela pessoa que são, aqueles que conseguem motivar seus semelhantes especificamente pelo respeito, e que propagam a idéia de aceitação do diferente. Este é o tipo de pessoa que temos que idolatrar, e torcer para que sejam a maioria no mundo.

Eu estou fazendo a minha parte



Numa campanha política, ouvimos muitos políticos comentando sobre cada um fazer sua parte para melhorar o país, que as pessoas que não fazem sua parte, que o partido de oposição, quando governo, não fez sua parte, bla, bla, bla. Daí surgem novos candidatos a líderes, dizendo que farão sua parte, lutando por educação, brigando por verba, abrindo instituições de ajuda, doando verbas, etc.
Tudo isso não passa de merda. Primeiro porque a situação não muda com tais atitudes, até porque boa parte delas é só da boca pra fora. Pessoas continuam ganhando muito enquanto outras vivem abaixo da linha de pobreza. Muitos querem se dar bem a qualquer custo. A maior parte das pessoas não ama ao próximo.
Posso dizer, então, que com certeza tenho feito minha parte para fazer do mundo um lugar melhor. Não faço doação para nenhuma instituição de qualidade. Nem participo de movimentos revolucionários em pró de alguma causa, nem sequer me meto na política para tentar mudar o mundo. Mas eu tento dar alguns bons exemplos para algumas pessoas um tanto quanto perdidas no mundo.
Ao longo de toda a minha vida eu sempre busquei ao máximo tratar nem as pessoas. Tentei sempre ser compreensivo, amigável, gentil e evitar brigas desnecessárias. Logicamente não sou um ser perfeito, e nem tenho sangue de barata, então tem hora que não da pra ser tão legal assim. Mas, mesmo assim, procuro não guardar raiva de ninguém, tirar as magoas do meu coração, e sempre que possível manter um bom relacionamento com todo tipo de pessoa.
Quando as pessoas são tratadas com gentileza, a tendência é te tratarem assim, e te admirarem o tempo todo. Você se torna uma pessoa agradável para a maioria das pessoas.
Da mesma forma, ser honesto é tudo. Você tem tudo o que precisa para ser feliz no mundo, e destruir a vida das pessoas não irá te fazer mais feliz. Pelo contrário, mesmo que não pareça, isso irá te trazer alguns problemas ao longo da sua vida. Provavelmente você não irá ficar rico se for honesto, e vai ter que trabalhar realmente muito na vida, mas pra que raios você precisa da merda de um tênis de R$300,00? Pra que você vai gastar mais de R$1.000,00 num turno, ou gastar a metade do preço de uma casa em um carro, cheio de apetrechos que servem para muito pouco? Aliás, é realmente necessária uma casa que vale um milhão de reais?
As melhores coisas da vida são simples: um beijo de alguém que você ama; um abraço de alguém que você não vê há anos; crianças brincando com alegria; um gatinho ronronando na sua presença, ou um cachorro abanando o rabo pra você; ouvir uma música que te faz bem. Tudo isso não precisa de tanto dinheiro assim. E mesmo assim, as pessoas insistem em gastar a vida com bobagens que não vão trazer nada.
É tão difícil assim você dar passagem para uma pessoa? É tão complicado respeitar a lei de trânsito, e não querer levar vantagem quando o sinal está vermelho? É tão difícil você entender que uma pessoa não irá suportar a batida do seu carro, simplesmente porque você não consegue aceitar que a preferência é dele? É tão difícil você entender que pra você ganhar um salário imenso, muitos precisarão estar numa situação de miséria?
Eu acredito que, quando cada um começar a fazer sua parte nas pequenas coisas, tornando-se exemplos na vida, sendo honestos e minimamente compreensivos e gentis com as pessoas, respeitando opiniões, pontos de vista e diferenças, não precisaremos mais de heróis que façam tais promessas e afirmem serem salvadores da pátria, a pátria naturalmente estará caminhando para a salvação.

Liberdade de imprensa só com responsabilidade


 
Durante muitos anos o Brasil foi dominado pela censura. Não se podia falar alguma coisa contra os governantes ou contra quem detinha o poder real no país, que a pessoa sofria perseguição. Muitas pessoas foram torturadas e mortas em virtude desta abominação que se chama ditadura, e que muitos ainda estupidamente defendem com unhas e dentes.
Por causa disso, hoje fala-se muito em liberdade de imprensa. A mídia tem o direito de reportar a informação que quiser, manifestando a opinião que desejar. Nada poderia nortear os rumos da imprensa. E com isso, passamos totalmente do ponto, e hoje permitimos que pessoas sejam julgadas e condenadas por páginas de jornais, imagens editadas, depoimentos de terceiros e a opinião de apenas um dos lados da história.
O exemplo mas claro dessa situação é a maneira como é tratado o MST pela grande mídia. Todos tratam como se fosse criminosos, invasores de terras, que tentam tirar daqueles que batalharam para conquistar, e que têm o dinheiro que têm porque trabalharam duro. Raramente, para não dizer nunca, se ouve um dos representantes do MST dando sua versão dos fatos. Também não ouvimos que cerca de 1% da população brasileira detém cerca de metade das terras produtivas, o mesmo valendo para as riquezas, sendo recente estudo internacional divulgando o Brasil como o 10º país mais desigual do planeta (há cerca de dez anos, era o primeiro). Ou seja, os fatos são dados pela metade, fazendo-se crer que um dos lados é totalmente errado, e o outro é vítima.
E é exatamente o que ocorre na eleição presidencial, mais uma vez. A revista Veja, como é de praxe em seu editorial, divulga as matérias de acordo com sua opinião, ouvindo parte dos envolvidos, com manchetes definitivas e condenatórias, e poucas provas divulgadas. E nem estou duvidando da veracidade dos fatos, uma vez que está claro que o PT não é um partido exatamente correto e honesto, mesmo tendo alguns membros que eu mesmo chego a admirar.
Mas é estranho que tantas denúncias surjam na reta final da campanha, com o candidato preferido da mídia perdendo feio para uma desconhecida. Nesta hora se explora uma denúncia feita através de depoimentos, de pessoas ligadas a gente do governo, sem uma demonstração clara e definitiva que seja algo totalmente partidário (o que a capa da revista tenta de toda maneira associar). Porém, nunca ouvi um único comentário sobre a empresa da esposa do Serra, que fornece os alimentos para o Iamsp.
Da mesma forma, foi explorado de maneira exaustiva a quebra de sigilo fiscal de membros do PSDB por gente ligada ao PT. Mas poucos meios de comunicação divulgaram que os mesmos membros tucanos cansaram de fazer isso no passado, e até mesmo a governadora do Rio Grande do Sul é acusada de fazer o mesmo atualmente com candidatos da oposição em seu Estado. Ou seja, apresenta-se todos os defeitos de um lado da história, dando pouco espaço para que o mesmo se defenda, mas tenta-se deixar de lado os erros daqueles a quem se defende.
Você já reparou que sempre que um político do PT ou seus aliados são pegos em algum escândalo de corrupção eles são invariavelmente ligados ao partido, mas quando o escândalo é com gente do PSDB e seus parceiros, não se liga o nome do político ao partido, exceto em casos muito escabrosos, como o ocorrido no Distrito Federal? Seria essa uma coincidência?
O que assusta mesmo é que esse tipo de jornalismo é praxe no país. E não é só no caso político. Quando um suspeito de assassinato é preso, ele praticamente é condenado pela mídia. Não tem muita chance de se defender, e mesmo que consiga provar na justiça sua inocência, algumas vezes com processos onde até mesmo a acusação desiste do processo, ele tem sua vida completamente destruída pela simples acusação. A maior parte das pessoas, baseadas em manchetes jornalísticas e em matérias repletas de emotividade vai sempre lembrá-lo como assassino, e nutrir por ele um ódio desmedido.
Sendo assim, apesar de ter um completo repúdio por José Dirceu, e toda sua história desprezível para com o país, mostrando-se um político como outro qualquer, eu concordo com ele neste ponto. A imprensa brasileira é livre demais. Mas no sentido de poder se expressar da maneira que quiser, mas sim de ser responsabilizada pelo que divulga, por poder optar em não dar a palavra a ambos os lados, e por fazer de tudo para criar juízos de valores em pessoas que consigam refletir menos sobre determinados assuntos. Isso, na minha opinião, não é democracia, e sim manipulação descarada e barata das massas.

sábado, 4 de setembro de 2010

O babaca e o ódio aos ateus.


Dia 27 de julho de 2010, num dos piores programas da televisão brasileira, um dos piores apresentadores do nosso país, José Luis Datena, mostrou que nada mais é do que um babaca, quando demonstrou todo seu ódio aos ateus.
Datena, naquele dia, afirmou que quem não acredita em Deus é seu próprio Deus, e não tem limites. Creditou crimes e coisas ruins à falta da crença em Deus. Também chegou a desafiar as pessoas a questionar criminosos se estes acreditavam ou não em Deus, e teria certeza que a maioria não acreditava. Também afirmou que em sua pesquisa diária iria provar que o bem iria vencer, quando os crentes iriam ligar em massa.
Datena demonstrou que nada mais faz do que divulgar o ódio entre as pessoas. Desde o começo de sua carreira ele transmite esta mensagem de raiva a grupos que não sejam de seu agrado, como já fez com os travestis. Fora seu claro posicionamento a favor da morte de bandidos, como se essa besteira fosse resolver os problemas sociais.
Mas agora o imbecil extrapolou todos os limites. Ele liga um determinado grupo, que segue uma determinada crença, a todas as coisas ruins da humanidade. Acha que o ateísmo é responsável pelos problemas da humanidade. E deixou bem claro seu posicionamento para todos os expectadores, estimulando-os a pensarem da mesma forma.
Vale lembrar, antes de mais nada, que nossa Constituição é livre, deixa que cada pessoa siga o que considerar melhor. Não existe qualquer ligação do país com alguma religião, apesar de todos os nossos infindáveis feriados católicos. E parece que o cretino mor do Datena não respeita a liberdade de cada seguir a sua consciência determinar.
Também não vi nenhum comentário desta besta sobre o período em que a Igreja Católica dominou o mundo, e matou milhares de pessoas, além de roubar o povo por séculos, criando sua riqueza através da dor das pessoas. Também não foi comentado nada sobre os confrontos entre católicos e protestantes na Idade Média, com massacres promovidos de lado a lado.
Não vi também nenhum comentário dele sobre as constantes guerras entre Muçulmanos e Palestinos no Oriente Médio, nem sobre os ataques dos judeus ao território palestino, matando centenas de inocentes, fazendo-os ficarem presos às suas terras, algumas vezes sem poderem receber sequer comida.
Também nenhuma palavra do cretino ao apoio declarado da Igreja Católica ao nazismo durante a segunda guerra mundial. Em nome de deus e da proteção dos bens da igreja, os católicos aceitaram o massacre de milhares de judeus e a propagação de um regime completamente racista. Mas quem se surpreenderia com isso, sendo a igreja católica a maior incentivadora da escravidão de negros, afirmando que os mesmos não possuíam alma.
O que o Datena fez foi um crime, de pregar o ódio a um determinado grupo, de disseminar  o preconceito. Datena quer ligar uma determinada crença (ou melhor, falta dela) a tudo o que há de ruim, sem qualquer prova, sem qualquer indício, ou sem qualquer argumento lógico que comprove tal babaquice.
Está claro que é caso de prisão, e que este ser é um criminoso. Segundo o que ele mesmo defende, ele mereceria a pena de morte... mas o que mais assusta é que a rede Bandeirantes apóia incondicionalmente esta aberração, e por mais que mandemos mensagens para eles, nada de mudarem tal postura ridícula. Eu mesmo já deixei de assistir ou ouvir o que faz parte dessa empresa, mas eles preferem manter a propagação estúpida feita por este ser.

Dilma e o crime contra a ditadura.


Para variar, pouco antes da campanha comecei a receber e-mails de origem duvidosa, ligando o PT a vários tipos de crimes, como ligação com as Farc, apoio ao crime organizado, envolvimento a assassinatos diversos, etc. O que mais me deixa intrigado é que alguém da um depoimento sem qualquer fonte e sem qualquer provas, e querem que aceitemos que os fatos são verdadeiros, simplesmente por serem. Quando se procura sobre o assunto nada se encontra. Mesmo a mídia mais ligada à direita não entra no mérito.
Agora, a bola da vez é a Dilma. Alguns e-mails afirmam que a candidata do PT está envolvida com a guerrilha contra a ditadura militar no Brasil, o que a mesma já assumiu como verdade. O problema é que muitos afirmam que a mesma assassinou várias civis durante o regime militar.
Quando você procura sobre o assunto, nada encontra. Nunca houve qualquer acusação ou processo a respeito. Eu fico imaginando como um governo ferrenhamente severo e agressivo teria permitido que uma oposicionista praticasse tais atos, contra o próprio governo, e não fizesse nada.
Aliás, vamos lembrar que naquele período, o governo militar não admitia qualquer tipo de oposição. Quem se colocasse contrário ao governo, mesmo com somente a opinião, era preso, torturado ferozmente, e em alguns casos até morto. Muitos intelectuais foram expulsos do país. Manifestações populares foram oprimidas, e uma quantidade incrível de pessoas simplesmente sumiram do mapa, e coincidentemente eram contrárias ao governo, sendo que tais barbáries foram arquivadas pela promulgação da Constituição de 1988.
Algumas poucas pessoas uma pouco mais corajosas resolveram combater tais atrocidades. Cada um usou as armas que tinha em mãos: uns usaram músicas, textos e até mesmo programas de televisão, de maneira metafórica, para tentarem conscientizar as pessoas para os problemas que representava tal regime. Outros, que não tinham tanta habilidade artística, aderiram à revolta popular. Com isso, houve vários ataques a órgãos ligados ao militares. Seqüestros de embaixadores americanos, aqueles mesmos que apoiaram e financiaram o golpe militar de 1964. Tudo para tentar diminuir o poder dos militares.
E foram graças a tais pessoas que a pressão sobre tal aberração aumentou a ponto de colocar um fim a tal regime no final da década de 1980. E este regime, uma das páginas mais negras da nossa história, foi o responsável pela morte de milhares de inocentes ao longo de mais de vinte anos. E as pessoas deste regime mantiveram-se na política, sendo boa parte integrando o PFL, atual democratas, que é o maior aliado do PSDB desde a redemocratização do país.
Daí, as pessoas comentam sobre os possíveis crimes de Dilma, mas não abrem a boca para falar sobre o apoio dos tucanos aos nossos grandes assassinos históricos, nem a ligação de sete anos entre FHC e Antonio Carlos Magalhães, um dos mais cruéis coronéis do Nordeste. Ninguém comenta sobre quem seria o vice presidente de José Serra antes daquele ser preso.
Mas este tipo de bobagem, envolvendo acusações sem provas, sem fontes e sem quaisquer registros, aí sim é divulgada. É incrível como tudo o que interesse à nossa direita tem amplo apoio na mídia, e quando esta é criticada, tem que ser algo descarado para ter voz no país.

Pra variar, deixam para a derrota iminente...


Como tem ocorrido nas últimas eleições, sempre que o candidato do PSDB está tomando uma lavada nas eleições presidenciais, aparece uma inusitada denúncia de corrupção, escândalo e problemas legais, faltando um mês para o pleito. E engraçado que ocorre quando falta um mês para o término da disputa, e o candidato petista está prestes a levar no primeiro turno.
Desta vez, de maneira incrível, surge uma denúncia de algo que ocorreu em 2009, e onde todos sabiam do problema desde então. Ou seja, deixou-se o assunto de lado por um ano, para só agora levá-lo ao ar. E engraçado que, justamente é neste momento que o candidato tucano precisa da mesma.
Mais perigoso do que isso é fazer acusações peremptórias antes da hora. Não houve sequer a investigação, e mesmo assim a campanha do tucano já dá como certa a culpa dos adversários. Logicamente já dizem de antemão que o Lula é inocente, mas o resto do grupo dele, não.
Eu fico imaginando que se eu cometesse um erro durante meu trabalho, e por algum acaso deixasse vazar algum processo onde o envolvido fosse alguém do PT, onde tal processo fosse segredo de justiça, se iriam dizer que eu fiz isso com ordens do nosso governo tucano em São Paulo. Quer dizer que qualquer problema que ocorram em órgãos públicos é culpa do partido que está no governo? Então porque ninguém liga os problemas ocorridos no Estado, e que todos sabem de cor e salteado, ao PSDB?
Como um não petista, e nem sequer admirador do partido, não duvido que exista alguma ligação com o PT no caso citado. Mas acho que seria burrice demais, pois a candidata em questão está muito na frente, e o PT já deixou claro que sua estratégia de campanha é evitar qualquer tipo de ataque ou confronto. Então não faz muito sentido desta vez haver tal confronto. Para o PSDB, por outro lado, é muito conveniente que haja tal confronto ferrenho agora, fazer acusações e tentar ligar o nome da adversária a problemas. Aliás, é a única chance que esse cacique decadente tem.
Também está claro que várias pessoas tiveram o sigilo quebrado, a maioria delas nem têm ligações partidárias. Mas os quatro tucanalhas que foram violados são os que têm maior visibilidade na mídia, é claro.
Dizer que o homem que pediu a quebra está ligado ao PT é um tanto quanto estranho. Um homem que está fora do partido há um ano, e que não tem qualquer influência ou ação na atividade do partido só demonstra que não se pode, ainda, fazer qualquer ligação entre uma coisa e outra. O mesmo afirma que recebeu pedidos de um terceiro, que é filiado, por sua vez, ao PV, partido que historicamente ao PSDB/DEMO. Mas esta é uma notícia que obviamente não merece a devida importância, senão quem é que vai tirar votos do PT?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pessoas que estragam o dia


Nunca imaginei que na vida iria conhecer alguém incrivelmente negativo e furioso, que visse em absolutamente em tudo motivos para reclamar, esbravejar e se enfurecer. Nem imaginei que uma pessoa pudesse ser tão absurdamente negativa a ponto de querer briga com todo mundo o tempo todo. Mas eu conheci alguém assim.
Uma pessoa que amaldiçoa todos os dias o seu trabalho. Tudo bem, não é dos melhores, mas está muito longe de ser dos piores. O salário é bom, e o serviço é pesado, mas nada impossível. Mas além do trabalho, a maldição também recai sobre seus colegas. Ninguém presta, só faz coisas erradas. Tudo o que todo mundo faz a deixa louca da vida.
Quando uma pessoa é bem tratada, e a conversa se prolonga demais, ela já fica doida da vida. Xinga, esbraveja, ofende. Parece que ver duas pessoas conversando civilizadamente é uma ofensa. E quando temos paciência com as pessoas, aí que é uma ofensa ao planeta Terra.
Mesmo as pessoas que gostam muito dela são tratadas de modo ríspido, e criticadas violentamente quando não estão perto. Se as coisas não são do jeito dela, mas uma explosão de fúria.
Eu sinceramente não consigo entender qual o sentido de uma vida assim. Parece que a pessoa gosta de ser tomada por sentimentos ruins. Pior é saber que ela faz questão de estar sempre mal com todo mundo, ser odiada e todo mundo querer sempre estar afastado.
Parece que não existe motivo para ser feliz, mesmo que existam muitos. A vida é só pra reclamar e se enfurecer. As pessoas que fazem parte da vida só existem para fazê-la pior.
Eu já estive no auge da depressão, já vivi um momento em que a própria vida não fazia qualquer sentido, e mesmo assim não cheguei a um ponto tão devastador. Já vi gente terrivelmente doente, gente viciada, gente que perdeu pessoas queridas por motivos estúpidos, pais de família desesperados para sustentar a família, tirar filhos das drogas, ou que os filhos simplesmente sumiram. Já vi muita coisa na vida, mas nunca uma pessoa que visse as coisas de maneira tão negativa e tão cheia de ódio como faz esta pessoa.
E o pior é que naqueles dias em que não estamos bem esse ânimo todo do cidadão faz agente ficar pior, num mix de ódio extremo e total depressão. É uma energia terrivelmente pesada, que acaba com o ambiente, e faz agente pensar em que maldito sentido tem esta vida de merda.

Uma experiência desastrosa


Depois de quatro anos e meio de namoro, tive a oportunidade de viver alguns dias longe da minha noiva, com a viagem que ela fez para o Ceará. São doze dias, e eu pensei que poderia aproveitar um pouco os momentos longe dela para sair com os amigos, fazer algumas coisas sozinho que eu não faço desde que começamos nosso namoro.
Poucos dias foram necessários para eu ter certeza do tamanho da merda que eu fiz ao aceitar tal viagem. O que parecia ser um bom momento, uma chance de um final de semana sozinho, se tornou um verdadeiro pesadelo.
Já começando pela saída, quando ela até chorou ao me ver ir embora, ficou triste, e parecia não estar muito feliz com a situação. Eu mesmo, naquele final de semana da despedida, já me senti profundamente incomodado. Sabia que iria me arrepender desde então. Eu nem estava muito afim de conversar com ela, naquele momento só queria ir pra casa e ficar sozinho.
Com o final de semana, as coisas ficaram piores. Meus amigos casados ou comprometidos queriam passar o final de semana com suas respectivas, enquanto meus amigos solteiros estava interessados em baladas, o que representa, para os leigos, putaria. E eu acabei ficando no meio. Não quis fazer nada de errado, e também não tive o contato com nenhum dos meus amigos. Então acabei por ficar em casa sem fazer nada.
Para deixar a situação um pouco pior, ela estava em um local onde não havia qualquer sinal de celular, onde ela teve que ir de pau de arara e não tinha telefone na casa. Eu, por minha vez, peguei um gripe violenta, tanto que deixou algumas seqüelas, como uma infecção no ouvido.
Fiquei num mau humor do cacete, acabei tratando-a mal na segunda feira que ela me ligou, e percebi que tinha sido um terrível engano aceitar essa loucura.
Agente acaba percebendo que não tem mais sentido fazer coisas de gente solteira quando se está comprometido. E ficar um bom tempo longe de quem agente gosta é meio diferente de sair com os amigos uma noite, falar um monte de merda e voltar pra casa, pra no dia seguinte ver a namorada.
Parece realmente algo muito fora da realidade, que traz uma série de pensamentos ruins na cabeça e faz agente pensar em um monte de coisas erradas.
E assim agente acaba concluindo que, ou ficamos sozinhos e fazemos coisas sozinhos, ou estamos dentro de um relacionamento e fazemos as coisas em conjunto, sem essa de ficar cada um pra um canto por uma quantidade longa de dias. Não tem muito sentido cada um ir para um canto, sozinho. Pelo menos é a minha opinião.

PS: para as mentes poluídas que devem ter pensado besteira aqui, a viagem ocorreu com a mãe dela.

A empurração continuada


Há quase vinte anos nosso país está tomado por uma das maiores aberrações que já tivemos contato: a aprovação continuada, ou popularmente conhecida como aprovação automática. O ensino tem sido dividido em ciclos, onde apenas no final do ciclo, que dura entre dois e três anos, o aluno poderá ser reprovado.
Esta prática tem sido usada com toda força pelo governo de São Paulo há pelo menos quinze anos, numa tentativa de incentivar os aluno a permanecerem na escola e fazer com que mais pessoas concluíssem o ensino básico. Há pelo menos dez anos sabemos, sem a menor sombra de dúvida, que tal prática é o mais completo fracasso.
Mesmo tendo a melhor das intenções, ficou claro que o sistema fez com que apenas o aluno freqüentasse a sala de aula, mas diminuiu sensivelmente a qualidade do ensino público. Cada vez menos alunos interessam-se pelos estudos, sabendo especificamente que não sofrerão nenhuma punição pelo pouco esforço.
Os alunos sabem desde o primeiro dia que irão passar para a série seguinte. Assim, não se importam muito em aprender e ter um bom desempenho ao longo do ano. Mesmo em matérias em que tenham alguma predileção, a lei do menor esforço prevalece.
Combinado a isso, as conversas com os colegas, a bagunça a diversão começam a chamar mais a atenção. Os professores passam a precisar serem verdadeiros gênios para conseguirem chamar a atenção dos alunos. Mesmo os melhores, os realmente muito bons, não conseguem manter o interesse dos alunos sempre.
Com isso, a quantidade de alunos que chega ao Ensino Médio sabendo ler precariamente, escrevendo muito mal, e incapazes de interpretar um texto é gigantesca. Concomitantemente, os alunos que se formam nas faculdades estão num nível cada dia menor, e o que se vê são profissionais de péssima qualidade, como já está mais do que claro.
Pode realmente ser que a intenção tenha sido das melhores. Pode ser que a idéia tenha sido de aumentar as chances de alunos se formarem. Pode ser que o que os nossos governantes quisessem tenha sido apenas de motivar os alunos. Mas está na hora de ter humildade de admitir que a idéia não deu certo. Continuar nesta besteira é provar que o que se quer de verdade é que o ensino vá por água abaixo.
Existem diversas possibilidades para que não voltemos ao modelo antigo: podemos estipular níveis semestrais, como ocorrem nas faculdades; podemos criar etapas bimestrais, onde os alunos apenas fariam as disciplinas em que estivessem com pior desempenho, em horário diferenciado, sem prejudicar o restante da evolução escolar, exceto se o número de disciplinas de mal desempenho seja muito superior ao de bom desempenho.
A partir de então podemos pensar em uma série de alternativas para chegarmos a um meio termo, mas sem insistir num erro que está afundando e enterrando de vez a nossa sociedade, quando se pretende ter um país que será um potência mundial.