terça-feira, 30 de março de 2010

A moral


Um dos termos mais usados por pessoas conservadoras é “moral”. Geralmente reclamam de pessoas promíscuas, de gente que usa roupas curtas, pessoas que gritam quando querem gritar, etc. Dizem que tais pessoas não têm moral, deixando claro a denotação pejorativa desta afirmação.
Creio que este termo é uma das coisas mais malditas que a religião trouxe para a nossa raça. Graças a isto, nós sofremos pela falta de liberdade sexual, temos que usar roupas desconfortáveis e desnecessárias para trabalhar, temos que obedecer ordens para sermos bem aceitos em sociedade, não podemos demonstrar alguns sentimentos mais extravagantes...
Por causa da moral somos obrigados a controlar alguns impulsos primários que qualquer ser humano possui. Graças a tal desgraça temos que ser infelizes por muito tempo, agüentando coisas que não queremos e não precisaríamos agüentar.
Por causa da moral as mulheres foram impedidas de trabalhar por muito tempo, foram obrigadas a casarem-se virgens e tiveram que obedecer seus maridos por muitas gerações. Por causa da moral homens não poderiam ter cabelos compridos, não podiam demonstrar sentimentos ou chorar. Por causa da moral tratamos homossexuais como se fossem serem nocivos ao planeta. Por causa da moral aceitamos regimes ditatoriais que torturaram e mataram centenas de pessoas. Por causa da moral aceitamos a dominação de uma igreja que já torturou e matou de maneira cruel milhares de pessoas que não aceitaram sua fé. Por causa da moral você será crucificado somente por não acreditar em Deus.
E não vamos confundir moral com ética. Creio que a ética é necessária para a vida, pois sem ela você não tem sequer caráter. A ética é o que nos faz ser justos, honestos e respeitar ao próximo, independente de suas convicções e ideologias de vida. A ética serve para que possamos conviver de maneira saudável em uma sociedade, enquanto a moral são regras que o homem cria, que se não existissem, não prejudicariam em nada a nossa vida.
Creio que a moral está morrendo, pois cada vez mais as pessoas têm escolhido a liberdade, em detrimento deste conservadorismo inútil e degradante. Creio que as pessoas começam a respeitar um pouco mais as diferenças. Creio as pessoas começam a aceitar, aos poucos e de certa forma bem devagar, o fato de que cada pessoa vive de maneira diferente, tendo necessidades diferentes.
E creio que isto marcará o fim desta moral nociva, que tanto mal tem feito à nossa sociedade. E creio que quando esta moral estiver totalmente aniquilada, teremos um pouco mais de chances de sermos felizes.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Há algo estranho ao lado...


É realmente estranho escrever ou pensar sobre algo que se entende tão pouco. Mas é o que farei agora.
Tenho conversado com algumas pessoas sobre o homossexualismo. Estava conversando com a minha noiva na situação de se saber que seu filho é gay. Ela me disse que não criaria nenhuma briga, mas se sentiria triste, por saber que nunca terá um neto de sangue. Já eu, acho que não teria qualquer reação desfavorável, até porque acho que nem todos querem realmente ter filhos.
Devo admitir que acho nojento demais dois homens se beijando. Prefiro virar o rosto ou sair de perto quando me deparo com uma cena destas. Mas, mesmo assim, não vejo qualquer problema em uma pessoa seguir o que achar melhor para si. Como citei antes, cada um tem a liberdade para fazer as melhores escolhas em suas vidas, e sinceramente, não vejo o homossexualismo como uma escolha errada, ou que vá levar à infelicidade.
Alguns homossexuais sofrem por causa de nós, heterossexuais, pos nós transformamos suas vidas em um inferno graças ao nosso preconceito e nossa ignorância. Se deixássemos que eles vivam suas vidas, eles provavelmente teriam os mesmos problemas que nós.
Nunca vi uma pessoa ser menos competente por ser homossexual, ou ter seu caráter deturpado por causa do homossexualismo. Assim como nós, existem gays bons e outros tantos ruins. Alguns são muito simpáticos, outros são chatos demais.
E eles não interferem em absolutamente nada na minha vida. Eu a sigo ao lado da minha noiva, independente deles existirem ou não. Eu mudo de emprego, compro uma casa, vou ao parque, assisto futebol, tudo o que quero, mesmo que eles existam. E mesmo que existam gays no local onde eu estou, mesmo que eu tenha colegas de trabalho que sejam gays, minha vida continua exatamente a mesma.
Então, por que, em sã consciência, não podemos simplesmente deixá-los em paz e viver as nossas vidas?

domingo, 28 de março de 2010

O, o, o, o, o... eu gosto é de mulher!


Eu odeio o machismo. Acho realmente ridículo alguns homens tratando as mulheres como objetos. Acho ridícula tratá-las como inferiores, ou achar que elas têm menos competência para muitas coisas do que nós. Acho lamentável alguém menosprezar uma mulher simplesmente pelo fato de ser mulher.
Mas odeio ainda mais o feminismo, pois este é exatamente a mesma coisa que o machismo, transferindo somente o foco dos problemas. O feminismo não prega somente a igualdade entre os sexos, prega a culpa de todo esta situação sendo do homem, sendo este um grande vilão. Ou seja, ambas as ideologias pregam exatamente a mesma coisa, mudando somente a parte defendida.
Algumas pessoas criam modelos para definir todos os homens, assim como outros modelos para definir as mulheres. São sempre assim e sempre têm estes defeitos e agem desta maneira. É como tentar definir seres humanos com uma receita de bolo.
É realmente uma guerra dos sexos, uma guerra estúpida, que não pode ser vencida nem perdida, que deixa de mostrar a necessidade que temos pelo sexo oposto. Eu, por exemplo, adoro mulher. Como cita a música do Ultraje a Rigor, eu não vivo sem mulher. E a maior parte de nós não pode viver mesmo. Eu, por exemplo, moro sozinho, pago todas as minhas contas, limpo minha casa, faço minha comida, lavo minha roupa, ou seja, não preciso de nenhuma mulher fazendo nada pra mim. Mas eu preciso delas para completar realmente minha felicidade, para ter alguém com quem dividir a minha vida, para poder amar e ser amado. E da mesma forma, as mulheres precisam dos homens pelo mesmo motivo. Se não fosse assim, nem sequer existiríamos mais.
Acredito mesmo que todas as pessoas podem fazer qualquer coisa que queiram. Acredito que as pessoas se definem individualmente pela sua personalidade, independente de serem homens ou mulheres. Existem muitos homens delicados e gentis, muitos homens amáveis, honestos e fiéis. Existem mesmo alguns homens que só sentem atração por outros homens...
Existem mulheres fortes fisicamente. Mulheres que sabem falar grosso e se impor. Algumas mulheres são realmente ótimas motoristas e outras entendem mais de mecânica do que qualquer homem. Temos tantos exemplos, que simplesmente não dá mais pra ficar nessa besteira de criar estereótipos que definem uma pessoa pelo sexo.
Temos caminhado muito no sentido de termos uma plena igualdade entre os sexos, e eu acredito demais que a evolução de uma nação só pode ser plena se ambos os sexos forem tratados de maneiras iguais.
Acho realmente muito bom o fato de uma mulher poder ser presidente de um país, mas acho que isso não é motivo por si só para que ela seja mais ou menos competente.
Minha noiva é, sem sombra de dúvidas, a melhor motorista que eu já conheci, disparada. Em compensação eu tenho certeza que cozinho melhor do que a maior parte das mulheres que eu conheço. Mesmo assim, minha noiva é uma mulher extremamente feminina e delicada, enquanto eu sou um completo escroto e largado. Não há como rotular.
Me sinto feliz e afortunado por viver em um período em que homens e mulheres caminham a passos largos para viverem a total igualdade, mas me sinto muito preocupado pelo fato de não ter certeza se viverei o suficiente para ver a igualdade plena concretizada.

sábado, 27 de março de 2010

A compaixão


Eu preciso confessar que “pena” é um sentimento que não sinto mais, exceto por aquelas pessoas que sofrem sem ter culpa disso, como é o caso de pessoas que estão em meio à guerra civil em países africanos, aqueles que morrem em conflitos religiosos sem sequer optarem por se envolver, etc. Mas acredito piamente que as pessoas, em geral, sofrem, porque escolheram sofrer.
Acredito demais que fazemos diversas escolhas na vida, e algumas destas escolhas podem nos levar a sofrer muito. Podemos nos amaldiçoar pelo fim de um relacionamento ao invés de tentarmos melhorar e encontrar pessoas que nos queiram de verdade. Podemos optar por bebermos demais e fazer muitas besteiras por causa disso. Podemos optar por não fazer exercícios físicos e termos sérios problemas de saúde. Tudo depende exclusivamente de nossa escolha.
Por isso, não sinto pena das pessoas. Não fico tocado quando alguém chora por amor, ou porque está estressado demais com o trabalho. Tudo isso pode mudar, dependendo unicamente da vontade de cada um. Mas, mesmo assim, isso não significa que eu despreze o sentimento de qualquer pessoa.
Mesmo que a pessoa tenha escolhido sofrer, muitas vezes, ela não consegue enxergar este sofrimento, nem sequer os caminhos que ela pode escolher para sair deste mundo. A maior parte das pessoas só precisa que alguém a ajude a caminhar nos momentos mais difíceis, como eu fui ajudado, assim como você deve ter sido um dia.
E este é o sentimento que creio que chamemos de compaixão: você ajudar as pessoas que precisam de sua ajuda. Compaixão é você não desejar que pessoas que cometeram erros feios sejam punidas e sintam dor, provavelmente elas já sintam o bastante. É tentar entender o que levou aquela pessoa a agir de determinada forma, e assim poder ajudá-la a encontrar o seu caminho.
Compaixão é você respeitar a decisão que uma pessoa toma quando decide seguir algum determinado caminho, mesmo sabendo que não é o que você seguiria, mas alertá-la para o sofrimento que poderá encontrar se realmente quiser seguir por ali.
Compaixão é você ser um amigo, mas não passar a mão na cabeça de alguém que esteja fazendo algo de errado, assim como não executá-lo por isso.
A diferença que deveríamos ter dos animais é este espírito de compaixão pelo próximo, saber que alguém sofre, e ser solidário a esta pessoa quando ela precisa. É você saber que aquela pessoa tem todo potencial para mudar de vida, que ela precisa somente de um empurrãozinho, se assim ela desejar, e não que alguém sinta pena dela.
Mas é óbvio que nem todas as pessoas aceitam a ajuda. Algumas preferem se afundar na bebida ou nas drogas. Algumas preferem ser promíscuas demais. Alguns querem se matar por futebol. Com certeza sofremos quando alguém que amamos segue este caminho. É como uma grande perda, a morte de alguém que permanece vivo. Queremos fazer algo para trazer esta pessoa de volta. Queremos que ela continue fazendo parte de nossa vida. Mas muitas vezes nem sabemos qual o caminho correto a seguir. Isto é compaixão.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Liberdade

Algumas pessoas simplesmente não conseguem entender a opinião dos outros. Por muitos e muitos anos, eu fui uma destas pessoas, e acredito que mesmo em alguns assuntos, ainda sou. Quando eu era mais novo, discutia veementemente sobre a existência ou não de Deus. Tentava mostrar a todo custo que as pessoas estavam erradas em acreditar nisso. A grande maioria das vezes, acabava em discussão e até mesmo em ofensas. Uma garota chegou a simplesmente parar de falar comigo quando eu disse que era ateu.

Até que eu entendi que para algumas pessoas é simplesmente impossível não acreditar que exista tal entidade superior. E eu posso provar por todos os argumentos, fatos e provas irrefutáveis, que ela sempre arrumará uma desculpa para corroborar com sua tese. E provavelmente eu irei arrasar com sua vida se ela deixar de acreditar, porque ela simplesmente precisa acreditar.

E acho que entender este fato foi algo grandioso para a minha vida, pois começamos a entender que algumas das grandes verdades de nossa vida, não são as verdades para todos. Algumas pessoas acreditam que só serão felizes se tiverem filhos, enquanto outras não dão a mínima para isso. Umas acreditam que ser realizado profissionalmente é ser um grande líder, ganhando um grande salário, enquanto outras acreditam que a única coisa importante é fazer um bom trabalho. Uns acreditam que uma união deve levar a um casamento, com um ritual que simbolize o amor eterno, enquanto outras são felizes por estar ao lado da pessoa amada.

Chega a ser engraçado o fato de cada pessoa ter uma opinião tão diferente de seus pares. Algumas pessoas chegam a matar ou morrer para levar a cabo sua opinião. Uma boa parte não aceita que ela possa estar errada, transformando qualquer debate em uma guerra. É incrível a quantidade de pessoas que perdem completamente o humor por verem que alguém não concorda com seu ponto de vista.

Depois que me tornei apenas um ouvinte, e não mais um debatedor, fiquei impressionado com a quantidade de coisas incrivelmente interessantes que podemos ouvir das pessoas, mesmo as pessoas mais ignorantes e incultas. Todas as pessoas, sem exceção, têm fortes razões para acreditarem no que acreditam, para seguirem ideologias que seguem. Muitos fatos os levaram a pensar desta maneira, e isto, de certa forma, faz com que suas vidas corram bem.

É bem verdade que ao longo dos tempos as pessoas acabam mudando de posicionamento, seja por enxergarem outras verdades, seja por precisarem mudar para sobreviverem. Eu mudei muito de posicionamento, e pode ser que, daqui alguns anos, quando ler este texto, mude de novo. Mas neste exato momento, você tem fortes razões para concordar ou discordar de mim. Você pode ter pensado que quando leu textos anteriores, eu tenha escrito um monte de besteiras. Pode ter pensado que sou um gênio. Pode ter concordado só em alguns pontos. Você tem seus motivos para isso.

Acho que uma das maiores fontes de conhecimento é saber ouvir. Ouvir as diversas opiniões das pessoas. Ouvir coisas que você acha totalmente absurdas. Pensar a respeito do que as pessoas falam. Quando você ouve, você consegue refletir sobre o que está ouvindo. E você poderá discordar, concordar, modificar a lógica. Você coloca a sua mente para funcionar. E provavelmente algumas opiniões irão instigá-lo a buscar informações para confrontar o que você ouviu.

Alguns governos tentam fazer com que as pessoas não tenham liberdade, e eu não falo de Cuba ou da China. Existem muitos governos democráticos que usam meios bem sutis para controlar as pessoas. E muitas vezes você pode fazer com que as pessoas façam muitas coisas que não querem por medo. E elas farão, enquanto o medo durar. Mas a consciência de cada um estará sempre lá. E será sempre imutável, não importa o quão poderosa seja uma ditadura.

Acho que as pessoas deveriam ser mais tolerantes umas com as outras, deixar que cada um se expresse da maneira que achar melhor. Não adianta ficar forçando as pessoas a aceitarem o que você acha certo. Quanto mais você brigar, mais irá fazer com que a outra pessoa odeie seu ponto de vista. Acho que nossa sociedade está muito evoluída, mas ainda não aprendeu a respeitar a opinião de seus semelhantes.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O perdão

Eu nunca tive um ente querido meu tirado por um assassino. Não sei exatamente qual deva ser esta dor. Sei que a saudade é insuperável. Mas posso imaginar o tamanho da infelicidade que é ter ódio mortal de alguém pelo resto da vida. Você querer fazer com que a pessoa sofra pelo que fez, e que pague com isso com a própria vida. Um sentimento que deve consumir, apagar qualquer indício de felicidade. Acho que, mesmo que você consiga sua vingança, você sempre irá ser acompanhado por esta raiva.

Eu senti um ódio mortal da minha ex, pelas mentiras e pela dor que ela me fez sentir. Quis fazê-la sofrer de verdade. Queria que ela pagasse por todos os erros. Queria que ela sentisse muito mais do que eu senti. E depois de uns seis meses, percebi que eu é que estava sofrendo. Não faço a menor idéia se ela pensava nisso, se ela sentiu prazer em me fazer sofrer, se ela se divertiu, se ela se arrependeu. Só sei que o ódio me consumiu e me impediu de encontrar um novo e melhor relacionamento.

Mesmo quando percebi isso e lutei em tirar estes sentimentos ruins do meu coração, a luta foi difícil, e chegou mesmo a atrapalhar um pouquinho meu relacionamento com a Vanessa. O ódio ainda fazia com que eu temesse alguns velhos problemas.

Até que você percebe que o que aconteceu, aconteceu, e nada no mundo irá mudar o passado. As coisas estão feitas, e por mais que você se vingue, nada será diferente. A sua vida continua, e você continua tendo a chance de ser feliz, mas você continua estragando a sua própria felicidade, mantendo fantasmas do passado vivos na sua mente. E isso vai te consumindo por dentro.

Hoje, nos raros momentos que encontro minha ex, simplesmente não sinto nada. É uma estranha. Cheguei mesmo a me sentir feliz por ela quando soube que ela casou, quando soube que teve seu primeiro filho. Consegui me sentir bem pelo fato de saber que ela estava bem. E como isso foi bom. Isso me ajudou a ser feliz sem magos, a perceber que este ódio não valia nada.

E então entendemos porque os cristãos e a maior parte das religiões fala tanto no perdão. Agente não têm que perdoar ninguém porque somos bons e puros de coração, temos que perdoar porque se não o fizermos, o ódio que sentimos irá destruir a nós mesmos. Nós é que iremos viver este sentimento, dia a pós dia. Iremos ser consumidos por ele. Mesmo que matemos a pessoa que irá morrer, ela simplesmente não sentirá mais nada, e nós continuaremos a sofrer.

Perdoar não significa que você precise amar a pessoa que te prejudicou, que você seja amigo dela, ou qualquer coisa assim. Significa que você tenha que arrancar esse ódio de dentro de você. Seu agressor pode não significar nada para você, e na verdade este é o melhor caminho, mas você não deve ter a presença dele em sua mente por nada.

E como prova viva disso, posso afirmar que depois que consegui este perdão verdadeiro, me libertei totalmente, e consegui um relacionamento maravilhoso, com liberdade para ambas as partes, onde consigo amar com todo meu coração a Vanessa pela pessoa que ela é, e consigo ser feliz assim, confiando nela totalmente.

Da mesma forma que, mesmo sem que ela pedisse, perdoei minha mãe por todo o sofrimento que ela me causou no passado, e vivi a minha vida da melhor forma possível. Perdoei a pessoa que criou uma grande briga com o meu pai e acho que ele está entre os grandes amigos da minha vida. Perdoei meus próprios grandes erros, e tive a certeza de que poderia aprender com eles, e ser sempre uma pessoa melhor.

O perdão deve ser o mais nobre dos sentimentos, além do mais necessário. Acho que é o que nos faz mais crescer como pessoas.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Poder

Pelo que tenho observado até agora, todos os seres humanos possuem uma incontrolável necessidade de poder. Pode ser em maior ou menor grau, e apresentando sob diversos aspectos, mas esta necessidade existe. Alguns querem poder econômico, outros querem poder através de status, outros querem o poder através de relacionamentos. O fato é que ele é indispensável, e serve para melhorar nosso ego. Acho que se não tivermos na vida um mínimo de poder, não seremos felizes nunca.

Por exemplo, eu, depois do meu fracassado relacionamento, tive uma necessidade em delimitar algumas coisas nos relacionamentos seguintes. Certos erros não gostaria de cometer. Por causa disso, cometi alguns abusos, e até mesmo me tornei um controlador no relacionamento. Até me livrar desse vício foi um parto, e um dos meus melhores amigos teve que me abrir os olhos para este fato. Mas o poder me fez quase cegar. Era interessante controlar totalmente a relação. Interessante e destrutivo.

Outros querem controlar um grupo de pessoas. São chefes, e fazem sua posição ser sentida. Manda e desmandam, e tratam os menos poderosos como meros subalternos. E fazem da vida destes um verdadeiro inferno, muitas vezes os sufocando. A maior parte de seus empregos tenderá a querer deixá-lo, mudar de empresa.

Outros poderosos que nos trazem grandes prejuízos são a maioria dos políticos. Estes têm o destino de várias pessoas em suas mãos, e mostram seu poder através de atos e leis. Fazem de tudo para que todos acreditem que suas ações são as melhores possíveis e foram totalmente no sentido da melhoria da vida das pessoas. E começam a gostar tanto deste poder, que nunca mais querem largá-lo, sempre se candidatando a cargos, investindo milhões, se associando a todo tipo de entidade que possibilite que atinjam o poder, mentindo, às, vezes matando, destruindo.

E acho que o mais lamentável dos poderes seja o poder econômico. Algumas pessoas pensam controlar o mundo por causa do dinheiro que possuem. Elas fazem de tudo, tudo mesmo, para que seu poderia aumente. Tiram de quem tem pouco, roubam, matam, destroem. A única coisa que passa a importar é o dinheiro, porque esta é a maior das fontes de poder. Este é o tipo de pessoa que abandona todo o sentimento na vida por causa do poder. Não creio que este tipo de pessoa possua qualquer tipo de felicidade.

Mas poucos sabem qual é o verdadeiro poder. O poder de você ser querido pelos outros, por ser uma boa pessoa. O poder de ser uma pessoa adorada porque sempre que você pode você ajuda os outros, mesmo quando isso possa te prejudicar, ou até mesmo nos dias que você queira ficar sozinho, e acaba abrindo mão da sua vontade pelo bem dos outros.

O poder de fazer alguém sorrir num dia que esta pessoa precisa mesmo. Ou o poder de fazer alguém se sentir bem de verdade, sabendo o quanto você é importante para ela, com um simples “eu te amo”. O poder de conquistar uma pessoa pelo que você, assim como o poder de ser um amigo querido, daqueles que agente não acha em qualquer lugar.

Este é o poder que temos dentro de nós mesmos, que faz com que nos sintamos realmente bem, realmente importantes na vida. O poder que faz com que queiramos mais e mais superar quaisquer desafios. Acho que este é o verdadeiro poder que engrandece o ego e faz bem para a alma.

terça-feira, 23 de março de 2010

Um grande problema

Acho que, além obviamente da péssima qualidade do sistema educacional, um dos maiores problemas pela qual enfrenta o nosso país é a péssima distribuição de renda. Não sei exatamente qual é a nossa posição atualmente, mas cerca de dez anos atrás, estávamos entre as dez piores desigualdades sociais do mundo. Estávamos no mesmo patamar de países como Serra Leoa, Camboja, Iraque, etc. Aqui, os mais ricos tinham tudo, os mais pobres nada.

As coisas melhoraram levemente, mas ainda assim, tudo continua muito complicado. E alguns destes problemas estão no valor em que as pessoas dão para cada profissão. Um jogador de futebol, que não agrega absolutamente nada ao país, pode ganhar R$500.000,00 por mês para jogar bola, e um monte de gente imbecil diz que o cara vale isso. Uma atriz de novelas ganha um cachê milionário, ganha milhões por fazer propaganda, e as pessoas a consideram uma deusa.

Por outro lado, você vê professores ganhando cerca de três salários mínimos por mês, médicos tendo que trabalhar em dois turnos para ganhar um salário pelo menos condizente com todo o estudo que tiveram que ter para praticar a profissão, assim pedreiros, lixeiros, ajudantes, secretárias, assistentes, entre outros, ganhando às vezes um ou dois salários mínimos.

São pessoas assim que tem que abrir mão de praticamente tudo na vida para conquistar sua casa, quando conseguem, ou pagam aluguel pelo resto da vida. Estas pessoas têm que fazer economia todos os meses para não lhes faltar comida. Muitas vezes não têm como viajar e conhecer certos lugares, não podem comer em restaurantes caros, nem freqüentar teatros. São pessoas que passam a vida inteira sonhando em ter uma vida melhor.

Por outro lado, discutiu-se recentemente o aumento do salário do prefeito de São Paulo de R$8.000,00 para R$12.000,00. Cara, em todas as minhas expectativas de vida, eu jamais, nem um único momento, sonhei em ganhar R$8.000,00. Se fosse R$5.000,00 eu estaria rindo à toa. Pra que você precisa aumentar em 50% o que já está tão alto?

O Governador ganha R$15.000,00 enquanto o presidente mil a mais. Pra que tanto dinheiro? Será que é realmente tão necessário que uma pessoa ganhe tanto mês? E pior que ainda tem verba de tudo quanto é coisa, que deixa esse salário ainda mais gordo.

E os juízes então? R$20.000,00 por mês quase! Dinheiro pra limpar a bunda todo dia! Como um cara que está ali pra zelar pelo cumprimento das leis pode se sentir digno ganhando esse valor exorbitante enquanto uma faxineira sobrevive e sustenta uma família ganhando R$800,00 por mês?

E o mais incrível é que todo mundo acha isso normal. As pessoas acreditam que um juiz deve ganhar este valor. Acham que o jogador de futebol tem que ganhar tal salário. Só que pra ele ganhar este valor, alguém tem que ganhar bem pouco, porque é assim que sobra o dinheiro para encher o rabo dos nossos governantes. Você precisa criar um sistema onde haja sobras, e estas sobras criam tal injustiça.

Daí um comentarista televisivo diz que o juiz tem que ganhar bem, Diz que um deputado tem que ganhar bem. Mas o que pode ser chamado de ganhar bem? Ganhar bem é ter que ferrar com a vida de milhões de pessoas? É fazer com que o país gaste bilhões com o salário destes que não devolvem o serviço pago?

Criamos políticas mirabolantes. Inventamos planos econômicos. Criamos políticas assistencialistas. Modificamos o sistema de educação. Tudo inútil. Nada vai funcionar, enquanto não ocorrer uma justa distribuição de renda, que pelo menos dê a oportunidade para que todos tenham uma vida minimamente digna, com suas necessidades básicas atendidas. E continuaremos sendo guiados por hipócritas, como ocorre até hoje.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Os grandes amigos

Eu cresci ouvindo que na vida os amigos só servem par os momentos de diversão, que na hora que mais precisássemos eles seriam os primeiros a sumir, e ficaríamos na mão. Cresci sendo aconselhado a não dar tanta importância assim para os amigos. Por sorte não ouvi tais conselhos.

Nos momentos mais terríveis da minha vida, eu tive algumas pessoas que realmente souberam estar ao meu lado, e de uma certa forma, me fizeram sair do fundo do poço. Alguns deles, como eu costumo dizer, me carregaram quando eu não queria mais andar. Foram poucos, é verdade. Mas foram amigos verdadeiros, caras que eu escolhi, e que me escolheram, para serem irmãos ao longo da vida. Pessoas que jamais precisariam fazer qualquer coisa por mim, mas mesmo assim fizeram, e me ajudaram demais.

Ao longo de vinte anos, posso dizer que tenho quatro amigos que dá pra considerar como irmãos, aqueles caras que você é capaz de dividir momentos incríveis juntos. Igor, André, Nivaldo e Rignaldo. Quatro caras incríveis, daquele tipo de pessoas que praticamente não existe mais.

O Igor, em especial, foi incrível ao longo da minha vida. Esteve ao meu lado no pior momento da minha vida, e chegou até mesmo a arrumar uma tremenda briga com a própria família para me ajudar. Quem faz uma coisa dessas hoje em dia?

Ainda tive mais sorte na vida, e desta vez foi aquele tipo de coisa que não acontece com quase ninguém. Fiz uma amizade incrível com a família da minha ex namorada, a que me causou mais problemas e me deixou mais no fundo. Depois dela ter mentido pra mim e afundando ainda mais a minha vida, algumas de suas tias, incrível e surpreendentemente, devo dizer, ficaram do meu lado. Elas me deram um apoio impressionante. Chegaram até mesmo a me dar algumas broncas por correr atrás daquela garota. Duas, em especial, foram imprescindíveis para que eu pudesse me recuperar: a Geni e a Iranides. Como essas duas mulheres me ajudaram na vida. E o normal seria elas terem ficado ao lado dela, como qualquer um poderia esperar. Mas não fizeram. Logicamente também tentaram ajudar a garota , deram força, como qualquer pessoa da família faria, e como fazem até hoje. Mas, mesmo assim, me apoiaram incondicionalmente.

Se existe algum tesouro na vida, que devemos guardar com todo cuidado do mundo, este tesouro são os amigos verdadeiros. São poucos ao longo da vida, mas valem mais do que qualquer coisa. E quem tem sabe o quão árduo é para se conquistar uma amizade verdadeira. Você tem que ser um grande amigo para ter um grande amigo. E conquistar a confiança de alguém é uma dureza. Mas vale a pena.

E, logicamente, alguns parentes são mais do que parentes, são amigos. São o que podemos chamar de família, família de verdade. Aquelas pessoas que arrancam a pele para te ajudar. E agente pode dizer que, mesmo na família, às vezes da pra contar nos dedos das mãos os familiares assim. Não significa que os outros membros da família sejam menos importantes, não gostem da gente, etc. Mas, provavelmente por terem objetos e rotinas diferentes, acabam se distanciando um pouco, e a amizade fica um pouco mais fria.

Acho que posso considerar, da minha família, que tenho três grandes amigos, pessoas em que posso confiar em qualquer momento. O primeiro deles, é o meu pai. E é engraçado que foi uma relação bem turbulenta ao longo da minha vida, por motivos já citados. Eu demorei mais de vinte anos para vê-lo desta maneira, e hoje eu o acho um cara incrível. Tudo o que acontece de novo na minha vida eu sinto vontade de falar primeiro para ele. E vejo que em tudo o que ele pode ele me ajuda.

Os outros dois são os meus avós, pais do meu pai. São duas pessoas que boa parte da família critica por vários motivos. Acho que são as pessoas mais injustiçadas da família Tudo bem, meu avô tem um gênio desgraçado, e minha avó é o tipo de pessoa que fala até te convencer do que ela quer. Mas isso não ofusca de maneira alguma o brilho deste casal. Os dois cederam uma casa inteira para os filhos criarem as famílias, vivendo no interior com um salário mínimo, para que os filhos não tivessem que pagar aluguel. Sempre que possível ajudavam no que podiam, e ainda querem deixar as casas que têm, conquistadas com muito sacrifício, para cada filho. Da minha família, posso dizer que foram as duas pessoas, únicos, que não viraram as costas pra mim quando eu precisei. E, para minha surpresa, nos momentos mais tensos, em que eu brigava com meio mundo, foram os mais ponderados, e que fizeram de tudo para que eu encerrasse os meus conflitos com qualquer membro da família. A admiração que eu sinto por eles não pode ser descrita em palavras.

E minha mais nova amiga, e provavelmente hoje, a melhor de todas, é a minha noiva. Uma mulher mais do que especial, que acompanha cada pequeno momento, está ao meu lado em todos os momentos difíceis, é a grande companheira nas alegrias, que atura todos os meus maus humores e minhas explosões de fúria. Que dá conselhos, broncas, divide planos e me agrada sempre que pode. Esta não tem preço.

E é este pequeno grupo de pessoas, muito seleto, que faz com que a vida tenha um colorido todo especial. Que faz com que agente sorria diante de qualquer desafio, e sinta um prazer especial em vencer os obstáculos. São essas pessoas que fazem com que agente tenha orgulho de nós mesmos todos os dias, que queira melhorar sempre. São essas pessoas que fazem a vida valer a pena.

domingo, 21 de março de 2010

Ser feliz só depende de você

A notícia de que um homem conhecido matou a ex esposa e se matou com uma arma, entre o natal e o fim de ano abalou profundamente várias pessoas. Minha noiva ficou abalada por um longo tempo, assim como a família dela. A família deste homem e da ex esposa estão arrasadas. Provavelmente se perguntarão sobre este fato pelo resto de suas vidas. Acho que este é o tipo de ferida que jamais irá fechar.

E este fato me fez pensar muito. Muito. Muito. O passado vem à cabeça quando ficamos sabendo de uma coisa dessas. O sofrimento que todo mundo passa quando alguém da família tenta se matar. O quanto isso afeta suas mentes e os deixa perturbados por muito tempo. E o quanto esta é a maior cagada que uma pessoa pode cometer.

Sinceramente, sou capaz de entender as razões que levam uma pessoa a não crer mais na vida. Dá pra entender que tem coisas que derrubam demais. Algumas pessoas são muito fortes, outras são fracas demais, e alguns poucos golpes são capazes de afetar demais. Mas hoje da pra perceber que, de uma forma ou de outra, a felicidade depende de cada um de nós.

Olhando pra trás, eu percebo que, assim como qualquer ser humano no mundo, eu sofri pra cacete. Não mais que ninguém, e não menos que ninguém. Todos passamos por coisas terríveis na vida: pobreza, falta de saúde, perde de entes queridos, dificuldades emocionais, etc. Não há um único ser humano no planeta que não tenham passado por coisas terríveis na vida. Se houver, eu realmente gostaria de conhecer e saber o segredo.

E tem algumas rasteiras que fazem agente cair e se quebrar todo. E dói, como dói. Tem vezes que parece que agente não vai levantar nunca mais. Tem feridas que demoram muito para estancarem.

Mas depois de algumas experiências na vida, você começa a perceber que a palavra “eterno” não tem qualquer significado. Nada é eterno. Nem sequer podemos ter certeza que temos uma alma. As coisas mudam, assim como as pessoas. Sua vida passa por vários fatores que fazem com que tudo seja diferente de um momento para outro.

Quantos obstáculos enfrentamos na vida? Alguns deles são necessários, outros são colocados por algumas pessoas sem qualquer razão, e uma boa parte deles nós mesmos inventamos. Assim é a vida.

Mas o fato é que o tempo todo nós temos oportunidade de escolhermos o caminho que iremos traçar. O tempo todo. E muitas vezes escolhemos errado: trocamos um emprego bom por um ruim; alugamos uma casa ruim; compramos aparelhos que não prestam; fazemos amizades com pessoas de má índole; namoramos com pessoas que só nos levam para o fundo; nos preocupamos demais com parentes que querem nos ver pelas costas; votamos em caras que deixam as coisas ainda piores.

O que algumas pessoas não conseguem enxergar é que exatamente não será eterno. Você pode arrumar outro emprego, se afastar das pessoas que te machucam, terminar seu namoro, mudar de casa, etc. Você pode, a qualquer momento, mudar o rumo da sua vida. Sempre.

Algumas vezes agente é obrigado a enfrentar alguma situação que não escolhemos. Como por exemplo quando levamos aquele lindo pé na bunda de quem amamos. Porra cara, isso dói pra cacete! De todas as dores, acho que essa deve ser a mais desesperadora. Agente tem aquela sensação de que o planeta inteiro está passando por um terremoto devastador, que estamos dentro de um prédio sendo implodido. Essa agonia dura algumas semanas, talvez alguns meses. Mas a vida continua, como continua para todo mundo. Você irá encontrar outras pessoas, se apaixonar de novo, viver novas emoções, e talvez até tomar alguns pés a mais. Não tem como mudar isso. O negócio é tentar escolher melhor das próximas vezes.

Acho que neste ponto posso dizer que o exemplo do nosso presidente Lula é válido: nunca desistir. A vida é feita de tentativas e erros. Depois de algumas falhas sucessivas, agente quase enlouquece. Tudo bem, gritar e falar alguns palavrões fazem bem sim. Mas você terá novas oportunidades enquanto viver.

O fato é que temos o tempo todo a oportunidade de mudarmos o rumo de nossas vidas. Em todos os momentos temos a chance de escolhermos dar a volta por cima. O tempo todo temos a oportunidade de corrigirmos nossos erros. Sempre. Se você se preocupa com riqueza, poder e essas babaquices, provavelmente será mais difícil você ser feliz, porque essas coisas são bem complicadas de se conseguir, e geralmente agente precisa ferrar os outros para chegar lá. Mas, se você é como eu, o tipo de pessoa que quer as coisas simples da vida, que quer ser feliz ao lado de grande pessoas, com amizades verdadeiras, amor verdadeiro, aí você não tem que se preocupar em agarrar a oportunidade quando ela passar por você, porque ela estará ao seu lado o tempo todo. Exigirá muitos sacrifícios, e você terá mesmo que escolher algumas coisas, abrindo mão de algo em alguns momentos. Mas no final vai valer a pena.

Então, pare de culpar o mundo pelo seu sofrimento. Pare de amaldiçoar a sorte. E principalmente, pare de se considerar um perdedor fracassado. Eu já passei por isso, sei que é difícil, mas você pode mudar. Todos podemos. Ser feliz só depende de você, e todos temos o poder, assim como o direito, de atingir a felicidade.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ciúmes

Uma constatação que faço na vida, depois de um longo e interminável período de observação, é que toda mulher, quando gosta de verdade, é ciumenta, e pra cacete! Chegam a ver coisa onde não tem. Algumas delas exageram na dose. Sei lá, talvez porque os homens tenham fama de cafajestes, talvez porque elas mesmas saibam como são as mulheres.

E os homens, quando são ciumentos, são chatos até dizer chega. O cara começa a controlar a mulher até pra ir ao banheiro. Vira uma coisa maníaca.

Não da pra negar: saber que alguém tem um ciuminho por nós é muito bom para o ego. Você sabe que a pessoa tem um certo medo de te perder, te quer só pra ela. Tudo isso é bem legal, mas não da pra exagerar.

Tem gente que fica enlouquecido com o namorado ou namorada olhando pro lado. Parece que em todo lugar, todo momento, tem alguém pronto para dar o bote e tentar tirá-lo de você. Algumas têm ciúme do irmão, de tios, parentes, e até dos pais. Doentio.

E pior são as pessoas que têm ciúme dos amigos. Aqueles caras que você conhece há vinte anos, e chega a mulher e vê estes amigos como graves ameaças ao relacionamento. Será que não percebem que os amigos chegaram antes, e que continuarão sendo amigos, se a pessoa tiver um mínimo de bom senso, e o que deveria fazer é conquistar estes amigos a seu favor, e não se tornar uma inimiga?

É quase uma doença. Fico imaginando como uma pessoa destas consegue dormir. Você se preocupa com tudo e com todos. Tudo te ameaça. Chego a pensar que estas pessoas sequer têm algum tipo de amor próprio. Não confiam no próprio taco, e tentam usar artimanhas para manter o parceiro ao seu lado. É triste.

Eu já tive uma experiência desse tipo. E na verdade a experiência partiu de mim, quando uma das minhas ex namoradas começou a mentir pra mim alucinadamente, e toda vez me pedia perdão. Então, a confiança nela acabou, e toda vez que ela falava que iria fazer alguma coisa, eu ficava não com o pé atrás, mas os dois. Comecei a desconfiar de tudo, de todos. Marcava em cima. A menina nem respirava mais. Eu, por minha vez, nem dormia. Parecia um maluco. Cheguei a ficar doente, não só mentalmente, como fisicamente, por causa disso. Acho que foi um dos meus piores momentos dentro de um relacionamento.

Não vou dizer que hoje em dia não tenho ciúme. Odeio mortalmente que a Vanessa fale com as pessoas usando as mãos. Não ligo para abraços ou cumprimentos mais carinhosos. Mas falar tocando na pessoa é de matar! É lógico que dá um certo incômodo quando a vejo falando com algum homem que eu não conheço, mas isso é algo controlável, talvez só o medo do desconhecido, o que passa em alguns segundos. Afinal, as pessoas têm suas vidas, têm amizades. Ela mesma tem amigos homens que a conhecem antes de estar comigo. Pra que raios eu vou transformar a vida dela num inferno por causa disso?

Se as pessoas souberem usar um pouquinho da inteligência, utilizarão este fato a seu favor. Posso dizer a maior parte dos amigos dela são meus amigos também hoje em dia. Por que deveria ser diferente? Gosto dos amigos e amigas dela. Se ela fizer alguma coisa errada, eu simplesmente coloco um ponto final em tudo, sem perder o sono por antecipação.

Ciúme é sempre bom para dar uma apimentada na relação, mas quando a coisa vira exagero, se torna um grande problema que pode acabar com a relação, e não ajuda em nada.

quinta-feira, 18 de março de 2010

E agora José? Desastre à vista

Fazer opções políticas no nosso país não é tarefa das mais fáceis. Em geral, somos um povo que gosta de levar vantagem em tudo, custe o que custar, e nossos representantes refletem tal pensamento. É complicado afirmar, mas é quase tudo um bando de safado sem vergonha!

Daí, quando temos uma eleição, é praticamente escolher o menos pior. E essa tarefa tem ficado mais e mais difícil, pois todos os que assumem o poder mostram-se igualmente terríveis.

Ao longo da nossa história, tivemos alguns políticos que foram totalmente abomináveis, como foi o caso de Antonio Carlos Magalhães (popular e carinhosamente apelidado de “Toninho Malvadeza”), Roseane Sarney e agora fraquíssimo Fernando Collor, entre outros tantos. Mas atualmente, acho que nenhum nome é tão terrível para o Brasil quanto o do nosso governador paulista José Serra.

Trabalhar sob seu regime é um pesadelo incrível. Pra começar, tanta propaganda do governo, e quando você vê as coisas como são, não é nada do que se diz. Muitas e muitas mentiras o tempo todo, criando aquele clima de alegria, paz e conquistas através dos tempos, graças ao seu governo.

O cara é o que podemos dizer de um ditador. Cria regras, leis e decretos que impõe o que ele acha que é certo, obrigando seus comparsas a votar no que ele considera certo, e todo mundo que vá segui-lo.

Como o “melhor ministro do mundo”, nosso ilustre líder não foi capaz sequer de segurar uma epidemia de dengue. Lançou um decreto limitando a deficiência física à total incapacidade das pessoas de utilizarem COMPLETAMENTE alguns dos seus órgãos. Se você tem cinqüenta por cento da visão em um dos olhos, não é deficiente. Zelando pela nossa saúde.

Em seguida, como prefeito, o cara prometeu não aumentar a passagem de ônibus, e foi seu primeiro ato. Prometeu cumprir seu mandato até o fim, dizendo inclusive para que as pessoas não votassem nele caso não o fizessem, e na primeira eleição seguinte, o cara se mandou para tentar novo cargo.

Como governador, pra começar, limitou as faltas por razões médicas dos servidores estaduais a seis vezes por ano. Isso mesmo, agora os servidores têm o direito de ficarem doentes apenas seis vezes por ano, a não ser que a doença seja incapacitante e os deixe em casa por vários dias. E nós, servidores, frouxos como somos, não fizemos nada.

Depois, impôs uma série de materiais e regras aos professores, dizendo o que devem ensinar, e como devem ensinar, ferindo inclusive nossa legislação, que nos permite liberdade de cátedra. Criou um sistema de avaliação por merecimento, que mede o quanto os alunos aprendem aquilo que o governo quer que aprendam. E diga-se de passagem: o materialzinho ruim!

Apoio e pressionou o governo federal para que aprove a famosa PEC do Calote, que permite que o governo não cumpra determinações judiciais para o pagamento de precatórios, criando um leilão, que permite que aquele que aceitar receber menos receba primeiro. Tal fato foi criticado inclusive pela OAB, citando a culpa do nosso governador por isso. O mesmo justificou dizendo que em nome do Estado pode se fazer tudo, um discurso muito parecido com um certo regime alemão do início do século XX.

Instrui os hospitais públicos a que dêem atestados de horas para os pacientes, mesmo que as pessoas apresentem quadros mais graves e que necessitem de repouso.

Assim como a maior parte da cúpula tucana, apóia irrestritamente o neoliberalismo e as privatizações, que já se mostraram trágicas em todas as partes do mundo, gerando uma grande crise que ainda assola boa parte do globo. Vendeu inclusive o único banco estadual para conseguir dinheiro.

Vem diminuindo ano a ano a verba da justiça estadual, o que faz com que os processos caminhem com mais e mais lentidão.

Afirma que os servidores públicos estaduais não têm direito à greve, graças a um estatuto criado na época da ditadura, o que contraria expressamente à Constituição Federal, nossa lei maior, que dá a todos os servidores públicos o direito à greve, assim como a qualquer trabalhador.

Vetou a lei da mordaça, proposta por deputados do PT e do PSOL, que impedia os servidores estaduais de darem entrevistas criticando ações do governo. Em seguida, enviou uma lei idêntica só para que a revogação fosse feita com seu nome.

Gasta um caminhão de dinheiro com propaganda, sempre com o slogan: “Governo de São Paulo, trabalhando por você”. E ainda tem a cara de pau de dizer que tucano não faz propaganda e nem associa o governo nas “campanhas informativas” que promovem.

Assim sendo, se você quer perder o direito à greve, quer ser impedido de poder ir ao médico quando estiver doente, quer ter que pagar para usar o serviço de saúde, assim como deseja que o Brasil seja privatizado, que sua casa seja desapropriada e em nome do Estado você receba bem menos do que ela valha, se você quer continuar tendo um ensino feito para a formação de pedreiros, empregadas domésticas e trabalhadores braçais, incapazes de refletirem e questionarem as ações de nossas lideranças, é fácil: vote José para presidente!!!!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Simpatia

Uma das coisas mais irritantes que pode acontecer é você ser mal tratado quando está comprando algo. Entrar numa loja e a pessoa te olhar com desprezo, ligar para o serviço de atendimento de alguma empresa e a pessoa ser grossa com você, etc. Ainda temos um povo um pouco burro, que aceita esse tipo de coisa. Eu já gosto de ir pra pancadaria, e na maior parte das vezes, cancelar o serviço.

O que não da pra entender é por que raios uma pessoa tem que tratar outra de maneira ríspida. Se a pessoa não fez nada, um idiota se acha no direito de destratar simplesmente porque seu humor não está dos melhores naquele momento.

Acho que esse tipo de gente deve ser infeliz o tempo todo, porque pra fazer uma coisa dessas normal não pode ser. Uma das coisas que aprendi de cara na minha vida é tratar bem a todas as pessoas. Às vezes até quero ficar sozinho, não quero conversa, ou estou preocupado com alguma coisa, estou ocupado etc. De qualquer modo, a outra pessoa não tem como saber dos meus problemas, e 99% das vezes também não tem culpa deles. Então, pra que eu vou descontar a minha raiva em alguém que não tem nada a ver com a história?

Acho que é uma questão de boa educação você pelo menos ser gentil e simpático com as pessoas que te dirigem a palavra, ou mesmo aquelas que cruzam o seu caminho. Nunca perdi nenhum órgão por causa disso, nem arrumei qualquer briga, nem perdi emprego, nada. Pelo contrário, tenho conquistado ao longo dos anos a simpatia da maioria esmagadora das pessoas. Algumas pessoas chegam a me admirar de verdade. É bem verdade que tem gente que quando começa fala pelos cotovelos, mas quem nunca foi chato alguma vez na vida?

E provavelmente muitas brigas e conflitos seriam evitados, se as pessoas tivessem um mínimo de respeito umas pelas outras.

terça-feira, 16 de março de 2010

Confessionário

Primeiramente, confesso: eu corto o macarrão para comer. Sempre peço perdão por este ato, mas infelizmente sou um completo desastre quando o assunto é coordenação motora. Então, sou obrigado a fazer isso para não me emporcalhar, emporcalhar a mesa, e as pessoas que estão ao meu redor. Cometo este crime por uma razão superior.

Xingo nos jogos de futebol. Me restrinjo aos noventa minutos, mas é mais forte do que eu. Como citei antes, sou totalmente passional. Depois praticamente esqueço que houve um jogo.

Como chocolates demais. Faz bem, mas tem dia que me pega de surpresa o desejo.

Atualmente, só ouço rock. Pô, eu gosto mesmo de outras coisas, de verdade. Mas não tenho muito saco para ficar ouvindo um disco inteiro de outros estilos, exceto quando estou com a minha noiva.

Tomo café como tomo água. É o dia todo. E só café forte pra cacete.

Sou totalmente explosivo e temperamental. Já tentei me controlar por muitas vezes, até consegui diminuir muito a intensidade , mas mesmo assim, é impossível. Eu sou um lunático completo.

Odeio discutir opinião com as pessoas. Odeio de verdade. Detesto quando as pessoas tentam me convencer de posicionamentos que têm sobre algumas coisas. Na verdade, eu quero mais é que se foda mesmo. Não quero mudar ninguém, converter, nem dar conselhos sem a pessoa pedir. Por que as pessoas não podem fazer o mesmo?

Eu odeio religiões. Odeio tanto que num namoro meu cheguei a proibir que ela freqüentasse a igreja, depois que alguns babacas falaram um monte de merda a meu respeito sem sequer me conhecerem. Hoje sei que também fui um babaca ao proibi-la, mas na hora da raiva...

Eu fui burro pra cacete na vida por aceitar mentiras de uma namorada uma vez. Fiquei com ela por dois meses depois de saber que mina mentia por tudo. Aceitei o perdão e me estrepei bonito. Adolescente é foda.

Sou meio pegajoso. Gosto de estar perto da minha noiva. Gosto de senti-la. Às vezes até demais. Consegui melhorar muito isso, acho que estou mais ponderado hoje. Mas odeio dormir abraçado, e sempre vou odiar!

Cada vez que alguém coloca alguma coisa da maldita Legião Urbana pra tocar, sinto meu instinto mais animalesco e violento se aflorar dentro de mim. Como essa maldita banda é insuportável! Cara, da vontade de quebrar o aparelho de som, a cara do desgraçado que está ouvindo e até mesmo a casa toda. Porra! Como alguém consegue gostar dessa merda? Sinceramente, acho que até pagode é melhor que esse lixo!

Tenho a capacidade de virar a cara para uma pessoa que me fez algum tipo de mal e fazer de conta que ela não existe pelo resto da minha vida. Nem ódio sinto depois de um tempo, mas a pessoa passa a ser tão insignificante que eu sequer lembro que ela existe. Será que isso é um pecado?

E por fim, eu escrevo pra caralho! É incontrolável! Quando eu vejo, é uma bíblia. As pessoas me xingam por isso o tempo todo. Mas não da pra controlar, é maior do que eu!



PS: este texto foi baseado no filme "Os Goonies", quando os vilões ameaçam o menino de triturar seu dedo no liquidificador, e ele confessa todos os pecados de sua vida, inclusive com quantos anos fez xixi na cama. Lembrei disso e fiquei com uma vontade incontrolável de escrever...

domingo, 14 de março de 2010

Blasfêmia

Um dos meus maiores orgulhos é ser descendente de italiano. Não sei porque, apenas gosto muito disso. Acho muito bacana o jeito espontâneo do povo italiano, o calor, a explosão, tudo. Sou um típico produto dos italianos: sou emotivo, explosivo, falo alto, falo o que penso e de vez em quando sou até meio repulsivo.

E sou criado para idolatrar o grande espírito sagrado, a maior de todas as forças: as massas. Sim. Nada supera uma massa, quando se trata do sangue italiano. Macarrão, lasanha, gnoque, tagliarine, fetutine, pizza, calzone. Pode ser tudo quanto é molho, e tudo quanto é recheio. Aceitamos as incrementações que vieram de outros países (a pizza por exemplo, aqui no Brasil é mil vezes melhor). Mas o fato é que a massa é o alimento mais sagrado de todos.

Aos domingos, o macarrão deve estar lá. Acompanhado por algum tipo de carne, com a abertura de algum tipo de salada(só na abertura, antes de colocar a massa no prato).

Mas existem algumas almas pecaminosas em nosso país, que não se deram conta da blasfêmia que cometem rotineiramente, quando misturam uma bela macarronada com arroz e feijão (tem coisa mais nojenta?). Ou quando comem macarrão junto com a salada. As pessoas têm a imensa capacidade de estragar coisas ótimas de uma só vez.

Aprendam, mortais imundos: macarrão só deve misturado com algum tipo de carne. Você pode até comer legumes com o macarrão, desde que sejam feitos juntamente com o molho, ou sejam refogados apenas com temperos básicos. Nada de misturar salada!

Você acaba com o sabor incomparável de uma massa ao misturá-la com estes alimentos impuros e inferiores. Claro, eu adoro um arroz-feijão com farinha, batido com uma salada de alface com tomate e cebola, e uma carne cozida, mas SEM QUALQUER INDÍCIO DE MACARRÃO.

Peça perdão por todas vezes que você pecou, vociferando contra as massas sagradas, e a partir de hoje, aceite o divino em sua vida, e idolatre o macarrão sem adicioná-lo aos seus subalternos!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Relacionamentos nada duradouros

Meus pais devem ter se separado uma dúzia de vezes ao longo dos 21 anos que moramos juntos. E sempre eram os mesmos motivos. Algumas pessoas chegaram a dizer que iriam rezar para que o casamento deles se firmasse, enquanto eu pedia enlouquecidamente para que elas não fizessem isso, pois eles não conseguiram e jamais conseguiriam ser felizes juntos.

Tem hora que vira algo como dar murro em ponta de faca você tentar manter um relacionamento por tempo demais, sabendo que ele está destruindo sua vida, e você só é infeliz nele. Por mais que o amor seja grande, a coisa é ruim para nós, não boa. Eu fiz essa besteira, por quase dois anos. Tentei muito que um relacionamento desse certo, mesmo recheado de problemas, que no meu íntimo eu sabia que jamais iriam ser resolvidos. Mesmo assim, eu tentei esgotar todas as possibilidades, e quase esgotei a mim mesmo.

Estes dias comecei a conversar com a minha vizinha, e sem querer perguntei do marido dela, que eu não vira mais. Ela me disse que no dia 13 de janeiro de 2010 ele foi embora de casa, e que eles haviam se separado. Os dois casaram em maio de 2009. Casados mesmo, ficaram menos de oito meses.

E isso me fez refletir bastante sobre estes relacionamentos relâmpago que as pessoas estão se metendo hoje em dia. Nem vou comentar sobre a época do namoro, pois tudo é lindo no namoro, mesmo não sendo. Mas o incrível é que as pessoas descartam umas às outras como se fossem objetos que deram algum tipo de problema técnico, e não servissem mais para nada.

Não existe diálogo, tentativa de ajustar as coisas. Não existe algum real e verdadeiro. Tudo acaba quando começam a surgir os problemas. As pessoas sofrem um pouco no começo, e em seguida estão entrando em novos relacionamentos, agindo como sempre agiram.

Parece que estamos vivendo mesmo em momentos de total frieza. Não há mais sentimentos reais e duradouros. As pessoas não se importam de verdade mais umas com as outras. Aquele lance de “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, não existe mais.

O amor hoje se desfaz como a poeira no vento.

O meu exemplo

Por quase toda a minha vida (até agora, obviamente) meu pai foi um dos meus maiores problemas. Foi um dos motivos de eu me sentir péssimo, me cobrar além das minhas forças e me achar um perfeito inútil. Algumas coisas eu fui entender muito tempo depois, mas naquele momento, era algo terrível.

Meu pai sempre foi o tipo do homem extremamente perfeccionista. Ele não aceitava um simples “bom”, tinha que ser perfeito. E isso se estendia a absolutamente tudo. Ele deve ter sido a cara que eu mais vi trabalhar na vida. Eu cheguei a algumas vezes a pensar que ele nunca tinha sono. Trabalhava de segunda à sexta em empresas, e de finais de semana dando aulas de para quedismo. Tanto que eu pouco o via.

Mas quando o via, ele me cobrava, e muito. Ele me cobrava seu perfeccionismo. Queria que eu estudasse muito, que eu fosse organizado e limpo em casa, que eu me relacionasse somente com boas pessoas, que eu estudasse ou fosse morar no exterior, etc. A maior parte das vezes, eu sentia uma pressão impressionante, e praticamente enlouqueci quando era adolescente.

Como dá pra perceber, ele era o extremo oposto da minha mãe (tem certas coisas na vida que agente não consegue entender de jeito nenhum). Os dois nunca se deram, mesmo que raramente brigassem. Meu pai também se sentia muito mal em casa. Provavelmente era um inferno tão grande para ele quanto era para mim. Por isso, ele nunca estava em casa. Acho que da pra dizer que era bastante ausente. E quando estava, vivia de mau humor. Eu particularmente me sentia ainda pior quando ele estava, por causa daquele humor ácido.

E em determinado momento as coisas ficaram tão ruins, que tivemos uma imensa briga. Foi logo depois que cometi aquela extrema besteira, e acho que ele pirou um pouco naquele momento. Acho que quase todos teriam pirado no lugar dele. Ele começou a ter medo que eu visse meus amigos, queria me prender em casa. Imagina um cara como eu, se alguém pode segurar... rs

Eu saí de casa, e fiquei uns seis meses sem falar com ele. Fiquei com muita raiva por aquele extremismo, mas segui a minha vida. Até ele me procurar no meu aniversário e tudo ficar bem de novo. E daí pra frente senti as coisas diferentes. Acho que ele era um outro homem daquele momento em diante. Minha avó sempre me dizia que ele era um cara amoroso, dócil, amigável e alegre, até se casar com a minha mãe. Pelo jeito, a separação trouxe a vida de volta para ele.

Ele se tornou de tal forma uma pessoa agradável daí em diante, que consegui lembrar de todas as boas coisas que ele havia me ensinado ao longo da minha vida. Ser um cara estudioso foi algo que me ajudou bastante na minha vida. Cumprir meus compromissos, tratar muito bem as pessoas, ser agradável, simpático, na maior parte das vezes bastante humilde. Tratar a todos de maneira igual, não importando de onde eles vêm. Tratar muito bem as mulheres, sendo cavalheiro sempre que possível. E até mesmo, ser perfeccionista.

É lógico que com o tempo, me apossei do que achava mais correto, modificando o que acho que atrapalha demais na vida. Por exemplo, sou levemente perfeccionista, mas também, quando acho que está bom, e não vale mais a pena ficar me matando, fico feliz com o que tenho em mãos. Mas, mesmo assim, acho que a maior parte do meu caráter se deve a este homem.

Fico imensamente feliz por ele ter sido recompensado na vida com uma ótima mulher, com quem se casou de novo, de ter uma boa vida, num lugar tranqüilo, como sempre quis. E até mesmo fico feliz com todos os conflitos extremos que tivemos ao longo de muito tempo, com toda a raiva que eu passei por alguns maus julgamentos da parte dele, assim como por todos os conselhos (às vezes horas ininterruptas de conselhos) e broncas, pois foi isto que me fez ser o que eu sou hoje.