domingo, 21 de julho de 2019

NÃO É NEM MESMO DIREITA



Eu lembro que a propaganda política do atual presidente, ainda nas eleições, além de se colocar como anti-PT, anti-esquerda, era como o representante mais indicado da direita para chegar ao poder. Na época a imprensa mundial, como um todo, bem como a maior parte da imprensa brasileira, classificaram o cara como extrema direita. Hoje, pra mim, ele não passa de um psicopata transtornado, que prega o extermínio e o fim de minorias.
Se alguém se deu ao trabalho, ao longo de toda essa disputa, de pesquisar os conceitos de esquerda e direita, deve ter percebido que a definição é extremamente complexa. Não existe um consenso mínimo sobre o assunto.
De uma forma bem simples e resumida, enquanto a esquerda prega uma maior participação do Estado na vida social, buscando equilibrar desigualdades e ajudar os mais necessitados, a direita quer a participação mínima do Estado, maior liberdade econômica e livre iniciativa, pregando que serão essas as medidas necessárias para a melhoria da sociedade.
Essas ideias combinam um pouco com as falas do economista do governo, que eu diria ser a cabeça pensante nesse meio, apesar de discordar. As demais ações e falas do presidente e de sua equipe não fazem ligação com qualquer política, ideologia ou conceito que seja defendido atualmente.
O cara criou uma teoria da conspiração, apoiado por seu “guru”, onde tudo o que está sendo feito, pregado, propagado e difundido faz parte de uma cultura marxista, esquerdista, para lavar a mente das pessoas. Todas as críticas que recebe, todos os problemas do Estado, todo o aspecto ruim é culpa de uma doutrinação esquerdista.
Além disso, desde que ele se mostrou, demonstra um ódio profundo aos homossexuais, aos nordestinos (como ficou claro esta semana), contra todos os que tenham um pensamento esquerdista, contra quem não é cristão, contra pessoas de determinado países...
Também demonstra um interesse tremendo em controles totais, como na divulgação cultural, no sistema de educação, nas relações exteriores. Aquilo que ele entende não ser agradável a sua mente deturpada, corta verba, desfaz, ataca impiedosamente.
A política bolsonarista é parecidíssima com a venezuelana. Todos os aspectos aqui descritos são utilizados no regime chavista, com as devidas adaptações às coisas com as quais ele odeia. O mesmo pode se dizer sobre o regime norte-coreano. Ambos ditos de esquerda. Mas também muito próximo ao que vimos no nazismo e no fascismo, de direita.
Já ao observamos o governo alemão, bem sucedido há muito tempo, temos uma direita austera, muito liberal, mas que respeita diversidades, lidera com coerência, respeita as decisões de outros Estados, e na medida do possível, aceita a diversidade dos povos. A direita alemã, que governa o país, conseguiu ótimos resultados econômicos, sociais, tecnológicos e em suas relações, e jamais manifestou qualquer tipo de pregação contrária a seres humanos de diversos pensamentos.
Pra mim é muito claro que regimes ditatoriais, bem como aqueles que tomam atitudes nesse sentido, sem conseguir o pleno sucesso, não fazem parte de uma linha ideológica. As ditaduras acabam sempre da mesma forma, com o mesmo banho de sangue e o mesmo retrocesso. A diferença é que aquilo que se declara, esquerda ou direita, sabemos que os que estão do outro lado serão perseguidos. Mas a prática é a mesma.
Por isso aqueles que defendem o atual presidente não estão defendendo ideias de direita. Isso que vemos não tem nada a ver com direita. E apesar de ser um esquerdista confesso, tem muitas coisas interessantes pregadas por pensadores de direita, que estão longe de aparecerem no atual governo. O que vemos nesse grupo que domina o país é a mais podre forma de manifestação de ódio, preconceito e desprezo que já presenciei na vida. E pessoas que ainda não conseguiram perceber essa situação, infelizmente estão se colocando no mesmo pote desse monte de lixo.