sábado, 14 de setembro de 2019

ABRINDO A MENTE


Um dos grandes sonhos da minha vida sempre foi comprar a minha casa. E eu realizei. 2015, um sobrado, com três quartos, em um condomínio fechado, com excelente acabamento. Uma casa linda, incrível e perfeita. Morei ali de maio de 2015 até janeiro de 2019. Não houve um só dia em que eu tivesse sido feliz naquele lugar.
Por outro lado, nunca fui muito fã de crianças. Diria que eu não gostava de crianças, mas acho que o correto é que eu nunca tive jeito mesmo. Pra mim era estranho um ser pequeno não ronronar quando está feliz. Então era um carinho e fazer de tudo para que ela fosse brincar em outro canto.
De repente, em 26 de janeiro de 2018 tudo isso mudou. Nasceu o Eduardo. E isso ocorreu porque minha ex-mulher fez muita pressão, uma vez que eu tinha certeza (como ainda tenho), que aquele não era o momento, devido a crises intermináveis que viviam nosso relacionamento (tanto que ele acabou cerca de um ano depois). No começo foi bem complicado, porque eu continuava não tendo muito jeito. Então me concentrava mais em arrumar e limpar a casa, fazer comida, fazer as coisas da rua, pra mãe ter liberdade de cuidado.
Só que hoje, menos de dois anos depois, eu não consigo fazer nada sem pensar nesse moleque. Não só me dou super bem, consigo entender praticamente tudo o que ele faz, quer ou o jeito dele ficar de boa, como passei a gostar e brincar com quase todas as crianças que vejo por aí. Tanto que uma das minhas maiores revoltas na vida foi quando pessoas altamente mau caráter resolveram fazer a festa de um ano do MEU filho sem me avisar. Algo que jamais irei perdoar.
Por outro lado, moro hoje numa casa alugada, de três cômodos, com uma escada gigantesca onde eu preciso levar a bicicleta na mão, tendo que comprar praticamente todos os móveis usados, bem como tendo ganhado alguns, e estou me sentindo incrivelmente feliz e tranquilo.
Coisas que ocorreram ao longo da minha vida abalaram muitas das minhas convicções. Na virada de ano, incluindo natal, eu resolvi passar sozinho, em casa, assistindo filme ou não fazendo nada. Fiz um fechamento para balanço. E passei um ano boa parte recluso. E o que percebi é que minhas convicções não me trouxeram muita coisa boa.
Não estou falando aqui de caráter ou ideologias. Mas aquilo que eu acreditava que seriam grandes metas de vida, ou focos a perseguir, não eram absolutamente nada. Coisas que ocorreram contra a minha vontade, no geral, terminaram colocando vários sorrisos no meu rosto.
Vamos deixar claro que isso não é sempre. Mas ocorreu com certa frequência, e em coisas bem importantes.
Por várias razões pessoais minha mente se fechou bastante nos últimos anos. Eu me tornei um cara duro, especialmente comigo mesmo. Por algumas frustrações específicas deixei de cutir o acaso. E no fim foi ele quem me devolveu a felicidade.
Mas eu vejo praticamente todos tendo este mesmo pensamento. Pessoas fechadas, que não aceitam nada fora daquilo que consideram correto para si. Criam modelos, dogmas e conceitos intransponíveis. Acham absurdo tudo o que é diferente. E deixam de viver a verdadeira felicidade.
Nesse meio tempo, como diz minha incrível psicóloga, me permiti. Conheci gente diferente. Tive conversas agradáveis com pessoas que pensavam diametralmente o oposto de mim. Parei de me irritar com coisas que eu não concordava. Algumas não quero pra minha vida, mas também não ligo tanto se outros fazem. Maconha, por exemplo. Odeio o cheiro dessa merda, dá vontade de vomitar. Até hoje não quero perto de mim, mas não me importo mais em ter amizade com quem gosta disso. Conheci um cara muito gente boa, extremamente honesto e altruísta, que fuma. Em tempos antigos, nunca teria me dado a essa oportunidade.
Também conheci mais profundamente o universo vegano. Sempre disse pra mim mesmo, e pros outros que era algo radical e impossível. Como eu estava errado... a filosofia vegana é incrível. Algo que faz bem pra alma, como um todo. Não tem nada de radical e talvez seja ainda mais possível do que se imagina. Tudo bem que ainda não consegui implantar por completo, mas posso dizer que muita coisa que fiz já melhorou minha mente, e meu corpo. E eu poderia ter me mantido fechado pra isso...
Com quase quarenta anos, fico pensando em como temos que sofrer pra abrir a mente. Algumas pessoas talvez nunca o façam. Vão permanecer fechadas em seu círculo, barradas por suas crenças e ideias pré-concebidas, que muitas vezes nem sabem de onde vieram. E irão permanecer infelizes em cada dia de suas existência.


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