domingo, 20 de outubro de 2019

AS VÁRIAS MANEIRAS DE DEMONSTRAÇÃO DE AMOR E A INTOLERÂNCIA


Semana passada ressuscitei um ódio em mim que já estava bem controlado. Quer dizer, ressuscitaram. Tive que ouvir que não fui um bom pai até meu filho completar um ano de idade. Uma história que me trouxe muitos problemas, muito sofrimento e muitas brigas, que achei que já tinha ficado no passado. Mas parece que as pessoas gostam muito de reabrir feridas. E para piorar, algo completamente descabido.
Com uma pequena digressão, faço terapia há praticamente um ano com a mesma pessoa. Nesse meio tempo, consegui abrir a minha mente pra muita coisa. Muitas formas de pensar, muitas maneiras de agir, muitas realidades que estão totalmente diferentes das minhas. Conheci pessoas, muitas mulheres, com objetivos de vida, ações e demonstrações de afeto muito diferentes do que eu sempre achei legal. Diria que todas me cativaram de maneiras diversas, a maioria sendo hoje boas amigas. Mas o mais importante é que todas me mostraram que existem muitas formas de viver, ser feliz e sentir, além do que eu considerava correto.
Voltando ao tema em questão, quando meu filho nasceu, eu não entendia um catzo de criança. Tinha medo até de segurar. Lembro exatamente que na primeira semana de vida dele uma doula que contratamos disse que, sendo a mãe a grande responsável por prover o filho no começo da vida, uma vez que o bichinho mama pra cacete praticamente o dia todo, existiam outras formas de fazer a parte possível. E foi o que eu fiz.
Passei praticamente o primeiro ano do menino sendo o responsável pela casa. Isso em relação à limpeza, comida, organização, provimento de mantimentos, a maior parte do trabalho externo. Fora o fato que como eu e a mãe dele nos separamos no segundo mês de vida dele, nós buscávamos evitar o contato direto entre nós.
Vou ser sincero que discordei completamente das ideias usadas pela mãe na criação do menino. Não vou entrar no mérito, mas considerava uma loucura total o jeito que ela fazia as coisas. Até porque mesmo quando ela pedia pra eu ficar com ele pra jantar por exemplo, qualquer mínima choradinha ela saía correndo pra ver o que estava acontecendo.
Hoje, ele com dois anos, digo e afirmo que minha abordagem com ele foi perfeita. E isso porque ele é um garoto muito apegado a mim, sem dar muito trabalho ( no sentido de birra ou coisas do tipo), muito regrado e carinhoso. Mas sou obrigado a dizer que, apesar de toda a discordância, a abordagem dela também foi muito bem sucedida, porque com ela o que eu vejo é exatamente a mesma coisa. Nós tivemos duas formas diferentes de relacionamento com ele, com focos bem diferentes, e nitidamente os dois foram extremamente positivos.
Daí fica claro pra mim que as soluções e as formas de demonstrar amor ou qualquer tipo de afeto variam, mas são válidas. Pode até ser que se eu não tivesse tido as excelentes experiências que tive durante esse último ano de vida eu pudesse criticar a forma dela fazer as coisas, porque continuo achando uma loucura. Mas existe uma forma correta de demonstrar amor? Eu posso dizer que alguém inventou a fórmula mágica para se relacionar com cada tipo de pessoa, em cada idade?
Não tenho como negar que ela é uma boa mãe. Apesar de muito rancor em muitos aspectos, sempre disse isso pra todo mundo. Tenho algumas críticas a certas atitudes, mas o geral é que ela se saiu bem nesse aspecto. Da mesma forma que as pessoas podem discordar da minha forma de me expressar, mas acho que tive um desempenho excelente, muito melhor do que qualquer pessoa poderia esperar.
Sendo assim, meu ódio por tais acusações chegou num nível de ódio que tornou impossível qualquer tipo de relação com as pessoas que assim me descreveram. Entendo que essas pessoas não tem inteligência, nem maturidade emocional, para entenderem que a forma que elas entendem como a melhor pode não ser para todos, e mesmo assim podemos ter uma vida feliz e muito bem sucedida. . Não há nada de errado na maneira de amar, enquanto não criamos mal aos outros.
E essa história me trouxe prejuízos que posso considerar irreparáveis. Na época, foram noites mal dormidas, muitos problemas de saúde, problemas no meu trabalho, pois minha concentração praticamente deixou de existir, e muitas pessoas que considerava como amigas simplesmente viraram a cara, por comprarem essa ideia ridícula e absurda sem qualquer tipo de análise dos fatos. Por muito pouco isso não termina de forma trágica. Graças a essa baboseira eu perdi a primeira festa de aniversário do meu filho, algo que jamais irei perdoar os responsáveis.
Mas o fato é que eu consegui. Meu filho claramente é apegado a mim. Quem já nos viu juntos sabe que é inegável. Meu objetivo foi atingido com extrema perfeição. Além disso, no meu último ano de vida conheci pessoas incríveis e fiz coisas que sempre desejei. Apesar de ter sido quase na marra, as coisas estão se saindo incrivelmente bem até agora. Teremos problemas futuros, como todas as relações humanas, mas por falta de amor e dedicação, não vai ser. Da mesma forma que imagino que não serão as razões dos problemas que meu filho vai ter com a mãe.
É preciso que as pessoas entendam que o fato de você não agir exatamente como elas querem que você aja, ou que elas consideram como a forma correta, signifique que não sinta algo, que não demonstre, ou que não haja uma busca incansável pela felicidade geral. Respeitar as diversas formas de amor não significa somente apoiar o casamento gay. Você tem que entender que as pessoas agem, sentem e demonstram de forma diversa uma das outras, e isso é ótimo. Parar de agredir ou tentar destruir a imagem das pessoas porque você não concorda com a forma de pensar seria algo ótimo para crescimento emocional e até pessoal.

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