sábado, 9 de novembro de 2019

DE VOLTA AO ATEÍSMO!


Nos últimos meses, talvez no último ano, tenho abordado pouco, ou quase nada esse tema que tanto faz parte da minha vida. A excrecência do atual presidente e suas medidas tomam tanto esforço mental, que sobra pouco espaço para comentar sobre outras coisas importantes da vida. E a meu, a negação de deus está entre elas.
Não é novidade para ninguém que eu passei por um período maldito nos últimos anos, tendo entrado numa recuperação excelente nos últimos meses. Seria um período excelente para entrar num desespero e buscar algo espiritual. Isso ocorreu no fim de 2004, de forma ainda mais perturbadora. Em ambos os casos posso dizer que meu ateísmo saiu incrivelmente fortalecido, assim como pude perceber que não existe uma forma mais perfeita de se enfrentar problemas da vida do que a busca em você mesmo.
Estou lendo “Fodeu Geral”, do Mark Manson. Um livro excepcional, do autor de “A Sutil Arte de Ligar o Foda-se”. Nesta obra ele trata da Verdade Desconfortável. Algo ruim, muito ruim na vida, que temos por instinto de sobrevivência fugir a todo custo. Inventamos maneiras mirabolantes para escapar dessa verdade, para que alguma outra coisa a enfrente por nós. Na maioria das pessoas, essa outra coisa chama-se deus.
E assim que deus é: uma maneira desesperadora de fugir da realidade, de acreditar que algo sobrenatural irá surgir e vencer todos os problemas que temos. É a expressão máxima da vontade de não encarar o problema de frente.
Mas a verdade continuará lá. Irá aparecer em cada momento que sua fé falhar. Irá surgir em cada ato da sua vida, em cada relação frustrada, em cada negócio não fechado. Ela irá surgir quando você tiver seus valores contestados. A verdade não pode ser ignorada por muito tempo.
A ideia de deus, para a maioria esmagadora das pessoas, é esse desejo de transferir a culpa. Você coloca toda sua esperança nas mãos de um ser que não tem certeza nem ao menos se existe. Você transfere a culpa para um outro ser, ainda mais imaginário, definido como inimigo desse deus que você precisa desesperadamente que seja a resposta aos seus problemas.
O ateísmo é a necessidade irremediável de enfrentar o problema. Não há um ser superior invisível que vai vir correndo te ajudar no momento de desespero. Também não tem ninguém em colocar a culpa. Você está lá, sozinho, diante de alguma merda imensa. Ou você enfrente ou é destruído por ela. Simples assim.
E isso requer constante auto-crítica, necessidade de mudança e muito, muito esforço. Milagres não vão acontecer. Ou você resolve a coisa ou vai ser destruído por ela. Sem maquiagem, sem choro.
E isso ocorreu comigo. Minha recuperação deveu-se a uma análise profunda, inclusive das minhas atitudes. Não necessariamente erros, mas ações que eu tomava que estavam me levando a uma situação desastrosa. Eu tinha que tomar uma atitude e responsabilizar a mim mesmo pelo que houve. Simples assim.
Logicamente amigos e muita terapia fazem diferença. Mas eu tive que enfrentar a verdade. Uma delas, que tudo o que ocorreu comigo foi culpa minha. Sim, eu fui sacaneado com meu filho, como escrevi aqui, porque eu permiti que a coisa chegasse nesse ponto. Meu emocional não permitiu que eu me posicionasse de forma diferente na época, e isso teve seu preço. Da mesma forma que o abismo que me coloquei no fim do casamento. Aquilo ocorreu por escolhas erradas que eu fiz na minha vida.
Eu poderia ter fugido dessas informações, como ocorreu em várias outras. Mas isso só faria com que eu cometesse os mesmos erros, repetidamente, e tivesse o mesmo final em todas as situações. Se eu fosse um cristão, possivelmente estaria correndo em círculos, até o fim da vida.
Mas graças ao fato de não ter alguém pra responsabilizar, só me restou assumir a bucha, engolir o orgulho e correr atrás. Não significa que as pessoas que fizeram mal estejam isenta de sua culpa, ou que eu queira algum tipo de contato. A única coisa é que eu tenho que assumir minha responsabilidade por ter permitido que fizessem o que fizeram.
Dessa forma, vivo um momento extremamente positivo por ser capaz de me criticar e me elogiar. Por ver em mim mesmo como único responsável por solucionar a situação e tentar algo diferente. O que me faz ter ainda mais certeza que o ateísmo é a única forma de se buscar a solução real, sem maquiar os problemas.

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