sábado, 9 de novembro de 2019

LIBERALISMO ECONÔMICO: TRAGÉDIA ANUNCIADA


Não consigo entender o que faz as pessoas retrocederem no tempo com tanta frequência. Estamos vivendo um momento absurdamente retrógrado do ponto de vista social e econômico. As pessoas passaram a se alinhar com ideias totalmente radicas e autoritárias, odiar todos os que pensam diferente e defenderem abertamente sofrimento e morte.
Não sem motivos o liberalismo econômico volta à pauta. Um sistema criado em 1772, por Adam Smith, implantado várias vezes, com modificações específicas para tentar se adaptar ao tempo em que vivia. O liberalismo é a expressão máxima do capitalismo, em seu momento mais radical e cruel, o que levou ao surgimento do comunismo e a outro estado de radicalismo e soluções mirabolantes, que trouxeram inclusive inúmeras guerras absurdas.
O liberalismo é o livre mercado. Quase não há Estado, e o controle de tudo está nas mãos do mercado: preço, acesso, emprego... o que quer dizer, de forma bem clara, que se você não tem dinheiro, você não tem nada. Não tem saúde, não tem educação, não tem comida...
E pra isso você precisa se sujeitar ao dono do capital. Você precisa de emprego, seja qual for. E dependendo da concorrência, se você não aceita algo muito ruim que está disponível, seu concorrente vai aceitar. E esta vaga, uma das raras disponíveis, paga um salário baixo, com um trabalho exaustivo, às vezes cheio de assédio. E esse valor quase nunca é o suficiente para suprir necessidades básicas.
A consequência é uma concentração absurda de renda, empobrecimento das camadas mais pobres, disparada da violência. Como não há quem controle o abismo social, estamos na mãos da boa vontade do mercado. Mas o mercado, como citamos, quer lucro. E lucro significa apenas ganhar dinheiro, sem se importar as consequências, ou mesmo com a vida humana. Esse é o capitalismo em sua forma mais selvagem e cruel.
Mas a crítica aqui não é contra o capitalismo. Acredito, mesmo sendo um esquerdista assumido, que existem muitos aspectos positivos no capitalismo. A própria direita, e este ideal liberal tem seus méritos, em alguns quesitos. A parte da evolução pessoal, crescimento com próprio esforço, deve ser elogiada e propagada. O que não significa que tenhamos que aceitar isso a qualquer preço.
Justiça social e equilíbrio nas situações é muito mais importante que dinheiro. Se a ideia prega a existência de extrema pobreza, sofrimento, dor e morte, então esse sistema é ruim, por si só. Não é possível manter algo com esse pensamento.
E o liberalismo já foi implantado várias vezes ao longo dos anos. Algumas vezes com sucesso inicial, mas com queda vertiginosa com o passar do tempo, até mudar para um regime menos agressivo, como a social democracia, por exemplo, algo que eu admiro bastante.
Basta olhar para o Chile. O liberalismo está trazendo o país a uma convulsão social jamais vista. As pessoas cansaram da extrema pobreza, da desigualdade, e agora colocaram todo ódio pra fora. Essa é a consequência única e óbvia de um sistema que foi criado para aumentar abismos. Está fadado ao fracasso.
O que se tem defendido nesse país, por um ministro da economia que está preso à década de 1970, por partidos de direita que não conseguem se adaptar à realidade atual, especialmente um que de forma quase cômica se auto-denomina “Novo”, é o retrocesso. O retorno a problemas que deveriam ter sido superados há cerca de quarenta anos. E uma ideia que, se não apoiarmos essa pegada, estamos rumando ao comunismo. De onde se tiram essas ideias?
O resultado dessa política explode no mundo. Aqui dificilmente teremos essa comoção popular. Mas os resultados também virão. É fato. E isso vem na forma de violência, tensões, pobreza, sujeira... não há nada de positivo numa ideologia que prega a normalidade da desigualdade social.

Nenhum comentário:

Postar um comentário