sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A força que eu encontrei

Falando sobre religiões, me veio à cabeça o dia 30 de novembro de 2004. É inevitável. Naquele dia uma nova alma surgiu na Terra, enquanto outra morria. É engraçado que tudo estava tão confuso, mas eu me lembro de cada detalhe, de cada acontecimento, como se fosse hoje. Me lembro das conversas ao telefone, me lembro do caminho até o hospital, da internação. Me lembro das dores. Me lembro dos sentimentos. Eu ainda consigo sentir na pele tudo o que eu sentia naquele momento. Consigo sentir cada lágrima que escorreu naquele momento, como se estivesse acontecendo agora.

É uma nostalgia incrível. Mas não é algo permanente. Eu ainda lembro, e consigo sentir o que sentia naquele momento, mas é como se eu lembrasse de uma grande dor de cabeça que tive, soubesse descrever exatamente a dor, tivesse consciência de como ela era, mas não a sentisse mais. É como uma lembrança viva de algo que está morto e enterrado.

E é engraçado lembrar como as coisas se sucederam. É engraçado lembrar de como um homem deve chegar ao fundo do poço para começar a viver. Ver as lágrimas e o desespero de tanta gente para saber o quanto se é importante. É realmente muito engraçado que tenhamos que sofrer tanto para finalmente sermos felizes.

E em horas de total desespero, não existe um deus que venha ao seu auxílio. Nenhum espírito, nem santos, nem demônios, nada. Você está sozinho com você mesmo. Sua mente torna-se seu maior demônio, enquanto seu coração é seu próprio satanás.

Mas, por outro lado, você percebe que existem alguns anjos sim, mas estes anjos têm carne e osso. São pessoas que morreriam por você. Que enlouqueceriam se algo te acontecesse. Algumas destas pessoas nem sequer têm qualquer obrigação disso, mas elas simplesmente te amam, porque te amam. E acho que nada no mundo pode superar a dor de ver alguém sofrendo por sua causa. Pode ser mesmo uma pessoa que nem mereça, mas mesmo assim, dói.

Tantas pessoas depositam muito de sua esperança em você, e você as decepciona, com sua depressão, com seu pessimismo, com suas lágrimas inúteis. Você se esconde atrás das paredes que você mesmo construiu, sempre como um covarde que não sabe o que é a vida. E as pessoas quase perdem o juízo tentando te trazer para fora. Muitas delas acabam com suas vidas assim.

É uma doença, pior do que um câncer, pois você não sente vontade de lutar. A morte vem chegando, e você começa a desejá-la.

E todo aquele sofrimento... demora tanto para possamos enxergar com clareza. Mas aí você percebe que sua vida tem um sentido, muito maior do que você mesmo um dia imaginou.

Quando você vê uma pessoa sorrindo com sinceridade ao encontrá-lo, ou quando ela sente sua falta por você não está presente, ou quando você recebe um abraço carinhoso, ou um beijo com amor, ou quando você vê a mulher que você ama chorando por você dizer que a ama, ou quando um gato pula na sua cama para deitar ao seu lado porque quer sua companhia, te seguindo se você deita no sofá, e indo com você até o banheiro, deitando no chão gelado para ficar ao seu lado, isso sim é um milagre. Isso é um espírito divino.

Você sentir o amor verdadeiro, é o maior dos milagres. E por maior que seja a dor, não consegue superar a sensação que é este amor. E por maiores que sejam as decepções, é isto o que faz a vida valer a pena,e isto que pode fazer uma pessoa feliz, mesmo que ela não acredite em Deus, e mesmo que ela não possua qualquer religião.

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