terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A avaliação oficial

Passei dois longos e estressantes meses estudando para o concurso de professor da prefeitura. Abandonei viagens, gastei bastante dinheiro, comi mal, parei a academia (que faço por necessidade e não por estética), engordei cerca de 3kg, tive maus bocados com minha noiva. Tudo no intuito de embarcar num universo da educação um pouco melhor.

Foi uma quantidade de publicações, legislações e livros tão grande, que chegou uma hora que eu nem sabia mais quem tinha falado o quê.

Mas o que mais me chamou a atenção foram os textos sobre o sistema de avaliação. Existe um consenso entre os autores indicados, assim como as publicações oficiais do governo, de que a avaliação deve ter unicamente o caráter “investigativo”, ou seja, deve ser uma forma de se analisar o estágio de aprendizagem dos alunos, descobrir quais são as falhas no processo de aprendizagem, possibilitar a escolha de caminhos para sua correção e não atribuir uma classificação e conseqüentemente diferenciação entre os alunos.

Acho engraçado esse tipo de coisa quando fazemos uma prova para concurso. Estamos sendo avaliados em um pedaço de papel, analisando somente nosso conhecimento teórico, que pode ser resumido em uma boa sorte em alguns chutes na hora de escolher alternativas. Se você acordou com uma diarréia no dia, um abraço para sua prova. Se brigou com sua noiva (ops!), tenta a sorte na próxima. Uma série de fatores que podem levar a um desastre.

E pior: os autores que a própria instituição escolhe afirmam categoricamente que as avaliações baseadas na memorização do conhecimento são extremamente danosas, o que eu particularmente concordo plenamente. O que deve ser priorizado é o conhecimento, não a decoreba.

Aí que eu não entendo nada mesmo. A prefeitura me faz uma prova onde tínhamos que memorizar a maior parte do conteúdo, lembrando detalhes dos textos, detalhes estes que na maior parte das vezes nos passam despercebidos. Chegamos ao cúmulo de sermos questionados sobre o conteúdo de uma determinada lei, sendo que o enunciado fornecia apenas o número da referida lei. Nem nas provas de direito que vivo prestando caem questões tão absurdas.

Ou seja, este processo este anos luz distante de selecionar os melhores profissionais para a área. Aliás, não tem qualquer capacidade sequer de distinguir, em tal processo seletivo, quais profissionais são bons ou ruins. Ok, eu sei que temos que classificar os candidatos, para que possamos escolher quais preencherão as poucas vagas abertas, mas que pelo menos seja algo mais inteligente, que força as pessoas a pensarem e mostrarem a capacidade de raciocínio, uma vez que este será importantíssimo no dia a dia destes profissionais.

Zero para a prefeitura de São Paulo, e um zero maior ainda para a Fundação Carlos Chagas, que “elaborou” tal aberração.

Obs: foram enviados e-mails para diversos órgãos denunciando o fato: para a própria prefeitura de São Paulo, para a Fundação Carlos Chagas(comentando sobre a prova de 2007, solicitando que a deste ano fosse um pouco mais inteligente), para a Rádio Bandeirantes, da qual sou fã, para o Jornal dos Concursos e até mesmo para a Revista Nova Escola. A única resposta que obtive foi da Revista, que respondeu que entendiam minha revolta, mas “ a revista não tinha espaço para este tipo de reclamação”. Engraçado que eu achei que era uma revista de educação...

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