sábado, 22 de maio de 2010

Tarantino e a pregação de ódio


Acabo de assistir “Bastardos Inglórios”, filme de Quentin Tarantino. Já havia assistido alguns filmes do cara, e detestado todos, com exceção de “Um Drink No Inferno”, que achei divertido, mas besta. Este, apesar de ter achado o roteiro bastante interessante, os atores de primeiríssima qualidade, e uma história bastante criativa, mantive minha opinião sobre o autor.
Não sei por que razão, mas Tarantino gosta de provocar raiva descomedida em seu público, criar sensações de ódio e vingança, ver todos os vilões morrerem de maneira violenta e cruel. Isto já tinha acontecido no péssimo “Kill Bill”, e agora o autor repete a mesma loucura no filme citado inicialmente.
Desta vez, o roteiro cria um grupo de americanos judeus que mata nazistas, de maneira violenta, cheia de ódio, e algumas vezes utilizando até mesmo ironia. Que os nazistas foram péssimos para o planeta, é óbvio. Que Hitler tornou-se um exemplo do que não queremos como governantes, é mais do que irrefutável. Porém, mais uma vez, um americano mostra toda sua imbecilidade criando ódio por um sistema, sem analisar causas de terem sido criados, como se fosse o bem e o mal.
Acho curioso que praticamente nenhum filme retrate a história da Alemanha, especialmente desde a Unificação no final do Século XIX, os problemas enfrentados no período entre guerras, as condições que foram propicias para um regime extremista, a necessidade do povo alemão em se reerguer e recuperar seu orgulho, e o que fizeram de mal ao país os franceses e ingleses, nos tratados de paz.
Criar ódio por um povo é fácil demais. O problema é analisar sua história. Por que será que ninguém comenta o que os judeus têm feito com os palestinos desde que foram instalados por lá compulsoriamente pelos ingleses? Por que será que ninguém comenta que os judeus fazem o mesmo que os nazistas em relação aos muçulmanos?
Ao invés de tentarmos analisar os problemas, propor soluções e pregar a racionalidade em conflitos, vem um imbecil como este e prega o ódio. Eu sempre digo que criar um clima de raiva irrestrita a qualquer tipo de sociedade é apenas transferir os problemas. E quanto mais oprimimos uma nação, mais criamos as condições necessárias para o surgimento de um regime extremista e que crie destruição e morte.
Kill Bill, por sua vez, mostra a história de uma mulher, assassina profissional, que busca vingança contra aqueles que mataram seu esposo e os convidados de seu casamento. Ao longo do filme ela vai matando um a um seus inimigos, até matar seu ex-namorado. A idéia do filme é torcer para que ela mate a todos. Uma coisa terrivelmente estúpida e sem sentido. Cria-se um clima psicológico que deseja a morte de todos aqueles que nos fazem mal.
O pior é que os “heróis” de Tarantino são sempre pessoas desprezíveis ou que cometeram tantos erros quanto os “vilões”. Sempre pessoas de índole duvidosa. Sempre filmes sangrentos, cheios de mortes violentas, tortura, sadismo e prazer em matar. Sempre um clima de ódio que envolve o espectador, tentando fazê-lo odiar os vilões.
Sinceramente, este cara não tem nada de bom a acrescentar à humanidade. Não me surpreende que uma instituição tão medíocre quanto o Oscar tenha indicado este filme, e o premiado em alguns quesitos.

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