sexta-feira, 4 de junho de 2010

Hoje, eu estou convencido!


Dia 07 de abril de 2010 eu me tornei um homem convencido pra cacete. Vamos começar toda a história...
Em 2004, ainda na pior fase da minha vida, eu, desempregado e querendo dar algum rumo para a minha vida, prestei o concurso de escrevente técnico judiciário. Eram 1009 vagas, e vi naquele momento uma oportunidade de começar alguma coisa. Português eu tinha algum conhecimento, apesar de não ser nenhuma maravilha em gramática. Mas legislação nunca tive nenhum contato. Um grande amigo, Renato, fez uma apostila com todos os artigos que cairiam naquele concurso, e eu comecei a estudar por conta própria.
Como ele estudava direito, fiz várias perguntas a ele durante o processo, mas em geral estudei sozinho o tempo todo. Ao final, fui classificado para a segunda fase, passando na prova de digitação. Fui bem na legislação, e acabei me ferrando em português, pois estava destreinado em gramática. Mas fui colocado como deficiente físico por um erro da organizadora, e acabei sendo desclassificado. Eu deveria ter entrado com uma ação judicial, mas por todos os problemas que vinha enfrentando, acabei deixando pra lá. Ao final, perdi a chance.
Em 2007, o concurso foi aberto novamente. Então estudei com ainda mais afinco. Comi meu livro de gramática, literalmente. Aprendi coisas que nunca mais tinha usado desde a escola, como análise sintática, morfológica, orações, tipos de orações, coordenadas, etc. Li ainda mais a legislação. Ao final de uma prova bastante complicada, acertei 59 questões de um total de 80. 26 das 30 de português. E no fim, estava no final da lista dos convocados para a prova de digitação. Fiquei bastante desanimado, pois tinha me esforçado muito. Fui fazer a prova, e terminei o pleito em 2109º lugar, sendo que eram oferecidas somente 349 vagas.
Acompanhei informações sobre o concurso ao longo de todo o período de validade, aguardando para saber se haveria prorrogação do prazo de validade, uma vez que o anterior não havia sido prorrogado. Quando se aproximou o término do prazo, todos estivemos aflitos. E no dia da divulgação da prorrogação, foi a grande vitória!
Tivemos uma grande aflição ao esperar para saber se a lei 500 seria mantida pelo tribunal, uma vez que o nosso governo lançou outra lei colocando termo à anterior. Na verdade, a única coisa que mudaria é que poderíamos ser chamados mais rapidamente por tal lei, e esperar apenas a conversão em cargo. E no fim, o Tribunal nos deu a alegria de manter a lei.
A cada dois meses, mais ou menos, uma leva de 100 a 200 escreventes era nomeada na capital. Um número maior do que o edital, e as esperanças eram constantemente renovadas. E a angústia passava a aumentar mais e mais. Eu sabia que iria acontecer comigo, e tinha minhas previsões. Só que primeiro o afastamento da lei 500, e em seguida a greve dos peritos do Estado, fizeram com que eu tivesse que esperar um pouco mais.
Então, eu resolvi casar. Comprei apartamento, fiz planos. A festa é cara. E no fim, comecei a depender um pouco da mudança de cargo, uma vez que professor todos sabem que ganha pouco. A ansiedade aumentou ainda mais. Para piorar, passei a correr o risco de prejudicar meus colegas de profissão, que lutaram tanto pela continuidade do curso EJA na minha escola, e agora veriam um dos professores abandonando o barco no meio do caminho, deixando os alunos sem professor praticamente no fim do curso.
Tudo isso ia aumentando a ansiedade, angústia, e o desespero. A cada dia que passávamos sem notícias, era um dia de tempestade. Todos os meus colegas torciam por mim, e sabiam que eu estava indo para algo melhor. Minha noiva esperava ansiosamente, assim como meus amigos. Apenas meu pai tentava me convencer, sem sucesso, a ficar na área da educação. Parecia uma corrida, quando estamos a poucos metros da linha de chegada. Eu passei a me alimentar mal, deixei um pouco de lado os exercícios físicos, me desconcentrei no trabalho, não conseguia mais ler, e fiquei um tanto quanto chato no meu relacionamento.
Na madrugada do dia 6 para o dia 7 de abril, fiquei até às duas horas da manhã esperando a divulgação do Diário Oficial antecipadamente, e nada. Fui dormir sem sono, e acordei às 5h30, para passar pela perícia médica para o cargo de professor da prefeitura. Fiz meu café, sentei quase desacordado no computador, e acessei o glorioso fórum PCI. E estava lá. A última nomeação, a ULTIMONA tinha sido divulgado. Todos os habilitados haviam sido nomeados. Todos os que sofreram este tempo todo estavam recompensados por tanta angústia. Ao final de toda esta agonia, éramos vencedores. Somos vencedores.
Depois de tudo o que passamos, é sensacional olhar para trás e ver que sobrevivemos de maneira brilhante a esta trajetória. É muito bom saber que superamos um pleito com 105.000 pessoas, depois de ralar muito. Que superamos todos os obstáculos e sobrevivemos, de certa forma, a nós mesmos. E que vemos uma grande vitória sendo realizada.
Valeu a pena superar todos os problemas emocionais do passado, reerguer das cinzas, comer o pão que o diabo amassou, e no final, saber que você vale o sacrifício. Nestes momentos percebemos que cada gota de suor e sangue derramados fizeram sentido em cada momento da vida.
Não posso reclamar muito, tenho uma ótima família, que apesar de todos os problemas ao longo da vida, e sofrimento que trouxe em algumas partes dela, soube superar a tudo, corrigir os erros, e tornar-se única. Tenho grandes amigos, daqueles que agente chama de irmãos, que já duram vinte anos, e temos certeza que seguirão por mais vinte, quarenta... não dependo de ninguém, e tenho a noiva mais maravilhosa que um homem pode querer. Mas saber que ainda por cima somos capazes de superar tudo e chegar ao fim com o “troféu”, deixa a coisa ainda melhor!
E agora novos desafios virão. Muita coisa ainda tende a acontecer. Provavelmente irei participar de outros concursos, de outras situações para colocar à prova minha competência. Mas eu já sei que se tudo mais falhar, eu já terminei a vida como grande vencedor. E acho que nada vai superar isso, jamais!

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