domingo, 27 de junho de 2010

Como o sucesso destruiu o talento


Antigamente eu era zoado por ser fã de Bon Jovi. Para muitos, o rock que eles faziam era uma música meio que pra criança, parecendo um som meio “gay”. Mas sempre achei interessante a mistura de rock com algo mais pop, mas mantendo a grande energia com o feeling do rock ´n´ roll, com bons solos, riffs empolgantes e uma base muito bem feita.
Não escuto sempre, de vez em quando, mais pra muito pouco, gosto de ouvir os clássicos da banda. E num final de semana estava ouvindo uma coletânia de hard rock que fiz para minha noiva, quando começou “Runaway”, uma das minhas preferidas da banda. Incrível como eles tinham uma alma rock e conseguiam empolgar com uma música tão simples e grudenta.
Acho que depois do Keep The Faith, de 1994, a banda afundou totalmente. Naquele momento saiu o baixista Alec John Such, aparentemente um membro secundário, mas que  mantinha essa característica do rock para o Bon Jovi. Desde então, eles têm investido em sons cada vez mais pop e menos rock, cheios de violão varrido, batidinhas, etc. Ainda tentaram algumas vezes retornar com algumas poucas músicas, mas nunca conseguiram reencontrar o espírito que possuíam com o hard dos anos 80 e 90.
Pesquisei alguns vídeos ao vivo da banda no Youtube, e percebi que os caras parece mque perderam o tesão pela música. São quatro caras, mais dois músicos de apoio. O tecladista David Byrne e o baterista Tico Torres, os dois mais submissos, são os dois que mostram algum ânimo no palco, pulando, fazendo caretas e mostrando vibração com as notas. Ritchie Sambora ainda têm uma certa simpatia, e uma técnica invejável. Porém, o dono da banda, Jon Bon Jovi, parece que comparece ao palco, assina o ponto, faz seu trabalho, e vai embora. Fica parado o tempo todo, com pouca interação com o público, sem arriscar as partes mais difíceis de sua voz em cada música, como se estivesse em um estúdio. Quando chega a parte do solo, fica parado num canto do palco, ou mesmo de costas para o público, virado para a bateria, dançando discretamente. Poucos sorrisos vêm por parte dele.
Pesquisei então alguns vídeos antigos, de 1984 a 1995. Ele era outra pessoa. Corria, pulava, sorria o tempo todo, balançava os cabelos, agarrava o guitarrista Sambora e o baixista Alec John Such, fazia dancinhas coerografadas ridículas com os dois colegas, chamava o público para cantar junto, agitar as mãos, berrar, etc. Dava para perceber uma imensa energia vinda do cantor, e um grande prazer em estar ali, cantando para aquela multidão. Já atualmente, ele parece que nem se importa mais com isso, apenas faz.
Apesar de conhecer vários casos do tipo, foi o mais gritante em que o sucesso parece ter subido para a cabeça. Um grande frontman que resolveu que sua música tinha que perder qualidade para se tornar pop, além de começar a correr cada vez mais para sua carreira solo, o que incluiu atuações em filmes. E com isso, tornou-se um mero executor de canções, sem ânimo, sem tesão pelo que faz. E assistir a um show do Bom Jovi hoje tornou-se um verdadeiro tédio, mesmo a banda ainda fazendo seu repertório na maioria com seus grandes clássicos, que ainda são músicas empolgantes.
Aqui, o sucesso parece ter se tornado mais importante do que a boa música.

Um comentário:

  1. Sou fã da banda desde 1988,mas sou obrigado a concordar contigo em algumas partes,eu sinto que não é nem mais somente pelo sucesso,é o dinheiro que manda. Mas,eu me pergunto por que,já que os caras estão cheios da grana.Você assistiu o novo documentário? Assista,se a resposta for não...Você vai ver um jon bon jovi estranho,como você disse "sem tesão pela música". Legal seu post,que bom saber que não é só eu que acho que a banda não é mais a mesma.Beijo e muito sucesso!

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