segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dimenstein: tendencioso ou ignorante?


Há algum tempo tenho acompanhado a coluna de Gilberto Dimenstein no jornal “Folha de São Paulo”, especialmente porque o mesmo se diz defensor da educação e prega a carreira de professor como a mais nobre e importante que possui um país. Porém, cada vez que ele resolve fazer um comentário sobre educação, é como se pudéssemos ver uma série de moscas voando sobre o jornal, e aquele cheiro putrefante empesteando o ambiente.
Ao longo dos últimos anos o colunista tem se tornado um verdadeiro divulgador de idéias propagadas pelo governo de São Paulo, sempre revelando as notícias de maneira parcial e tendenciosa. Antigamente ele tentava colocar a culpa dos problemas da educação exclusivamente nos professores. Agora está tentando voltar a população contra a categoria por causa da greve.
Em seus últimos textos o colunista comenta que a greve é contra os pobres, sendo que os professores têm medo de serem avaliados, assim como lutam contra a lei que institui o absenteísmo na rede pública. As únicas coisas que ele se esqueceu de comentar é que, qualquer pedagogo de meia tigela sabe que um sistema de avaliação competente reza que não deve se avaliar qualquer pessoa apenas por uma prova, se quiser saber a verdadeira qualidade do mesmo. Da mesma forma, como vai dar aumento para uma pequena parcela da categoria quando o método de fazê-lo inclui apenas uma provinha de um dia? Sem contar que nesta prova é decidido o conteúdo que quer a Secretaria da Educação, e as respostas que devemos dar para as questões abertas para serem consideradas corretas devem ser a que eles consideram corretas.
Por outro lado, a lei que institui o absenteísmo nas escolas, a famigerada LC 1041/2008 impõe um limite de apenas seis faltas médicas por ano a cada profissional. Se ele ficar doente sete vezes, as faltas subseqüentes deverão ser descontadas do salário. Ninguém critica qualquer medida para conter o número de faltas, mas não seria mais fácil reduzir os riscos de contrair doenças pelos profissionais, melhorando as condições de trabalho, reduzindo as jornadas com salários decentes e evitando que um mesmo professor dê aula em várias escolas? A própria Constituição assegura a todos o direito à saúde, o que tem sido claramente desrespeitado no Governo Serra.
Ele mesmo comentou que não iria entrar no mérito do aumento salarial. Verdade, porque não tem como debater algo do tipo. Nos últimos doze anos, apenas um pequeno aumento foi dado, em 2008, de 5%. O grande problema é que este aumento refere-se a incorporação de gratificações, o que quer dizer que é a mesma coisa que nada. Se formos bem bozinhos, daria uns R$50,00 a mais em alguns casos. Existe uma lei em São Paulo que estabelece a data base do funcionalismo público, onde todos os vencimentos devem ser repostos de acordo com as perdas da inflação. Não é aumento, é apenas uma reposição salarial. Mas isso ele pouco comenta.
Então, começa a tentar colocar os próprios pais dos alunos contra a categoria, por causa da greve. Faz afirmações covardes, como que o professor tem medo de ser avaliado, esquecendo-se que para fazerem parte do quadro, tiveram que prestar concursos públicos para serem nomeados. E veja que interessante: ninguém tem feito greve nem protesto contra tais concursos. Por que será que é só contra estas provinhas institucionais?
O sr. Dimenstein também não comenta que estes professores temporários que entraram na rede este ano através da provinha, que foi debatida judicialmente, irão lecionar por 200 dias, e depois deverão ficar afastados por outros 200 dias, ou seja, desempregados. Ele não fez comentários sugestivos de como tais profissionais deverão viver neste período de afastamento. Nem tampouco o vi criticar o fato de alunos de faculdades terem ficado com aulas na frente de pessoas formadas por causa da prova, fato contrário inclusive à LDB.
Um outro ponto importante que ele vive esquecendo de comentar é que sua ONG recebe proventos da Secretaria do Estado da Educação, para lecionar cursos e palestras para professores e diretores de escolas. Inclusive seu livro foi comprado pelo Governo do Estado para ser distribuído aos professores.
Eu só gostaria de saber quanto é que a SEE tem pago para que ele defenda veementemente as baboseiras tomadas pela mesma, tentando fazer com que a população se vire contra os professores, assim como a total falta de comentários pela real melhoria da educação estadual.
Quem quiser conferir seu texto “Professor ensina cego a ter visão”, o link é: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u708578.shtml .Reparem que abaixo do texto existem muitos comentários sobre seus dizeres. Todos eles são de críticas vorazes ao defecamento literário deste cidadão. Seria coincidência.
Com isso, temos duas situações possíveis para entender o posicionamento do sr. Gilberto Dimentein: ou ele é completo ignorante no assunto, demonstrando que não entende absolutamente nada do que ele escreve, ou ele é um dos muitos pilantras que existem neste país, que aproveita a coluna de um grande jornal para fazer propaganda de um governo que claramente tem o sustentado.

PS: enviei dois e-mails para o colunista, ambos afirmando que ele deveria começar a escrever sobre outros assuntos, pois de educação ele não entendia nada. O desafiei a entrar em uma sala de aula para saber qual é a realidade da carreira, assim como viver com o salário de um professor. Percebi que todos os meus colegas citados fizeram algo parecido. Constatei também a revolta em comunidades do orkut, fóruns e até mesmo na escola em que trabalho. É impressionante a capacidade deste cidadão em unir a categoria contra sua pessoa. Jamais obtive qualquer resposta, assim como não conheço qualquer pessoa que tenha recebido.

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