sábado, 22 de maio de 2010

Onde está a mídia?


Esta semana tivemos uma overdose de transmissão quanto ao julgamento do casal Nardone. A mídia recheia sua programação com assuntos esportivos, especialmente futebolísticos. A mídia comenta o Big Brother como se fosse um assunto da mais alta importância para o país. Jornais sensacionalistas infestam a programação. E praticamente nada é comentado sobre educação.
Estamos vivendo uma greve de professores que atinge boa parte da categoria, e segundo informações divulgadas em alguns jornais da capital, atinge 4 em cada 10 escolas. Três semanas seguidas de passeatas e manifestações, confronto com a polícia, reclamações generalizadas quanto ao bônus, críticas imensas quanto à política de educação, e quando recebemos tais notícias, elas vêm em notas de rodapé, ou referindo-se aos problemas causados no trânsito.
A população conhece muito pouco sobre a realidade das escolas de São Paulo, assim como a rotina dos professores, com os problemas enfrentados, as questões de saúde, baixos salários, jornadas duplas, etc. Conhecem pouco da estrutura em que se encontram nossas escolas. Conhece pouco das nossas reclamações quanto às ações tomadas pelo governo do Estado (e não conseguem entender que se uma categoria inteira está se colocando contrária a tais medidas, é porque alguma coisa não está funcionando como deveria).
A mídia não se interessa em mostrar estes fatos, porque eles dão pouca audiência. Algumas vezes quando alunos agridem professores ou professores agridem alunos temos algumas informações em alguns jornais, especialmente porque os fatos são sensacionalistas. Mas pouco vemos sobre a realidade da situação. A Record ainda tentou alguma coisa, com uma série de reportagens sobre a realidade da vida de professores, em “Professor profissão de risco”. Mas é muito pouco, especialmente quando analisamos o déficit educacional em que estamos mergulhados.
O governo divulga índices de melhoras na educação, mas tais índices não são em nenhum momento questionados, quanto à sua metodologia e especialmente quem analisou a educação. Não questiona as razões de professores serem tão desvalorizados neste país. A mídia não traz uma discussão proveitosa sobre as leis que instituem a prova dos temporários, o fato de ficarem 200 dias longe da sala de aula e desempregados após este ano, a lei que institui aumento para alguns professores que se saírem melhores em uma prova, lei que inclusive contraria a própria Constituição Federal, e nem sequer a lei que limita o número de faltas médicas dos profissionais da educação.
Não temos qualquer discussão mais aprofundada trazida pela mídia. Talvez a ela interesse uma educação tão enfraquecida e superficial. Talvez a ela interesse que os professores percam o interesse pela carreira e mudem de ares. Talvez a ela interesse materiais didáticos tão simplificados e sem muito conteúdo. Talvez a ela interesse que a população continue ignorante, pois assim mais gente vai continuar dando audiência para o Big Brother.

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