sábado, 8 de maio de 2010

Um sindicato sem noção


Greve dos professores. Justa e desejada por muitos. A greve entra na sua terceira semana, e o movimento ganha força. Depois de tantas mazelas do péssimo governo Serra, estava na hora de tomarmos alguma atitude. Ele quer ser presidente, e este é o momento certo para pressioná-lo. Seria perfeito, se quem estivesse fazendo o movimento não fosse a APEOESP, o sindicato dos professores.
Na verdade, o sindicato tem razão em praticamente tudo o que deseja: a prova dos OFAs e prova do mérito vai contra toda a idéia de uma pedagogia moderna, aliada ao construtivismo, assim como é contrário a tudo o que o próprio governo prega como metodologia eficiente de ensino. Os professores estão com salários congelados há anos. A estrutura de ensino é precária. A empurração continuada já se mostrou ineficiente para nosso país. Enfim, tudo está ao lado do sindicato.
Daí, ao invés deles conscientizarem todos os professores da importância da luta, da necessidade de irmos às ruas e mostrarmos para a população qual é a verdade no governo Serra, com uma campanha educativa e amigável, não. O sindicato espalha alguns dizeres em seu site, e simplesmente decreta a greve, numa assembléia de 5 mil pessoas (num universo de 250000). Depois disso, começa a tentar convencer os professores a necessidade de tal greve.
Cerca de 40% dos profissionais aderiram a greve após sua decretação. Com a situação caótica que está, o número deveria ter sido em cerca de 90%. Porém, o movimento também foi caótico. Não houve construção do movimento.
Cheguei a mandar e-mails para eles, desde 2008, fazendo tais críticas, pedindo algumas atitudes e perguntando sobre ações judiciais. Apenas uma vez fui respondido, com uma resposta que tinha pouca coisa relacionada com minha pergunta.
Os professores são despolitizados. Poucos têm coragem de lutar por ideais. A maior parte tem dificuldade em lidar com avaliações. Muitos não dominam suas disciplinas, ou não têm condições de ministrarem aulas (o que esta provinha inútil não é capaz de mostrar). A maior parte tem medo de perder o bônus pelo número de faltas, assim como tem medo de não ter direito a fazer a prova do mérito(que por sinal são inconstitucionais). Se a decretação ocorre do dia para a noite, a tendência é de que a adesão seja pequena. Já fico surpreso com o crescimento do movimento.
Ao contrário do que o governador diz, a maioria dos professores não está ao lado de suas medidas. Todos sabem que o que ele fez é um desastre sem precedentes, mas com o salário que ele paga, logicamente todos querem os valores de bonificação que são pagos no início do ano, nas fraudes que ele denomina Saresp e  Idesp. A maior parte dos servidores públicos do Estado sabe que o governo Serra é o mesmo que um apocalipse, e que a tragédia vai ser bastante sentida no futuro. Mas todos ainda têm medo de ir à luta.
E infelizmente o sindicato errou nas medidas para mudar este quadro. A sorte é que a revolta contra tal governo é tão grande, que existe a possibilidade de sucesso, motivada pela raiva e pela insatisfação com a profissão.

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