terça-feira, 4 de maio de 2010

Sugestões de melhoria


Citei anteriormente os problemas enfrentados pela política educacional do nosso Estado, tentando mostrar a relação entre educação e política, vivida hoje. Quando você começa a vivenciar demais uma determinada área, você começa a mergulhar nos problemas enfrentados e “desenhar” algumas pequenas soluções, ou possibilidades de mudanças. E aqui tento expor alguns pensamentos sobre soluções para a educação. Tudo muito cru, mas algumas idéias, que poderiam ser trabalhadas ou aproveitadas em parte.
Primeiramente, acho que é imprescindível que se diminua o número de alunos dentro de uma sala de aula para o máximo de 20. Enfrento aulas com 30 para cima, e é humanamente impossível acompanhar o desenvolvimento de todos. Eu não consigo diagnosticar absolutamente nada em duas aulas semanais de 50 minutos cada. Não há como dar a devida atenção ao processo de aprendizagem quando temos um exagero destes.
Um segundo ponto seriam as reprovações. De alguns anos para cá as universidades adotaram o sistema semestral, e tem dado muito certo. Não há como ligar a qualidade ensino com a semestralidade, mas o fato é que o aluno pensar em um semestre de cada vez tornou-se inclusive algo motivador, pois se acontecer de ser reprovado, o mesmo terá a chance de cursar somente os seis meses. Este sistema é bem aplicado com o EJA (antigo supletivo).
Poderíamos adotar a idéia de que o aluno só refaça a matéria na qual foi retido, em horário diferenciado, podendo seguir com seus estudos normalmente nas demais. Caso ficasse retido em muitas matérias, aí sim faria o semestre novamente. Uma idéia interessante seria adotar um sistema bimestral, o que encurtaria ainda mais o tempo de reprovação e o desânimo causado por ter que cursar novamente uma determinada série. O grande problema é que isso exigiria um sistema logístico muito mais potente do que temos hoje.
A estrutura das escolas precisa mudar, e radicalmente. O giz faz mal, tanto ao professor, quanto aos alunos. Todo mundo praticamente usa o computador em tudo na vida. Não há razão para que alunos de escola pública vivam numa situação tão retrógrada. O uso da informática é essencial para a inclusão verdadeira. Além disso, cada disciplina exige uma determinada quantia de materiais e uma estrutura determinada, que em não havendo, tornam a aula algo muito teórico e massante. Como professor de artes, por exemplo, fica muito difícil sempre exigir desenhos à lápis, em folha sulfite, pintado a lápis de cor.
O professor não é um vagabundo,e não pode ser visto desta forma pela sociedade. O cidadão que entra em uma sala de aula deve passar por um curso específico, onde, além de aprender a disciplina que escolheu, deve aprender questões ligadas à didática, pedagogia, psicologia do ensino, etc. Os jovens conseguem melhores notas em provas porque ainda estão motivados e desconhecem a realidade da educação. Quando estão há tempos na escola, a tendência é uma completa desmotivação. Com isso, a qualidade profissional cai sensivelmente.
Se tivermos um governo que acredite no potencial dos professores, os valorize de verdade, pague salários condizentes com a formação e a responsabilidade da profissão, e ainda tenhamos uma sociedade que privilegie a importância do professor, teríamos um pouco mais de chances de sermos um país evoluído. No Japão um professor é tratado como um rei. Não digo que isso deve ser desta maneira radical, mas pelo menos deve-se saber da importância que tem o professor na sociedade brasileira.
Sendo assim, um aluno agredir um professor, seja verbal ou fisicamente, é inaceitável. Não há qualquer justificativa que possa ser aceita para que um pirralho que mal conhece a vida xingue um professor. E não quer dizer que deva ser proibido debater idéias. A maior parte dos professores que conheço conseguem debater com seus alunos sem preconceito, assim como dão ouvidos aos seus pensamentos. O que não podemos aceitar é a agressão. E agora parece que virou moda os alunos se gabarem de xingar os professores, ou humilhá-los. Você iria gostar de trabalhar numa profissão em que você fosse xingado quase todos os dias?
Se o aluno xingasse o professor, a lei deveria ser cumprida à risca: os pais responsabilizados, multados e obrigados a cumprirem a pena. A punição deveria sim ser severa e exemplar, e algo que os fizesse lembrar das conseqüências pelo resto da vida, assim as coisas começariam a mudar, e todo pai babaca que incentiva o aluno a xingar o professor iria pensar duas vezes antes de ficar ensinando seu filho a ser um bosta.
Algumas disciplinas devem ser incorporadas no currículo escolar, como economia, noções de contabilidade, direito (noções da legislação), marketing, nutrição, noções de primeiros socorros, etc. A escola está fechada em alguns tópicos há anos, alguns deles exageradamente explorados, enquanto as pessoas saem sem conhecer um monte de coisas. Ninguém conhece seus direitos constitucionais, nem direitos do consumidor, nem a maneira correta de se alimentar, como administrar contas de uma casa, etc. A escola no modelo atual não consegue preparar ninguém para a vida.
Estas são apenas algumas idéias para que a educação realmente dê um salto de qualidade. Provavelmente alguns pontos importantes eu deixei de abordar, assim como algumas idéias podem não ser aplicadas com qualidade (ou seja, mostrem-se fracassadas). Também devo ter deixado de citar algumas disciplinas importantes a serem inseridas, uma vez que utilizei as citadas apenas como exemplo do que nos falta. O certo é que os nossos governantes vêem a educação como um custo. Isto é errado. Educação é investimento. Quanto mais educadas as pessoas forem, mais o país irá prosperar, e mais “lucrará”  com nossas mentes pensantes. Isso significa imediatamente que haverá melhor distribuição de renda, o que leva ao fim dos benefícios que muitos dos nossos políticos possuem, o que obviamente eles não querem. Mas é a única saída para que as coisas realmente melhorem algum dia.

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