quarta-feira, 5 de maio de 2010

Convivendo com a ansiedade


Hoje, 19 de março de 2010. Acredito que estejamos em época de nova leva de nomeações para o Tribunal de Justiça de São Paulo. Restam 70 nomes até chegar a minha vez, e apenas 213 pessoas para que a lista seja efetivamente zerada. Em cada leva, chamam em média 200 pessoas, o que me faz crer que na próxima vez a lista será zerada.
Estou realmente de saco cheio da educação, por não acreditar mais que as pessoas, especialmente as que deveriam divulgar informação, estejam realmente preocupadas com ela. Relatei anteriormente sobre os problemas que temos enfrentado, e a escolha, entre algo que eu estudei para viver, e outra coisa que me permitiria um pouco de paz. Além de tudo, ganhar o dobro.
Estou esperando esta nomeação há praticamente dez anos. Tudo começou quando fui reprovado na prova de aptidão da Unicamp, em 1999. Passei da primeira fase depois de um ano terrível, onde estudei como louco para recuperar o tempo perdido da escola pública. Consegui atingir a segunda fase, fui bem em todas as provas, mas por causa de uma nota 2,5 na prova de artes fui reprovado. Nunca engoli aquilo. Jamais me considerei o melhor, mas sempre soube que era relativamente bom no que eu faço.
Em 2004, o ano mais terrível da minha vida, prestei pela primeira vez o concurso para Escrevente. Nunca tinha estudado nada de legislação, aprendi praticamente sozinho, tirando algumas dúvidas com meu grande amigo Renato. Consegui chegar à prova de digitação, ou seja, a segunda fase, e só fui eliminado porque fui inscrito indevidamente como deficiente físico (o que é história para outra conversa).
Dali em diante virei um verdadeiro concurseiro. Pus na cabeça que eu ia ser servidor (e daqueles que trabalha, pois não gosto de ficar ocioso). Estudo regularmente e passei a me familiarizar com matérias de prova. Em 2007 prestei o concurso para Escrevente novamente e passei novamente para a prova de digitação. Desde lá foram quase três anos de angústia. Primeiro para saber se o concurso seria ou não prorrogado, uma vez que minha nomeação dependia disso. Além disso, esperava ansiosamente por novas nomeações, esperando que a fila andasse o mais rápido possível, para que chegue ao 2109º, minha colocação.
E no meio do caminho tivemos alguns percalços, como a revogação da Lei 500, o que foi indeferido pelo TJ; greve dos peritos do Estado, atrasando ainda mais a nomeação, entre outros problema. Cada vez que surgia algo novo era um desespero.
Desde então prestei alguns concursos, boa parte em que mantive tal média de classificação, evoluindo minha performance apenas. O maior de todos foi o já referido concurso para professor da prefeitura, a prova mais difícil e sem noção que já fiz, na qual obtive a 50ª posição, já convocado para escolher vaga. Outros não tive a oportunidade de estudar como deveria, ficando abaixo da minha possibilidade.
Porém, agora está para chegar a minha vez no TJ. Todas as noites estou olhando o Diário oficial antecipadamente, na esperança de ser hoje o dia. Todos os dias busco mais e mais informações esperando alguma boa novidade que acalme este sofrimento. Todos os dias divido estas altas emoções com muitos companheiros do fórum PCI, que vivem o desespero da espera, assim como muitos outros que a viveram, e que agora estão curtindo a vitória após a nomeação. Todos os dias, de um tempo para cá, freqüento a comunidade “TJ/2007 – Aguardando nomeação”. Posso dizer que não penso mais em nada.
Estou com dificuldades tremendas para dormir. Deixe minha casa praticamente jogada (Exceto hoje, que tomei vergonha na cara e limpei com vontade). Não faço mais nada da vida exceto esperar esta merda.
Cheguei ao ponto de estar insuportável viver ao meu lado. Sábado passado minha noiva até chorou, de tão chato que eu estava. Minha sorte é que ela sabe o quanto eu quero esta nomeação, e que meu humor só chega a esta nível uma vez por ano, senão eu tava ferrado.
E agora tento controlar esta emoção. Tento respirar fundo e esperar a minha vez. Tento não brigar com todos os objetos inanimados da minha casa, assim como me controlo para não esmurrar meu computador, xingar a descarga do banheiro por não parar quando eu quero, ou resistir à vontade de botar fogo no chuveiro, porque aquela merda não para de vazar. Eu sinto como se todos os objetos estivessem realmente fazendo um complô contra a minha pessoa, agora que eu estou nessa ansiedade...
E enquanto não chega a bendita nomeação, todos os dias é esta mesma loucura...

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