sábado, 24 de dezembro de 2011

Um ano pra esquecer


Dia 24 de dezembro. Acabou de começar o dia. Uma tristeza terrível me domina. Parece que todas as provações possíveis vieram até nós num único ano. Coisas terríveis aconteceram em sequência. Este ano de 2011, um dos anos mais malditos que já ouvi dizer, ficará para a história como o ano que nunca deveria ter começado.
Comecei o ano com uma imensa empolgação. Posso dizer que estava bastante excitado com a possibilidade da minha grande “glória”. Acreditava que viveria meu momento, que conseguiria me consagrar acima de todas as coisas. Todo o sofrimento e os pesadelos do passado, ficariam, em definitivo, para trás. Eu gostaria de saber o quanto eu estava errado.
O ano começou com problemas no cartório. Não sei exatamente o que acontecia, mas parecia que minha chefe não gostava muito de mim. Isso me gerou uma grande angústia, raiva, e impaciência. Pensei muito em sair daquele lugar. Depois, ela começou a se acalmar, se desculpou, e as coisas voltaram aos eixos, aos poucos.
Quando este problema ficou pra trás, foi a Vanessa que parece ter entrado em colapso. Não sei exatamente o que levou ao problema, mas creio que a ansiedade do casamento, além da Pós Graduação, que ela estava por concluir, fizeram com que ela entrasse em parafuso. Ela se tornou agressiva, distante e meio birrenta. Brigamos como nunca antes. Isso gerou uma série de problemas no nosso relacionamento. Houve um desgaste, e quando parecia que a coisa ia ficar impossível, ela resolver procurar ajuda na terapia. Aos poucos foi se acalmando e se conscientizando. Se tornou novamente dócil e divertida.
Convivendo com isso, estive apreensivo quanto à doença da minha vó, que ainda hoje se arrasta. Ela é minha madrinha de casamento, e o convite foi muito especial. Sua aceitação foi condicionada ao fato de termos alguém como substituta. Claro, temos, mas não é isso que eu quero. O convite dos padrinhos foi feito para os padrinhos, e gostaria que fossem as pessoas que eu escolhi.
Quando a Vanessa melhorou, descobrimos que a mãe dela estava com câncer. Com isso, ela mergulhou de novo numa angústia e desespero interminável. Um histórico farto na família de mortes por causa dessa doença, e minha sogra também entrou em parafuso, acreditando que a morte estaria próxima.
Administramos aos poucos este fato, tentando acalmá-la, ao mesmo tempo em que eu tentava passar confiança pra Vanessa. Começamos a pesquisar e assistir todos os programas possíveis sobre a doença, e com muito custo, conseguimos fazer com que as coisas ficassem em paz, de novo.
Mas aí veio o golpe de misericórdia: o pai da Vanessa faleceu, de repente. Num momento em que ele estava imensamente feliz e empolgado. Em menos de uma hora desde que passou mal. Na véspera do aniversário da Vanessa, véspera do nosso chá de cozinha, faltando dois meses para o nosso casamento. Vê-la escolhendo caixão foi uma das coisas mais tristes que eu poderia sequer sonhar em viver. Passar o dia de aniversário “escolhendo o último presente do pai”, é um castigo que sequer a pior das pessoas merece passar.
De lá pra cá, as coisas estão se arrastando, digamos. Muito sofrimento, muitos momentos de tristeza, uma luta imensa pra superar os problemas. Tentativas de melhorar o humor. Revolta contra uma situação inacreditável. Muitas vezes, impaciência, raiva, e freqüentes lágrimas,
Posso dizer hoje que retomei muitos dos meus sentimentos revoltosos do passado. Hoje sinto um ódio gigantesco por religiões. Sinto vontade de bater em quem vem falar de deus, até que a pessoa seja reduzida a uma massa de carne cheia de pedaços de ossos esparramados. Fico indignado como pessoas boas de verdade podem ser tão duramente castigadas. Nunca sonhei em fazer tamanha crueldade com meus inimigos, nem os que odiei com mais força.
Me corta o coração ver a Vanessa da maneira como ela está. Sinto como se todo meu esforço para vê-la feliz tivesse sido ruído por um espírito de porco, que prefere ver as pessoas sofrerem, e eu não posso fazer nada pra mudar isso (o que deixa a coisa ainda pior). Quando eu a vi chorar dia 03 de dezembro, o dia que deveríamos casar, meu misto de dor e ódio aumentou ainda mais. Hoje tenho certeza que, se deus existe, ele é um grande filho da puta!
Mas, ao mesmo tempo, tenho a vontade de começar de novo. Já me entreguei antes, e posso dizer que não foi legal. Se for pra perder, prefiro perder de pé. Reconstruí minha vida, como sabem aqueles que estiveram ao meu lado. Superei algumas situações realmente complexas. Mostrei pra muita gente que não acreditava no meu potencial, que eu posso realmente dar trabalho. Venci milhares, me tornei temido.
Conquistei o que muitos sonhavam ao longo dos anos: comprei meu apartamento, um carro à vista, voltei a estudar, assumi um cargo de chefia (que por sinal estou detestando, mas pelo menos consegui vencer esta etapa), isso depois de ser nomeado contra mais de 100 mil. E principalmente, tenho ao meu lado uma mulher espetacular, que esteve presente ao meu lado em cada uma destas conquistas, cuja maioria é conquista dela também (nosso apartamento, nosso carro).
Superei o lado difícil dela, em momentos terríveis, porque sabia que eram só momentos. Eu tive piores, que me conhece sabe. Muitos que não precisavam, ficaram do meu lado. Muitos agüentaram coisas terríveis pra me verem retornar. Souberam esperar, e viram minhas vitórias, que eles têm muita parcela de responsabilidade. Por que eu não estaria ao lado dela?
Óbvio, teve momentos em que eu tive raiva. Muitos momentos foram difíceis de simplesmente ser paciente. Mas eu fui. E continuo até agora. Porque eu sei que ela merece isso. Ela me trouxe essa felicidade toda, e me fez querer “engolir minhas palavras” por ela. Ela me deu o prazer que eu nunca imaginei que teria, com casamento. Ela fez da minha vida algo maravilhoso. E quando quis casar, aceitei estar ao lado dela em todos os momentos, inclusive nestes.
Agora é esperar 2012. Acreditar que as coisas irão melhorar. Não é possível que tenhamos um ano tão cagado quanto este. Acreditar que ainda possamos dar a volta por cima, mesmo numa situação tão ruim. Acreditar que, assim como fiz uma vez, posso fazer várias, fazendo com que “O Ano da Fênix” ocorra todos os anos. Que venha 2012!

Um comentário:

  1. Roberto não podemos esquecer que ainda em 2011 sua sogra fez a cirurgia e está se recuperando muito bem. Que venha o melhor para 2012!
    Beijos
    Juliana Luzio Reis

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