sábado, 19 de março de 2011

Terno e gravata


Um dia destes foi ao Tribunal um advogado, vestindo terno e gravata, cuja camisa era de um azul piscina bastante bonito. No entanto, graças ao calor que fazia no dia, o rapaz estava com a camisa que quem visse sem prestar muita atenção acharia que era rajada, de tantas poças que tinha a camisa, deixando um azul quase marinho.
Eu não consegui deixar de pensar sobre o que aquele homem deveria estar passando, andando pela cidade com aquele paletó, que deveria fazer com que o calor de 33º do dia parecesse 45º. Eu, que tenho uma aversão enorme ao calor, teria terminado meu dia entubado, na sala de um hospital.
Daí me veio à mente, mais uma vez, um pensamento recorrente: pra que raios num país como o Brasil insistimos em usar terno e gravata? Sofremos com um calor monstro nesse país, e ainda assim insistimos numa vestimenta pesada e quente. E para piorar ainda arrumamos uma coleira de tecido, para evitar que o ar sequer chegue ao pescoço.
Para muitos, esta roupa representa seriedade, respeito, um certo status. Não sei em que o abandono dela diminuiria estas características, especialmente se estivermos falando de autoridades. Não sei quanto poder a menos teria o prefeito, por abandonar seu terno, nem o que faria de uma sessão de julgamento menor, se o uso de terno e gravata não fossem obrigatórios.
Parece que cem anos ainda não foram suficientes para mostrarem que este tipo de vestimenta não traz qualquer benefício a qualquer um, e não é a única maneira de se deixar uma pessoa elegante. Além de provavelmente diminuir a eficiência de boa parte das pessoas que o usam, pois eu não sei como uma pessoa pode ser competente se o cérebro está fritando.
A gravata então é o que deixa a roupa mais ridícula e desprezível. Qual sentido usar este colar maldito, com uma dobradura especial e específica? O que raios ajuda qualquer um esta merda de pedaço de pano, que não serve pra nada? Pra que ainda temos a mente tão atrasada a ponto de insistirmos nesse lixo?
É impressionante como a mente de alguns ainda insiste em se manter em um século passado, mesmo sabendo que o mundo evolui, o clima mudou e as pessoas pensam e acreditam em coisas diferentes de cem anos atrás, e que este maldito uniforme não faz em nada qualquer empresa, órgão público, ou mesmo um ser humano, mais especial do que qualquer outro.

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