quarta-feira, 23 de março de 2011

A corrupção


Seguindo a “sugestão” de um crítico anônimo, vamos comentar um pouco sobre a corrupção no Brasil. Tudo bem que ao longo dos meus textos tenho falado sobre isso em doses homeopáticas, mas podemos nos aprofundar um pouco mais no assunto.
Todo político é corrupto. Essa é a máxima que todo brasileiro adora dizer. Apesar de não gostar muito de generalizar, eu vou mais além: a maioria esmagadora da população é corrupta. Aqui nós temos a lamentável mania de darmos o “cafezinho” para o policial não nos multar, de “agradar” o fiscal para que ele não aponte as irregularidades de nossa empresa, de fingirmos que não vemos o tráfico de drogas na nossa porta por causa da “proteção” que ele nos causa. Não da pra dizer que isso tenha outro nome, exceto corrupção.
Quando nos fincamos na idéia partidária, fica quase impossível falar sobre o assunto sem generalizar. Poucos foram os que não nos decepcionaram. Ao longo de quinhentos anos de história, uma série de grupos governaram o país, criando um estado de concentração de renda superior ao dos países africanos. Muitas pessoas enriqueceram da noite para o dia, estando em cargos de direção eletiva. Centenas de CPIs foram abertas, quase ninguém punido. Esquemas de desvio de verba são conhecidos quase todos os dias. Isso se tornou praticamente normal.
Mas, nunca se ouviu falar tanto de corrupção quanto agora. Verdade, se lembrarmos que a mídia tem claramente uma tendência voltada aos nossos partidos de direita, nunca se denunciou tantos esquemas de corrupção quanto agora. Seria até legal, se até o ano de 2010 praticamente todos terem sido ligados ao PT e aos partidos da base governista. Claro que é sempre bom você ter as informações sobre um governo corrupto, mas me pergunto por que, sabendo de tantas informações sobre corrupção de todos os grandes partidos, só recebemos notícias em massa contra o governo federal atual? Será por que a rede Globo recebeu verbas gordas do governo federal entre 1994 e 2002? Ou será que é por que existe uma clara parceria entre o governo estadual e as principais mídias escritas em São Paulo, com a compra de metade das edições dos jornais “Folha de São Paulo”, “O Estado de São Paulo” e das revista da editora Abril?
Bem, daí teríamos uma vaga idéia das razões de, ao longo do primeiro período de Geraldo Alckimin no governo paulista, terem sido “engavetadas” nada menos do que 73 CPIs, sem qualquer investigação, onde a base governista detinha mais de 70% das cadeiras na Assembléia, e a imprensa praticamente não comentou uma vírgula sobre o assunto. Ou talvez porque a máfia das sanguessugas ganhou um pequeno espaço na mídia, bem menor do que a gravidade das acusações, sendo que quase não se ouviu falar sobre o principal nome envolvido nas denúncias: José Serra. Ou, porque agora ouvimos falar pouca coisa sobre as graves denúncias de desvio de verba do antigo presidente da Assembléia Legislativa do nosso estado, Barros Munhoz, um dos principais líderes do governo Serra.
Fora que já tínhamos como certo que a corrupção é parte do nosso país bem antes do atual governo petista, quando tivemos a CPI da reeleição, onde os principais líderes do governo FHC foram acusados de compra de votos para a reeleição presidencial.
Mas como esquecer o recente fato das incontáveis denúncias da governadora tucana do Rio Grande do Sul, fato este que a fez sofrer uma imensa pressão popular para um processo de cassação, além de tê-la deixado com uma votação inexpressiva na tentativa de sua reeleição? Ou do já dado como certo vice de José Serra, Joaquim Roriz, ter sido flagrado em atos de corrupção, no governo do Distrito Federal. E logo ele, que o Serra afirmara ser um cara de índole irretocável, mesmo depois dele já ter sofrido um processo por corrupção.
Mas o legal mesmo é que as pessoas falam sobre a corrupção no governo do PT. Ta, ela existe, sem dúvida. Mas está longe de ser isolada, ou maior do que as demais. Além do claro fato de termos o famoso e nefasto mensalão do PT, agora concorrendo com o não menos trágico mensalão do DEM, maior aliado do PSDB. Quem pode falar de quem?

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