sábado, 19 de março de 2011

Discordar é viver


Outro dia destes um colega deu uma sugestão de como trabalharmos para a minha chefe, e ela, surpreendentemente, ficou furiosa, saiu batendo o pé e quase xingou o rapaz. Ele, obviamente, discordou um pouco dos métodos dela, mas não faltou com o respeito em nenhum momento. Depois, conversando comigo, ele tentava entender porque razão ela tinha ficado tão furiosa só pela discordância.
A minha noiva também discutiu com a mãe dela o fato de levarmos um padre ao nosso casamento, assim como seguirmos a religião dela. Por sorte a conversa seguiu por um rumo tranqüilo, mas deu pra perceber que a sogra não ficou nada feliz por não seguirmos a idéia dela.
Por outro lado, numa conversa pelo facebook, contestei a idéia de um dos meus contatos, e a moça ficou absolutamente revoltada pelo fato de minha opinião ser diferente da dela. Achou mesmo que eu estivesse tirando sarro dela. Tudo bem, eu fiquei meio indignado com o que li, por não concordar com a idéia dela, mas não levei isso para o lado pessoal, nem o de ataques.
O que me fascina é como as pessoas são incapazes de aceitarem opiniões alheias, sendo as mesmas diferentes do que estão acostumados. Dizer que eu sou ateu para um evangélico é como dizer que quero sair na porrada com ele. Ou dizer para o chefe que ele está errado, é o mesmo que dizer que você quer ser mandado embora.
O interessante é que na maioria das vezes são apenas contestações de idéias, que não vão mudar tanto assim a realidade. Se a conversa se mantivesse num debate, provavelmente pouco as pessoas mudariam de posicionamento. Talvez agregassem alguma coisa diferente, mas em geral, não mudam muito. Acaba sendo apenas um pequeno conhecimento agregado, um debate, algumas vezes acalorado, e de repente temos duas pessoas se ofendendo, porque não aceitam o que será contrário.
Parece até que ainda não atingimos um nível aceitável de racionalismo, para podermos conversar em paz com pessoas que pensam diferente de nós. Proibimos muçulmanos de usarem seu véu em público, criticamos mulheres que querem ter uma vida de prazeres sem compromisso, queremos matar quem torce por outro time, odiamos quem não gosta de uma determinada profissão. Tudo isso para mantermos intacta nossa maneira de pensar.
Acho que seria realmente um passo imenso para a humanidade quando todos pudessem perceber o quão interessante é ouvir os demais. Cada vez que ouvimos a opinião de uma outra pessoa, não só aprendemos algo de diferente, como aprendemos também como pensam diferentes pessoas, e como querem levar suas vidas. Aprendemos diferentes valores, diferentes modos de agir, e especialmente, diferentes maneiras de raciocinar. Não somente pelo novo conhecimento que adquirimos, mas este é um grande momento até mesmo para adquirirmos uma lógica realmente consistente para defendermos nossos pontos de vista e termos certeza de que estamos no caminho certo.

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