domingo, 27 de março de 2011

As terceirizações


Num debate que tenho travado com a minha noiva há algum tempo, estamos discutindo a qualidade das terceirizações. Ela acredita que a situação no governo estadual está tão ruim, que é melhor a terceirização do que nada. Argumenta que faltam funcionários, que muita gente não tem o que deveria por direito porque não existem condições para os poucos que trabalham no Estado darem conta do serviço.
É verdade. Acredito que realmente a situação está insustentável. Como já citei anteriormente, o serviço público foi abandonado pelo nosso governo tucano. No entanto, acredito que terceirizar é o mesmo que privatizar, com a diferença que neste caso podemos pegar de volta o que é nosso num futuro distante.
Porém, paga-se uma empresa para fazer um serviço que deveria ser obrigação de quem elegemos para isso. Muitas vezes a empresa contrata funcionários para pagar salários mais baixos do que deveria. Estes mesmos funcionários não têm qualquer ligação com a empresa, têm um contrato por tempo bem determinado, o que impede de alimentarem qualquer esperança de firmarem uma carreira na empresa. Eles sabem que simplesmente sairão ao final de um certo e curto prazo, e que não há como mudar isso.
O mesmo ocorre em empresas privadas, como é o caso da Telefônica. Eles contratam empresas até mesmo para fazerem o atendimento aos clientes. As pessoas que receberão os clientes com problemas conhecem muito pouco sobre a empresa para qual prestam serviço, nem sabem se realmente a mesma está interessada em ajudar os clientes (no exemplo citado, acho que não precisa comentar muito). O cliente, por sua vez, está relatando seu problema para alguém que irá relatar a um superior, e este irá relatar para alguém responsável. É quase o mesmo que passar um telefone sem fio para uma máquina. Não existe qualquer tipo de comprometimento. E sabemos que tais funcionário são muito mal pagos para fazerem um trabalho bem complexo.
A terceirização nada mais do que uma tentativa de se reduzir custos, transmitindo responsabilidades, trazendo funcionários que não têm qualquer condição de exigirem nada da empresa. Não há necessidade de se explicar porque estão o descartando. É quase a mesma coisa que usar uma roupa emprestada e quando ela está gasta demais, devolver e pagar um dinheiro para ajudar o dono a comprar uma outra, de qualidade inferior, é claro.
No caso do governo, o caso é ainda mais grave, porque ele transforma suas responsabilidades em uma grande sucata, deixa a população em completo abandono, e depois joga uma empresa terceirizada, que é paga para fazer o que ela deveria fazer. O povo, depois de tanto sofrer, recebe um serviço de segunda mão, e como estava sem nenhum, fica feliz, porque alguma coisa tem sido feita. Com isso, além de nivelar tudo por baixo, passa a acreditar que o governo está realmente trabalhando por ela. É um tiro brilhante, para fazer as pessoas os acharem realmente qualificados, pagarem menos, e manterem tudo num nível que faz com que a estrutura não mude muito. Um golpe e tanto, devo dizer.

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