sexta-feira, 23 de abril de 2010

Licenciatura pra quê?


Para conseguir ser professor, você deve passar pela faculdade, obviamente. Antigamente bastava o técnico em magistério, e você estava apto, mas agora é necessária a formação superior. E não basta simplesmente que você seja formado, você tem que ser licenciado, isto é, cursar as matérias pedagógicas, que irão instruí-lo como agir em uma sala de aula (ou deveriam instruí-lo).
Por outro lado, os bacharéis acabam optando por se aprimorarem na área, buscando uma atuação direta. Graças a isso, a carga de conhecimento teórico e prático na disciplina escolhida é muito maior. Já o licenciado aprende sempre o básico de tudo, mas sempre voltado em como trabalhar este conteúdo para os alunos. São formações diferentes, que forma profissionais de estilos diferentes.
Um bacharel pode ter qualificações suficientes para dar aula, e por características próprias, ou por um estudo específico feito por conta própria, pode vir a ser um grande professor. Da mesma forma, os licenciados podem seguir seus estudos de onde pararam a faculdade, e acabarem atuando na área. Ambos têm a bagagem inicial para optarem por mudar o rumo de suas carreiras.
O grande problema é que a Legislação Brasileira exige que os professores sejam licenciados. Não importa o quão qualificado sejam os bacharéis, considera-se, de maneira geral, que suas formações não suprem os requisitos necessários para o dia a dia numa sala de aula, as técnicas pedagógicas para transmissão do conhecimento e os problemas encontrados na administração de turmas. E eu acho que a lei está certo, pois enfrentar as pestinhas exige um bom preparo anterior. Se nós, que somos obrigados a cursar disciplinas como pedagogia, estrutura do ensino brasileiro, psicologia do ensino, entre outras, já penamos, imagina quem não tem a menor noção do que seja isso.
Mas, mais uma vez, nosso brilhante e incomparável governador, que pensa que é o imperador maior do nosso reino, resolveu que a lei não se aplica contra ele. Depois de aplicar sua maldita provinha para determinar quem tem mais qualidade ou não para dar aula (este assunto já foi tratado em texto específico sobre o verdadeiro valor de uma avaliação), ele resolveu classificar os profissionais pelas notas. Se o sujeito tem licenciatura ou não, não importa. O que importa é ter tirado boa nota.
Com isso, muitos profissionais despreparados entrarão em sala de aula, no lugar de todos aqueles que investiram em uma preparação condizente com sua carreira. Pode ser que alguns dos bacharéis tenham sucesso, pelos motivos já comentados, mas estamos prestes a mais um desastre da administração Serra. E como sempre, nossa podre mídia está com o tucano no ombro. Afirmam categoricamente que quem tem melhor nota tem que ter prioridade. As pessoas que nunca souberam o que é uma sala de aula estão dando seus palpites sobre nossa profissão. Eu também vou tentar fazer isso quando um médico estiver me operando!
Mas, como sempre, não mostram todos os lados da moeda. Não mostram a realidade diferente dos tipos de formações, nem como foi montada a prova dos temporários. Não questionam a capacidade de cada profissional de atuar dentro de uma sala de aula. Só querem saber da nota.E até mesmo o nosso Tribunal de Justiça foi a favor do nosso imperador, quando deu ganho de causa ao governo, pelo simples motivo de não poder adiar o início das aulas, e permitiu que a lei fosse totalmente descumprida.
E é por motivos como este que eu estou pulando fora...

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