domingo, 30 de dezembro de 2012

Um dia para nunca esquecer - Adote Um Gatinho


Meus últimos meses foram um furacão. Passei por uma quantidade tão grande de tempestades que acho que nem saberia descrever. Tive uma quantidade tão imensa de frustrações na minha vida que entrei num parafuso que pensei que nunca mais iria sair. Me tornei mal humorado por muito tempo, tive dificuldade em dormir. Não sentia muita alegria com a maior parte das coisas. Ter aguentado o que aguentei, ainda mais com o esforço que eu fiz, não foi muito fácil.
Mas na data de hoje, 29 de dezembro de 2012, tive a minha esperança renovada. Pude sentir uma alegria real que não sentia há muito tempo. Hoje fiz minha primeira visita para a ONG Adote um Gatinho. Já tinha tentado algumas vezes, mas estava errando o contato. Quando acertei, tive alguns problemas que me fizeram perder algumas semanas. E ainda por cima hoje, depois de um sério problema pessoal, e no caminho ter me perdido muito, pego uma chuva imensa e perdido uma das calotas do carro, consegui finalmente chegar ao lugar.
Uma casa simples, comum, que deve ter somente lá uns 200 gatos. São quatro ambientes. O primeiro deles é onde os gatos mais sociáveis e carinhosos ficam. Uma porção deles que ficam vindo no colo, pedem carinho toda hora, praticamente imploram por uma família, apesar de entender que eles têm uma excelente família ali.
O segundo é um ambiente dos quase socializados, os gatos que ainda não estão totalmente prontos mas estão quase. E ali conheci Ash, um gatinho que foi atropelado, perdendo o movimento das patas traseiras, submetido a fisioterapia e com fralda geriátrica. Um dos gatos mais carinhos e dóceis que conheci na minha vida. O gato escalava meu colo, se esfregava em mim, praticamente queria me abraçar. Ficou ao meu lado o tempo todo. Um animal encantador e com vibrações espetaculares.
A terceira sala era mais tensa. Gatos que tiveram sérios problemas e sofrem de medo e de estresse crônicos. A maioria temperamentais e muito assustados, achando que os humanos irão lhes fazer mal, talvez porque uma série destes ignorantes já fizeram mal antes. Ali percebemos o amor que as pessoas têm pelos bichinhos, pois apesar deles não permitirem quase contato algum, os voluntários os tratam com o mesmo carinho que os demais.
Mas o quarto ambiente é aquele onde você sente uma esperança que poderia ter sido perdida há muito tempo: o local onde ficam os gatos com leucemia. Cinco gatos no total. Não podem ter contato com os demais pois transmitem a doença. Cinco gatos extremamente dóceis e carinhosos. Um grandão, preto, que não me lembro o nome, ficou o tempo todo ao lado de uma menina, que devia ter uns seis ou sete anos, se esfregando e curtindo os afagos dela. De vez em quando vinha me pedir carinho, de maneira muito delicada e gentil.
Mas o que me deixou mais fascinado e não sai mais da minha mente foi o pequeno Chantily. Um gato novinho, judiado, magro e em recuperação. O bichinho além da leucemia do gato tem a AIDS felina. Graças a isso, sua imunidade é baixa. Mesmo assim, o bicho é um doce. Tranquilo e carinhoso, ele foi receptivo ao meu contato o tempo todo. E quando você vê um bichinho daquele que tinha tudo pra ser assustado e agressivo ser dócil com as pessoas, assim como a maioria dos bichanos que estão ali, você entende que a vida ainda tem um bom sentido.
E não só os gatos, mas as pessoas que ali trabalham. Pessoas que dedicam seu tempo a cuidar de gatos que ninguém mais quis. Dedicam seu tempo a cuidar de gatos que estão condenados, que nunca serão adotados. Pessoas que às vezes são arranhadas por gatos assustados, que precisam limpar, dar comida, às vezes gastar dinheiro. Algo que eu admirei como poucas vezes admirei pessoas na vida.
Não queria comentar pra ninguém sobre este dia, mas não da pra guardar esta alegria que estou sentindo. Não da pra manter em segredo do mundo a experiência que se tem estando em contato com este lugar, nem por questão de princípios deixar de de repente propiciar a outros terem este mesmo contato, e a mesma chance de fazer parte disso, nem que seja pelo pouco que se pode fazer.
Acredito que as moças do abrigo devem ter agradecido minha doação, minha visita, e o fato de eu ter apadrinhado três gatinhos. Mas isso está errado. Eu é que devo agradecê-las por terem permitido que eu tivesse visto isso na minha vida. Eu devo agradecer por elas terem demonstrado que realmente existem pessoas no mundo que são boas acima de qualquer coisa. Acho que eu devo agradecer por que elas me deram a chance de hoje ser um homem melhor. Assim como dão a chance a várias pessoas todos os dias. Assim como esses animais espetaculares.

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