sábado, 8 de dezembro de 2012

O momento anti-religião


Ao longo da minha vida sempre fui um cara extremamente depressivo, até meus 24 anos, sim, um ano decisivo na vida de todo homem. Até então, tive vários problemas que me faziam questionar o valor da vida. Associado a isso, via uma realidade que não tinha um pingo de justiça. Minha experiência de vida, meus sentimentos, e minhas observações me fizeram concluir que essa ideia de deus era uma piada, por sinal de muito mal gosto, que eu não tinha interesse em compartilhar.
Pra conseguir vencer na vida, tive que ralar muito. Primeiro superando alguns problemas pessoais muito sérios, depois tendo que vencer meus próprios limites e mudar minha mente, e depois, tive que me esforçar muito pra conseguir chegar onde cheguei. Acho que meu momento mais simbólico e especial foi ter passado no concurso de Escrevente do TJ, quando concorri com uma infinidade de advogados, e estudando direito por conta própria, consegui chegar lá.
Mas ao longo da vida sempre tem um chato querendo te convencer que deus existe. E  isso gerava em mim um mix de diversão e aborrecimento. Aborrecimento, primeiramente, porque sempre foi um saco aguentar essas pessoas achando que conhecem a verdade do universo, e acreditando que poderiam convencer pessoas de sua verdade, baseado somente em argumentos. Diversão, porque eu sempre ri, intimamente, da ideia das pessoas de acharem que conseguem mudar a mente de alguém que teve uma vida inteira de sentimentos e emoções que trouxeram determinada verdade, assim como anos de estudos, pesquisas e debates de opiniões, especialmente alguém que já tinha lido a Bíblia várias vezes.
Só que eu sempre fui muito paciente. Acho que a graça que eu via era maior do que a irritação, e por isso sempre deixei as pessoas falarem, se emocionarem, e acreditarem que estavam me tocando de alguma forma. Sempre deixei, até o dia 08 de outubro de 2011. Naquele dia eu percebi que no mundo não existe um pingo de justiça, e percebi que pessoas boas nunca serão recompensadas por serem boas.
Sim, este dia me transformou, mais do que as pessoas podem imaginar. E não só este dia, mas as consequências do que ele provocou. Ao longo de quase um ano vi minha vida entrar num inferno quase tão intenso quanto nos meus tempos de adolescência. Tudo aquilo que eu lutei, que eu acreditei e que eu me dediquei virou pó em uma hora. Por muito pouco, meu relacionamento não chegou ao fim, e isso só não ocorreu porque eu fui insistente e, na medida do possível, muito compreensivo, apesar de ter entrado em parafuso por muitas vezes.
A partir deste dia passei a ver as pessoas rezando como algo incrivelmente estúpido. Pra que rezar pra porra de um deus que, existindo, não vai ter a mínima dó de te foder quando você mais precisar? Você passa por um inferno, tem que fazer um força danada pra sair do buraco, precisa encontrar razões pra viver em coisas que praticamente não fazem sentido, e ainda esperam agradecer a deus por todo esse sofrimento?
Claro, quem sou eu pra julgar isso? Cada pessoa tem suas razões, seus sentimentos e suas emoções, o que as leva a ter uma determinada crença ou determinada conduta. O problema é que eu não quero contato algum com esse tipo de conduta. Não quero mais saber da benevolência de deus, de seus planos idiotas para o mundo, nem de como ele irá atender as suas preces sinceras (o que eu bem tenho visto). Não quero mais ouvir falar da existência desse ser.
Mas infelizmente as pessoas não entendem isso. Querem falar dessa merda de deus o tempo todo. Querem dividir com você está felicidade tão falsa quanto receber um presente do papai noel. Querem dividir a alegria em e-mails, redes sociais, panfletos, rádios, etc. E você, que escolheu não querer esse tipo de merda na sua vida nunca mais, acaba por ser obrigado a suportar isso, pela liberdade de expressão.
E como eu percebi que estas pessoas têm mesmo o direito de se expressarem, entendi que eu também tenho. Eu posso dizer o que penso dessa baboseira, e o que isso representa na minha vida. Afinal, estamos num país livre, não estamos?
Só que minha opinião sobre deus é agressiva, necessariamente. Primeiro, por negar sua existência e acreditar piamente que a fé nessa ilusão demonstra uma incapacidade de raciocínio indescritível. Depois, por acreditar que estes dogmas da religião são responsáveis pelas grandes merdas do mundo, e acreditar que as religiões são grupos assassinos voltados a controlar a mente das pessoas e coibirem o próprio pensamento.
Por fim, admitindo-se a possibilidade de deus existir, o que devemos fazer, eu tenho plena certeza que ele é o grande filho da puta do universo. Um ser sádico, que vem se divertindo com o sofrimento de toda a raça humana, que criou o mal, uma vez que é onipotente, onisciente e onipresente, e que vem o perpetuando pela nossa história, uma vez que “não cai uma folha de uma árvore sem que tenha sido por vonta de deus”. Um ser egocêntrico, que ameaça “seus próprios filhos” se eles não o idolatrarem, assim como os irá enviar a um sofrimento eterno por isso. Um ser dos mais desprezíveis e asquerosos que se pode imaginar.
Como se pode ver, minha opinião é muito mais agressiva do que eu tenho divulgado. E minha intolerância com seres religiosos chegou a um nível que eu preciso me controlar pra não sair na mão, o que, obviamente, me igualaria a todos esses imbecis fanáticos que matam em nome de deus. E posso assegurar que eu não vou recuar nas minhas ações.
Quer dizer, se as pessoas entenderem que existem opções pessoais e diferentes, e pararem de falar essa merda de deus pra quem não quer ouvir, ou pra quem tem outra religião, aí tudo bem, respeitarei o íntimo de cada um, e passarei a guardar minha posição pra mim. Caso contrário, prefiro continuar me manifestando, doa a quem doer.
E entendo que tem gente que jamais manifestou qualquer posicionamento tentando nos meter deus goela abaixo. Porém, nunca vi estas pessoas ficarem contestando quem faz isso, como têm feito com meu posicionamento. E acho uma profunda hipocrisia virem querer reclamar da minha agressividade, da minha falta de respeito aos dogmas e à fé cristã, sem nunca terem feito o mesmo pra quem quer empurrar essa fé. Por isso prefiro continuar enfrentando essas pessoas, que na verdade só aumentam minha agressividade.
E, claro, um mínimo de neurônio é suficiente para entender que contrariar a ideia de deus requer que se fale nele. Até porque seria algo no mínimo engraçado usar termos subliminares pra fazer a crítica. Pra alguns pode-se dizer que falar tanto um nome teria como resultado a propaganda contrária. Pra quem não sabe usar o cérebro, pode ser mesmo. Mas pra quem consegue refletir sobre o que está sendo dito, e a chance de contestar coisas absurdas.
Então, amigos, fiquem tranquilos: assim que os religiosos pararem de falar sobre deus, eu paro de contestá-lo.

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