sábado, 26 de maio de 2012

Pelo espiritismo


Depois de descer o reio nas religiões e na fé em Deus, agora é hora de dar uma de advogado do diabo, me contradizer, e apresentar alguns pontos que me causam admiração nesta estranha fé,muitas vezes sem sentido.
Particularmente acho religiões um câncer que deveria ser extirpado. Um conjunto de pessoas,  que afirmam receber mensagens de Deus, reunidas com intuito de pregar alguma coisa que nunca poderão comprovar. Até aí, tudo bem. O problema é que estas pessoas transformam tais dogmas em regras de vida, criando preconceitos, segregação e até mesmo guerras. Criam ódio contra gays, como fizeram com negros, discriminam pessoas de outras religiões, e segundo argumentos de estar escrito em livros sagrados, espalham mensagens de ódio e intolerância.
Mesmo assim, conheci uma pessoa, evangélica, e fanática. Ela só falava disso praticamente. Mas soube que esta mulher fora uma traficante, viciada em drogas, com AIDS, que tivera uma filha assassinada, assim como um ex-marido. E graças à religião ela conseguiu se livrar desta merda de vício. Ainda respondia por seus atos, enfrentando uma infinidade de problemas, mas mesmo assim, passou a lutar de maneira honesta e com um grande coração. Para coisas como estas acho que as religiões são fundamentais, pois parece que às vezes conseguem dar um sentido à vida das pessoas.
Se as religiões se metessem menos nas vidas, e criassem menos regras de conduta, provavelmente seriam um forte instrumento de evolução social. Provavelmente ajudariam as pessoas a realmente se conscientizarem de seus erros, buscarem melhorias, seguirem por um bom caminho. Mas, infelizmente, como qualquer organização, querem o poder. Querem controlar pessoas, criar uma legião, e ditarem as regras.
Por isso gosto do espiritismo. Esta é uma religião que, mesmo não acreditando em Deus, e me irritando com algumas orações exageradas, consigo frequentar de maneira feliz. Eu discordo de boa parte da doutrina, mas vejo no espiritismo um instrumento de verdadeira melhora humana. Nos centros não se prega preconceito contra determinados grupos, não se prega revanchismos imbecis, nem condenações eternas. No espiritismo um gay não é tratado como criminoso, assim como busca-se entender as razões que levam um pai a estuprar uma filha, sem que pra isso crie-se uma atmosfera de ódio incondicional.
No espiritismo o objetivo é evoluir: evoluir pelo amor às pessoas, pelo perdão, pelo reconhecimento do erros, pela compreensão. E ela é uma religião que muda pouco as pessoas mesmo, porque pressupõe que as pessoas querem mudar, simplesmente por saberem que este é o caminho certo, não pelo medo sem sentido de serem castigadas por uma entidade divina rancorosa. Aliás, no espiritismo a ideia de Deus que é pregada pela massa está presente: um ser feito de amor, que perdoa a todos a qualquer momento, que dá quantas chances forem necessárias, que trata todos como iguais. Um Deus que ainda tem alguma lógica, e que pode realmente trazer coisas boas pra quem nele acredita.
Por isso, apesar de ateu convicto e irremediável, defendo esta religião, que é capaz de fazer bem não só às atitudes das pessoas, como aos seus corações. Uma religião que impede preconceitos, que aniquila barreiras, e que espalha a ideia de perdão. Uma religião que verdadeiramente não julga para não ser julgada, e que deixa a responsabilidade do fracasso exclusivamente com a pessoa, pelos erros que ela cometeu, obrigando-a a buscar a evolução, se quiser mudar tal quadro. Mesmo discordando de muita coisa, e vendo que tem muita gente nessa religião que apenas está presente de corpo, ainda assim admiro muito as ideias de amor que estão ali presentes.

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