Ao
contrário do que pode-se pensar com minhas críticas, não sou totalmente
contrário ao capitalismo. Ainda acho um sistema injusto e incompleto, que está
totalmente fadado a um fracasso futuro, mas atualmente ainda é o que melhor se
adapta a uma sociedade tão problemática e egoísta. O que não significa aceitar
este neoliberalismo podre. Acredito, com alguns exemplos felizes, que o
capitalismo pode apresentar facetas mais justas e equilibradas, o que
pressupõe, obviamente, que grandes impérios reduzam seus lucros para dar
maiores condições para outros.
No
entanto, um valor que não é possível se abrir mão é a democracia. Acredito que
todos têm que ter o direito à liberdade, a poderem se expressar, serem ouvidos.
Todos têm o direito de poderem decidir que rumos a sociedade deve tomar, mesmo
que esta decisão não se mostre a melhor, ao longo dos tempos (o que nosso povo
brasileiro faz com maestria!).
Acredito
que uma democracia real é aquela onde todos possam opinar, e todos sejam
realmente ouvidos. Não imagino uma democracia onde você vote em alguém e largue
esta pessoa decidindo os rumos do Estado onde você vive, sem que você se
manifeste. Você elege uma pessoa para que ela represente sua vontade, a vontade
da maioria. Quando você não toma uma atitude verdadeira para demonstrar sua
vontade, ela irá reger o governo por sua vontade individual.
E
num governo eletivo a maioria das pessoas escolhe quem será seu líder. Mas isso
é só o primeiro passo. O povo deveria manter suas ações no intuito de
demonstrar, em determinado assunto, como é seu pensamento, qual seu desejo.
Isso pode ser feito por meio de referendo, manifestação, contato direto, etc. O
que não se pode acontecer numa democracia é termos um povo impassível diante de
qualquer atitude de seus líderes.
Assim,
acredito que o Brasil seja uma democracia bem da vagabunda, pois aqui ninguém
protesta por nada, nem sequer se manifesta. As pessoas aceitam todo e qualquer
ato do governo, mesmo que isso os prejudique. E se algum determinado grupo
resolver protestar nas ruas, a maioria das pessoas irá taxá-los de baderneiros,
e reclamar de quanto isso irá atrapalhar na sua locomoção do trabalho. Isso não
é democracia, nem nos moldes mais conservadores.
Porém,
este problema não significa que voltarmos a períodos ditatoriais seja a
solução. Aliás, este é o tipo de pensamento de quem não suporta ver contrários
a si argumentos. Em vez de buscar um debate onde possamos analisar qual a
melhor estrutura para guiar os rumos da sociedade, impõe-se pela força. A
ditadura é dar razão a assassinos e torturadores, para que calem todos os que
não concordam com eles. E mais do que isso: é dar todas as armas para que um
grupo de pessoas roubem à vontade, deixando o povo na miséria. Todos os países
governados por ditaduras, sem exceção, passaram por tais problemas.
Não
há como negar que o regime democrático é o sistema mais adequado para uma
sociedade. Assim como também não há como negar que este regime precisa ser
maduro, participativo e consciente, onde a educação é essencial para o sucesso
do regime. Uma educação livre, voltada para seres pensantes, que consigam se
posicionar, analisando, na medida do possível, todas as hipóteses, e saibam,
acima de tudo, respeitar as divergências.
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