terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O crime e a política de exclusão


Estava eu assistindo agora há pouco “Tropa de Elite”, um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos (superado apenas pelo seu sucessor). No filme, criminoso é tratado como margem da sociedade, uma doença a ser extirpada, sem dó. Neste filme, a idéia propagada é a eliminação de bandidos, aos moldes bárbaros. Fato este corrigido, na parte 2.
O grande ponto em questão é a reflexão feita pelas duas sequências, inclusive levando-se em conta os interesses envolvidos na morte de bandidos. Já citei, em texto referente sobre a pena de morte, sobre a total ineficiência deste sistema. E tratando-se de algo legalizado, já marcado pela total incompetência, se deixarmos os julgamento à mercê da polícia, teremos então, como já está comprovado, uma desproporção incrível.
Talvez por isso a polícia seja a instituição mais odiada na periferia. O lema é bater, machucar, e quando possível matar. Obviamente, quando não são corruptos, compactuando com a propagação do crime.
O grande problema é que o crime só aumenta. Cada dia mais o tráfico de drogas toma conta da cidade, cada dia aumenta o número de assaltos, assassinatos, sequestros, etc. Cada dia mais estupros ocorrem, mesmo ferindo o código de conduta da criminalidade. As execuções em massa feitas pela polícia, assim como suas ações truculentas, não servem em nada para inibir a ação de bandidos. Na verdade, parece que tem encorajado mais esta atitude, talvez levado mesmo pela revolta.
Seria chover no molhado dizer que é imprescindível um sistema educacional eficiente, pelo menos, para que o crime diminua. Pessoas educadas e instruídas têm maiores chances de obterem sucesso, e menos chance de serem agarradas pela vida do crime. Fora isso, saúde. Pessoas que são bem atendidas pelo sistema de saúde sabem que estão seguras quando precisarem de um médico. Não precisarão pagar planos particulares, o que lhes poupará dinheiro.
Também precisamos de segurança pública de extrema eficiência. E isso não quer dizer matar bandido, e sim garantir a segurança do povo, protegendo de seqüestros, assaltos, assassinatos, estupros, etc. Sabendo que a polícia age para garantir a ordem, a tendência a querer criar as próprias regras e garantir a própria segurança através de armas irá cair. Isso é uma lógica até pra retardados mentais, de tão simples.
Por outro lado, um sistema penitenciário minimamente humano não é uma questão de tratar bandido melhor que cidadãos, nem ser apenas defensor de direitos humanos em detrimento das vítimas. Garantir que criminosos tenham a chance de redenção é benéfico para todos, é garantir que, quando em liberdade, estarão aptos a integrarem a sociedade, sem representar grande ameaça. Dar trabalho a estas pessoas, dentro da cadeia, não pode ser considerado uma pena cruel, e sim uma chance de desenvolverem algo. Ter na cadeia a fábrica do crime é mais perigoso para quem está do lado de fora, do que para os próprios bandidos.
Mas claro que todos têm que pagar pelos crimes que cometem. Nós, cidadãos honestos, quando cometemos erros, em geral somos levados pela própria vida a respondermos pelos nossos atos. Necessariamente um criminoso deve ser punido. O que não significa ser tratado como lixo, nem ser morto. Punição é apenas pagar pelo seu erro, refletir sobre suas atitudes, e ter a chance de mudar, e todos merecem uma chance (acho que vocês podem corroborar com isso melhor do que eu, amigos cristãos).

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