domingo, 19 de fevereiro de 2012

O carnaval sem arte

Falar sobre o carnaval aqui seria no mínimo redundante, pois eu odeio samba. Não consigo curtir este tipo de música, altamente repetitiva e sem maiores atrações do que uma mesa com aperitivos e um monte de gente bebendo. Quando chegamos ao carnaval, este tipo de música torna-se totalmente insuportável.
Porém, tentando analisar o evento como manifestação artística, concepção defendida por muitos, deixo de lado meu gosto, e tento me atentar ao lado criativo do evento. Na verdade, lembrando das maiores definições de arte, onde temos que ter algo expressivo e inovador, deixando de lado que regras rígidas e modelos estão totalmente fora de questão, os desfiles carnavalescos claramente não têm nada de artístico.
Não posso dizer sobre tempos atrás, mas atualmente temos regras para apuração, contendo quantos carros no mínimo uma escola pode ter, quanto tempo pode desfilar, direcionamento para fantasias, etc. Tudo está descrito em regulamento, e deve ser seguido, não podendo extrapolar demais. Claro que, pra se julgar algo comparativamente, temos que ter igualdade de condições, então se estabelece o mínimo que todos devem cumprir. Mas o preço a se pagar por isso é o fim das qualidades artísticas.
Praticamente todas as escolas entram iguais. Muda-se o tema, e cada fantasia, cada carro, passa a simbolizar tal tema. A tecnologia é utilizada para deixar o desfile apenas mais glamoroso e mais interessante, mas nada que seja totalmente diferente dos demais. Na coreografia, também não da pra inventar muito, senão a escola perde nota em vários quesitos.
Os “artistas” que fazem toda a concepção gráfica estão sempre engessados, devendo seguir todos os modelos previstos no regulamento. Deixam de lado toda a ideologia artística, e tornam-se somente artesãos, executores de determinadas idéias. Não que o artesanato seja algo ruim, muito pelo contrário, mas pra quem defende a idéia de que o desfile de carnaval é uma arte, fica até vexatório.
Por outro lado, as pessoas, que em geral estão ali pra se divertir, têm que seguir o roteiro rigorosamente. Devem desfilar em sincronismo, respeitando as regras. Devem dançar da maneira mais técnica possível, evitando a perde de pontos. Tudo muito fechado. Quem gosta desse tipo de coisa, nada contra, mas pra quem quer realmente se divertir e extravasar, máximas do carnaval, parece uma grande contradição.
Por tais razões que não vejo qualquer qualidade artística nos carnavais hoje em dia. As músicas são todas idênticas, a estrutura dos desfiles também, e é tudo feito pra cumprir as regras do jogo. Há pouco espaço para inovação e absolutamente nenhum para apresentações diferenciadas. Tudo fechado. Nada artístico. Um grande tédio.

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