No
curso de direito tenho que ler a Introdução
ao Estudo do Direito, do professor Tércio Sampaio Ferraz Jr. Pra quem já
teve que ler este livro, sabe o quanto o cara deve ter se drogado antes de
escrever tais palavras. Um texto complexo, cheio de retórica, prolixo e muitas
vezes incompreensível.
O
cara começa escrevendo um capítulo, sobre um tema simples, como é o caso da
definição de direito público e direito privado. Depois de um parágrafo de
introdução, o cara começa a escrever uma série de coisas sobre possíveis
problemas que poderiam vir a acontecer na área, definindo minuciosamente termos
referentes a tais problemas, e por fim, não chegando a conclusão nenhuma. Num
determinado momento do tópico, você já não lembra mais qual era o objeto de
estudo proposto. Na verdade, fica difícil, com tantas digressões, manter um
foco.
Textos
como deste cara são escritos como uma praga, em geral, enaltecidos como
bíblias. Parece que o ato de escrever difícil, relacionar temas com outros,
criar centenas de ramificações sobre micro assuntos dentro do assunto, é o
mesmo que escrever bem.
Obviamente
entender um livro assim faz-se necessário para quem quer dominar algum assunto.
Não da pra fugir. Mas o que eu não entendo é como autores como este podem ser
tratados como grandes nomes de sua área, quando possuem uma capacidade
limitadíssima de expressão. Suas obras são destinadas a um público
limitadíssimo dentro de um outro grupo, já seleto. É o mesmo que declarar que
somente quem tem uma capacidade intelectual extremamente avançada pode se
atrever a desvendar o tema por ele proposto.
E
ao longo da vida vimos pessoas que tinham bem menos conhecimento sobre algum
assunto, que conseguiram sucesso através de esforço e de qualidades
demonstradas na prática. Não imagino que um Picasso, por exemplo, fosse alguém
com uma escrita tão rebuscada e cheios de teorias malucas, mas mesmo assim, foi
um dos maiores artistas plásticos da história da humanidade. O que dizer de
Silvio Santos, que nem estudo tem direito, mas construiu um dos maiores
impérios que já se teve notícia?
É
claro que agir como um Silvio Santos é algo para poucos. Isso exige um talento
inato que poucas pessoas possuem (e eu estou longe desse grupo). Para a maioria
das pessoas normais o que resta é estudar, praticar e melhorar. Ler muito é a
saída para um desempenho minimamente aceitável, e um pouco de sucesso
profissional, além, é claro, de uma boa articulação com as pessoas. Mas a
leitura não precisa ser nesse nível. Entender conceitos, entender informações,
dominar ideias que ajudem na vida prática é o suficiente para ser um
profissional.
Logicamente
que faz bem pro ego ser capaz de compreender um livro como do Tércio, e talvez
por isso eu esteja insistindo em ler com atenção, resumindo e grifando. Acho
que pros desafios que tive ao longo da vida, compreender as ideias do professor
em questão virou questão de honra. E quando você lê com calma, percebe que o
texto é perfeitamente compreensível, e perfeitamente redundante. E entende que
filósofos como estes servem apenas pra enaltecer o próprio orgulho, criar
situações de embaraço, fazer com que vários leitores sintam-se burros por não
entenderem o que está escrito, e criar uma tremenda confusão mental. Algo
totalmente desnecessário, e perfeitamente substituível.
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