sábado, 7 de abril de 2012

Reflexões sobre liberdade


Depois de ler Maquiavel e Hobbes, anos depois de concluir que filosofia não tinha muito valor na minha vida (depois de ler muitos clássicos com posicionamentos diferentes, e não entender o que aquilo agregava ao mundo), posso dizer que voltei atrás, e comecei a “filosofar” sobre grandes temas propostos.
E no caso dos dois pensadores, aliado ao que tenho aprendido com direito, creio que meu momento vem refletindo um pouco sobre o que podemos entender por “liberdade”. Quer dizer, não gosto de definir palavras tão popularmente aceitas, mas acho que dá pra pensar um pouco sobre o que representa e o que podemos querer com a liberdade.
Imagino que um leão na natureza tenha liberdade. Ele pode escolher como quer viver, onde quer ir, com que fêmeas acasalar. Para isso basta superar algumas barreiras, que com sua força pode conseguir, e atingir suas metas. O grande problema é que ele terá imensos obstáculos pela frente: terá que caçar para comer e sobreviver; terá que enfrentar todo tipo de inimigo; terá que lutar contra outros machos para acasalar com as fêmeas que desejar. Sua vida será repleta de desafios e lutas, para preservação da liberdade.
Creio que conosco ocorre a mesma coisa. Podemos ter uma vida sexual livre e variada, cheia de mulheres de todos os tipos (ou homens, no caso do sexo oposto), mas isso custará o preço de uma vida de solidão sentimental e relacionamentos superficiais. Podemos escolher vivermos num lugar isolado, sem a “selva de pedra” que a cidade representa, e todo o tipo de estress que podemos encontrar, assim como as doenças provocadas por essa loucura, mas isso custará uma vida sem proteção, sem regras e sem contato social, algo totalmente contrário à natureza humana; podemos escolher a liberdade de agirmos da maneira que quisermos, usando drogas, bebendo até não aguentar mais, matando quem nos desafia. Isso gerará uma vida repleta de aventura e adrenalina, mas custará o preço de uma saúda totalmente debilitada num futuro não tão distante, assim como inimigos espalhados por todos os cantos, e a vida sempre em risco.
Todos somos livres para fazermos as escolhas que bem entendermos, mas somos tão livres ainda para assumirmos as responsabilidades de tais escolhas. Acredito que as regras foram feitas não para prender ou tirar liberdades, mas para colocar um limite até onde podemos invadir a liberdade alheia. Ser livre não deve necessariamente ser o mesmo que buscar impor a sua liberdade aos outros, tirando-a de quem quer que seja. Também não é, a meu ver, viver de maneira selvagem e feroz, enfrentando a morte dia após dia.
Ser livre é ter coragem de escolher viver numa comunidade, enfrentando desafios mais importantes da convivência diária, aprendendo a lidar com “oponentes” que amamos, aceitando algumas de suas limitações, os ajudando a melhorar, melhorando nós mesmos nossos defeitos. Acredito que ser livre é viver em função de escolhas, as escolhas que farão de nossas vidas algo melhor. Ser livre é saber ceder, para ver o outro feliz.
Por isso, concluo que a liberdade é algo muito maior do que fazer o que se quer. A liberdade tem a ver com sacrifícios, com dedicação, com aprendizado. A liberdade é algo que fazemos para que nossa mente evolua, e para que possamos dar a todos a chance de serem felizes, num futuro não tão distante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário