Depois
de ler Maquiavel e Hobbes, anos depois de concluir que filosofia não tinha
muito valor na minha vida (depois de ler muitos clássicos com posicionamentos
diferentes, e não entender o que aquilo agregava ao mundo), posso dizer que
voltei atrás, e comecei a “filosofar” sobre grandes temas propostos.
E
no caso dos dois pensadores, aliado ao que tenho aprendido com direito, creio
que meu momento vem refletindo um pouco sobre o que podemos entender por
“liberdade”. Quer dizer, não gosto de definir palavras tão popularmente
aceitas, mas acho que dá pra pensar um pouco sobre o que representa e o que
podemos querer com a liberdade.
Imagino
que um leão na natureza tenha liberdade. Ele pode escolher como quer viver,
onde quer ir, com que fêmeas acasalar. Para isso basta superar algumas barreiras,
que com sua força pode conseguir, e atingir suas metas. O grande problema é que
ele terá imensos obstáculos pela frente: terá que caçar para comer e
sobreviver; terá que enfrentar todo tipo de inimigo; terá que lutar contra
outros machos para acasalar com as fêmeas que desejar. Sua vida será repleta de
desafios e lutas, para preservação da liberdade.
Creio
que conosco ocorre a mesma coisa. Podemos ter uma vida sexual livre e variada,
cheia de mulheres de todos os tipos (ou homens, no caso do sexo oposto), mas
isso custará o preço de uma vida de solidão sentimental e relacionamentos
superficiais. Podemos escolher vivermos num lugar isolado, sem a “selva de
pedra” que a cidade representa, e todo o tipo de estress que podemos encontrar,
assim como as doenças provocadas por essa loucura, mas isso custará uma vida
sem proteção, sem regras e sem contato social, algo totalmente contrário à
natureza humana; podemos escolher a liberdade de agirmos da maneira que
quisermos, usando drogas, bebendo até não aguentar mais, matando quem nos
desafia. Isso gerará uma vida repleta de aventura e adrenalina, mas custará o
preço de uma saúda totalmente debilitada num futuro não tão distante, assim
como inimigos espalhados por todos os cantos, e a vida sempre em risco.
Todos
somos livres para fazermos as escolhas que bem entendermos, mas somos tão
livres ainda para assumirmos as responsabilidades de tais escolhas. Acredito
que as regras foram feitas não para prender ou tirar liberdades, mas para
colocar um limite até onde podemos invadir a liberdade alheia. Ser livre não
deve necessariamente ser o mesmo que buscar impor a sua liberdade aos outros,
tirando-a de quem quer que seja. Também não é, a meu ver, viver de maneira
selvagem e feroz, enfrentando a morte dia após dia.
Ser
livre é ter coragem de escolher viver numa comunidade, enfrentando desafios
mais importantes da convivência diária, aprendendo a lidar com “oponentes” que
amamos, aceitando algumas de suas limitações, os ajudando a melhorar,
melhorando nós mesmos nossos defeitos. Acredito que ser livre é viver em função
de escolhas, as escolhas que farão de nossas vidas algo melhor. Ser livre é
saber ceder, para ver o outro feliz.
Por
isso, concluo que a liberdade é algo muito maior do que fazer o que se quer. A
liberdade tem a ver com sacrifícios, com dedicação, com aprendizado. A
liberdade é algo que fazemos para que nossa mente evolua, e para que possamos
dar a todos a chance de serem felizes, num futuro não tão distante.
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