domingo, 19 de setembro de 2010

Porque eu voto Dilma



De todas as eleições que votei, esta sem dúvida foi a mais difícil de escolher um candidato para se votar. Não me lembro de ter visto um pleito com candidatos tão fracos, tão antipáticos e tão despreparados para governar o nosso país. Vimos uma incrível sucessão de erros que levaram a escolhas erradas, para escolhermos qual delas é a menos errada.
Primeiramente, meu voto tem sido nos últimos anos no candidato do PSOL. O partido, na minha opinião, é a verdadeira esquerda do país. E mais do que simplesmente ser de esquerda, o partido apresenta idéias muito boas para solucionar problemas que há muito afetam o país. Soluções onde os pobres teriam mais chances, com brusca diminuição da desigualdade social, reforma agrária, mudança na lei trabalhista, foco maior para a educação, e tudo aquilo que eu defendo.
Portanto, o mais lógico seria votar em Plínio de Arruda Sampaio, que além de tudo, demonstra muita inteligência e muita autenticidade. Porém, sou totalmente contrário à sua idéia de fechar o Senado. Por mais que a casa tenha problemas, não é com atitudes anti democráticas que iremos resolver a questão. O certo é mudar as pessoas, não acabar com a instituição. Da mesma forma, num mundo globalizado e tão dependente, deixar de pagar as dívidas, simplesmente, seria um tiro no pé. Teríamos os mesmos problemas de Cuba e da Venezuela, onde o país desenvolve sobremaneira sua atividade cultural, a educação é de altíssima qualidade, o povo é bem alimentado, mas a economia é um caos, e o país é isolado. Além disso, sou frontalmente contrário à associação do Estado com religião, o que prega o candidato.
José Serra, por sua vez, é de longe, a pior das opções. Depois de um desastroso governo em São Paulo, uma passagem muito ruim pela prefeitura, onde não foi capaz de cumprir uma de suas promessas básicas, depois de simplesmente destruir o serviço público paulista, criando uma unanimidade entre os servidores de que seu governo é uma completa desgraça, e afundar ainda mais a educação, só um maluco, ou alguém que não tenha o menor conhecimento sobre as idéias e a vida política deste cretino ainda tem alguma intenção de votar nele.
Além disso, sou frontalmente contrário às privatizações. O governo, com elas, passa para outros suas responsabilidades. Continua cobrando impostos, mas permite às empresas que cobrem altas taxas para prestarem os serviços. Em um de seus projetos de lei, propôs que 10% das vagas em hospitais públicos fossem destinadas à área privada, com cobrança das consultas. Graças à pressão pública, e surpreendentemente, da mídia, a coisa foi revertida.
Também sou contrário à progressão continuada, um mal que devasta o país há tempos, e que o Estado de São Paulo insiste em manter. E para suportar este sistema destrutivo, cria métodos de avaliações próprios, onde obriga as escolas a seguirem sua linha, manipulando dados, alterando a vida funcional de alunos, e oferecendo bônus em dinheiro para aqueles que melhorem cumprir as ordens. Quanto menos alunos fora da escola, maiores as chances. Então, dá-se algumas presenças para alunos sumidos, para melhorar o índice. Também podemos aprovar alguns alunos sem condições para tal, apenas para subir o índice. E a imprensa, como sempre, só divulga o que interessa.
José Serra, e seu aparato tucanalha, mantém a estrutura do serviço público em níveis arcaicos. Corta investimento, paga salários baixos, e tenta de todas as maneira proibir que os mesmos exerçam seus direitos, como a greve. Chegou ao ponto de vetar o corte da lei que proibia os servidores de se manifestarem contrários ao governo na imprensa. Graças à uma decisão do STF, foi obrigado a enviar novo projeto de lei, onde a lei era revogada. Ele demonstra que é, inclusive, contra a liberdade de expressão, o que não é nenhuma novidade.
Marina Silva, por sua vez, foi uma candidata que admirei bastante, em suas idéias e na maneira de conduzi-las. Porém, em certo momento, foi demonstrada muita confusão, ora defendendo FHC, ora criticando; ora criticando Lula, ora defendendo. Elogiava o PSDB, e depois o culpava das desgraças do país. E o mesmo fazia com o PT. Não dava para entender exatamente o que ela pensava sobre o assunto. Então, chega-se a um ponto onde o programa dela não é claro, e nem da pra saber qual das linhas vai seguir. Além disso, o partido dela, o PV, é claro aliado do PSDB, assim como o faz em todos os lugares onde o mesmo governa. Então, apesar da admiração, descartei tal candidata.
A Dilma, por sua vez, em momento algum despertou minha admiração. Uma pessoa arrogante, antipática, e que parecia não ter idéias claras. Uma criação do Lula, de última hora. Aliada de José Dirceu, um personagem que eu simplesmente repudio na política brasileira. Defensora de Sarney e todo o lixo que ele representa, além de tentar demonstrar uma falsa idéia de ser pacífica e pessoa compreensiva.
Logicamente que os e-mails repassados sobre ela, de guerrilheira, terrorista e coisa do tipo são a maior babaquice que eu já vi na vida. Não da pra entender como um brasileira, em sã consciência, defende um regime totalitário e opressor, que assassinou cruelmente várias pessoas, mas ataca aqueles que se colocaram contra a ele. Além disso, vem aquela história ridícula de golpe comunista, onde se demonstra mais do claramente que nem sabem o que é comunismo.

Chega-se então, ao ponto de não ter em quem votar. A reação mais lógica (e mais inteligente, às vezes), era votar nulo. Nenhum deles presta, e nenhum dele apresenta uma perspectiva de melhora futura. Não da pra ficar empolgado, e nem mesmo sentir um pingo de confiança com qualquer um.
Mas, inicialmente, meu voto é totalmente anti-Serra, e sendo assim, não da pra votar nulo. Minha intenção, desde o ano passado, e fazer de tudo o que está ao meu alcance para que as pessoas consigam ver realmente quem ele é, e o que faz seu governo podre. Meu desejo, desde então, é vê-lo totalmente humilhado neste ano, com sua carreira acabada.
O que me deixa com três opções. Dentre elas, descarto logo Plínio, apesar de ser do grupo político que mais me identifico, pois misturar política e religião, e demonstrar idéias totalmente contrárias à democracia, é inaceitável.
Fico, então, entre Dilma e Marina. E então descarto a segunda, especialmente porque seu partido apóia o PSDB, o que eu quero que fique o mais longe possível do governo, especialmente enquanto eles insistem em manter algumas idéias absolutamente ridículas.
Sobra somente Dilma. E de todas, numa análise bem detalhada, é realmente a menos pior (e é exatamente este adjetivo que podemos dar a ela, e só este). O governo Lula, apesar de inúmeros problemas, ainda assim foi muito superior ao antecessor. E não da pra dizer que foi a mesma coisa um e outro, pois existem muitas diferenças. O país chegou a evoluir em muita coisa, ganhando muito respeito internacional (mais do que aqui, por sinal). Paramos de vender o que é nosso, há investimento em setores públicos, a economia cresce. Tudo muito, mas muito longe do ideal, mas houve alguma evolução. E numa situação meio desesperadora, como é esta eleição, o melhor mesmo é ficar com quem apresenta um mínimo de progresso, e um mínimo de idéias condizentes com tais progressos. Se vai dar certo ou não, é uma escolha, mas a menos desastrosa, de longe.
E torcemos agora para que os bons políticos do país montem uma oposição moderada, que arrume os erros do PT, e que deixe de lado o mal que é o PSDB, trazendo as boas idéias dos pequenos, como o PSOL e o PV. Uma oposição que se apresente como realmente algo que busque o melhor para o país, num futuro sólido, inteligente e principalmente, onde a igualdade prevaleça.

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