sábado, 4 de setembro de 2010

Dilma e o crime contra a ditadura.


Para variar, pouco antes da campanha comecei a receber e-mails de origem duvidosa, ligando o PT a vários tipos de crimes, como ligação com as Farc, apoio ao crime organizado, envolvimento a assassinatos diversos, etc. O que mais me deixa intrigado é que alguém da um depoimento sem qualquer fonte e sem qualquer provas, e querem que aceitemos que os fatos são verdadeiros, simplesmente por serem. Quando se procura sobre o assunto nada se encontra. Mesmo a mídia mais ligada à direita não entra no mérito.
Agora, a bola da vez é a Dilma. Alguns e-mails afirmam que a candidata do PT está envolvida com a guerrilha contra a ditadura militar no Brasil, o que a mesma já assumiu como verdade. O problema é que muitos afirmam que a mesma assassinou várias civis durante o regime militar.
Quando você procura sobre o assunto, nada encontra. Nunca houve qualquer acusação ou processo a respeito. Eu fico imaginando como um governo ferrenhamente severo e agressivo teria permitido que uma oposicionista praticasse tais atos, contra o próprio governo, e não fizesse nada.
Aliás, vamos lembrar que naquele período, o governo militar não admitia qualquer tipo de oposição. Quem se colocasse contrário ao governo, mesmo com somente a opinião, era preso, torturado ferozmente, e em alguns casos até morto. Muitos intelectuais foram expulsos do país. Manifestações populares foram oprimidas, e uma quantidade incrível de pessoas simplesmente sumiram do mapa, e coincidentemente eram contrárias ao governo, sendo que tais barbáries foram arquivadas pela promulgação da Constituição de 1988.
Algumas poucas pessoas uma pouco mais corajosas resolveram combater tais atrocidades. Cada um usou as armas que tinha em mãos: uns usaram músicas, textos e até mesmo programas de televisão, de maneira metafórica, para tentarem conscientizar as pessoas para os problemas que representava tal regime. Outros, que não tinham tanta habilidade artística, aderiram à revolta popular. Com isso, houve vários ataques a órgãos ligados ao militares. Seqüestros de embaixadores americanos, aqueles mesmos que apoiaram e financiaram o golpe militar de 1964. Tudo para tentar diminuir o poder dos militares.
E foram graças a tais pessoas que a pressão sobre tal aberração aumentou a ponto de colocar um fim a tal regime no final da década de 1980. E este regime, uma das páginas mais negras da nossa história, foi o responsável pela morte de milhares de inocentes ao longo de mais de vinte anos. E as pessoas deste regime mantiveram-se na política, sendo boa parte integrando o PFL, atual democratas, que é o maior aliado do PSDB desde a redemocratização do país.
Daí, as pessoas comentam sobre os possíveis crimes de Dilma, mas não abrem a boca para falar sobre o apoio dos tucanos aos nossos grandes assassinos históricos, nem a ligação de sete anos entre FHC e Antonio Carlos Magalhães, um dos mais cruéis coronéis do Nordeste. Ninguém comenta sobre quem seria o vice presidente de José Serra antes daquele ser preso.
Mas este tipo de bobagem, envolvendo acusações sem provas, sem fontes e sem quaisquer registros, aí sim é divulgada. É incrível como tudo o que interesse à nossa direita tem amplo apoio na mídia, e quando esta é criticada, tem que ser algo descarado para ter voz no país.

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