terça-feira, 12 de março de 2019

PATRIOTISMO – A SEGUNDA MAIOR IDIOTICE DO MUNDO


Quando montei minha pasta de desenhos, ainda adolescente, escrevi algumas frases de filósofos famosos e colei na capa. Frases que refletiam a minha ideologia de vida. Uma delas é de George Santayana, “Patriotismo é a limitação da alma por fronteiras geográficas”. De todas as frases que eu mantive na pasta, essa é a que mais fixou na minha mente.
Sempre achei a religião a coisa mais estúpida que a humanidade criou. A ideia de um ser superior invisível que te escuta e te guia é uma doideira. Quando várias pessoas se reúnem para seguir essa ideia torna-se perigoso, como a história da humanidade registra massacres, guerras e torturas por causa da religião.
O patriotismo vem em seguida. Você usa a religião, e associa o amor à pátria, faz pessoas humildes e boas matarem outras pessoas humildes e boas. Em nome do país que você nasceu cria-se um ódio sem sentido por pessoas que nasceram outros países. Pouca coisa é mais estúpida que isso.
Obviamente gostaria que o Brasil fosse um país extremamente desenvolvido, com um IDH espetacular. Gostaria que as pessoas aqui fossem incrivelmente felizes, prósperas e saudáveis. Gostaria que fosse um país honesto e ético. Mas gostaria que o mesmo ocorresse na Argentina, na Bolívia, no México, no Congo, no Paquistão, ou em qualquer outro lugar do mundo.
Não há porque amar ou idolatrar alguém porque nasceu em terras brasileiras. Não tenho motivo algum para querer que uma pessoa nascida aqui seja mais bem sucedida do que outra nascida na Colômbia, por exemplo. Não entendo a razão de “torcer” pra alguém, ou para alguma equipe, porque a pessoa nasceu neste país.
Claro que isso não significa que as pessoas sejam apátridas. Mas não por causa de amor, e sim por uma questão administrativa. Cada país organiza um compilado de leis, e as pessoas que ali residem, sendo nascidas no país ou não, devem obedecer tais leis. Do mesmo jeito constituem direitos dentro dessas fronteiras. Seria impossível unificar tudo, administrando um mundo tão heterogêneo e cheio de necessidades diferentes.
Respeito a cultura local, o que não significa a cultura de um país. O Brasil, por exemplo, apresenta manifestações culturais bem diferentes no Rio Grande do Sul e na Bahia. Os gaúchos, por exemplo, têm características próximas aos uruguaios. Dessa forma fica meio complicado aderir e idolatrar, sendo patriota, algo que se assemelha a outro país.
Por outro lado, o Brasil é um dos países do mundo mais miscigenados que existem. A formação do nosso povo deu-se de uma forma incrivelmete misturada. Tanto nossos índios nativos, quanto os europeus, de diversos países, negros da África, japoneses, agora muitos chineses, coreanos, sírios... e uma quantidade infindável de latino americanos que consideram nosso país uma oportunidade.
Como podemos ser patriotas num país que é uma salada de pátrias? Vou me considerar melhor que argentinos, sendo aqui vivem tantos argentinos? Ou sabendo que a Argentina recebe extremamente bem brasileiros, em intercâmbio comercial e cultural de anos? Posso me considerar melhor (ou pior) que eles só porque nascemos em pedaços de terras diferentes?
Não há como dizer que isso não seja uma imbecilidade sem tamanho. Restaurada de uns tempos pra cá, numa ideologia de direita incrivelmente retrógrada, busca-se um sentimento de patriotismo como solução para problemas. Ao passo que busca-se cegar as pessoas para nossos reais problemas. Mais uma vez, numa tentativa de levar pessoas a fazerem grandes merdas em nome de uma pedaço de terra marcada por limitações imaginárias.

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