domingo, 31 de março de 2019

MODOS DE CRIAÇÃO


Quando nasceu meu filho tomei contato com algumas formas específicas de criação de bebês e crianças, respaldadas pela psicologia. Muita coisa legal, pra falar a verdade, especialmente para alguém que sempre gostou muito do tema. Mas contraditório com teorias apresentadas por outros profissionais na área.
Não consigo me sentir inserido em uma determinada teoria. Pelo que podemos observar, existem coisas boas e interessantes em todas, mas existem falhas e uma padronização excessiva em todos os conceitos que foram descritos até agora.
Pegando como exemplo a ideia de que bebês precisam ser criados no colo das mães, que foi uma que tive convívio até agora. Como todas, tem coisas interessantes a serem pensadas na ideia, mas uma quantidade assombrosa de falhas. Resumindo bem porcamente, a criança precisa do colo da mãe até um certo momento para não se sentir desprotegida e desamparada no mundo em que ainda não está acostumada.
Se você analisar, isso não faz nem ao menos sentido. Não da pra imaginar que o colo, por si só, seja a descrição completa do amor que se sente por filhos, ou pela mãe. Existem centenas de formas de manifestação de amor que não estão contempladas. Da mesma forma, acho difícil que um bebê não perceba se a mãe estiver vivendo algum tipo de angústia, ou que a gravidez tenha sido indesejada e haja muitos problemas durante a fase inicial. Isso colocaria uma situação mágica do colo suprir problemas emocionais gravíssimos. Nunca vi nenhum teoria psicológica contemplar esse tipo de coisa.
Também essa teoria despreza descaradamente todos os tipos de fatores possíveis numa vida social, dizendo que isso, por si só, vai criar uma pessoa mais segura emocionalmente. Se os pais viverem em pé de guerra, houver agressão física entre eles, se houver mentiras, se a criança viver em um local muito perigoso criminalmente, se contrair alguma doença, se a situação de pobreza for tão grande que gerar inclusive necessidades físicas.
Você despreza todas as relações de vida para dizer que a solução mágica para os problemas da criação está em deixar a criança o máximo de tempo possível no colo.
Fora que essa, e muitas outras ideias, enquadram pessoas em conceitos fechados. Os seres humanos são padronizados, onde uma atitude leva incondicionalmente a um determinado comportamento. Não existe situações para pessoas mais calmas, mais agitadas, mais agressivas, mais expansivas... todo mundo está dentro de um mesmo saco, tratado da mesma forma. Não precisa ser muito gênio pra perceber que isso vai dar merda.
Fora que existem teorias realmente doentes, em que a negativa não deve ocorrer para uma criança. Essa especificamente, englobando a criação com afeto, pra mim é algo realmente desprezível e lamentável. Que tipo de pessoa consegue no mundo tudo o que quer? Quem não falha em seus objetivos na vida? Quem não tem que conviver e contornar o fracasso? Você querer evitar que seus filhos convivam com as frustrações da vida deveria ser considerado algo criminoso, porque quando isso ocorrer e você não estiver por perto, ele não vai saber o que fazer. Temos uma grande chance de ter um adolescente depressivo, agressivo ou intolerante, porque até um certo ponto todas as suas vontades eram atendidas. Por sorte não conheço pessoalmente ninguém que tenha manifestado tal tipo de pensamento, o que me alivia em não precisar ver meu filho convivendo com um pequeno psicopata em alguns anos.
Estudar psicologia é algo muito legal. Gosto muito das ideias que englobam o comportamento humano. Mas estudar somente uma teoria e aceitá-la como se isso fosse a verdade da existência é loucura. É como se a pessoa estivesse escolhendo se encarcerar numa prisão sem janelas, sem água e sem comida. Uma hora virá a fome a e a sede, e você não vai ter pra onde correr.


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